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Orquestra com jovens de PE se apresenta no Vaticano para pedir paz

Repro­dução: © Car­los Eduar­do Amaral/OCC/Divulgação

Grupo da periferia do Recife se une a músicos de países em guerra


Pub­li­ca­do em 03/11/2023 — 19:05 Por Elaine Patri­cia da Cruz — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Nasci­da e for­ma­da por jovens da per­ife­ria de Recife, a Orques­tra Cri­ança Cidadã se apre­sen­tou nes­ta sex­ta-feira (3) no Vat­i­cano, durante a real­iza­ção do Con­cer­to para a Paz. Com uma mis­são paci­fista, a orques­tra, for­ma­da por 25 jovens entre 14 e 21 anos de idade se apre­sen­tou ao lado de músi­cos da Itália e de regiões que estão em con­fli­to, como Rús­sia e Ucrâ­nia. O obje­ti­vo do con­cer­to é sen­si­bi­lizar o mun­do pelo fim das guer­ras.

Ao todo serão duas apre­sen­tações. A primeira foi nes­ta sex­ta-feira no Altar-mor da Basíli­ca de São Pedro. A segun­da está mar­ca­da para este sába­do (4), na Sala Paulo IV, e con­tará com uma pre­sença ilus­tre, o papa Fran­cis­co é esper­a­do para assi­s­tir a apre­sen­tação.

A Orques­tra Cri­ança Cidadã é for­ma­da por músi­cos que resi­dem em Coque, bair­ro de Recife com um dos piores índices de desen­volvi­men­to humano. Parte deles tam­bém reside em Camela, um dis­tri­to da cidade de Ipo­ju­ca, na região met­ro­pol­i­tana do Recife. O pro­je­to surgiu para fornecer uma opor­tu­nidade às cri­anças e jovens das regiões per­iféri­c­as por meio da músi­ca. Na orques­tra, ess­es jovens recebem não somente aulas de instru­men­tos de cor­das, sopros e per­cussão, mas tam­bém teo­ria musi­cal, can­to coral e apoio pedagógi­co, ali­men­tação e atendi­men­to psi­cológi­co, médi­co e odon­tológi­co.

“É um pro­je­to de inclusão social e cidada­nia através da músi­ca. É des­ti­na­do a cri­anças e ado­les­centes em situ­ação de vul­ner­a­bil­i­dade social de local­i­dades pobres da região met­ro­pol­i­tana do Recife. Foi cri­a­da em 2006 e é man­ti­da por patrocínio de empre­sas públi­cas e pri­vadas”, expli­cou José Rena­to Acci­oly, coor­de­nador musi­cal e regente da orques­tra.

Pedro Hen­rique Mar­tins, de 19 anos de idade, é um dos alunos desse pro­je­to que está se apre­sen­tan­do no Vat­i­cano. Ele, que toca vio­li­no, está na orques­tra des­de os 12 anos e ago­ra é uni­ver­sitário de músi­ca. “Sem­pre via os meni­nos [músi­cos] mais vel­hos pas­san­do pela frente da min­ha casa e min­ha mãe me con­venceu [a ir], me lev­ou para faz­er o teste. Não sabia o que era. Pas­sei. No começo era brin­cadeira e, hoje, é prati­ca­mente profis­são, faço fac­ul­dade [licen­ciatu­ra em músi­ca]”, disse à Agên­cia Brasil.

Para Pedro, a orques­tra lhe ofer­e­ceu uma grande opor­tu­nidade de vida. “Se não fos­se pela orques­tra, não sei o que estaria fazen­do ago­ra. Depois de ter entra­do, é um cam­in­ho para a vida toda. Hoje, a úni­ca coisa que quero faz­er é ser pro­fes­sor, lidar com músi­ca. Antes, eu não sabia uma nota musi­cal. Com o tem­po, vai entran­do na nos­sa vida e, quan­do a gente percebe, é o que ama faz­er. Vira parte do nos­so dia, de mim. O instru­men­to está pre­sente o dia inteiro. Espero que a orques­tra con­tin­ue fazen­do as pes­soas, como me fez e como fez meus ami­gos”.

Repertório

Para as duas apre­sen­tações no Con­cer­to para a Paz, no Vat­i­cano, foram escol­hi­das músi­cas do rus­so Sergei Rach­mani­nov, do ucra­ni­ano Myko­la Leon­tovich, do ital­iano Anto­nio Vival­di e do argenti­no Astor Piaz­zol­la, em trib­u­to ao papa.

“O repertório inclui obras clás­si­cas de com­pos­i­tores dos país­es em guer­ra, além de Aquarela do Brasil [Ary Bar­roso], Três Peças Nordes­ti­nas [Clóvis Pereira], o Prelú­dio da Bachi­anas 4, de Vil­la-Lobos, e, em trib­u­to ao papa, Por Una Cabeza, de Car­los Gardel e Alfre­do Le Pera”, infor­mou o regente da orques­tra.

“O repertório foi escol­hi­do através do critério da nacional­i­dade, primeiro. Então a gente vai ter músi­ca ucra­ni­ana, rus­sa, ital­iana, brasileira e, como a gente vai tocar para o papa, argenti­na. Mas tam­bém, por ser um con­cer­to pela paz, a gente escol­heu um repertório que ten­ha a atmos­fera de dois sen­ti­men­tos bas­tante impor­tantes, o perdão e a esper­ança”, acres­cen­tou Acci­oly.

Para Pedro, tocar no Con­cer­to para a Paz está sendo uma opor­tu­nidade muito espe­cial. “A gente toca ao lado de pes­soas que podem ter per­di­do alguém ou algo ness­es con­fli­tos. A gente pre­cisa ter sen­si­bil­i­dade e acol­her todos da mel­hor for­ma”.

Quem tam­bém está par­tic­i­pan­do do Con­cer­to para a Paz é Antoni­no Ter­tu­liano, 30 anos de idade. No pas­sa­do, Ter­tu­liano fez parte do pro­je­to em Per­nam­bu­co, mas ago­ra ele inte­gra a Orques­tra Filar­môni­ca de Israel e faz mestra­do na área musi­cal em Munique, na Ale­man­ha.

“Estou muito feliz em faz­er parte da comi­ti­va que vai par­tic­i­par desse con­cer­to. Esse con­cer­to tam­bém tem um sig­nifi­ca­do muito espe­cial para mim por con­ta do que vem acon­te­cen­do em Israel. Moro em Tel Aviv”, disse. “A men­sagem que ten­to pas­sar para aque­les que estão lá é que a paz real­mente é algo que enten­demos e tomamos como garan­tia, mas ela é valiosa e, quan­do não a temos, é entris­te­cedor”.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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