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Perícia da PF dos crimes de 8 de janeiro esmiúça milhares de dados

Repro­dução: © André Zímmerer/Polícia Fed­er­al

Coleta de provas não tem data para acabar


Pub­li­ca­do em 03/09/2023 — 15:55 Por Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Ros­tos que pas­sam de frente para as câmeras de mon­i­tora­men­to. Men­sagens de áudio, vestí­gios biológi­cos, impressões dig­i­tais, fotos, pis­tas deix­adas em ônibus ou nos tele­fones celu­lares. Des­de o dia 8 de janeiro, há quase 8 meses, os per­i­tos crim­i­nais da Polí­cia Fed­er­al sabem que os tra­bal­hos de inves­ti­gação com a cole­ta de provas não tem data para acabar. “Não há pra­zo porque os mate­ri­ais con­tin­u­am chegan­do”, disse o dire­tor do Insti­tu­to Nacional de Crim­i­nalís­ti­ca (INC), Car­los Eduar­do Pal­hares, em entre­vista à Agên­cia Brasil. Todas as pis­tas e vestí­gios, de agres­sores a finan­ciadores dos ataques, são fun­da­men­tais para cole­ta de provas daque­la série de crimes que mar­cou a história do Brasil.

Para se ter uma ideia, nos palá­cios sedes dos Três Poderes, inva­di­dos e depreda­dos, os sis­temas de câmera de mon­i­tora­men­to iden­ti­ficaram mais de dois mil­hões de ros­tos nos vídeos. Ref­er­em-se às mais de duas mil pes­soas inves­ti­gadas que fiz­er­am os ataques. As iden­ti­fi­cações encon­tram cada movi­men­to deles den­tro dos pré­dios.

Brasília (DF) – Trabalhos de perícia realizados pela Polícia Federal sobre os crimes de 8 de janeiro. Foto: André Zímmerer/Polícia Federal
Repro­dução: Tra­bal­hos de perí­cia real­iza­dos pela Polí­cia Fed­er­al sobre os crimes de 8 de janeiro — Foto: André Zímmerer/Polícia Fed­er­al

“É um tra­bal­ho de recon­strução. O tra­bal­ho con­tin­ua, prin­ci­pal­mente na bus­ca pelos ele­men­tos audio­vi­suais e no setor da infor­máti­ca. Mas a gente segue à dis­posição de tudo o que a inves­ti­gação deman­dar”, disse o dire­tor do INC. Ele par­ticipou, nes­ta sem­ana, em Brasília, do Inter­Foren­sics, o maior even­to de ciên­cias forens­es da Améri­ca Lati­na.

Os tra­bal­hos sobre o 8 de janeiro são con­sid­er­a­dos muito sin­gu­lares entre os profis­sion­ais de perí­cia. “É um tra­bal­ho de ras­treio. São quase duas mil horas de gravação, e envolve muitos per­i­tos porque é uma ativi­dade que não dá pra colo­car o com­puta­dor para faz­er”, expli­ca Pal­hares.

Em out­ras situ­ações, o com­puta­dor é fun­da­men­tal porque foram apreen­di­dos mais de 800 tele­fones celu­lares, e com fer­ra­men­tas, é pos­sív­el bus­car com palavras até os áudios grava­dos. A autom­a­ti­za­ção tam­bém per­mite, por exem­p­lo, localizar ima­gens nos apar­el­hos a par­tir de procuras de ros­tos de pes­soas.

As anális­es de celu­lares de pes­soas que foram pre­sas nas 15, até ago­ra, fas­es da Oper­ação Lesa Pátria, estão entre as tare­fas. “A gente está fazen­do tam­bém a iden­ti­fi­cação do val­or do dano das obras de arte, que a gente chama de obras de patrimônio cul­tur­al”, infor­mou. São ações fun­da­men­tais para a mate­ri­al­iza­ção do dano, acres­cen­ta.

A maior perícia

A inves­ti­gação é detal­hista e cada infor­mação se jun­ta com out­ra para orga­ni­zar o que­bra-cabeças. Pal­hares disse que essa foi a oper­ação, em cur­to perío­do de tem­po, com a maior mobi­liza­ção de setores da perí­cia. É pre­ciso con­tatar os autores por ima­gens, impressões dig­i­tais, mate­ri­ais genéti­cos. “Bus­camos mate­ri­al­i­dade, auto­ria e dinâmi­ca dos even­tos. Nesse caso, pela pro­porção que foi o even­to, e pela quan­ti­dade de envolvi­dos e tam­bém pelo que rep­re­sen­ta­va à democ­ra­cia brasileira, era um caso muito com­plexo”, avalia o dire­tor do INC.

Brasília (DF) – Trabalhos de perícia realizados pela Polícia Federal sobre os crimes de 8 de janeiro. Foto: André Zímmerer/Polícia Federal
Repro­dução: Tra­bal­hos de perí­cia real­iza­dos pela Polí­cia Fed­er­al sobre os crimes de 8 de janeiro — Foto: André Zímmerer/Polícia Fed­er­al

De acor­do com Pal­hares, mes­mo com a com­plex­i­dade, as equipes bus­caram ser céleres para aten­der as neces­si­dades deman­dadas pela Justiça. “Foi pre­ciso aces­sar várias áreas da crim­i­nalís­ti­ca para traz­er as respostas”, disse. Ele recor­da que, quan­do as equipes chegaram aos palá­cios dos Três Poderes, pud­er­am con­statar uma infinidade de vestí­gios pelo chão que pode­ri­am aju­dar na iden­ti­fi­cação das pes­soas.

“No cam­po da crim­i­nalís­ti­ca da PF usamos muito os dados genéti­cos para iden­ti­fi­cação das víti­mas e dos autores. O per­i­to de local cole­ta e man­da para os lab­o­ratórios. Como foi uma mega mobi­liza­ção, foram per­i­tos de todas as áreas para atu­ar”, rev­el­ou. Foram orga­ni­zadas ini­cial­mente oito equipes. Em cada uma delas, havia espe­cial­is­tas em genéti­ca para que a cole­ta de mate­r­i­al ocor­resse da for­ma cor­re­ta.

Dinâmi­ca dos even­tos

As ima­gens foram uti­lizadas para iden­ti­fi­cação e tam­bém para entendi­men­to da dinâmi­ca dos crimes. Os per­i­tos chamam essa fase como “análise de con­teú­do”. A doc­u­men­tação do local envolveu ativi­dades detal­his­tas e exaus­ti­vas. “Essa doc­u­men­tação deman­dou o uso de equipa­men­tos espe­ci­ais, como drones, câmeras 360 graus, scan­ner 3D e equipes próprias para faz­er esse tipo de tra­bal­ho”.

Para realizar o tra­bal­ho, segun­do Pal­hares, foi deman­da­do um serviço de perí­cias em audio­vi­su­al e eletrôni­cos. Cada imagem é con­sid­er­a­da um vestí­gio. A cole­ta pela equipe é de doc­u­men­tação de local a fim de com­preen­der as cenas de crimes.

Brasília (DF) – Trabalhos de perícia realizados pela Polícia Federal sobre os crimes de 8 de janeiro. Foto: André Zímmerer/Polícia Federal
Repro­dução: Tra­bal­hos de perí­cia real­iza­dos pela Polí­cia Fed­er­al sobre os crimes de 8 de janeiro — Foto: André Zímmerer/Polícia Fed­er­al

Somente no primeiro dia foram 75 per­i­tos em ação. Depois, pelo menos 80 per­i­tos pas­saram a faz­er cole­ta de mate­r­i­al de refer­ên­cia entre as pes­soas que foram pre­sas na pen­i­ten­ciária da Papu­da (home­ns) e da Colmeia (fem­i­ni­no). No total, mais de 100 per­i­tos atu­aram e atu­am para encon­trar as provas.

“Foram apreen­di­dos muitos celu­lares, e isso deman­da muito tra­bal­ho da área de infor­máti­ca”, expli­cou. Out­ros mate­ri­ais inves­ti­ga­dos foram os veícu­los que trans­portaram as pes­soas que par­tic­i­param dos atos daque­le dia. Foram mais de 100 ônibus peri­ci­a­dos.

Nos três primeiros meses, os per­i­tos entre­garam os lau­dos de local de crime, os de genéti­ca para iden­ti­ficar auto­ria e tam­bém os resul­ta­dos dos crimes con­tra o patrimônio cul­tur­al. Mas as deman­das foram mudan­do por causa das ima­gens que sur­giam. “Assim, tem sido pos­sív­el iden­ti­ficar o que cada pes­soa fez den­tro dos palá­cios”, expli­cou Pal­hares.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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