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País poderá ter centros com uso de IA para eventos climáticos extremos

Repro­dução: © Beth Santos/prefeitura do Rio de Janeiro

ABNT e prefeitura do Rio lançam manual para ajudar gestores municipais


Publicado em 28/05/2024 — 06:48 Por Alana Gandra — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Qual­quer cidade brasileira poderá implan­tar um cen­tro de oper­ações sim­i­lar ao da cidade do Rio de Janeiro (COR Rio) que aux­ilie os gestores munic­i­pais a enfrentar even­tos climáti­cos extremos e a reduzir os riscos para a pop­u­lação, com auxílio de inteligên­cia arti­fi­cial (IA).

Em parce­ria com a Asso­ci­ação Brasileira de Nor­mas Téc­ni­cas (ABNT), a prefeitu­ra do Rio lançou nes­sa segun­da-feira (27) a “Práti­ca Recomen­da­da ABNT PR 1021 — Cen­tro de Oper­ações de Cidade — Imple­men­tação”. O doc­u­men­to inédi­to fun­ciona como uma espé­cie de man­u­al, que aju­da a reduzir a com­plex­i­dade da gestão munic­i­pal, ao mes­mo tem­po em que aumen­ta a efi­ciên­cia e aprimo­ra a toma­da de decisões pelos órgãos públi­cos em cenários que pos­sam causar riscos ou danos às regiões mon­i­toradas.

O COR Rio foi inau­gu­ra­do em 31 de dezem­bro de 2010 e pas­sou por um proces­so de expan­são no fim de 2022. “Foi um pen­sa­men­to muito de van­guar­da com relação à resil­iên­cia urbana e oper­ação de cidade”, disse à Agên­cia Brasil o chefe exec­u­ti­vo do COR Rio, Mar­cus Bel­chior. Des­de então, o cen­tro con­ta com 500 profis­sion­ais atuan­do em três turnos, 24 horas por dia, sete dias por sem­ana, que mon­i­toram as ima­gens ger­adas por mais de 3.500 câmeras espal­hadas pela cidade.

Os téc­ni­cos são apoia­dos pelo maior vide­owall (painel for­ma­do por várias telas dis­postas jun­tas) da Améri­ca Lati­na, com 104 met­ros quadra­dos (m²), com­pos­to por 125 telas de 55 pole­gadas, com abrangên­cia sig­ni­fica­ti­va das áreas do municí­pio. Mar­cus Bel­chior desta­cou que o instru­men­to cri­a­do pela ABNT será um dire­cionador de políti­cas públi­cas de resil­iên­cia urbana para o Brasil.

Na práti­ca, foram colo­ca­dos todos os órgãos da prefeitu­ra no cen­tro de oper­ações e, com o pas­sar dos anos, foram incluí­dos vários out­ros atores, inclu­sive de fora da prefeitu­ra, como Polí­cia Mil­i­tar, Cor­po de Bombeiros, Polí­cia Civ­il, Mar­in­ha do Brasil, con­ces­sionárias de serviços, modais de trans­porte. “Todo mun­do está aqui den­tro. E a gente fez um sis­tema de inte­gração, ou seja, um sis­tema que é capaz de rece­ber infor­mação de todos ess­es órgãos”. Com as infor­mações rece­bidas, o COR elab­o­ra mapas de calor de toda a cidade. No geren­ci­a­men­to de risco de mapas de calor, foram con­struí­dos muitos pro­to­co­los opera­cionais basea­d­os nos dados ger­a­dos pelo sis­tema.

Norma

A par­tir de toda essa análise da cidade, cri­aram-se planos de comu­ni­cação com o cidadão, opera­cional, de geren­ci­a­men­to de risco e crise, de respos­ta à crise, entre out­ros. Em reunião com téc­ni­cos da ABNT, a direção do COR Rio chegou à con­clusão de que essa metodolo­gia dev­e­ria ser dis­sem­i­na­da para todo o Brasil. Daí, surgiu a ideia de cri­ar uma nor­ma que sug­ere a todos os gestores brasileiros um for­ma­to de resil­iên­cia urbana.

Mar­cus Bel­chior infor­mou que, em 2010, quan­do o cen­tro de oper­ações foi cri­a­do, a cidade tin­ha 60 câmeras. Hoje, são mais de 3.600 câmeras e, até o final do ano, a ideia é chegar a 10 mil câmeras. O Rio de Janeiro é a cidade do país com maior rede de plu­viômet­ros (instru­men­tos que medem chu­vas) no Brasil e úni­co municí­pio que tem dois radares mete­o­rológi­cos. Tem tam­bém sen­sores de rios, com a Fun­dação Rio Águas. Por isso, Bel­chior afir­mou que quan­to mais inves­ti­men­tos em sen­sores, mais dados são rece­bidos.

“O vol­ume de dados que a gente recebe nos sis­temas do COR não param de crescer. É um cresci­men­to expo­nen­cial de dados”. Quan­do são incluí­das as parce­rias com a Nasa e empre­sas de tec­nolo­gia, como Waze, Google, Ama­zon, o vol­ume de dados da cidade é imen­so. “Cheg­amos a um vol­ume tão grande que con­struí­mos um pro­je­to de implan­tação de inteligên­cia arti­fi­cial (IA) na oper­ação da cidade”, infor­mou Bel­chior.

Capacidade computacional

Segun­do ele, a IA con­segue anal­is­ar os dados de todas as ima­gens no COR, em uma capaci­dade com­puta­cional supe­ri­or à capaci­dade humana. “Isso é um exem­p­lo de implan­tação de IA”. Out­ra uti­liza­ção dessa nova tec­nolo­gia é que todas as infor­mações de anos pas­sa­dos podem ser trans­for­madas em dados com a IA e incluí­das no ban­co da cidade. Sig­nifi­ca apri­morar ain­da mais o ban­co de dados do COR. “Com toda essa capaci­dade de colo­car novas infor­mações no sis­tema, a IA con­segue anal­is­ar tudo isso e dire­cionar ações e pro­to­co­los”. Sig­nifi­ca que, com maior capaci­dade de pro­dução na cidade, há mel­hor qual­i­dade de vida para a pop­u­lação, infor­mação mais ráp­i­da e asserti­va. “E pos­so até sal­var vidas com uma análise cada vez mais ráp­i­da. E a gente tem a capaci­dade ain­da de começar a enx­er­gar o futuro com a IA; de começar a entrar na predição”.

Bel­chior expli­cou que o Rio de Janeiro é tam­bém o úni­co municí­pio brasileiro que tem está­gios de cidade. Essa for­matação de está­gio tam­bém é expli­ca­da pela nor­ma da ABNT. “Porque o está­gio é o pon­to de par­ti­da para o aciona­men­to de pro­to­co­los opera­cionais e para comu­ni­cações estratég­i­cas com a pop­u­lação”. A ideia é que o cidadão, ao final do dia, sai­ba se com­por­tar per­ante os cenários que forem apre­sen­ta­dos. “Isso é uma políti­ca de segu­rança de cidade; é pre­ven­cionista. Os está­gios acionam pro­to­co­los opera­cionais e de comu­ni­cação para o cidadão.

Os está­gios são matrizes decisórias que avaliam cli­ma, mobil­i­dade, ocor­rên­cias de médio e alto impacto na cidade, even­tos, zonas de calor, opinião pop­u­lar. Para Bel­chior, existe uma for­matação ide­al e necessária para geren­ciar uma cidade, com toda a dinâmi­ca que as cidades, espe­cial­mente as grandes, desen­volvem no seu dia a dia. A IA aju­da muito ness­es proces­sos. O Ban­co Nacional de Desen­volvi­men­to Econômi­co e Social (BNDES) autor­i­zou o pro­je­to macro da prefeitu­ra car­i­o­ca, de cujo val­or total quase R$ 30 mil­hões serão apli­ca­dos no pro­je­to de IA do cen­tro de oper­ações.

O COR Rio já tem pro­ced­i­men­tos, métri­c­as, indi­cadores e quan­do tudo isso for lança­do den­tro da capaci­dade com­puta­cional da IA, o vol­ume de pro­dução será muito maior. Assim que os recur­sos entrarem para o COR, o pro­je­to será desen­volvi­do. O exem­p­lo do COR RIO, com a uti­liza­ção dessa nova tec­nolo­gia, poderá ser apli­ca­do por cidades de todos os portes no país. “Den­tro da nor­ma con­struí­da com a ABNT, são feitas clas­si­fi­cações de acor­do com o taman­ho dos municí­pios e tipo de oper­ação. A gente está dis­sem­i­nan­do para o Brasil uma metodolo­gia que vai ser muito ori­en­ta­do­ra para os gestores públi­cos brasileiros”, acres­cen­tou Mar­cus Bel­chior.

Soluções

Para o prefeito do Rio, Eduar­do Paes, o cen­tro de oper­ações é um equipa­men­to de resil­iên­cia urbana estru­tu­ra­do com o obje­ti­vo de ante­ci­par soluções e min­i­mizar ocor­rên­cias de grande impacto na cidade, como chu­vas fortes, desliza­men­tos e aci­dentes de trân­si­to com reflex­os na mobil­i­dade urbana. “A gente bus­ca, com o cen­tro, evi­tar que os impactos na vida da pop­u­lação sejam tão grandes, que as pes­soas sejam sur­preen­di­das por ess­es fenô­menos e, prin­ci­pal­mente, que mor­ra alguém por causa dess­es even­tos extremos. Se eu pudesse definir, o grande méri­to do COR é esse: sal­var vidas. É ina­ceitáv­el que alguém mor­ra em uma enchente quan­do você tem serviços de mete­o­rolo­gia efi­cientes”.

Segun­do o pres­i­dente da ABNT, Mario William Esper, o doc­u­men­to é um guia de imple­men­tação do sis­tema pio­neiro no Rio de Janeiro para qual­quer taman­ho de cidade. “A ABNT está à dis­posição para apri­morar e elab­o­rar out­ras nor­mas que forem necessárias para ser exem­p­lo do Brasil”. Esper adiantou que a ABNT vai pro­por ao Sis­tema Inter­na­cional de Nor­mal­iza­ção a padroniza­ção dessa nor­ma como refer­ên­cia inter­na­cional.

Investimentos

Durante o even­to, real­iza­do no COR Rio, o pres­i­dente do BNDES, Aloizio Mer­cadante, anun­ciou a lib­er­ação de R$ 117 mil­hões para a cap­i­tal flu­mi­nense uti­lizar em ações de respos­ta a desas­tres, gov­er­no dig­i­tal e gestão urbana inteligente com uso de inteligên­cia arti­fi­cial. Os recur­sos lib­er­a­dos pelo ban­co fazem parte do Pro­gra­ma de Mod­ern­iza­ção da Admin­is­tração Trib­utária e da Gestão dos Setores Soci­ais Bási­cos (PMAT), que visa a apoiar pro­je­tos de inves­ti­men­tos volta­dos à mel­ho­ria da efi­ciên­cia, qual­i­dade e transparên­cia da gestão públi­ca, com foco na mod­ern­iza­ção da admin­is­tração trib­utária e qual­i­fi­cação do gas­to públi­co nos municí­pios.

Do total des­ti­na­do ao municí­pio do Rio, R$ 24 mil­hões se des­ti­narão ao COR para inve­stir em proces­sos de IA. Out­ra parte dos recur­sos (R$ 5 mil­hões) irá para uma rede de sinais de trân­si­to inteligentes. A ideia de Mer­cadante é levar a exper­iên­cia do COR Rio para out­ras grandes cidades do Brasil, transformando‑a em pro­je­tos que o BNDES pos­sa finan­ciar.

Edição: Graça Adju­to

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