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quinta-feira ,10 julho 2025
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Papa: é preciso abandonar os slogans e partir para ações concretas contra a fome

Repro­dução: Refu­gia­dos palesti­nos na fila para rece­ber comi­da

Na mensagem enviada à 44ª Conferência da FAO, Leão XIV denuncia o uso da fome como arma de guerra, critica a polarização global e exorta a comunidade internacional a agir com coragem e fraternidade para erradicar a fome no mundo.

Thulio Fon­se­ca — Vat­i­can News

“A tragé­dia per­sis­tente da fome e da má nutrição, que ain­da afe­ta muitos país­es atual­mente, é ain­da mais triste e ver­gonhosa quan­do nos damos con­ta de que, emb­o­ra a Ter­ra ten­ha capaci­dade para pro­duzir ali­men­tos sufi­cientes para todos os seres humanos, tan­tos pobres no mun­do con­tin­u­am sem o pão nos­so de cada dia.”

Foi com estas palavras que o Papa Leão XIV se dirigiu, pela primeira vez des­de o iní­cio de seu pon­tif­i­ca­do, aos par­tic­i­pantes da 44ª Sessão da Con­fer­ên­cia da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Ali­men­tação e a Agri­cul­tura (FAO), que cel­e­bra este ano seu 80º aniver­sário.

Na men­sagem, dirigi­da ao Dire­tor-Ger­al da FAO, Qu Dongyu, e às del­e­gações pre­sentes, o San­to Padre man­i­fes­ta pro­fun­da pre­ocu­pação com o agrava­men­to da inse­gu­rança ali­men­tar no mun­do e aler­ta que “a segu­rança ali­men­tar glob­al con­tin­ua a se dete­ri­o­rar, tor­nan­do cada vez mais improváv­el o alcance do obje­ti­vo de ‘Fome Zero’ da Agen­da 2030”.

A fome como arma de guerra

Entre os tre­chos mais con­tun­dentes da men­sagem, o Papa denun­cia o uso cres­cente da fome como instru­men­to de guer­ra. “Matar de fome a pop­u­lação é uma for­ma muito bara­ta de faz­er guer­ra”, afir­ma. E acres­cen­ta: “Hoje, quan­do a maio­r­ia dos con­fli­tos não é trava­da por exérci­tos reg­u­lares, mas por gru­pos de civis arma­dos com poucos recur­sos, queimar plan­tações, roubar gado, blo­quear a aju­da human­itária são táti­cas cada vez mais uti­lizadas por aque­les que pre­ten­dem con­tro­lar pop­u­lações inteiras e inde­fe­sas.”

O Pon­tí­fice tam­bém crit­i­ca dura­mente a lóg­i­ca que per­mite que, enquan­to “os civis ema­gre­cem pela mis­éria, as elites políti­cas engor­dam com a cor­rupção e a impunidade”. Diante dis­so, faz um forte ape­lo: “É hora de o mun­do ado­tar lim­ites claros, recon­hecíveis e con­sen­suais para san­cionar ess­es abu­sos e perseguir seus autores e execu­tores.”

Superar a era dos slogans

Leão XIV aler­ta para a urgên­cia de aban­donar as promes­sas vazias:

“Adi­ar uma solução para esse cenário dilac­er­ante não aju­dará; ao con­trário, as angús­tias e os sofri­men­tos dos neces­si­ta­dos con­tin­uarão a se acu­mu­lar. Por­tan­to, é imper­a­ti­vo pas­sar das palavras às ações, encer­ran­do de vez a era dos slo­gans e das promes­sas enganado­ras.”

O Papa reforça que a respon­s­abil­i­dade é tam­bém interg­era­cional: “Mais cedo ou mais tarde, ter­e­mos que prestar con­tas às futuras ger­ações, que her­darão uma car­ga de injustiças e desigual­dades se não agir­mos ago­ra com sen­satez.”

A crise climática e a fome: um círculo perverso

Ao abor­dar a estre­i­ta relação entre crise climáti­ca, sis­temas ali­menta­res e desigual­dade social, o Pon­tí­fice expli­ca que “os sis­temas ali­menta­res têm grande influên­cia sobre as mudanças climáti­cas — e vice-ver­sa”, e desta­ca que sem uma “ação climáti­ca deci­di­da e coor­de­na­da”, não será pos­sív­el garan­tir ali­men­tos para uma pop­u­lação mundi­al em cresci­men­to.

O Papa propõe um mod­e­lo de desen­volvi­men­to que una ecolo­gia inte­gral e justiça social: “Não bas­ta pro­duzir ali­men­tos; tam­bém é fun­da­men­tal garan­tir que os sis­temas ali­menta­res sejam sus­ten­táveis e pro­por­cionem dietas saudáveis e acessíveis para todos.”

Recursos desviados para armas

Leão XIV chama a atenção para a con­tradição éti­ca que per­me­ia o cenário atu­al: “Recur­sos finan­ceiros e tec­nolo­gias ino­vado­ras, que dev­e­ri­am ser des­ti­na­dos à errad­i­cação da pobreza e da fome no mun­do, são desvi­a­dos para a fab­ri­cação e o comér­cio de armas.”

O Papa tam­bém denun­cia a cres­cente polar­iza­ção inter­na­cional, que, segun­do ele, “fomen­ta ide­olo­gias ques­tionáveis, enquan­to as relações humanas esfri­am, o que dete­ri­o­ra a comunhão, afas­ta a frater­nidade e destrói a amizade social.”

Artesãos da paz e da fraternidade

A men­sagem con­clui com um ape­lo à comu­nidade inter­na­cional: “Jamais foi tão urgente como ago­ra que nos tornemos artesãos da paz, tra­bal­han­do para isso em prol do bem comum — do que ben­e­fi­cia a todos e não ape­nas a alguns poucos, que, aliás, são quase sem­pre os mes­mos.”

Leão XIV asse­gu­ra que a San­ta Sé “estará sem­pre a serviço da con­cór­dia entre os povos e não se cansará de coop­er­ar para o bem comum da família das nações, espe­cial­mente em favor dos seres humanos mais prova­dos — aque­les que pas­sam fome e sede —, assim como daque­las regiões remo­tas, que não con­seguem se erguer de sua mis­éria dev­i­do à indifer­ença”.

Com esper­ança e fé, o San­to Padre invo­ca a bênção de Deus sobre os tra­bal­hos da FAO, “para que sejam ple­na­mente frutífer­os e rever­tam em bene­fí­cio dos desvali­dos e de toda a humanidade”.

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vaticannews.va/

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