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Operações de resgate tentam salvar a vida de golfinhos amazônicos

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Seca e outros problemas ambientais afetam a vida destes


Publicado em 25/08/2024 — 18:02 Por Cristina Índio do Brasil — Repórter da Agência Brasil* — Brasília

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A seca na Amazô­nia, entre tan­tos prob­le­mas, tem inter­feri­do na vida dos golfin­hos. A líder do Grupo de Mamífer­os Aquáti­cos do Mami­rauá, Miri­am Mar­mon­tel, fez um aler­ta para a situ­ação grave por que pas­sam os ani­mais na região do Lago Tefé. Para evi­tar as mortes, com a sua equipe de tra­bal­ho ela vem real­izan­do ações emer­gen­ci­ais de res­gate dos golfin­hos amazôni­cos das espé­cies botos ver­mel­hos e tucux­is.

Segun­do Miri­am Mar­mon­tel, no ano pas­sa­do, os golfin­hos já tin­ham sido víti­mas das condições climáti­cas e cen­te­nas deles, que são sím­bo­lo da cul­tura e da biolo­gia da região, mor­reram com a seca históri­ca que atingiu o Ama­zonas.

“A pre­ocu­pação é que se repi­tam as condições do ano pas­sa­do de baixa pro­fun­di­dade e altas tem­per­at­uras, que cei­faram a vida de, pelo menos, 209 golfin­hos amazôni­cos, sendo 178 botos ver­mel­hos e 31 tucux­is. Essa é uma quan­ti­dade muito alta em ter­mos pro­por­cionais para uma esti­ma­ti­va que tín­hamos de ani­mais no Lago Tefé. Nós teríamos per­di­do no ano pas­sa­do cer­ca de 15% da pop­u­lação de golfin­hos da área, de botos ver­mel­hos e tucux­is”, disse em entre­vista ao pro­gra­ma da Rádio Nacional Viva Maria, da apre­sen­ta­do­ra Mara Régia.

Seca

Miri­am disse que o Grupo de Mamífer­os Aquáti­cos do Mami­rauá rece­beu uma men­sagem de que pelo menos 7 botos ver­mel­hos estavam pre­sos, em lagoas que ficam lim­i­ta­dos e sep­a­ra­dos por causa da seca e, por isso pre­cisam de res­gate, uma vez que os níveis da água estão muito baixos e a água está quente.

Essas condições da seca difi­cul­tam as oper­ações que pre­cis­aram ser encer­radas antes “Os níveis da água estão tão baixos no Lago Tefé que as bocas de igara­pés, que são os lugares propí­cios para cap­turas, fecharam, então, tive­mos que aban­donar a ativi­dade um dia mais cedo. Essas cap­turas foram plane­jadas com o intu­ito dup­lo, o primeiro sendo uma avali­ação com­ple­ta da saúde, para que con­heçamos a situ­ação dos ani­mais nesse momen­to antes que entre o perío­do mais críti­co de seca e altas tem­per­at­uras e tam­bém a adap­tação dos trans­mis­sores satelitais das nadadeiras dor­sais para acom­pan­har a movi­men­tação deles ao lon­go das estações, espe­cial­mente, durante esse perío­do de vazante muito inten­sa”, pon­tu­ou.

“Todos os lagos e a maio­r­ia dos cor­pos de água da Amazô­nia estão em um nív­el extrema­mente baixo, muito pre­ocu­pante para a sobre­vivên­cia de botos, que ficam encal­ha­dos e pre­sos em poços”, expli­ca Miri­am.

A líder lamen­tou a pou­ca quan­ti­dade de res­gates. “No perío­do de sete dias nós só logramos cap­turar dois ani­mais dev­i­do às difi­cul­dades da seca, uma fêmea adul­ta e um jovem macho, ambos aparente­mente em bom esta­do de saúde, pelo que foi pos­sív­el faz­er de análise no momen­to tan­to de análise clíni­ca, como de algu­mas amostras de sangue que foram cole­tadas. Isso tam­bém vai nos aju­dar a acom­pan­har o que vai acon­te­cer nas próx­i­mas sem­anas”, comen­tou..

A ideia, de acor­do com Míri­am, é res­gatar os ani­mais desse local mais iso­la­do de água para­da e levá-los até o rio maior, que é o Solimões, na área do final da reser­va Mami­rauá. A líder esti­mou mui­ta difi­cul­dade nas oper­ações de res­gate.

“A notí­cia que tive­mos pelos ribeir­in­hos de lá é que as comu­nidades estão todas iso­ladas, então, vai ser uma mis­são bas­tante desafi­ado­ra, porque vamos chegar em uma pon­ta de pra­ia e temos que cam­in­har com todos os equipa­men­tos durante bas­tante tem­po e os ani­mais estão, segun­do os comu­nitários, iso­la­dos com pelo menos 18 min­u­tos de cam­in­ha­da entre essa lagoa e o Rio Solimões para trans­porte de ani­mais que são grandes, robus­tos. O boto pode chegar até 2,5m de com­pri­men­to, vão ter que ser trans­porta­dos por ter­ra. Não sabe­mos ain­da se vai ser um local lam­oso, porque as águas estão baixan­do ou talvez pra­ia, mas de qual­quer for­ma vai ser um trans­porte bas­tante com­pli­ca­do, que exige muitas pes­soas para trans­portar um ani­mal grande, que obvi­a­mente está no estresse”.

Além dis­so, ela desta­cou que há o descon­hec­i­men­to da área. “Nós não con­hece­mos o lago. Na ver­dade, vamos con­tar com as redes e a aju­da de pescadores locais e traz­er os ani­mais para a beira e trans­portá-los por macas até o Rio Solimões”, infor­mou.

“Já está­va­mos em aler­ta e acho que ago­ra já podemos diz­er que esta­mos em aler­ta amare­lo, muito próx­i­mo do ver­mel­ho, do pon­to críti­co, porque as condições estão se aprox­i­man­do muito das condições que viven­ci­amos no ano pas­sa­do aqui no Lago Tefé de baixas pro­fun­di­dades e altas tem­per­at­uras”, chamou atenção.

Resgate

A Amazô­nia Lat­i­tude, platafor­ma híbri­da de divul­gação de con­hec­i­men­to cien­tí­fi­co e jor­nalís­ti­co, pos­tou no Insta­gram ima­gens de um ribeir­in­ho iden­ti­fi­ca­do como Edmar Lopes, que salvou um boto que encal­hou no Rio Madeira, próx­i­mo à cidade de Humaitá, no esta­do ama­zo­nense.

Edmar car­rega o boto, por um local que parece ser uma pra­ia, mas que se tra­ta de um leito de rio que, por estar tão seco, se tornou pos­sív­el andar por onde antes havia água. O esforço do ribeir­in­ho acabou por devolver o boto à água.

A postagem da Amazô­nia Lat­i­tude faz mais aler­tas. “Não só o meio ambi­ente está em aler­ta. Pelo menos 20 municí­pios do Ama­zonas já dec­re­taram situ­ação de emergên­cia dev­i­do à esti­agem. São 63 mil famílias que já sofrem os impactos da seca que mata, humanos, fau­na e flo­ra mudan­do a vida na Amazô­nia, quiçá para sem­pre”, desta­cou.

*Com infor­mações de Mara Régia, da Rádio Nacional.

Edição: Aline Leal

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