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Pais e bebês prematuros devem ficar juntos, defende campanha

Repro­du­ção: © Mar­cel­lo Casal/Agência Bra­sil

Hoje é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade


Publi­ca­do em 17/11/2021 — 06:32 Por Heloí­sa Cris­tal­do — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

Dados da Orga­ni­za­ção Pan-ame­ri­ca­na de Saú­de (Opas) indi­cam que anu­al­men­te nas­cem mais de um milhão de bebês pre­ma­tu­ros, peque­nos e gra­ve­men­te doen­tes, nas Amé­ri­cas. Nes­ta quar­ta-fei­ra (17), é cele­bra­do o Dia Mun­di­al da Pre­ma­tu­ri­da­de. Segun­do o Minis­té­rio da Saú­de, o Bra­sil ocu­pa a 10ª posi­ção entre as nações onde são regis­tra­dos mais casos de pre­ma­tu­ri­da­de.

O bebê é con­si­de­ra­do pre­ma­tu­ro, segun­do parâ­me­tros da Orga­ni­za­ção Mun­di­al de Saú­de (OMS), quan­do nas­ce antes das 37 sema­nas de ges­ta­ção. Essa foi a prin­ci­pal cau­sa de mor­ta­li­da­de infan­til em todo o mun­do, segun­do a orga­ni­za­ção.

Amo­ra Dias, de 6 anos, che­gou ao mun­do com ape­nas 27 sema­nas de ges­ta­ção e 760 gra­mas. Enfren­tou qua­se três meses de inter­na­ção em UTI neo­na­tal e uma série de desa­fi­os duran­te o perío­do de inter­na­ção hos­pi­ta­lar.

“Assim que ela nas­ceu, já foi para CTI neo e foram 111 dias de inter­na­ção. Ela teve bas­tan­te inter­cor­rên­cia nes­se tem­po, como rit­no­pa­tia da pre­ma­tu­ri­da­de, hemor­ra­gia intra­cra­ni­a­na, cri­ses con­vul­si­vas, ane­mia e pre­ci­sou de [trans­fu­são de] san­gue qua­tro vezes, foi mui­ta coi­sa. Por con­ta da hemor­ra­gia, ela tem para­li­sia cere­bral. As pes­so­as acham que pre­ma­tu­ri­da­de é só ganhar peso. Isso é um mito que ten­ta­mos com­ba­ter por­que, na ver­da­de, a situ­a­ção do pre­ma­tu­ro é mui­to gra­ve”, con­tou Agda Dias, mãe de Amo­ra.

Segun­do Agda, a pos­si­bi­li­da­de de acom­pa­nhar de per­to e inte­gral­men­te a recu­pe­ra­ção da filha, por meio do méto­do can­gu­ru, foi o que ame­ni­zou as difi­cul­da­des que enfren­ta­va. A medi­da é indi­ca­da pelo Minis­té­rio da Saú­de para que mães de bebês que nas­ce­ram pre­ma­tu­ros pos­sam ter con­ta­to pele a pele com o filho.

“Peguei a Amo­ra no colo com um mês de inter­na­ção, por­que é mui­to arris­ca­do pegar antes por­que o bebê cor­re ris­co com essa mani­pu­la­ção e ali mudou mui­to a minha rela­ção com ela por­que sen­ti o per­ten­ci­men­to, a fal­ta que ela me fazia, de tê-la comi­go e depois des­se dia, todos os dias fize­mos ‘can­gu­ru’, dis­se.

Agda aler­ta para os desa­fi­os e desin­for­ma­ções em tor­no da pre­ma­tu­ri­da­de. Segun­do ela, é fun­da­men­tal bus­car psi­co­ló­gi­co e a tro­ca de infor­ma­ções com mães que enfren­tam situ­a­ções seme­lhan­tes. Em vir­tu­de do nas­ci­men­to pre­ma­tu­ro, Amo­ra tem para­li­sia cere­bral e com­pro­me­ti­men­to motor.

“O que a gen­te lida com a pre­ma­tu­ri­da­de é pesa­dís­si­mo e a gen­te não dá con­ta. Bus­car uma aju­da pro­fis­si­o­nal psi­co­ló­gi­ca e até mes­mo um psi­qui­a­tra para aju­dar com medi­ca­ção, se for pre­ci­so, por­que é pesa­do. E bus­car com­par­ti­lhar isso, bus­car outras mães que já pas­sa­ram por isso. A sen­sa­ção que dá é que só o seu filho está pas­san­do por aqui­lo, a gen­te não conhe­ce tan­tos pre­ma­tu­ros assim.” Para aju­dar pes­so­as que vivem os mes­mos desa­fi­os, Agda man­tém um per­fil com víde­os e fotos das ati­vi­da­des da peque­na Amo­ra.

Pais e bebês juntos

Para aler­tar e infor­mar sobre a pre­ma­tu­ri­da­de, a Rede Mun­di­al de Pre­ma­tu­ri­da­de rea­li­za anu­al­men­te uma cam­pa­nha de sen­si­bi­li­za­ção. Em todo o mun­do, monu­men­tos e pré­di­os públi­cos são ilu­mi­na­dos de roxo para cha­mar a aten­ção para a cau­sa, na cha­ma­da Glo­bal Illu­mi­na­ti­on Ini­ti­a­ti­ve.

Nes­te ano, o foco é a sepa­ra­ção zero entre mãe e bebê pre­ma­tu­ro, ou seja, per­mi­tir que a mãe tenha con­di­ções de ficar inter­na­da para acom­pa­nhar o filho pre­ma­tu­ro o tem­po todo e que o pai tam­bém tenha livre aces­so. Em vir­tu­de da pan­de­mia de covid-19, o ambi­en­te hos­pi­ta­lar pre­ci­sou se rea­de­quar às nor­mas de segu­ran­ça, o que aca­bou sepa­ran­do os bebês de seus pais.

Para a enfer­mei­ra neo­na­tal e vice-dire­to­ra exe­cu­ti­va da ONG Prematuridade.com, Ali­ne Hen­ne­mann, o con­ta­to dire­to entre mãe e bebê é fun­da­men­tal para recu­pe­ra­ção da cri­an­ça.

“O nos­so prin­ci­pal desa­fio hoje é mos­trar para as pes­so­as que o pre­ma­tu­ro não é um mini adul­to, ele é um ser em for­ma­ção. O lugar dele seria den­tro do úte­ro mater­no. Den­tro das UTIs neo­na­tais, a gen­te ten­ta repro­du­zir o úte­ro mater­no, então os nos­sos desa­fi­os são levar aten­ção inte­gral para esse bebê pre­ma­tu­ro, para essa famí­lia, levar ambu­la­tó­ri­os de seg­men­tos que pos­sam fazer o acom­pa­nha­men­to pós alta des­se bebê pre­ma­tu­ro e des­sa famí­lia”, expli­ca.

Anu­al­men­te, a ONG rea­li­za ati­vi­da­des de sen­si­bi­li­za­ção sobre o nas­ci­men­to de bebês pre­ma­tu­ros no Bra­sil. Em decor­rên­cia da pan­de­mia, as ati­vi­da­des são rea­li­za­das de for­ma vir­tu­al este ano. Sai­ba como par­ti­ci­par.

“Em vir­tu­de da pan­de­mia de covid-19, a cam­pa­nha tem sido res­tri­ta ao ambi­en­te vir­tu­al por meio das redes soci­ais, com mate­ri­al de sen­si­bi­li­za­ção sobre o assun­to”, dis­se a enfer­mei­ra. “Pai e mãe que pas­sam por uma inter­na­ção em UTI neo­na­tal são com­pa­ra­dos a sol­da­dos que par­ti­ci­pa­ram de uma guer­ra de tão trau­má­ti­ca que é essa inter­na­ção. E vão além das ques­tões que a pre­ma­tu­ri­da­de pro­vo­ca. Os impac­tos do nas­ci­men­to de um bebê pre­ma­tu­ro vão mui­to além do que as seque­las de saú­de podem cau­sar. Ela traz um trau­ma psi­co­ló­gi­co para as famí­li­as”, afir­mou.

O Novem­bro Roxo, mês da cons­ci­en­ti­za­ção para os cui­da­dos e pre­ven­ção da pre­ma­tu­ri­da­de, tam­bém aler­ta sobre o cres­cen­te núme­ro de par­tos pre­ma­tu­ros, e como pre­ve­ni-lo, além de infor­mar sobre as consequências do nas­ci­men­to ante­ci­pa­do para o bebê, para sua famí­lia e para a soci­e­da­de.

Hoje, no Bra­sil, 11,8% dos bebês nas­ci­dos vivos são pre­ma­tu­ros. A pre­ma­tu­ri­da­de é a mai­or cau­sa de mor­te infan­til antes dos cin­co anos. Pou­cos conhe­cem isso. A pre­ma­tu­ri­da­de cau­sa 10 vezes mais de óbi­tos de cri­an­ças do que o cân­cer. Então, é mui­to repre­sen­ta­ti­vo”, expli­cou Ali­ne.

Edi­ção: Maria Clau­dia

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