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ONU: clima está mudando mais rápido do que o previsto

Repro­dução: © ONU News/Divulgação

Mudanças climáticas terão efeitos irreversíveis, diz relatório


Pub­li­ca­do em 28/02/2022 — 14:42 Por Pedro Peduzzi — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

Relatório pub­li­ca­do hoje (28) pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU) aler­ta que os impactos das mudanças climáti­cas estão sendo “muito mais rápi­dos” do que o pre­vis­to pelos cien­tis­tas, cau­san­do “per­tur­bações perigosas e gen­er­al­izadas na natureza”. De acor­do com o relatório do Painel Inter­gov­er­na­men­tal sobre Espe­cial­is­tas em Mudanças Climáti­cas (IPCC), os esforços que estão sendo feitos no sen­ti­do de mit­i­gar ess­es efeitos não são sufi­cientes. E, como con­se­quên­cia, há efeitos danosos para a vida de bil­hões de pes­soas, em espe­cial povos indí­ge­nas e comu­nidades locais.

“Ten­ho vis­to muitos relatórios cien­tí­fi­cos na min­ha vida, mas nada como isso”, disse o secretário-ger­al ger­al da ONU, António Guter­res, logo ao abrir seu dis­cur­so, durante a entre­vis­tas cole­ti­va para divul­gar o doc­u­men­to. “O relatório do IPCC apre­sen­ta­do hoje é um atlas do sofri­men­to humano e uma inda­gação sobre danos e sobre o des­ti­no de nos­sas lid­er­anças climáti­cas. Fato a fato, esse relatório mostra que pes­soas e plan­e­ta estão afe­ta­dos pelas mudanças climáti­cas”, disse.

“Neste momen­to, prati­ca­mente metade da humanidade vive em zona perigosa. Neste momen­to, muitos ecos­sis­temas chegaram a um pon­to sem retorno. E neste momen­to, o alcance descon­tro­la­do da poluição cor­rente força uma vul­ner­a­bil­i­dade glob­al que está em mar­cha para a destru­ição. Os fatos são inegáveis. Essa abdi­cação de nos­sas lid­er­anças é crim­i­nosa. Os grandes polu­idores con­tin­u­am sendo os cul­pa­dos por prej­u­dicar nos­so úni­co lar”, acres­cen­tou.

Segun­do o pres­i­dente do IPCC, Hoe­sung Lee, “este relatório traz um sério aler­ta sobre as con­se­quên­cias da inação”, uma vez que mostra que as mudanças climáti­cas são uma “ameaça cada vez mais séria ao nos­so bem-estar e à saúde do plan­e­ta”.

Injustiça climática

De acor­do com a dire­to­ra do Pro­gra­ma Ambi­en­tal das Nações Unidas, Inger Ander­sen, a men­sagem que o relatório envia é clara: “mudanças climáti­cas já são nos­sos opo­nentes”. “As chu­vas estão aí, prej­u­di­can­do bil­hões de pes­soas”, disse.

“Temos vis­to destru­ições perigosas em todo o mun­do nat­ur­al. Espé­cies em migração vivem em condições mais vul­neráveis, e há mortes ocor­ren­do por inun­dações cau­sadas por tem­pes­tades”, disse ela, ao lem­brar que, na últi­ma déca­da, pes­soas vul­neráveis que vivem em país­es de menor desen­volvi­men­to têm 15 vezes mais chances de mor­rer em decor­rên­cia de inun­dações, secas ou tem­pes­tades.

O risco, segun­do a dire­to­ra da ONU, atinge par­tic­u­lar­mente povos indí­ge­nas e comu­nidades locais. “O nome dis­so é injustiça climáti­ca”, sen­ten­ciou, ao defend­er que o retorno à natureza é a mel­hor for­ma de a humanidade se adap­tar e diminuir as mudanças climáti­cas e, ao mes­mo tem­po, pro­mover empre­gos que poten­cializar econo­mias.

“Temos a obri­gação de dedicar pen­sa­men­tos e fun­dos para trans­for­mar e adap­tar os pro­gra­mas ten­do a natureza em seu cen­tro. A humanidade pas­sou sécu­los tratan­do a natureza como seu pior inimi­go. A ver­dade é que a natureza pode ser nos­sa sal­vação, mas ape­nas se nós a sal­var­mos primeiro”, com­ple­tou.

O relatório desta­ca que, nas próx­i­mas duas décadas, o plan­e­ta enfrentará vários peri­gos climáti­cos inevitáveis, caso o aque­c­i­men­to glob­al chegue a 1,5°C. Alguns deles terão efeito irre­ver­sív­el. Os riscos são cada vez maiores e terão con­se­quên­cias para infraestru­turas e para assen­ta­men­tos costeiros de baixa alti­tude.

Financiamento, tecnologia e compromisso

O estu­do aler­ta que, em algu­mas regiões, o “desen­volvi­men­to resiliente ao cli­ma será impos­sív­el”, caso o aque­c­i­men­to glob­al aumente mais de 2°C. Neste sen­ti­do, o lev­an­ta­men­to desta­ca “a urgên­cia de imple­men­tar a ação climáti­ca, com foco par­tic­u­lar na igual­dade e justiça”, o que impli­ca em “finan­cia­men­to ade­qua­do, trans­fer­ên­cia de tec­nolo­gia, com­pro­mis­so políti­co e parce­rias que aumentem a eficá­cia da adap­tação às mudanças climáti­cas e à redução de emis­sões”.

António Guter­res lem­brou que a ciên­cia tem reit­er­a­do que o mun­do pre­cisa cor­tar 45% de suas emis­sões até 2030, para atin­gir zero emis­são de gas­es até 2050. “No entan­to, os atu­ais acor­dos indicam que as emis­sões vão aumen­tar em quase 14% durante esta déca­da. Isso rep­re­sen­ta catástrofe, e vai destru­ir qual­quer chance de man­ter­mos vivos os com­pro­mis­sos”.

Ele acres­cen­tou que os com­bustíveis fós­seis têm grande respon­s­abil­i­dade nesse cenário, e criti­cou os país­es que têm des­cumpri­do acor­dos mul­ti­lat­erais sobre o tema. “A pre­sente com­bi­nação glob­al sobre [emis­sões de] ener­gia está que­bra­da, e os com­bustíveis fos­seis con­tin­u­am cau­san­do danos, choques e crises econômi­cas, de segu­rança e geopolíti­cas”, disse.

“Ago­ra é tem­po de acel­er­ar a tran­sição energéti­ca para um futuro de ener­gia ren­ováv­el, porque com­bustív­el fós­sil rep­re­sen­ta impasse para nos­so plan­e­ta, para a humanidade e, sim, para as econo­mias. A tran­sição ime­di­a­ta para uma fonte ren­ováv­el de ener­gia é a úni­co cam­in­ho para garan­tir a segu­rança energéti­ca, o aces­so uni­ver­sal e para os empre­gos verdes que nos­so mun­do pre­cisa”, acres­cen­tou.

A adap­tação, visan­do o uso amp­lo de ener­gia limpa, não é algo bara­to, ain­da mais no caso de país­es menos desen­volvi­dos. Ten­do em vista essas difi­cul­dades, Guter­res con­vo­cou país­es desen­volvi­dos, ban­cos mul­ti­lat­erais de desen­volvi­men­to, finan­ceiras pri­vadas e out­ras cor­po­rações a faz­erem coal­izões de for­ma a incen­ti­var, desen­volver e dar aces­sos ao uso de ener­gia limpa.

O lev­an­ta­men­to da ONU cita relações dire­tas entre as mudanças climáti­cas e exposição de pes­soas a situ­ações de inse­gu­rança ali­men­tar e hídri­ca agu­da, espe­cial­mente na África, Ásia, Améri­ca Cen­tral e do Sul, bem como em peque­nas ilhas e no Árti­co.

Atraso é morte

“Pre­cisamos aju­dar país­es a se adaptarem às novas neces­si­dades. Pre­cisamos de din­heiro para sal­var vidas, porque atra­so é morte. Todos ban­cos mul­ti­lat­erais sabem o que pre­cisa ser feito: tra­bal­har com gov­er­nos para desen­volver cam­in­hos para pro­je­tos visan­do a obtenção dos recur­sos públi­cos e pri­va­dos necessários. Todo plan­e­ta pre­cisa cumprir o acor­da­do para con­seguirmos, de fato, reduzir as emis­sões”, argu­men­tou.

Guter­res acres­cen­tou que o G20, grupo for­ma­do pelas 20 maiores econo­mias do plan­e­ta, pre­cisa lid­er­ar esse cam­in­ho. “Caso con­trário, a humanidade pagará um preço alto, com um número ain­da maior de tragé­dias. Pes­soas em todos lugares estão ansiosas e furiosas. Eu tam­bém. Ago­ra pre­cisamos trans­for­mar essa fúria em ação. Toda voz pode faz­er difer­ença. E cada segun­do con­ta”, con­cluiu.

Edição: Maria Clau­dia

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