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OMS avalia se mpox deve voltar a ser declarada emergência global

Repro­dução: © REUTERS/Arlette Bashizi/Proibida repro­dução

Comitê de emergência foi convocado para esta quarta-feira


Publicado em 14/08/2024 — 07:28 Por Paula Laboissière — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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A Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) con­vo­cou para esta quar­ta-feira (14) comitê de emergên­cia para avaliar o cenário de sur­to de mpox na África e o risco de dis­sem­i­nação inter­na­cional da doença. O anún­cio foi feito pelo dire­tor-ger­al da enti­dade, Tedros Adhanom Ghe­breye­sus, na últi­ma quar­ta-feira (7), em seu per­fil na rede social X.

Segun­do Tedros, a decisão de con­vo­car o comitê de emergên­cia lev­ou em con­ta o reg­istro de casos fora da Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go, onde as infecções estão em ascen­são há mais de dois anos. O cenário se agravou ao lon­go dos últi­mos meses em razão do uma mutação que lev­ou à trans­mis­são do vírus de pes­soa para pes­soa.

Ontem (13), o Cen­tro de Con­t­role e Pre­venção de Doenças (CDC África) declar­ou o cenário de mpox na região como emergên­cia em saúde públi­ca de segu­rança con­ti­nen­tal. O anún­cio foi feito pelo dire­tor-ger­al da enti­dade, Jean Kaseya, ao citar a ráp­i­da trans­mis­são da doença na África.

“Esse não é ape­nas mais um desafio. O cenário exige ação cole­ti­va”, disse. “Nos­so con­ti­nente já pres­en­ciou diver­sas lutas. Já enfrenta­mos pan­demias, sur­tos, desas­tres nat­u­rais e con­fli­tos. Ain­da assim, para cada adver­si­dade, agi­mos. Não como nações frag­men­tadas, mas como uma úni­ca África. Resilientes, de for­ma engen­hosa e res­o­lu­ta.”

Números

De janeiro de 2022 a jun­ho de 2024, a OMS reg­istrou 99.176 casos con­fir­ma­dos de mpox em 116 país­es. No perío­do, foram con­tabi­lizadas ain­da 208 mortes provo­cadas pela doença.

Dados do relatório de situ­ação divul­ga­do segun­da-feira (12) pela enti­dade mostram que, ape­nas em jun­ho, 934 casos foram con­fir­ma­dos lab­o­ra­to­rial­mente e qua­tro mortes foram noti­fi­cadas em 26 país­es, “sinal­izan­do trans­mis­são con­tínua da mpox em todo o mun­do”.

As regiões mais afe­tadas em jun­ho, de acor­do com o número de casos con­fir­ma­dos, são África (567 casos), Améri­ca (175 casos), Europa (100 casos), Pací­fi­co Oci­den­tal (81 casos) e Sud­este Asiáti­co (11 casos). O Mediter­râ­neo Ori­en­tal não noti­fi­cou casos nesse perío­do.

No con­ti­nente africano, a Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go responde por 96% dos casos con­fir­ma­dos em jun­ho. A OMS aler­ta, entre­tan­to, que o país tem aces­so lim­i­ta­do a testes em zonas rurais e que ape­nas 24% dos casos clini­ca­mente com­patíveis e noti­fi­ca­dos como sus­peitos no país foram tes­ta­dos em 2024.

Pelo menos qua­tro novos país­es na África Ori­en­tal, incluin­do Burun­di, Quê­nia, Ruan­da e Ugan­da, repor­taram seus primeiros casos de mpox – todos lig­a­dos ao sur­to em expan­são na região. Já a Cos­ta do Marfim reg­is­tra um sur­to da doença, mas de out­ra vari­ante, enquan­to a África do Sul con­fir­mou mais dois casos.

Maior letalidade

No fim de jun­ho, a OMS chegou a aler­tar para uma vari­ante mais perigosa da mpox. A taxa de letal­i­dade pela nova vari­ante 1b na África Cen­tral chega a ser de mais de 10% entre cri­anças peque­nas, enquan­to a vari­ante 2b, que cau­sou a epi­demia glob­al de mpox em 2022, reg­istrou taxa de letal­i­dade de menos de 1%.

Vacina

Esta sem­ana, a OMS pub­li­cou doc­u­men­to ofi­cial solic­i­tan­do a fab­ri­cantes de vaci­nas con­tra a mpox que sub­metam pedi­dos de análise para o uso emer­gen­cial das dos­es. O proces­so foi desen­volvi­do especi­fi­ca­mente para agilizar a disponi­bil­i­dade de insumos não licen­ci­a­dos, mas necessários em situ­ações de emergên­cia em saúde públi­ca.

“Essa é uma recomen­dação com val­i­dade lim­i­ta­da, basea­da em abor­dagem de risco-bene­fí­cio”, desta­cou a enti­dade. No doc­u­men­to, a OMS solici­ta que os fab­ri­cantes de vaci­nas con­tra a doença apre­sen­tem dados que pos­sam ates­tar que as dos­es são seguras, efi­cazes, de qual­i­dade garan­ti­da e ade­quadas para as pop­u­lações-alvo.

A con­cessão de autor­iza­ção para uso emer­gen­cial, segun­do a orga­ni­za­ção, deve acel­er­ar o aces­so às vaci­nas, sobre­tu­do para país­es de baixa ren­da e que ain­da não emi­ti­ram sua própria aprovação reg­u­la­men­tar. O proces­so tam­bém per­mite que par­ceiros como a Aliança para Vaci­nas (Gavi, na sigla em inglês) e o Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) adquiram dos­es para dis­tribuição.

A doença

A mpox é uma doença zoonóti­ca viral. A trans­mis­são para humanos pode ocor­rer por meio do con­ta­to com ani­mais sil­vestres infec­ta­dos, pes­soas infec­tadas pelo vírus e mate­ri­ais con­t­a­m­i­na­dos. Os sin­tomas, em ger­al, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, lin­fon­o­dos incha­dos (ínguas), febre, dores no cor­po, dor de cabeça, calafrio e fraque­za.

As lesões podem ser planas ou lev­e­mente ele­vadas, preenchi­das com líqui­do claro ou amare­la­do, poden­do for­mar crostas que secam e caem. O número de lesões pode vari­ar de algu­mas a mil­hares. As erupções ten­dem a se con­cen­trar no ros­to, na pal­ma das mãos e na plan­ta dos pés, mas podem ocor­rer em qual­quer parte do cor­po, inclu­sive na boca, nos olhos, nos órgãos gen­i­tais e no ânus.

Primeira emergência

Em maio de 2023, quase uma sem­ana após alter­ar o sta­tus da covid-19, a OMS declar­ou que a mpox tam­bém não con­fig­u­ra­va mais emergên­cia em saúde públi­ca de importân­cia inter­na­cional. Em jul­ho de 2022, a enti­dade havia dec­re­ta­do sta­tus de emergên­cia em razão do sur­to da doença em diver­sos país­es.

“Assim como com a covid-19, o fim da emergên­cia não sig­nifi­ca que o tra­bal­ho acabou. A mpox con­tin­ua a apre­sen­tar desafios de saúde públi­ca sig­nif­i­cantes que pre­cisam de respos­ta robus­ta, proa­t­i­va e sus­ten­táv­el”, declar­ou, à época, o dire­tor-ger­al da OMS, Tedros Adhanom.

“Casos rela­ciona­dos a via­gens, reg­istra­dos em todas as regiões, demon­stram a ameaça con­tínua. Existe risco, em par­tic­u­lar, para pes­soas que vivem com infecção por HIV não trata­da. Con­tin­ua sendo impor­tante que os país­es man­ten­ham sua capaci­dade de teste e seus esforços, ava­liem os riscos, quan­tifiquem as neces­si­dades de respos­ta e ajam pronta­mente quan­do necessário”, aler­tou Tedros em 2023.

*Matéria ampli­a­da às 7h56 para incluir os ter­ceiro e quar­to pará­grafos

Edição: Graça Adju­to

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