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Pesquisa mostra mudanças na forma de encarar o câncer de mama

Repro­dução: © Divulgação/Sociedade Brasileira de Mas­tolo­gia

Perspectiva fatalista dá lugar a um diálogo mais franco na sociedade


Pub­li­ca­do em 04/11/2023 — 12:10 Por Pesquisa anal­isa trans­for­mações no enfrenta­men­to ao câncer de mama — Rio de Janeiro

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Vis­i­bil­i­dade, luta pelo dire­ito de aces­so à saúde de qual­i­dade e pela escol­ha em recon­stru­ir ou não o seio após a cirur­gia de reti­ra­da das mamas, a mas­tec­to­mia. Ess­es são alguns dos acha­dos da antropólo­ga Wales­ka de Araújo Aure­liano, pro­fes­so­ra do Insti­tu­to de Ciên­cias Soci­ais da Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj), em 20 anos de pesquisas, sobre como as mul­heres com câncer de mama lidam com o proces­so de adoec­i­men­to.

Des­de a déca­da de 1980, de acor­do com a pro­fes­so­ra, é pos­sív­el perce­ber mudanças na maneira como a doença é encar­a­da pela sociedade, prin­ci­pal­mente o dis­cur­so médi­co. Os profis­sion­ais de saúde saíram da per­spec­ti­va fatal­ista e hoje têm um diál­o­go mais fran­co com pacientes sobre o câncer de mama.

Há 40 anos, ain­da era tabu para muitas pes­soas men­cionar a palavra câncer, que não era dita nem por profis­sion­ais de saúde, nem pela família dos pacientes. “Emb­o­ra ain­da ten­hamos um estig­ma muito forte em torno da doença, mui­ta coisa mudou. A per­cepção do câncer de mama como sen­tença de morte vem ceden­do lugar à com­preen­são do câncer como uma doença crôni­ca. Isso, claro, quan­do as pes­soas afe­tadas têm aces­so ade­qua­do a diag­nós­ti­co e trata­men­to.”

Segun­do Wales­ka, é muito impor­tante que esse aces­so seja men­ciona­do na cam­pan­ha Out­ubro Rosa, porque a ideia de que tudo depende da dis­posição indi­vid­ual das mul­heres em se cuidar não fun­ciona se não forem  dadas as condições ideais para que todas pos­sam faz­er isso ade­quada­mente”.

De acor­do com a pro­fes­so­ra, a inter­net, com as mídias soci­ais, foi uma das respon­sáveis pelo proces­so de dar maior vis­i­bil­i­dade do câncer de mama. “Isso afe­ta a nar­ra­ti­va das mul­heres, uma vez que elas recebem esse diag­nós­ti­co acom­pan­hado de um prognós­ti­co que traz esper­ança de cura e qual­i­dade de vida durante muitas décadas”, afir­ma.

“A per­spec­ti­va de cura faz com que a pes­soa acometi­da comece a ter out­ra imagem sobre sua tra­jetória e fique mais con­fortáv­el para falar no assun­to aber­ta­mente. O rela­to é provo­ca­do por uma mudança na per­cepção sobre o próprio cor­po, sobre o que sig­nifi­ca ser mul­her, inde­pen­dente de ter um seio ou dois, de ter feito recon­strução mamária ou não.”

Empoderamento

Atual­mente, Wales­ka se ded­i­ca a estu­dar tra­bal­hos fotográ­fi­cos artís­ti­cos e tex­tos auto­bi­ográ­fi­cos de mul­heres que pas­saram pelo diag­nós­ti­co de câncer de mama. Para ela, ess­es reg­istros mar­cam uma mudança na ideia da mul­her como víti­ma para o empodera­men­to, com con­sciên­cia das mudanças provo­cadas pelo diag­nós­ti­co e pelo trata­men­to, assim como a per­da da ver­gonha em expor o cor­po ou falar sobre a doença.

“É o movi­men­to de algu­mas mul­heres den­tro de um uni­ver­so muito het­erogê­neo. Não se pode pen­sar nas trans­for­mações como algo que atrav­es­sa todas as mul­heres igual­mente. Há uma var­iedade muito grande nes­sa exper­iên­cia, a depen­der de fatores soci­ais e cul­tur­ais, de aces­so à saúde, sua história pre­gres­sa, dos rela­ciona­men­tos e do modo como ela se insere no mun­do do tra­bal­ho”, ressalta a antropólo­ga.

Ela tam­bém afir­ma ter obser­va­do, ao lon­go dess­es anos, que aa plu­ral­i­dade de mod­os de enten­der o câncer de mama, em alguns casos, reforçam padrões de rep­re­sen­tação do cor­po fem­i­ni­no. “É como se depois do câncer não bas­tasse você ser mul­her, você tem que se mostrar como mul­her.”

Edição: Maria Clau­dia

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