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Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas abre inscrições

Organização espera 18 milhões de participantes

Guil­herme Jerony­mo — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 05/02/2025 — 09:17
São Paulo
Escola Municipal Orsina da Fonseca Tijuca Rio de Janeiro - RJ Outubro 2022
Repro­dução: © Alexan­dre Campbell/IMPA

A Olimpía­da Brasileira de Matemáti­ca das Esco­las Públi­cas (Obmep) abre as inscrições para sua edição de 2025 nes­ta quar­ta-feira (5). É a vigési­ma edição da com­petição, cri­a­da para enga­jar pro­fes­sores e estu­dantes na res­olução de prob­le­mas matemáti­cos e no estu­do da matéria, além do dia a dia da esco­la. As inscrições podem ser feitas até o dia 17 de março.

A orga­ni­za­ção, do Insti­tu­to de Matemáti­ca Pura e Apli­ca­da (Impa) espera a par­tic­i­pação de 18 mil­hões de estu­dantes de esco­las públi­cas e pri­vadas de todo o país. Podem par­tic­i­par alunos do 6º ano do ensi­no fun­da­men­tal ao 3º ano do ensi­no médio, dis­putan­do 8,450 medal­has e 51 mil cer­ti­fi­ca­dos de menção hon­rosa. Os alunos pre­mi­a­dos recebem ain­da con­vite para par­tic­i­par do Pro­gra­ma de Ini­ci­ação Cien­tí­fi­ca Jr. (PIC) , com­pos­to por aulas de reforço em matemáti­ca e que con­ta com bol­sa de R$ 300,00 para estu­dantes de esco­las públi­cas.

Em 20 anos, a Obmep chegou a 5.564 municí­pios brasileiros e des­de 2022 con­ta com uma “irmã caçu­la”, a Olimpía­da Mir­im de Matemáti­ca, volta­da para os alunos dos anos ini­ci­ais (2º a 5º ano) do ensi­no fun­da­men­tal. “O públi­co-alvo con­siste tan­to dos próprios alunos quan­to dos seus pro­fes­sores que, em ger­al, não têm for­mação especí­fi­ca em matemáti­ca e cuja relação com a matéria nem sem­pre é sim­ples. A Olimpía­da pode con­tribuir muito na suaviza­ção dessa relação, por meio de abor­dagem lúdi­ca e insti­gante na res­olução de prob­le­mas”,  afir­mou Marce­lo Viana, dire­tor-ger­al do Impa.

Des­de 2023, a Olimpía­da tam­bém pre­mia destaques estad­u­ais, com mais de 20 mil medal­has dis­tribuí­das por edição. Serão duas fas­es de com­petição: a primeira con­ta com pro­va obje­ti­va de 20 questões e ocorre em 3 de jun­ho. Os clas­si­fi­ca­dos para a segun­da fase farão pro­va no dia 25 de out­ubro, quan­do respon­derão a uma pro­va dis­cur­si­va de seis questões. A divul­gação dos aprova­dos para a segun­da eta­pa será fei­ta em 1º de agos­to e a divul­gação dos pre­mi­a­dos em 22 de dezem­bro.

Para os próx­i­mos anos, Viana desta­cou a importân­cia de mel­ho­rar o aces­so de estu­dantes de regiões car­entes à com­petição, com for­mação de pro­fes­sores e treina­men­to de alunos. Essa capi­lar­i­dade é que tor­na a com­petição e out­ras pare­ci­das em “instru­men­tos democráti­cos para a dis­sem­i­nação do gos­to pelo estu­do e a iden­ti­fi­cação de jovens tal­en­tosos em todo o Brasil”, diz o dire­tor, cam­in­ho facil­i­ta­do pelo recon­hec­i­men­to públi­co desse instru­men­to e pelo fato de alguns dos medal­his­tas das primeiras edições faz­erem parte do dia a dia de gov­er­nos, uni­ver­si­dades e da sociedade civ­il em ger­al.

Da Olimpíada para a graduação

Luiz Fil­ippe Cam­pos, 17 anos, e Raquel Lib­er­a­to, 18 anos, são medal­his­tas da Obmep. Eles par­tic­i­param do Pro­gra­ma de Ini­ci­ação Cien­tí­fi­ca e tem nes­sa for­mação um reforço impor­tante para a aprovação, este ano, no cur­so de med­i­c­i­na da Uni­ver­si­dade de São Paulo (USP). Ten­do como por­ta de entra­da o Provão Paulista, modal­i­dade de ingres­so com provas con­tínuas e volta­da para alunos da rede públi­ca do esta­do, con­seguiram as vagas.

Morador de Taboão da Ser­ra, na região met­ro­pol­i­tana de São Paulo, Luiz Fil­ippe tem duas medal­has na com­petição cien­tí­fi­ca e con­quis­tou o primeiro lugar para med­i­c­i­na pelo Provão. Ele estu­dou na Esco­la Estad­ual Pro­fes­sor Fran­cis­co Vicente Lopes Gonçalves des­de o oita­vo ano do fun­da­men­tal. No primeiro ano do médio começou a par­tic­i­par da Obmep e pas­sou a estu­dar mais matemáti­ca após pas­sar da primeira fase. “Con­segui pas­sar na primeira fase no sufo­co, sabe? Mas, na segun­da fase me pre­parei e con­segui gan­har uma medal­ha de pra­ta”., con­tou.

O que ani­mou o jovem de Taboão, porém, foi o reforço pro­por­ciona­do pelo PIC. “Eu estu­da­va todos os dias para con­seguir par­tic­i­par”, lem­brou, ani­ma­do. As aulas do PIC são aos sába­dos, mas o con­teú­do é bas­tante exi­gente. O resul­ta­do? “Essas aulas tin­ham vários temas que caíam fre­quente­mente no vestibu­lar, como Fuvest, Uni­camp e Enem”, acres­cen­tou o futuro médi­co.

Além do con­teú­do, ele gan­hou ami­gos que tam­bém se inter­es­savam pelos temas do cur­so e pelas provas. Isso o lev­ou a se dedicar mais, o que foi impor­tante para lidar com a roti­na pesa­da e con­cil­iar com os estu­dos reg­u­lares.

Enquan­to o cam­in­ho de Luiz o levará para o cam­pus de São Paulo, a jor­na­da de Raquel nas próx­i­mas sem­anas será no cam­pus da USP em Ribeirão Pre­to, onde tam­bém será caloura de med­i­c­i­na. Com cin­co medal­has, garan­tiu o ter­ceiro lugar para a grad­u­ação na modal­i­dade de ingres­so pelo Provão. A difer­ença prin­ci­pal está no fato de que enquan­to o cole­ga vem de uma das cidades mais ver­ti­cais e mais den­sa­mente povoadas do país, a jovem de 18 anos sairá de Flo­ra Rica, municí­pio com cer­ca de 2 mil habi­tantes.

Raquel começou a par­tic­i­par da Obmep já no 6º ano do fun­da­men­tal, quan­do rece­beu menção hon­rosa. “A par­tir do séti­mo ano me esfor­cei um pouco mais, rece­bi uma medal­ha de pra­ta e tive aces­so ao PIC”, lem­bra, entre sor­risos. Ela con­tou à Agên­cia Brasil que teve bas­tante difi­cul­dade para acom­pan­har o reforço nos primeiros anos e que demor­a­va vários dias para apren­der o bási­co, mas com a práti­ca, ao lon­go dos anos, e estu­dan­do diari­a­mente, começou a ficar fácil.

Des­de o 9º ano, Raquel estu­da foca­da em med­i­c­i­na. “Para mim, é um grande son­ho real­iza­do. Sem­pre me esfor­cei, estudei todos os dias”. A ex-alu­na da Esco­la Estad­ual Guil­herme Buz­i­naro quer ser cirurgiã, área pela qual tem grande inter­esse. Pede, inclu­sive, aju­da para custear os primeiros gas­tos na jor­na­da, em uma cam­pan­ha de arrecadação por platafor­ma, afi­nal vem de família de tra­bal­hadores: o pai é mecâni­co e a mãe dona de casa, ambos não ter­mi­naram o ensi­no médio.

O papel da olimpía­da como acel­er­ador ou cam­in­ho para o ensi­no supe­ri­or tem cresci­do nos últi­mos anos. O próprio Impa abriu sua primeira grad­u­ação, denom­i­na­da Impa Tech, em abril de 2024, e acei­ta pre­mi­ações em cin­co olimpíadas de âmbito nacional (Obmep — Olimpía­da Brasileira de Matemáti­ca das Esco­las Públi­cas, OBM — Olimpía­da Brasileira de Matemáti­ca, Obfep — Olimpíadas Brasileira de Físi­ca das Esco­las Públi­cas, OBQ — Olimpía­da Brasileira de Quími­ca e OBI — Olimpía­da Brasileira de Infor­máti­ca). “Des­de o iní­cio foi definido que o desem­pen­ho em olimpíadas do con­hec­i­men­to seria um critério maior na seleção dos estu­dantes do cur­so. Medal­has alcançadas em qual­quer delas se traduzem em pon­tos que deter­mi­nam a colo­cação do can­dida­to entre os demais”, expli­ca Viana.

A ini­cia­ti­va de reser­var vagas de ingres­so no ensi­no supe­ri­or para medal­his­tas de olimpíadas foi pio­neira na Uni­camp, segui­da pelas demais uni­ver­si­dades estad­u­ais paulis­tas e algu­mas insti­tu­ições fed­erais.

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