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Pesquisadores debatem limites da independência

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

O genocídio da população negra do Brasil foi tema na SBPC


Publicado em 07/09/2024 — 07:52 Por Rafael Cardoso — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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No dia 7 de setem­bro de 1822, o Brasil nasceu ofi­cial­mente como nação inde­pen­dente. Mas quem de fato pode diz­er-se livre e autônomo de lá para cá? A rup­tura políti­ca não veio acom­pan­ha­da de trans­for­mações soci­ais mais pro­fun­das. É por isso que pesquisadores falam até hoje em her­anças exclu­dentes para alguns gru­pos, como é o caso da pop­u­lação negra. O tema foi debati­do no even­to Inde­pendên­cia Incon­clusa, pro­movi­do pela Sociedade Brasileira para o Pro­gres­so da Ciên­cia (SBPC), na mesa O Genocí­dio da pop­u­lação negra do Brasil.

Um dos debate­dores, Luiz Eduar­do Soares, antropól­o­go e ex-secretário nacional de Segu­rança Públi­ca, desta­cou o papel que o Esta­do desem­pen­ha his­tori­ca­mente na per­pet­u­ação da vio­lên­cia con­tra pes­soas negras.

“Por que nós falam­os em genocí­dio? Porque falam­os de um seg­men­to da pop­u­lação ao qual se endereça esse proces­so de vio­lên­cia. Ele se con­cen­tra e pro­duz víti­mas entre os mais pobres e na pop­u­lação negra. E por isso, as taxas de inves­ti­gação são muito baixas. Isso quan­do são con­heci­das! A pre­cariedade, a urgên­cia com que tudo isso é enfrenta­do, dev­e­ria ator­men­tar qual­quer con­sciên­cia democráti­ca e lib­er­al”, ressaltou o antropól­o­go.

O pres­i­dente glob­al da Cen­tral Úni­ca das Fave­las (CUFA), Pre­to Zezé, reforçou a questão estru­tur­al do racis­mo e da opressão con­tra os negros, “e que, jus­ta­mente, pela dimen­são tem­po­ral do prob­le­ma, é pre­ciso orga­ni­zar uma luta cole­ti­va de lon­ga duração.

“Falam­os de um país que teve sua fun­dação e sua existên­cia mar­ca­da por quase 400 anos de escravidão. Essas seque­las estão muito pre­sentes no nos­so dia a dia. E a gente pre­cisa faz­er alguns movi­men­tos estratégi­cos para que esse proces­so seja super­a­do. É um proces­so muito lon­go, que se man­i­fes­ta no dia a dia, e a gente tem que atu­ar con­jun­ta­mente. Primeira coisa, é ter a ideia de que essa agen­da é de toda a sociedade e não ape­nas dos movi­men­tos negros, porque, às vezes, parece que o prob­le­ma é só nos­so e a gente tem que enfrentar tudo soz­in­ho. Desse jeito, as coisas não acon­te­cem”, defend­eu Pre­to Zezé.

Para o pres­i­dente da SBPC, Rena­to Janine Ribeiro, o Brasil tem difi­cul­dade em lidar com a memória. Por isso, segun­do ele, é impor­tante estim­u­lar con­stan­te­mente a reflexão sobre temas impor­tantes do pas­sa­do, prin­ci­pal­mente sobre os que se man­têm fortes e influ­entes sobre o pre­sente.

“Existe a ilusão de que o pas­sa­do não nos deter­mi­na e que não pre­cisamos faz­er um ajuste de con­tas com o pas­sa­do colo­nial e escrav­ista. Não são pesos leves e tolos. São muito fortes e nos obser­vam. Temos uma sociedade que pre­cisa resolver essas questões. Daí a importân­cia das políti­cas de memória. E se tor­na necessária uma série de medi­das conc­re­tas no nos­so hor­i­zonte que aponte para a igual­dade de dire­itos”, disse o pres­i­dente da SBPC.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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