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Orquestra Ouro Preto lança álbum e prepara ópera de Feliz Ano Velho

Grupo faz 25 anos com forte presença em plataformas digitais

Cristi­na Índio do Brasil — repórter da Agên­cia Brasil*
Pub­li­ca­do em 21/03/2025 — 07:40
Ouro Pre­to (MG)
Ouro Preto (MG), 20/03/2025 - Orquestra Ouro Preto. Foto: Rapha Garcia/Divulgação
Repro­dução: © Rapha Garcia/Divulgação

Esta sex­ta-feira (21) é mais um dia de fes­ta para a Orques­tra Ouro Pre­to (OOP). Entre os even­tos de comem­o­ração pelos seus 25 anos, o grupo faz o lança­men­to, nas platafor­mas dig­i­tais, do seu 22º álbum, Orques­tra Ouro Pre­to: Vil­la-Lobos, Piaz­zol­la e Mehmari, que reúne inter­pre­tações de com­pos­i­tores brasileiros e inter­na­cionais.

Com suces­so inter­na­cional e forte pre­sença nas platafor­mas dig­i­tais, o grupo prepara ain­da uma adap­tação em ópera do livro Feliz Ano Vel­ho, de Marce­lo Rubens Pai­va, que será apre­sen­ta­da ao públi­co pela primeira vez na Pra­ia de Copaca­bana, em jun­ho.

O iní­cio da tra­jetória, ini­ci­a­da em 2000, foi no inte­ri­or de Minas Gerais. Ao lon­go dos anos, a Orques­tra foi amplian­do suas ativi­dades até se tornar um dos gru­pos mais ino­vadores e per­ma­nentes do Brasil. A val­oriza­ção da músi­ca brasileira e a democ­ra­ti­za­ção do aces­so à arte mar­cam a jor­na­da da Orques­tra, que incen­ti­va tam­bém a ren­o­vação de repertórios nacionais.

A cel­e­bração do jubileu de pra­ta do grupo neste ano con­tou com uma turnê por país­es da Europa, com par­tic­i­pação do can­tor e com­pos­i­tor Alceu Valença. As apre­sen­tações em teatros de Paris, Lon­dres, Berlim, Utrecht, Barcelona, Por­to e Lis­boa tiver­am ingres­sos esgo­ta­dos.

Não à toa, o recon­hec­i­men­to em pal­cos inter­na­cionais, reflete no número de fãs ao redor do mun­do. Nas redes soci­ais e platafor­mas dig­i­tais, a orques­tra é a mais ouvi­da da Améri­ca Lati­na, superan­do 240 mil seguidores no Insta­gram, mais de 100 mil ouvintes men­sais no Spo­ti­fy e mil­hares de aces­sos no YouTube.

Novo álbum

Bachi­ana Brasileira nº 9, do mestre Heitor Vil­la-Lobos, é um dos destaques do novo tra­bal­ho. Na inter­pre­tação, a Orques­tra man­tém a sofisti­cação e a iden­ti­dade da obra orig­i­nal. O álbum traz ain­da o ban­do­neon­ista e com­pos­i­tor argenti­no Astor Piaz­zol­la, com a músi­ca Suíte del Ángel, em arran­jos inédi­tos de José Car­li, que além de par­ceiro do com­pos­i­tor, con­tribuiu para um dos perío­dos mais impor­tantes da músi­ca lati­no-amer­i­cana.

Com uma cri­ação inédi­ta inspi­ra­da nos sone­tos atribuí­dos a Vival­di em As Qua­tro Estações, a músi­ca Canções para as Estações, do pianista, com­pos­i­tor e arran­jador André Mehmari é mais uma atração do dis­co. A voz da sopra­no Marília Var­gas, con­fere uma abor­dagem ino­vado­ra e emo­cio­nante à inter­pre­tação. Na visão de Mehmari, a obra jun­ta a músi­ca bar­ro­ca e a arte da canção, duas de suas grandes paixões.

“É uma grande ale­gria saber que uma com­posição min­ha tem um reg­istro tão bril­hante e belo, feito com tan­ta com­petên­cia artís­ti­ca e téc­ni­ca pela Orques­tra Ouro Pre­to. Acho que essa obra é das mais rep­re­sen­ta­ti­vas com­posições de min­ha auto­ria em tem­pos recentes: ela mostra da maneira mais clara a min­ha paixão pela músi­ca bar­ro­ca, pela rep­re­sen­tação dos afe­tos expres­sos por palavras em gestos musi­cais”, con­tou em tex­to divul­ga­do pela OOP.

Apresentação de aniversário

O aniver­sário de 25 anos da orques­tra foi cel­e­bra­do em sua própria casa, a Casa da Ópera de Vila Rica, atual­mente Teatro Munic­i­pal de Ouro Pre­to, no cen­tro da cidade históri­ca, na segun­da-feira pas­sa­da (17). O pré­dio é nada menos que o teatro mais anti­go das Améri­c­as em fun­ciona­men­to, cuja obra foi con­cluí­da em 1769 por uma ini­cia­ti­va do con­stru­tor João de Souza Lis­boa.

No repertório exibido na noite de aniver­sário, a Orques­tra Ouro Pre­to abriu com a Sin­fo­nia 27, segun­do movi­men­to de Joseph Haydn. Em segui­da, se deu a entra­da no pal­co do ban­do­neon­ista argenti­no Rufo Her­rera, de 91 anos, para uma par­tic­i­pação espe­cial. Em um momen­to emo­cio­nante, ele par­ticipou da exe­cução das músi­cas El Choclo, a primeira toca­da pela OPP no iní­cio da sua tra­jetória, e La Cumparci­ta.

“Essa orques­tra foi for­ma­da pelo meu pai, Ronal­do, e pelo Rufo Her­rera, um com­pos­i­tor que toca ban­doneón. Ele saiu da Argenti­na, fez um tra­bal­ho incrív­el em São Paulo, incrív­el em Belo Hor­i­zonte e veio parar em Ouro Pre­to para aju­dar na for­matação ini­cial da Esco­la de Músi­ca”, hom­e­na­geou Rodri­go Tof­fo­lo, regente tit­u­lar e dire­tor artís­ti­co da Orques­tra.

Ouro Preto (MG), 20/03/2025 - Orquestra Ouro Preto. Foto: Rapha Garcia/Divulgação
Repro­dução: Com­pos­i­tor e ban­do­neon­ista Rufo Her­rera na Orques­tra Ouro Pre­to Orques­tra Rapha Garcia/Divulgação

Na apre­sen­tação, hou­ve espaço ain­da para Astor Piaz­zol­la com Suíte Del Ángel. No repertório de músi­cas nacionais, foi apre­sen­ta­da Tem­po de Mara­catu. A últi­ma a ser inter­pre­ta­da pelos músi­cos foi Eleanor Rig­by, músi­ca de Paul McCart­ney e John Lennon que fez parte do trib­u­to The Bea­t­les, que a OOP apre­sen­tou em agos­to do ano pas­sa­do no The­atro Munic­i­pal do Rio de Janeiro, o que mostra a diver­si­dade da pro­dução da Orques­tra.

No iní­cio da cer­imô­nia, o prefeito de Ouro Pre­to, Ânge­lo Oswal­do (PV), comem­o­rou a real­iza­ção da cel­e­bração em local tão sig­ni­fica­ti­vo para a cidade. “Essa é a casa da Orques­tra Ouro Pre­to e, por isso, ficamos muito felizes que o lança­men­to do seu jubileu de pra­ta, os seus 25 anos, seja aqui”, comen­tou.

Programação 2025

Ani­ma­do, o mae­stro Rodri­go elen­cou a pro­gra­mação exten­sa que ain­da vem pela frente e vai mar­car o jubileu da Orques­tra. A Série Domin­gos Clás­si­cos, que com­ple­ta 10 anos de parce­ria com o Sesc Pal­la­di­um, em Belo Hor­i­zonte, e con­quis­tou o públi­co em apre­sen­tações a preços pop­u­lares, vai recomeçar no domin­go (23). Rufo Her­rera será hom­e­nagea­do com inter­pre­tações de suas obras e estreias de com­posições inédi­tas.

Está pre­vista ain­da uma nova edição da apre­sen­tação com Alceu Valença que foi um suces­so. No dia 11 de abril, será no Espaço Flo­res­ta, em Soro­ca­ba, São Paulo, e no dia seguinte, no Vibra, na cap­i­tal São Paulo. Estão em nego­ci­ação datas em out­ras cidades, mas ain­da não foram divul­gadas.

‘Feliz Ano Velho’

Ness­es 25 anos, a orques­tra desen­volveu pro­je­tos que envolvem lit­er­atu­ra e músi­ca. Foi assim, por exem­p­lo, com o Auto da Com­pade­ci­da, a ópera basea­da no tex­to de Ari­ano Suas­suna, que fez turnê pelo país e foi apre­sen­ta­da na Pra­ia de Copaca­bana, para um públi­co de 10 mil pes­soas, em 2023.

Out­ra pro­dução de suces­so é Hil­da Furacão, a Ópera, uma adap­tação do romance de Rober­to Drum­mond, apre­sen­ta­da em São Paulo, Belo Hor­i­zonte e Rio de Janeiro, no fim de 2024.

Ago­ra, está em desen­volvi­men­to a Ópera Feliz Ano Vel­ho. Até chegar à fase de final­iza­ção, foram vários os encon­tros de Marce­lo Rubens Pai­va, autor do livro que dá origem à obra musi­cal, com o mae­stro Rodri­go e com o mae­stro e músi­co Tim Rescala, que assi­na a músi­ca e o libre­to.

A estreia será em jun­ho, tam­bém nas areias de Copaca­bana, em mais um pas­so da Orques­tra pela pop­u­lar­iza­ção da ópera no Brasil. Na sequên­cia, a pro­dução será apre­sen­ta­da em duas réc­i­tas no Palá­cio das Artes, em Belo Hor­i­zonte.

“Neste ano em que a orques­tra comem­o­ra os 25 anos de existên­cia, eu estou exul­tante de ver flo­rescer uma nova ópera brasileira basea­da no quê? No meu primeiro livro, Feliz Ano Vel­ho.”, disse o escritor Marce­lo Rubens Pai­va, em vídeo exibido no lança­men­to na Casa da Ópera.

“Acho que a sen­sação de ter uma obra trans­for­ma­da em ópera me faz sen­tir um cara muito mais impor­tante, um cara quase eru­di­to, um clás­si­co. Os livros estão aqui [disse mostran­do a estante] e este [Feliz Ano Vel­ho] é um clás­si­co da lit­er­atu­ra brasileira. A vida sur­preende a gente a cada dia. Um grande abraço a todos e muito obri­ga­do”, con­cluiu.

Con­fi­ra abaixo a men­sagem de Marce­lo Rubens Pai­va

*A repórter via­jou a con­vite da Orques­tra Ouro Pre­to

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