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Parada PCD em SP celebra diversidade e reforça luta contra exclusão

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Evento conta com discursos, homenagem e desfile de moda inclusiva


Publicado em 21/09/2024 — 16:25 Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil — São Paulo

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Em jun­ho de 2023, Sônia Maria de Jesus, que vivia em condição análo­ga à escravidão e sofria vio­lên­cias, foi res­gata­da em uma oper­ação real­iza­da na casa de um desem­bar­gador de Flo­ri­anópo­lis (SC). Mul­her negra, anal­fa­be­ta e com pro­fun­da defi­ciên­cia audi­ti­va, Sônia viveu 40 anos a serviço da família desse desem­bar­gador. No entan­to, meses após ter sido res­gata­da, uma decisão judi­cial pos­si­bil­i­tou que Sônia regres­sasse à casa dos inves­ti­ga­dos, o que ger­ou diver­sos protestos e mobi­liza­ções pelo Brasil.

Para protes­tar con­tra essa autor­iza­ção judi­cial que per­mi­tiu que Sonia Maria voltasse a viv­er com a família que a escrav­i­zou, a Para­da do Orgul­ho da Pes­soa com Defi­ciên­cia (PCD) ado­tou o tema Sônia Livre para sua segun­da edição, que é real­iza­da neste sába­do (21) na Praça Roo­sevelt, na cap­i­tal paulista.

São Paulo (SP), 21/09/2024 - Praça Roosevelt recebe a segunda edição da Parada PCD, que celebra a diversidade, a inclusão e o orgulho de ser PCD. A parada acontece no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução:> São Paulo (SP), 21/09/2024 — Praça Roo­sevelt recebe a segun­da edição da Para­da PCD, que cel­e­bra a diver­si­dade, a inclusão e o orgul­ho de ser PCD — Paulo Pinto/Agência  — Paulo Pinto/Agência Brasil

“A gente fala de número, de dados e de opressões que a gente sofre, mas este é o primeiro caso de retorno de uma pes­soa que havia sido lib­er­ta­da de uma escravidão. A Sônia é uma mul­her negra, que tem uma defi­ciên­cia e foi escrav­iza­da por uma família de um desem­bar­gador, sendo sub­meti­da a situ­ações análo­gas à escravidão. Ela foi lib­er­a­da dessa condição mas, por ele ser um desem­bar­gador e ela ser uma mul­her com defi­ciên­cia sur­da e que tam­bém não tem a plen­i­tude de enten­der onde está, ela acabou voltan­do para esse lar”, expli­cou Julia Moraes Pic­colo­mi­ni, pres­i­den­ta da Para­da do Orgul­ho PCD.

Para Julia, a história de Sônia demon­stra a opressão e vio­lên­cia que podem ser prat­i­cadas con­tra pes­soas com defi­ciên­cia. “Não der­am para a Sonia Maria o suporte necessário para ela estar em equidade, para ela enten­der pelo que ela esta­va pas­san­do. Ela foi escrav­iza­da por ser uma mul­her negra e ela voltou a ser escrav­iza­da por ser uma mul­her com defi­ciên­cia”, disse a pres­i­den­ta da Para­da, em entre­vista à Agên­cia Brasil. “A vio­lên­cia con­tra a Sônia Maria é extrema e é por isso que a gente está colo­can­do ela como pri­or­i­dade, trazen­do essa história como nos­so primeiro tema de para­da para faz­er um aler­ta, para falar que não é pos­sív­el que em 2024 a gente este­ja viven­do um caso de escravidão como esse”, desta­cou.

São Paulo (SP), 21/09/2024 - Praça Roosevelt recebe a segunda edição da Parada PCD, que celebra a diversidade, a inclusão e o orgulho de ser PCD. A parada acontece no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: São Paulo (SP), 21/09/2024 — Para Júlia Pic­colo­mi­ni (à dire­i­ta), a história de Sônia demon­stra a opressão e vio­lên­cia que podem ser prat­i­cadas con­tra pes­soas com defi­ciên­cia — Paulo Pinto/Agência Brasil

Parada

Durante todo o dia de hoje, a Para­da do Orgul­ho PCD vai pro­mover uma pro­gra­mação espe­cial para cel­e­brar a diver­si­dade e a inclusão e aler­tar a sociedade sobre os dire­itos da pes­soa com defi­ciên­cia e a aces­si­bil­i­dade. Além de dis­cur­sos e uma hom­e­nagem espe­cial para Sonia Maria, o even­to pro­moverá shows, apre­sen­tações cul­tur­ais e até um des­file de moda inclu­si­va.

“As pes­soas estão vin­do de São Paulo, do inte­ri­or, de out­ras cidades e de out­ros esta­dos para poder expres­sar nes­sa para­da que há uma deman­da reprim­i­da em todo o ter­ritório nacional das pes­soas com defi­ciên­cia. Temos cerceadas nos­sas exper­iên­cias de par­tic­i­pação na cidade em que vive­mos, de cir­cu­lar­mos pelos espaços, de nos rela­cion­ar­mos com pes­soas e de desen­volver­mos nos­sas habil­i­dades e potên­cias”, disse o filó­so­fo, fun­dador do Cole­ti­vo de Pes­soas Negras com Defi­ciên­cia e vice-pres­i­dente da Para­da, Marce­lo Zig.

“É uma man­i­fes­tação das pes­soas com defi­ciên­cia que estão cansadas de ain­da exi­s­tir uma cul­tura que con­tin­ua nos excluin­do, seja em soluções físi­cas e estru­tu­rais da nos­sa sociedade, seja em questões soci­ais ou cul­tur­ais, que con­tin­ua nos colo­can­do neste lugar de inca­pazes ou de que mere­ce­mos cari­dade. A Para­da do Orgul­ho PCD vem para falar que nos­sos cor­pos não são infe­ri­ores, eles são difer­entes”, com­ple­tou Julia.

A para­da tam­bém lem­bra o Dia Nacional de Luta da Pes­soa com Defi­ciên­cia. “O dia do Orgul­ho PCD é um momen­to de reflexão e de pon­der­ação, onde as pes­soas podem lev­an­tar a ban­deira e defend­er a ban­deira dos dire­itos da pes­soa com defi­ciên­cia”, expli­cou Mar­cos da Cos­ta, secretário estad­ual dos Dire­itos da Pes­soa com Defi­ciên­cia. “Even­tos como esse, que estão acon­te­cen­do no Brasil inteiro, per­mitem que as pes­soas com defi­ciên­cia se reú­nam, cele­brem a data e pos­sam divul­gar cada vez mais o respeito e a importân­cia da pes­soa com defi­ciên­cia”.

“Hoje é o Dia Nacional de Luta da Pes­soa com Defi­ciên­cia. Fize­mos questão de faz­er a Para­da nesse dia para poder traz­er uma maior reper­cussão para essa data no país”, con­ta Zig..Para o vice-pres­i­dente da Para­da, ape­sar de a data  exi­s­tir, ela ain­da se apre­sen­ta de maneira muito tími­da e den­tro de uma per­spec­ti­va muito assis­ten­cial­ista.

“Esta­mos hoje ocu­pan­do a cidade de São Paulo fazen­do uma para­da pro­tag­on­i­za­da quase que essen­cial­mente por pes­soas com defi­ciên­cia. No pal­co ter­e­mos um des­file de poten­cial­i­dades e de belezas artís­ti­cas, mostran­do para a sociedade que nós somos muito mais do que nos­sas defi­ciên­cias”, acres­cen­tou Zig.

Edição: Aline Leal

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