...
segunda-feira ,9 dezembro 2024
Home / Saúde / Pacientes e familiares têm longo desafio na manutenção da saúde mental

Pacientes e familiares têm longo desafio na manutenção da saúde mental

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Bem-estar emocional das pessoas se agravou durante pandemia


Pub­li­ca­do em 10/10/2022 — 07:32 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Ouça a matéria:

Nes­ta segun­da (10) é comem­o­ra­do em todo o plan­e­ta o Dia Mundi­al da Saúde Men­tal. Ness­es tem­pos de quase pós-pan­demia de covid-19, a doença con­tin­ua afe­tan­do a saúde men­tal de grande número de pes­soas em todo o mun­do. Segun­do a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), a pan­demia criou uma crise glob­al para a saúde men­tal, ali­men­tan­do estress­es em cur­to e lon­go pra­zo, e minan­do o bem-estar emo­cional de mil­hares de pes­soas ao redor do mun­do.

Nesse con­tex­to, de acor­do com espe­cial­is­tas, a man­i­fes­tação dos efeitos da doença pode se tornar per­ma­nente tan­to para pacientes e suas famílias, quan­to para profis­sion­ais da área da saúde.

Para o espe­cial­ista em ter­ceira idade e saúde men­tal Davi Fiuza Diniz, o papel das asso­ci­ações de pacientes e famil­iares nesse proces­so de reabil­i­tação é muito impor­tante. Ele cita o tra­bal­ho da Asso­ci­ação em Defe­sa da Saúde Men­tal (ADSM) – orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG) cearense –, que bus­ca dar apoio aos pacientes por meio de ter­apias de grupo e de atendi­men­to com famil­iares e cuidadores, e de uma equipe mul­ti­dis­ci­pli­nar for­ma­da por profis­sion­ais de saúde e de out­ras áreas.

Diniz, que tra­bal­ha na ADMS, afir­mou que muitos dos prob­le­mas men­tais dos assis­ti­dos pela asso­ci­ação se agravaram durante a pan­demia. Ele mes­mo sen­tiu esse prob­le­ma por ter na família duas pes­soas com transtornos men­tais. “Eu sei o que é essa dor”, afir­mou. Hoje, seus par­entes estão esta­bi­liza­dos depois de par­tic­i­par de ter­apias de grupo na ONG.

“A gente bus­ca mostrar para pes­soas e famil­iares que ten­ham alguém na família com prob­le­ma emo­cional que, quan­do saírem do psiquia­tra ou do psicól­o­go, eles têm suporte. Existe toda uma con­du­ta para dar equi­líbrio emo­cional. A Asso­ci­ação tem vários serviços com essa final­i­dade: dar suporte para as pes­soas que apre­sen­tam algum prob­le­ma e, tam­bém, para os famil­iares que estão acom­pan­han­do, porque tam­bém pre­cisam de apoio”, disse Diniz.

Agravamento

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, o psiquia­tra e mem­bro da Asso­ci­ação Brasileira de Psiquia­tria (ABP) Luiz Car­los Coro­nel afir­mou que a pan­demia des­en­cadeou algo que esta­va latente ou agravou o que já exis­tia. No caso do Brasil, segun­do ele, ocor­reram as duas coisas, mas agravou espe­cial­mente as grandes neces­si­dades de saúde men­tal da pop­u­lação que já exis­ti­am.

Luiz Car­los Coro­nel lem­brou que o país, de acor­do com a pesquisa Vig­i­tel 2021 do Min­istério da Saúde, é campeão na Améri­ca Lati­na de casos de depressão, envol­ven­do 11,3% da pop­u­lação. “É campeão de transtornos de ansiedade e por aí vai”, disse. Segun­do o espe­cial­ista, isso ficou agrava­do pela pan­demia, pelas restrições e por tudo que acom­pan­hou o proces­so epidêmi­co de ameaça à vida.

Em função da restrição de cir­cu­lação, aumen­taram tam­bém as patolo­gias lig­adas ao con­sumo de sub­stân­cias psi­coa­t­i­vas. “O pes­soal pas­sou a usar mais álcool e out­ras dro­gas e isso oca­sio­nou tam­bém um agrava­men­to das situ­ações con­fli­ti­vas. Então, aumen­tou muito o número de vio­lên­cia domés­ti­ca, dev­i­do à restrição de cir­cu­lar, de con­viv­er com out­ras pes­soas”.

Coro­nel ressaltou que como resul­ta­do de tudo isso estão os efeitos da infecção pela covid-19 que ain­da vão se man­i­fe­s­tando ao lon­go do tem­po, inclu­sive for­mas que não são graves, mas mod­er­adas, e que apre­sen­tam man­i­fes­tações cere­brais, clíni­cas. “Essas viros­es têm essas capaci­dades que a gente não con­hece bem. São os efeitos a lon­go pra­zo”. Out­ro fator é que o Brasil cresceu muito nos últi­mos 30 a 40 anos em ter­mos pop­u­la­cionais, e a estru­tu­ra de atendi­men­to e assistên­cia à saúde não acom­pan­hou esse cresci­men­to, afir­mou o psiquia­tra. “A rede de atendi­men­to à saúde con­tin­ua precária, ape­sar dos esforços do Min­istério da Saúde. E da saúde men­tal é mais precária ain­da”, com­ple­men­tou.

Covid longa

Luiz Car­los Coro­nel avaliou que a pan­demia deixou uma “covid lon­ga”. Ou seja, seus efeitos já estão sendo sen­ti­dos e vão con­tin­uar apare­cen­do por lon­go perío­do. “Indefinido tem­po ain­da. Nen­hum pesquisador tem ideia de quan­to vai durar a pro­dução dess­es efeitos secundários da doença, prin­ci­pal­mente afe­tan­do a saúde men­tal da pes­soa”.

Todo mun­do ficou restri­to, ficou com menos recur­sos de con­vivên­cia, acar­retan­do grandes índices de depressão, de ansiedade, de uso e abu­so de sub­stân­cias psi­coa­t­i­vas e de dro­gas. Tudo isso ficou aumen­ta­do”, disse.

Edição: Nélio Neves de Andrade

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Mutirão atende população hoje, no dia de combate ao câncer de pele

Dermatologistas estarão de 10h às 15h em mais de 100 postos no país Agên­cia Brasil …