...
sábado ,25 janeiro 2025
Home / Saúde / Pesquisadores apontam alto risco de volta da poliomielite no Brasil

Pesquisadores apontam alto risco de volta da poliomielite no Brasil

Repro­dução: © ARQUIVO/Tomaz Silva/Agência Brasil

Baixa cobertura vacinal é o principal motivo de preocupação


Pub­li­ca­do em 02/05/2023 — 20:28 Por Rafael Car­doso – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

ouvir:

A séti­ma edição do Inter­na­tion­al Sym­po­sium on Immuno­bi­o­log­i­cals (ISI), aber­ta nes­ta terça-feira (2), aler­ta para o risco alto da vol­ta da poliomielite ao Brasil. A doença, errad­i­ca­da no país des­de 1989, pode matar ou provo­car seque­las motoras graves.

Em um dos debates do dia, pesquisadores apon­taram a baixa cober­tu­ra como prin­ci­pal moti­vo de pre­ocu­pação com a par­al­isia infan­til, como a doença tam­bém é con­heci­da.

O even­to é pro­movi­do pelo Insti­tu­to de Tec­nolo­gia em Imuno­bi­ológi­cos da Bio-Man­guin­hos/­Fiocruz, no Rio de Janeiro.

A pres­i­dente da Câmara Téc­ni­ca de Poliomielite do Min­istério da Saúde, Luiza Hele­na Fall­eiros, desta­cou o con­jun­to de fatores que levaram a esse cenário e disse que existe um risco evi­dente. “Com o proces­so de imi­gração con­stante, com baixas cober­turas vaci­nais, a con­tinuidade do uso da vaci­na oral, sanea­men­to inad­e­qua­do, gru­pos anti­vaci­nas e fal­ta de vig­ilân­cia ambi­en­tal, vamos ter o retorno da pólio. O que é uma tragé­dia anun­ci­a­da”, afir­mou.

Luiza Hele­na lem­brou que sem­pre se diz que as vaci­nas são víti­mas do seu próprio suces­so. “Hoje ninguém mais viu um caso de pólio. Não se tem essa noção de risco enorme, mas ele existe. E não tem mila­gre, nem seg­re­do. Tem que vaci­nar.”

A pesquisado­ra citou um estu­do do Comitê Region­al de Cer­ti­fi­cação de Errad­i­cação da Polio 2022, da Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana da Saúde (Opas), que apon­ta o Brasil como segun­do país das Améri­c­as com maior risco de vol­ta da poliomielite, atrás ape­nas do Haiti.

Um caso recente da doença foi con­fir­ma­do em Lore­to, no Peru, o que aumen­tou a vig­ilân­cia nas fron­teiras. Há 30 anos, o con­ti­nente esta­va livre de reg­istros da doença.

Cobertura vacinal

Segun­do o Min­istério da Saúde, no ano pas­sa­do, a cober­tu­ra vaci­nal para a doença no Brasil ficou em 77,16%, muito abaixo da taxa de 95% recomen­da­da pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) para impedir a cir­cu­lação do vírus.

No sim­pó­sio de hoje, foram dis­cu­ti­dos os motivos da chama­da hes­i­tação vaci­nal. José Cas­sio de Morais, asses­sor tem­porário da Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana da Saúde, disse que a cober­tu­ra depende prin­ci­pal­mente da con­fi­ança nas vaci­nas dis­tribuí­das pelo gov­er­no, de como admin­is­trar o medo da reação vaci­nal, da difi­cul­dade de aces­so aos pos­tos, do nív­el de ren­da famil­iar e da esco­lar­i­dade da pop­u­lação. Para mel­ho­rar o quadro atu­al, Morais defend­eu mais inves­ti­men­to mais em cam­pan­has e na infor­mação de qual­i­dade.

“É impor­tante lem­brar que a vaci­nação, além de uma pro­teção indi­vid­ual, é uma pro­teção cole­ti­va. Vimos isso na questão da covid-19, em que muitas pes­soas não quis­er­am se vaci­nar. E pre­cisamos aten­tar para a questão da comu­ni­cação social. Temos uma avalanche de fake news a respeito das vaci­nas e que trazem muito dano para a pop­u­lação. Mas não temos quase notí­cias pos­i­ti­vas a respeito da vaci­na. Tem tido muito pou­ca divul­gação da cam­pan­ha de vaci­nação con­tra influen­za, por exem­p­lo. Temos que mel­ho­rar isso, divul­gar mel­hor os fatos pos­i­tivos em relação à vaci­na”, afir­mou o asses­sor da Opas.

Edição: Nádia Fran­co

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Estudo detecta presença de metais na urina de crianças em Brumadinho

Percentual de arsênio passou de 42% em 2021 para 57% em 2023 Agên­cia Brasil* Pub­li­ca­do …