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Olimpíada Internacional de Astronomia tem sustentabilidade como foco

Repro­dução: © Nasa/Divulgação

Mais de 300 alunos participam de competição no estado do Rio


Publicado em 25/08/2024 — 10:12 Por Adrielen Alves, Repórter da TV Brasil — Brasília

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Pode­ria ser só mais uma com­petição de estu­dantes do Ensi­no Médio com questões práti­cas e teóri­c­as sobre astrono­mia e astrofísi­ca, val­en­do medal­has de ouro, pra­ta, prêmios e menções hon­rosas. No entan­to, vai além. Jovens de 53 país­es estão reunidos no Brasil para uma imer­são nas ciên­cias espa­ci­ais, mas espe­cial­mente para a urgên­cia de val­oriza­ção do plan­e­ta Ter­ra diante das mudanças climáti­cas.  É a 17ª Olimpía­da Inter­na­cional de Astrono­mia e Astrofísi­ca (IOAA), que entra na reta final e segue até o próx­i­mo dia 27 nas cidades de Vas­souras e Bar­ra do Piraí, no esta­do do Rio. Como tema cen­tral do encon­tro, que pela segun­da vez é sedi­a­do no Brasil, figu­ra a sus­tentabil­i­dade. 

Mais de 300 estu­dantes e 130 pro­fes­sores de quase todos os con­ti­nentes, com exceção da África, par­tic­i­pam da com­petição orga­ni­za­da pelo Obser­vatório Nacional, vin­cu­la­do ao Min­istério de Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação.

Mas, por que não aproveitar um momen­to como este só para os avanços astronômi­cos e da astrofísi­ca e obser­var o céu do Vale do Café, em Vas­souras (RJ), por exem­p­lo? A respos­ta vem no emba­lo: alin­ha­da com movi­men­tos globais que saem em defe­sa do plan­e­ta, a com­petição quer enga­jar a pau­ta ambi­en­tal entre os jovens e futur­os cien­tis­tas.

Para Ricar­do Ogan­do, vice-coor­de­nador do even­to e astrônomo do Obser­vatório Nacional, a imer­são é uma opor­tu­nidade para tratar do nega­cionis­mo climáti­co e da importân­cia da união pela Ter­ra.

“A astrono­mia tem papel fun­da­men­tal em situ­ar as mudanças climáti­cas, um dos maiores desafios atu­ais da humanidade, em um con­tex­to cós­mi­co. Enten­der, por exem­p­lo, que não há plan­e­ta B — ou plano B — e que o plan­e­ta Ter­ra é um oásis de vida no uni­ver­so. Pre­cisamos cuidar dele”, aler­ta.

Defesa do planeta

Josi­na Nasci­men­to, coor­de­nado­ra do comitê brasileiro da IOAA 2024 e astrôno­ma do Obser­vatório Nacional, diz que a ideia é mostrar aos estu­dantes que ações em defe­sa do plan­e­ta pre­cisam ser colo­cadas em práti­ca. Para exem­pli­ficar, ela desta­ca que, além de ini­cia­ti­vas como uso de mate­ri­ais reci­cláveis e o não uso de descartáveis, a olimpía­da con­quis­tou o Even­to Selo Neu­tro, uma demon­stração de pre­ocu­pação e empen­ho em neu­tralizar as emis­sões de car­bono durante o encon­tro, ini­ci­a­do no últi­mo dia 17.

Assim como na IOAA 2024, a sus­tentabil­i­dade tam­bém é a pau­ta do movi­men­to inter­na­cional Astronomers for Plan­et Earth (Astrônomos pelo Plan­e­ta Ter­ra, em tradução livre), que reúne cer­ca de dois mil vol­un­tários de 76 país­es, entre astrônomos, astrônomos amadores, edu­cadores e estu­dantes. Todos unidos para ten­tar reduzir os avanços expo­nen­ci­ais da degradação do plan­e­ta e reafir­mar que a Ter­ra é a úni­ca chance para a humanidade.

“Jun­to com o nega­cionis­mo climáti­co vemos ideias como a de con­quis­tar out­ros plan­e­tas, mas é muito mais fácil, bara­to e, aci­ma de tudo, viáv­el, preser­var o plan­e­ta Ter­ra”, asse­gu­ra o astrônomo Ricar­do Ogan­do que inte­gra a rede inter­na­cional, tam­bém con­heci­da como A4E.

A orga­ni­za­ção — cri­a­da em 2019 — desta­ca a val­i­dade de todas as descober­tas astronômi­cas, impul­sion­adas por telescó­pios e mis­sões espa­ci­ais que já ocor­reram e que ain­da estão pre­vis­tas para via­bi­lizar a conexão inter­plan­etária. Mas, acen­tua que a Ter­ra é a úni­ca opção viáv­el para a raça humana. Isso porque os exo­plan­e­tas descober­tos em zonas habitáveis, espe­cial­mente pela pos­si­bil­i­dade de água em esta­do líqui­do e a dis­tân­cia segu­ra das estre­las que orbitam, ficam a mil­hares de anos daqui, com as tec­nolo­gias exis­tentes hoje.

Os “Astrônomos pela Ter­ra” ain­da aler­tam para os riscos à saúde humana em col­o­niza­ções, mes­mo em plan­e­tas viz­in­hos como Marte. Assim, desta­ca que é mais fácil, jus­to e eco­nomi­ca­mente viáv­el cuidar do plan­e­ta Ter­ra.

Esta é a pre­ocu­pação tam­bém da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), que tem chama­do a atenção para os esforços em equalizar os pre­juí­zos cau­sa­dos por even­tos climáti­cos extremos, como os tem­po­rais ocor­ri­dos recen­te­mente no Rio Grande do Sul e que afe­taram 298 dos 497 municí­pios gaú­chos.

Populações mais vulneráveis

Para a ONU, é chega­da a hora de as nações mais ric­as se com­pro­m­e­terem a finan­ciar políti­cas de pro­teção aos país­es em desen­volvi­men­to e às pop­u­lações mais vul­neráveis do globo.

O Escritório das Nações Unidas para Assun­tos do Espaço Exte­ri­or (UNOOSA) tem na agen­da do segun­do semes­tre encon­tros inter­na­cionais para debater a via­bil­i­dade da Ter­ra na per­spec­ti­va astronômi­ca.

De 3 a 5 de dezem­bro será pro­movi­do o Fórum Espa­cial Mundi­al das Nações Unidas, “Espaço Sus­ten­táv­el para a Sus­tentabil­i­dade na Ter­ra”, que será real­iza­do pela ONU em Bonn, na Ale­man­ha, em parce­ria com os Emi­ra­dos Árabes e com o Peru.

O obje­ti­vo é enten­der como as tec­nolo­gias espa­ci­ais e todo o desen­volvi­men­to impul­sion­a­do na últi­ma déca­da podem ser rever­tidos em favor das questões ambi­en­tais e soci­ais do plan­e­ta. A ini­cia­ti­va reunirá espe­cial­is­tas, orga­ni­za­ções pri­vadas e enti­dades não gov­er­na­men­tais para reafir­mar os Obje­tivos do Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el, agen­da da ONU com obje­tivos e metas a serem atingi­dos até 2030.

Além da IOAA, Olimpía­da Inter­na­cional de Astrono­mia e Astrofísi­ca, que final­iza as com­petições até a próx­i­ma terça-feira (27), o Brasil está na agen­da cen­tral do tema pelos próx­i­mos 18 meses, pelo menos.

O país se prepara para rece­ber a 30ª Con­fer­ên­cia da ONU sobre Mudanças Climáti­cas, em novem­bro de 2025. A COP30 reunirá, além de espe­cial­is­tas, gov­er­nos  em defe­sa do cli­ma e do meio ambi­ente e dos desafios imper­a­tivos como justiça climáti­ca, econo­mia sus­ten­táv­el e o uso de tec­nolo­gias e da inteligên­cia arti­fi­cial a serviço do plan­e­ta.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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