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Oriente Médio: palestinos e israelenses veem xenofobia e desinformação

Repro­dução: © Stringer

Duas semanas após primeiro ataque, comunidades dizem como se sentem


Pub­li­ca­do em 21/10/2023 — 09:09 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Há exata­mente duas sem­anas, em 7 de out­ubro, o grupo Hamas fez ataques aére­os e ter­restres a Israel, invadin­do casas e levan­do reféns. Israel respon­deu de ime­di­a­to, com dezenas de aviões de com­bate bom­barde­an­do vários pon­tos da Faixa de Gaza. Com a escal­a­da da vio­lên­cia, áreas res­i­den­ci­ais e esco­las foram bom­bardea­d­os.  

Até o Hos­pi­tal Ahli Arab, na cidade de Gaza, sofreu um ataque que matou 470 pes­soas. O grupo Hamas acusa Israel de ter lid­er­a­do o ataque aéreo que atingiu o hos­pi­tal. Mil­itares israe­lens­es, no entan­to, negam a respon­s­abil­i­dade pela ação e alegam que a unidade foi atingi­da por um lança­men­to fra­cas­sa­do de um foguete pela Jihad Islâmi­ca.

Rep­re­sen­tantes das comu­nidades israe­lense e palesti­na no Brasil rev­e­laram à Agên­cia Brasil suas per­cepções sobre o con­fli­to e o que sabem sobre a situ­ação de par­entes e con­heci­dos que estão na região.

Antissemitismo

O pres­i­dente exec­u­ti­vo da Fed­er­ação Israeli­ta do esta­do de São Paulo, Ricar­do Berkien­sz­tat, con­ta que a comu­nidade tem man­ti­do con­ta­to com quem está em ter­ritório israe­lense e que lá estão muito abal­a­dos, pre­ocu­pa­dos e tristes. Daqui, a fed­er­ação tem ofer­ta­do aju­da psi­cológ­i­ca a eles.

“Esta­mos viven­do um luto e uma tris­teza muito grande com o acon­te­ci­do no últi­mo dia 7 de out­ubro em Israel. Todos nós temos família e ami­gos no país e ain­da esta­mos ten­tan­do enten­der o que acon­te­ceu naque­le sába­do”, disse.

Segun­do Berkien­sz­tat, a comu­nidade acred­i­ta que Israel tem o dire­ito e o dev­er de se defend­er e que, para que a paz volte à região, é pre­ciso des­man­te­lar o Hamas.

Em relação à roti­na da comu­nidade aqui no Brasil após a defla­gração da guer­ra, ele apon­ta que sen­ti­ram aumen­to do anti­s­semitismo. “E, para tan­to, esta­mos aten­tos à segu­rança da comu­nidade em con­ta­to dire­to com os órgãos públi­cos para evi­tar quais­quer tipos de ameaça”, rela­tou.

“As mídias soci­ais são o ter­mômetro des­ta rad­i­cal­iza­ção dos dis­cur­sos de ódio que nos pre­ocu­pam sobre­maneira. Can­ce­lam­os todos os even­tos fes­tivos na comu­nidade judaica e temos investi­do na capac­i­tação das pes­soas sobre a história deste con­fli­to e tam­bém em atendi­men­to psi­cológi­co aos famil­iares que têm gente viven­do em Israel”, acres­cen­tou Berkien­sz­tat.

Xenofobia

Coor­de­nado­ra da Frente em Defe­sa do Povo Palesti­no, a jor­nal­ista palesti­no-brasileira Soraya Mis­leh avalia que há uma cres­cente xeno­fo­bia e racis­mo con­tra palesti­nos no Brasil, neste momen­to, “em função da pro­pa­gan­da agres­si­va de guer­ra pro­tag­on­i­za­da pelos meios de comu­ni­cação de mas­sa”. Ela ressalta que o ataque aos palesti­nos dura mais de 75 anos.

“Se não se com­preen­der isso, vai se cair na pro­pa­gan­da de que é uma guer­ra entre Hamas e Israel, pon­tu­al e cir­cun­stan­cial. Não é isso”, acres­cen­tou.

“Int­elec­tu­ais e políti­cos que se man­i­fes­tam em sol­i­dariedade ao povo palesti­no e con­tra o genocí­dio em cur­so têm sido expos­tos e tam­bém persegui­dos. Sabe­mos de ameaças, demis­sões e dis­cur­so de ódio con­tra a comu­nidade árabe e o povo palesti­no que é o oprim­i­do na con­tínua Nak­ba [palavra árabe que sig­nifi­ca catástrofe e des­igna a expul­são de palesti­nos de áreas que se tornar­i­am Israel, em 1948]. Muitas fake news e mui­ta crim­i­nosa irre­spon­s­abil­i­dade em sua difusão pre­cisam parar ime­di­ata­mente”, denun­ciou.

Sobre a pop­u­lação que está nos ter­ritórios ata­ca­dos, ela rela­ta que estão em uma situ­ação muito perigosa e que todos estão em risco de limpeza étni­ca na Cisjordâ­nia e sob bom­bardeios em Gaza. “Um brasileiro-palesti­no que con­hece­mos, Hasan Rabee, está em Gaza com sua família à espera de ser repa­tri­a­do. Seu pri­mo, a esposa dele, fil­hos e netos do casal foram mor­tos num bom­bardeio ao pré­dio em que moravam”, con­tou.

Em relação à difi­cul­dade de evac­uação de palesti­nos, ela avalia que é impor­tante um corre­dor human­itário para entra­da de aju­da human­itária e o ces­sar-fogo ime­di­a­to. “Porém é pre­ciso ir além, é necessário o gov­er­no brasileiro recon­hecer o apartheid israe­lense e romper ime­di­ata­mente relações e acor­dos com o Esta­do de Israel”, acres­cen­tou.

Edição: Aline Leal

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