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Pesquisadores descobrem espécie de árvore gigante na Mata Atlântica

Repro­dução: © Divul­gação do JBRJ

Árvore foi encontrada no município de Branquinhas, em Alagoas


Pub­li­ca­do em 22/10/2022 — 10:13 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A úni­ca espé­cie de árvore gigante do gênero Dipteryx na Mata Atlân­ti­ca foi descober­ta no municí­pio de Bran­quin­ha, em Alagoas, por pesquisadores do Jardim Botâni­co do Rio de Janeiro, Uni­ver­si­dade Fed­er­al da Bahia (UFBA) e Uni­ver­si­dade Estad­ual de Feira de San­tana (UEFS). A descober­ta inte­gra a tese de doutora­do da pesquisado­ra Cata­ri­na Sil­va de Car­val­ho, egres­sa da Esco­la Nacional de Botâni­ca Trop­i­cal do Jardim Botâni­co, e teve como coau­tores os pesquisadores Harol­do Cav­al­cante de Lima, Domin­gos Car­doso, Déb­o­ra Zuan­ny e Bernar­da S. Gregório,

A espé­cie, que pode alcançar até 30 met­ros de altura, foi descri­ta em arti­go pub­li­ca­do, no dia 9, na revista cien­tí­fi­ca Botan­i­cal Jour­nal of the Lin­nean Soci­ety. Os pesquisadores encon­traram ape­nas um indi­ví­duo adul­to e dois jovens em um frag­men­to de flo­res­ta preser­va­da den­tro de uma fazen­da e cer­ca­do de lavouras de cana-de-açú­car.

Nova espécie de árvore gigante da Mata Atlântica
Repro­dução: Espé­cie de árvore gigante da Mata Atlân­ti­ca — Divul­gação do JBRJ

“A maio­r­ia das espé­cies é amazôni­ca, mas através da con­sul­ta her­bária, a gente viu que tin­ha esse mate­r­i­al da Mata Atlân­ti­ca, que era muito difer­ente. Só que a gente não con­seguia descr­ev­er a espé­cie porque os mate­ri­ais eram muito anti­gos e poucos. Tam­bém, quan­do a gente ia nas áreas citadas nos her­bários, as matas tin­ham sido der­rubadas. Já havi­am sido diz­imadas”, expli­cou Cata­ri­na Car­val­ho à Agên­cia Brasil.

A con­clusão ini­cial dos pesquisadores era que as árvores havi­am sido extin­tas.

Espécie

Durante o doutora­do, con­tu­do, Cata­ri­na foi con­tata­da pelo Inven­tário Flo­re­stal Nacional rela­tan­do que estavam com essa árvore e que não sabi­am como iden­ti­ficar. “Na hora em que colo­quei os olhos nesse cato, vi que se trata­va da espé­cie que eu acha­va que esta­va extin­ta. Era lá de Bran­quin­ha (AL)”. Os pesquisadores acabaram indo em cam­po e con­seguiram cole­tar a espé­cie, o que foi fun­da­men­tal para que pudessem descrevê-la.

Com o tron­co de cor clara, que se desta­ca na flo­res­ta, a espé­cie foi cat­a­lo­ga­da como Dipteryx her­me­topas­coaliana, em hom­e­nagem ao com­pos­i­tor e mul­ti-instru­men­tista alagoano Her­me­to Pas­coal. Para Cata­ri­na Car­val­ho, tal como a árvore, Her­me­to Pas­coal é um gigante da músi­ca nordes­ti­na e do jazz instru­men­tal e se desta­ca no cenário musi­cal brasileiro.

“A gente achou que com­bi­na­va muito com Her­me­to, esse músi­co nos­so, nordes­ti­no, gigante do jazz mul­ti-instru­men­tal­ista”. Para os pesquisadores, assim como Her­me­to é sím­bo­lo de resistên­cia da diver­si­dade da cul­tura brasileira den­tro do uni­ver­so do jazz, con­sti­tuin­do refer­ên­cia mundi­al, a árvore gigante Dipteryx her­me­topas­coaliana cat­a­lo­ga­da ago­ra é sím­bo­lo de resistên­cia da mega diver­si­dade da Mata Atlân­ti­ca.

A Dipteryx her­me­topas­coaliana é uma árvore bem mais alta do que o restante das árvores da flo­res­ta. Cata­ri­na espera que, assim que tomarem con­hec­i­men­to da descober­ta, os pro­pri­etários da fazen­da pos­sam se inter­es­sar em con­ser­var a nova espé­cie de árvore gigante.

O gênero Dipteryx per­tence à família das legu­mi­nosas e é comum na Amazô­nia, com espé­cies como o cumaru (D. odor­a­ta), e tam­bém no Cer­ra­do, com o baru (D. ala­ta). A Dipteryx her­me­topas­coaliana, entre­tan­to, é a primeira espé­cie do gênero descri­ta na Mata Atlân­ti­ca, bio­ma mais dev­as­ta­do do Brasil e, atual­mente, com cer­ca de ape­nas 10% de sua cober­tu­ra orig­i­nal. Por isso, os pesquisadores acred­i­tam que a árvore gigante já está alta­mente ameaça­da pela destru­ição históri­ca de seu habi­tat.

Atual­mente, Cata­ri­na Car­val­ho é bol­sista de pós-doutora­do no Insti­tu­to Nacional de Pesquisas da Amazô­nia (Inpa), em Man­aus, onde per­manecerá até 2025 fazen­do pesquisas sobre árvores, gigantes ou não. “Sem­pre desven­dan­do um pouco mais da bio­di­ver­si­dade”, disse Cata­ri­na.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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