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Passa de 700 o número de brasileiros repatriados de Israel

Repro­dução: © FAB

Quarto voo da FAB chegou na madrugada de sábado no Rio de Janeiro


Pub­li­ca­do em 14/10/2023 — 08:42 Por Bruno de Fre­itas Moura — Rio de Janeiro

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Apreen­são, expec­ta­ti­va, abraços e lágri­mas de alívio. São expressões que descrevem como foi a madru­ga­da deste sába­do (14) no saguão de desem­bar­que do aero­por­to inter­na­cional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Par­entes estavam à espera de mais um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) com brasileiros repa­tri­a­dos de Israel.

A pesquisado­ra Priscila Grim­berg foi rece­ber a fil­ha, Maia, de 15 anos, que pas­sou dois meses em Tel Aviv para estu­dar. Ela rela­tou que sabia que Israel tem históri­co de ser ata­ca­do por foguetes lança­dos de país­es viz­in­hos, mas que, ago­ra, a situ­ação foi difer­ente. “A ago­nia maior é quan­do você começa a ver coisas que são inco­muns, que não são os bom­bardeios, mas as invasões, os seque­stros e os assas­si­natos”.

O avião KC-30 da FAB tocou em solo brasileiro às 2h44 com 207 brasileiros que pedi­ram aju­da ao gov­er­no brasileiro para a repa­tri­ação depois que Israel foi ata­ca­do pelo grupo extrem­ista palesti­no Hamas, no últi­mo sába­do (7). O Air­bus A330 200 trouxe tam­bém dois cachor­ros e dois gatos de esti­mação. A fil­ha da Priscila foi a primeira a chegar no ter­mi­nal de desem­bar­que. Assim que avis­tou a mãe, cor­reu para um abraço e não segurou o choro.

“É muito ruim estar lá e ouvir as coisas, as bom­bas, mas estar aqui no colo da mamãe é muito bom”, diz alivi­a­da. Sobre como foram os últi­mos dias no país que declar­ou guer­ra ao Hamas, a respos­ta é dire­ta: “angus­tiante”, diz com a voz embar­ga­da.

 

A sen­sação de alívio da mãe se divide com a sol­i­dariedade aos povos envolvi­dos no con­fli­to. “Pedin­do mui­ta luz não só para o povo judeu, Israel, mas tam­bém para o povo palesti­no, que sofre com isso.”

Som amedrontador

Thi­a­go Giral­di, de 15 anos, chegou acom­pan­hado pelo pai. Eles via­javam a tur­is­mo quan­do estourou o con­fron­to. Os dois estavam no norte de Israel, região mais dis­tante dos locais ata­ca­dos pelo Hamas, mas que acabou viran­do pon­to de ten­são por causa da prox­im­i­dade com o Líbano, país base do grupo Hezbol­lah, tam­bém inimi­go de Israel.

O voo de vol­ta por uma com­pan­hia com­er­cial esta­va mar­ca­do para domin­go (15), mas acharam mais pru­dente ir para Tel Aviv e adi­antar a repa­tri­ação na aeron­ave da FAB. Os dois moram em Guara­pari, no Espíri­to San­to.

“Eu me sen­ti inse­guro lá. É ame­dronta­dor quan­do a sirene toca. Uma sen­sação pela qual eu não quero que ninguém passe”, disse à Agên­cia Brasil depois de ser recep­ciona­do pelo avô.

Des­de que chegou ao aero­por­to, o avô de Thi­a­go esper­a­va pela hora de dar um abraço no neto. “O sus­to foi muito grande. Torcer ago­ra para que out­ros avós con­sigam o mes­mo que eu estou, dar aque­le abraço, aque­le bei­jo, sair daqui e dormir em paz”, disse o engen­heiro José Lúcio Geral­di.

O ataque do Hamas e a retal­i­ação israe­lense, que deixaram mil­hares de mor­tos, tam­bém alter­aram as férias do admin­istrador de sis­temas Rafael Bor­sani. Ele chegara em uma cidade pouco ao norte de Tel Aviv quan­do, dois dias depois, acon­te­ce­r­am os primeiros ataques.

A vol­ta ao Brasil esta­va mar­ca­da para o dia 21, mas teve que ser ante­ci­pa­da em uma sem­ana. “É bem ten­so, você fica apreen­si­vo, queren­do saber se vai escalar, se vai resolver. Uma exper­iên­cia ruim”, lamen­ta. “Mas deu tudo cer­to”, se con­so­la ao se referir à repa­tri­ação.

Operação Voltando em Paz

O avião que desem­bar­cou na madru­ga­da no Rio de Janeiro foi o quar­to da Oper­ação Voltan­do em Paz, do gov­er­no fed­er­al. Por enquan­to são 701 brasileiros repa­tri­a­dos em voos da FAB des­de quar­ta-feira (11), quan­do chegaram os primeiros 211 res­gata­dos. No dia seguinte, ater­ris­saram mais 214. Na sex­ta-feira, 69 pas­sageiros desem­bar­caram em ter­ritório brasileiro. Os voos de Israel para o Brasil duram cer­ca de 14 horas.

Neste sába­do, está pre­vista a deco­lagem de mais um voo KC-30 da FAB de Tel Aviv em direção ao Brasil. A chega­da deve ser por vol­ta das 2h30 de domin­go (15). Pos­síveis novos voos de repa­tri­ação sain­do de Israel estão sendo avali­a­dos, segun­do o Min­istério de Relações Exte­ri­ores (MRE).

De acor­do com o MRE, 14 mil brasileiros vivi­am em Israel até o fim do ano pas­sa­do. Os inter­es­sa­dos em repa­tri­ação estão sendo aco­moda­dos con­forme critérios de pri­or­i­dade. O gov­er­no brasileiro ori­en­ta que os cidadãos que pos­suam pas­sagens aéreas ou condições de adquiri-las embar­quem em voos com­er­ci­ais a par­tir do aero­por­to Ben Guri­on.

Resgate em Gaza

Na Palesti­na vivem 6 mil brasileiros, de acor­do com o MRE. A logís­ti­ca para traz­er de vol­ta brasileiros que estão em Gaza é mais com­pli­ca­da, pelo fato de a região estar sendo alvo de ataques israe­lens­es e por envolver o Egi­to, que já admi­tiu a entra­da dos brasileiros em deslo­ca­men­to.

Gov­er­no brasileiro con­tra­tou ônibus para trans­porte dos brasileiros neste sába­do até a fron­teira egíp­cia e aguar­da­va a lib­er­ação pela pas­sagem de Rafah pelo país africano.

A rota de fuga dos brasileiros con­fi­na­dos na região é pela pas­sagem de Rafah, na fron­teira entre a parte sul de Gaza e o Egi­to. O gov­er­no brasileiro con­tra­tou ônibus para trans­porte até a fron­teira com o Egi­to e fez con­ta­to com o gov­er­no israe­lense para garan­tir a segu­rança dos brasileiros.

A aeron­ave VC‑2 (Embraer 190) da FAB, uti­liza­da pela Presidên­cia da Repúbli­ca e cedi­da para a Oper­ação Voltan­do em Paz, pousou em Roma, na sex­ta-feira (13), à espera de autor­iza­ção para ir ao Egi­to.

Brasileiros mortos

Há con­fir­mação de três brasileiros mor­tos pelos ataques do Hamas em Israel. Kar­la Stelz­er Mendes, de 42 anos; Bruna Valeanu, de 24 anos; e Ranani Nide­jel­s­ki Glaz­er, de 24 anos.

O gov­er­no brasileiro reit­era total repú­dio a todos os atos de vio­lên­cia con­tra a pop­u­lação civ­il.

O MRE disponi­bi­liza os con­tatos da embaix­a­da em Tel Aviv (+972 (54)8035858) e do Escritório de Rep­re­sen­tação em Ramal­lah, na Cisjordâ­nia (+972 (59)2055510), para os brasileiros em situ­ação de emergên­cia. O plan­tão em Brasília pode ser con­tata­do pelo número +55 (61) 982600610.

Edição: Juliana Cézar Nunes

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