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Pesquisa mostra que 95% das crianças e adolescentes acessam internet

Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

Mais de 580 mil pessoas jamais teve acesso a web, diz TIC Kids Online


Pub­li­ca­do em 25/10/2023 — 10:02 Por Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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O número de cri­anças e ado­les­centes com aces­so à inter­net se man­teve com cer­ta esta­bil­i­dade, com um pequeno cresci­men­to em 2023, apon­tou a pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Inter­net no Brasil (CGI.br), que foi divul­ga­da hoje (25).

Segun­do esse estu­do, 95% das cri­anças e ado­les­centes entre 9 e 17 anos de todo o país aces­sam a inter­net, o que cor­re­sponde a mais de 25,1 mil­hões de pes­soas nes­sa faixa etária. No entan­to, a pesquisa tam­bém demon­strou que, emb­o­ra esse número ten­ha caí­do em relação a 2022, ain­da há uma parte desse públi­co que jamais teve aces­so à inter­net, o que cor­re­sponde atual­mente a mais de 580 mil pes­soas.

Em 2022, a pop­u­lação com aces­so à inter­net cor­re­spon­dia a 92% ou aprox­i­mada­mente 24,4 mil­hões nes­sa faixa etária. Já os que nun­ca tiver­am aces­so à inter­net cor­re­spon­di­am a 940 mil pes­soas.

Entre os que dis­ser­am nun­ca ter aces­sa­do a inter­net na pesquisa atu­al, mais de 475 mil cor­re­spon­dem a cri­anças e ado­les­centes que com­põem as class­es D e E, o que demon­stra que há desigual­dades no aces­so. As cri­anças e ado­les­centes das class­es D e E tam­bém são a maio­r­ia entre os que já aces­saram a inter­net, mas não o fiz­er­am recen­te­mente: 545 mil dessas cri­anças e ado­les­centes das class­es mais baixas dis­ser­am não ter aces­sa­do a inter­net nos últi­mos três meses, um total de 867 mil.

O estu­do, con­duzi­do pelo Cen­tro Region­al de Estu­dos para o Desen­volvi­men­to da Sociedade da Infor­mação (Cetic.br) do Núcleo de Infor­mação e Coor­de­nação do Pon­to BR (NIC.br), lig­a­do ao Comitê Gestor da Inter­net no Brasil (CGI.br), apon­tou ain­da que em 24% do total de casos, o primeiro aces­so à inter­net acon­te­ceu antes dos seis anos de idade. Em 2015, esse primeiro aces­so à inter­net acon­te­cia mais tarde: ape­nas 11% das cri­anças tin­ham até seis anos de idade quan­do aces­saram a inter­net pela primeira vez. Em 2015, o primeiro aces­so à inter­net acon­te­cia geral­mente aos 10 anos (16%).

“A idade do primeiro aces­so foi ante­ci­pa­da”, desta­cou Luísa Adib, coor­de­nado­ra da pesquisa TIC Kids Online Brasil. “Vinte e qua­tro por­cento das cri­anças e ado­les­centes repor­tam que aces­saram a inter­net até os seis anos de idade. Isso reflete pouco aumen­to na conec­tivi­dade dess­es indi­ví­du­os”, falou ela, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

For­ma de aces­so

A prin­ci­pal for­ma com que as cri­anças e ado­les­centes aces­sam a inter­net é pelo celu­lar, que foi apon­ta­do por 97% dos entre­vis­ta­dos. O celu­lar é tam­bém a úni­ca for­ma de aces­so à inter­net para 20% desse públi­co.

Já o aces­so da inter­net pela tele­visão tem aumen­ta­do nos últi­mos anos, chegan­do a 70% em 2023. Em 2019, por exem­p­lo, esse tipo de aces­so era men­ciona­do por ape­nas 43% dos usuários.

O uso do com­puta­dor para aces­so à web, por sua vez, man­teve-se estáv­el, em 38%, com pre­domínio entre o públi­co das class­es soci­ais de maior ren­da (71%). Entre as class­es D e E, ape­nas 15% dizem aces­sar a inter­nete pelo com­puta­dor.

“Obser­va­mos, ao lon­go da série históri­ca, uma que­da no aces­so da inter­net pelo com­puta­dor, mas há uma difer­ença muito mar­ca­da entre as class­es socioe­conômi­cas. As cri­anças das class­es A e B aces­sam a inter­net por uma var­iedade muito maior de dis­pos­i­tivos. E isso pode influ­en­ciar sobre o aproveita­men­to de opor­tu­nidades, por exem­p­lo, nas ativi­dades de edu­cação em bus­ca de infor­mação. As cri­anças que aces­sam a inter­net pelo celu­lar e pelo com­puta­dor real­izam todas as ativi­dades inves­ti­gadas de edu­cação em pro­porções maiores que aque­las que aces­sam somente pelo tele­fone celu­lar. Elas tam­bém vão aproveitar mais opor­tu­nidades e ter condições de desen­volver mais habil­i­dades dig­i­tais”, falou a coor­de­nado­ra do estu­do.

Segun­do ela, essa var­iedade do uso de dis­pos­i­tivos para entra­da na inter­net, além de questões rela­cionadas tam­bém à disponi­bil­i­dade de dados e à veloci­dade e qual­i­dade de conexão são sig­ni­fica­tivos para demon­strar que ain­da há mui­ta desigual­dade no aces­so. “Temos 95% de usuários, quase a total­i­dade de cri­anças e ado­les­centes nes­sa faixa etária que são usuários, mas não podemos diz­er que elas aces­sam a inter­net sob as mes­mas condições. A uni­ver­sal­iza­ção do aces­so tem muitas bar­reiras para serem cumpri­das para que haja uma conec­tivi­dade sig­ni­fica­ti­va para todos os usuários”, disse.

Propaganda e conteúdo sexual

A pesquisa abor­dou a per­cepção de ado­les­centes entre 11 e 17 anos sobre as pro­pa­gan­das na inter­net. Segun­do o estu­do, 50% dess­es entre­vis­ta­dos pediu que seus pais ou respon­sáveis com­prasse algum pro­du­to que viu na inter­net. Oito em cada dez entre­vis­ta­dos (84% do total) tam­bém rela­tou que ficou com von­tade de ter algum pro­du­to após vê-lo na inter­net e 73% ficaram chatea­d­os por não poder com­prar algum pro­du­to.

Para 78% dess­es usuários, as empre­sas pagam pes­soas para usarem seus pro­du­tos nos vídeos e con­teú­dos que pub­li­cam na inter­net. Seis em cada dez ado­les­centes entre 11 e 17 anos (59% do total) tam­bém dis­ser­am ter assis­ti­do a vídeos de pes­soas mostran­do como usar esse pro­du­to ou abrindo a embal­agem desse pro­du­to.

O que chama a atenção é que o número dess­es usuários que relatam ter vis­to pro­pa­gan­da na web é alto, con­sideran­do que a pro­pa­gan­da dire­ciona­da a cri­anças e ado­les­centes até 12 anos, em quais­quer meios de comu­ni­cação ou espaços de con­vivên­cia, é con­sid­er­a­da ile­gal de acor­do com o Códi­go de Defe­sa do Con­sum­i­dor de 1990.

“Há toda uma leg­is­lação que não per­mite que o con­teú­do mer­cadológi­co seja dire­ciona­do para cri­ança e ado­les­cente. Mas inves­tig­amos alguns fenô­menos ou for­ma como os con­teú­dos são posta­dos na inter­net e vimos que a cri­ança tem o con­teú­do mer­cadológi­co, mas ela não nec­es­sari­a­mente con­segue iden­ti­ficar que aque­la era uma men­sagem sobre algum pro­du­to ou mar­ca”, com­ple­tou a coor­de­nado­ra da pesquisa.

Ain­da de acor­do com o estu­do, ape­nas 28% dos pais uti­lizam algum fil­tro ou con­fig­u­ração espe­cial para restringir o con­ta­to das cri­anças com pro­pa­gan­das na inter­net.

Uma out­ra questão anal­isa­da pelos pesquisadores foi o aces­so das cri­anças e ado­les­centes a con­teú­dos sex­u­ais. Pelo menos 9% do total de usuários entre 9 e 17 anos já viram ima­gens ou vídeos de con­teú­do sex­u­al na inter­net nos últi­mos 12 meses. Na maior parte das vezes (34% do total), essas ima­gens apare­cem sem quer­er, segui­da pelas redes soci­ais (26%). Cer­ca de 16% das cri­anças e ado­les­centes tam­bém relatam ter rece­bido men­sagens de con­teú­do sex­u­al pela inter­net.

“Temos essa per­spec­ti­va sobre o risco mas tam­bém temos que con­sid­er­ar que o con­ta­to com esse tipo de con­teú­do pode ter sido uma bus­ca de infor­mação, pode ter sido uma comu­ni­cação entre pais, então não nec­es­sari­a­mente isso foi um aces­so inde­se­ja­do ou algo prob­lemáti­co. Mas temos que olhar para esse dado saben­do que existe um poten­cial dano ou incô­mo­do e, a par­tir daí, qual­i­ficar quem envi­ou essa men­sagem e onde a cri­ança teve esse con­ta­to. Por isso reforçamos a importân­cia da par­tic­i­pação dos respon­sáveis no acom­pan­hamen­to das ativi­dades que a cri­ança e o ado­les­cente real­izam”, disse.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, a coor­de­nado­ra do estu­do desta­cou que a inter­net não traz ape­nas riscos, mas diver­sos bene­fí­cios des­ti­na­dos, por exem­p­lo, ao laz­er, ao con­hec­i­men­to e ao entreten­i­men­to. “Reforço que os bene­fí­cios estão asso­ci­a­dos às condições de aces­so”, ressaltou.

“Os riscos têm naturezas diver­sas e podem ser de vio­lên­cias sex­u­ais ou com­er­ci­ais, por exem­p­lo. Há muitas pos­si­bil­i­dades de con­ta­to ou situ­ações de risco na inter­net, mas eu sem­pre desta­co que proibir, inibir ou restringir a par­tic­i­pação não nec­es­sari­a­mente vai pro­tegê-la do risco. Podemos restringir o risco, mas tam­bém restringi­mos a opor­tu­nidade. Por isso indi­co o diál­o­go e o acom­pan­hamen­to dos respon­sáveis para saber que tipo de con­teú­do ela está aces­san­do e com quem ela con­ver­sa.”

Para a pesquisa, foram ouvi­das 2.704 cri­anças e ado­les­centes de todo o país, com idades entre 9 e 17 anos e 2.704 pais ou respon­sáveis. O estu­do foi real­iza­do entre março e jul­ho deste ano. O TIC Kids Online Brasil é uma pesquisa fei­ta anual­mente des­de 2012 e só não foi real­iza­da em 2020 por causa da pan­demia de covid-19.

Edição: Valéria Aguiar

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