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Parada LGBTI+ ocupa orla de Copacabana contra retrocessos

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Marcha pede igualdade, representatividade e respeito


Pub­li­ca­do em 19/11/2023 — 16:45 Por Bruno de Fre­itas Moura — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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As cores do arco-íris dão o tom à orla de Copaca­bana, no Rio de Janeiro, neste domin­go (19). É a 28ª edição da Para­da LGBTI+, a mais anti­ga do país. Além de cel­e­brar a diver­si­dade, orga­ni­zadores e par­tic­i­pantes pedem o com­bate a retro­ces­sos que ameaçam dire­itos de lés­bi­cas, gays, bis­sex­u­ais, pes­soas trans e inter­s­sex­u­ais, com o lema “O Amor, a Cidada­nia e a Luta LGBTI+ Jamais Vão Recuar”.

Um dos retro­ces­sos que os orga­ni­zadores e apoiadores da para­da apon­tam é o pro­je­to de lei no Con­gres­so Nacional que pre­vê proibir casa­men­to entre pes­soas do mes­mo sexo, dire­ito garan­ti­do pelo Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) des­de 2011.

A dep­uta­da Dani Bal­bi (PCdoB), primeira trans­sex­u­al da Assem­bleia Legis­ta­ti­va do Esta­do do Rio de Janeiro (Alerj), defend­eu maior par­tic­i­pação das pes­soas LGBTI+ na políti­ca.

“Se o seg­men­to LGTBI+ não está ocu­pan­do os par­la­men­tos munic­i­pais, estad­u­ais e fed­er­al, há um déficit de rep­re­sen­ta­tivi­dade. É muito impor­tante que, cada vez mais, ocu­pe­mos esse espaço para mate­ri­alizar as políti­cas públi­cas para bus­car uma sociedade mais equân­ime”, disse. “Ain­da mor­re­mos bas­tante, temos uma série de dire­itos desre­speita­dos, difi­cul­dades em relação ao mer­ca­do de tra­bal­ho, ao ensi­no”, pon­tu­ou.

No Brasil, de acor­do com o primeiro lev­an­ta­men­to ofi­cial feito pelo Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE), há pelo menos 2,9 mil­hões de pes­soas de 18 anos ou mais que se declar­am lés­bi­cas, gays ou bis­sex­u­ais. Ain­da não foram feitos lev­an­ta­men­tos nacionais ofi­ci­ais do restante da pop­u­lação LGBTQIAP+.

Para Cláu­dio Nasci­men­to, pres­i­dente do Grupo Arco-Íris e coor­de­nador-ger­al da mar­cha, o even­to mostra que pode-se “faz­er luta com mui­ta guer­ra, mas tam­bém ale­gria e cel­e­bração. A gente pode cel­e­brar com o pun­ho em riste. Nós temos nos­sa própria dinâmi­ca enquan­to movi­men­to social”.

Os orga­ni­zadores e apoiadores ressaltaram ain­da que a pau­ta do even­to não é uma luta exclu­si­va para a comu­nidade LGBTI+. “Não pre­cisa ser LGBTI+ para defend­er dire­itos LGBTI+”, disse Car­los Tufves­son, coor­de­nador exec­u­ti­vo da Diver­si­dade Sex­u­al da prefeitu­ra do Rio. “Eu não pre­ciso ser negro para ser con­tra o racis­mo”, com­parou.

Um dos trios elétri­cos na orla rep­re­sen­ta a temáti­ca da defe­sa de dire­itos de negros, indí­ge­nas e religiões minoritárias.

Anjos da diversidade

À frente da para­da, estão oito par­tic­i­pantes car­ac­ter­i­za­dos como anjos da diver­si­dade. Exibindo nas costas um par de asas de 1,5 metro de altura, Igor Almei­da rep­re­sen­ta o anjo arco-íris da diver­si­dade.

“Esta­mos aqui para traz­er a paz, o amor, a har­mo­nia, a ver­dade, a sin­ceri­dade e o car­in­ho. Mostrar que os anjos, que rep­re­sen­tam a paz celes­tial, tam­bém podem reinar na para­da gay”, expli­cou à Agên­cia Brasil.

Para ani­mar os par­tic­i­pantes, são oito trios elétri­cos na Aveni­da Atlân­ti­ca. As can­toras Lexa e Valéria Bar­cel­los são as con­vi­dadas a se apre­sen­tar ao lado de mais 50 artis­tas da comu­nidade LGBTI+.

“Na min­ha família, meu irmão é gay. Vejo o pre­con­ceito den­tro da nos­sa família. A gente tem que defend­er o amor, essa é a maior men­sagem. Para isso, a gente traz a músi­ca e a lev­eza”, afir­mou Lexa.

A par­tir des­ta edição, Valéria terá a respon­s­abil­i­dade de ser a voz do Hino Nacional durante as paradas.

Cidadania e saúde

Além da cel­e­bração da diver­si­dade, do com­bate à LGBTI­fo­bia e aos retro­ces­sos, o even­to é um espaço para o cuida­do da saúde da pop­u­lação.

A prefeitu­ra do Rio mon­tou um estande para ofer­e­cer vaci­nação, testagem de sífil­is e hepatites, e infor­mações sobre PrEP e PEP. A Fiocruz tam­bém faz acom­pan­hamen­to. A Pro­fi­lax­ia Pré-Exposição (PrEP) é um méto­do pre­ven­ti­vo que con­siste no uso diário de um com­prim­i­do antir­retro­vi­ral por pes­soas que não vivem com o HIV, mas que estão expostas à infecção. A Pro­fi­lax­ia Pós-Exposição (PEP) é uma medi­da pre­ven­ti­va de urgên­cia que atende indi­ví­du­os já expos­tos ao vírus por difer­entes motivos.

Par­ceiros como o Tri­bunal de Justiça, Defen­so­ria Públi­ca e Min­istério Públi­co estão em trail­ers na Aveni­da Atlân­ti­ca pre­stando serviços de cidada­nia. O pos­to avança­do faz atendi­men­tos de pos­síveis situ­ações de LGBTI­fo­bia ou out­ros deli­tos nas áreas crim­i­nal, cív­el, vio­lên­cia domés­ti­ca, entre out­ros.

Turismo

O tradi­cional des­file na orla de Copaca­bana é o ter­ceiro even­to que mais atrai tur­is­tas para o Rio de Janeiro, atrás ape­nas do Car­naval e do Réveil­lon.

“Essa para­da faz o dono do hotel gan­har, o vende­dor de mate gan­har, o motorista do Uber. É uma cadeia democráti­ca. A gente está dinamizan­do uma econo­mia”, disse o pres­i­dente da Agên­cia Brasileira de Pro­moção Inter­na­cional do Tur­is­mo (Embratur), Marce­lo Freixo. A edição deste ano tem apoio da empre­sa do gov­er­no fed­er­al.

“A para­da não é uma coisa que ter­mi­na em um dia. É um proces­so civ­i­liza­tório. A gente quer que o mun­do vis­ite um Brasil que não é racista, não é machista, onde as trans não são assas­si­nadas. Esse é o país que esta­mos con­stru­in­do”, declar­ou.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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