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Pesquisadores identificam possível nova linhagem de covid-19 no Brasil

Uso de máscara para proteção contra o novo coronavírus.
© Ricar­do Wolffenbuttel/Governo de SC (Repro­du­ção)

País já tem casos confirmados de duas variantes (P.1 e P.2) nacionais


Publi­ca­do em 12/03/2021 — 19:54 Por Viní­cius Lis­boa — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Rio de Janei­ro

Pes­qui­sa­do­res de cin­co esta­dos bra­si­lei­ros sequen­ci­a­ram amos­tras que indi­cam uma pos­sí­vel nova linha­gem do novo coro­na­ví­rus (SARS-CoV‑2) em cir­cu­la­ção no país, segun­do infor­mou hoje (12) o Labo­ra­tó­rio Naci­o­nal de Com­pu­ta­ção Cien­tí­fi­ca, um ins­ti­tu­to do Minis­té­rio da Ciên­cia e Tec­no­lo­gia, Ino­va­ções (MCTI) loca­li­za­do em Petró­po­lis, no Rio de Janei­ro. Além da linha­gem iden­ti­fi­ca­da no Rei­no Uni­do, o Bra­sil já tem casos con­fir­ma­dos de duas vari­an­tes (P.1 e P.2), que sur­gi­ram a par­tir de cepas que cir­cu­la­vam no país. 

A pos­sí­vel nova linha­gem foi encon­tra­da no sequen­ci­a­men­to de três amos­tras, em um uni­ver­so de 195 que foram ana­li­sa­das por pes­qui­sa­do­res do Ama­zo­nas, Rio Gran­de do Nor­te, Paraí­ba, Bahia e Rio de Janei­ro. Essa iden­ti­fi­ca­ção, entre­tan­to, per­mi­tiu des­co­brir que já havia outras amos­tras com as mes­mas carac­te­rís­ti­cas sequen­ci­a­das.

O tra­ba­lho foi orga­ni­za­do pelo Labo­ra­tó­rio de Bioin­for­má­ti­ca (Labin­fo) do LNCC, e tam­bém par­ti­ci­pa­ram qua­tro uni­ver­si­da­de públi­cas: Uni­ver­si­da­de Fede­ral do Rio Gran­de do Nor­te (UFRN), Uni­ver­si­da­de Fede­ral da Paraí­ba (UFPB), Uni­ver­si­da­de Esta­du­al de San­ta Cruz (UESC) e Uni­ver­si­da­de do Esta­do do Rio de Janei­ro (UERJ). Ao todo, 22 pes­qui­sa­do­res assi­nam a publi­ca­ção, que foi sub­me­ti­da a um perió­di­co cien­tí­fi­co ao mes­mo tem­po em que os sequen­ci­a­men­tos foram depo­si­ta­dos em uma base de dados públi­cos inter­na­ci­o­nais (Gisaid).

A coor­de­na­do­ra do Labin­fo, Ana Tere­za Vas­con­ce­los, expli­ca que os dados com­par­ti­lha­dos serão ana­li­sa­dos por outros pes­qui­sa­do­res ao redor do mun­do para que a iden­ti­fi­ca­ção da nova linha­gem seja con­fir­ma­da pela comu­ni­da­de cien­tí­fi­ca. Segun­do a cien­tis­ta, as amos­tras em que a muta­ção foi encon­tra­da são de Natal, no Rio Gran­de do Nor­te, e do inte­ri­or da Bahia.

“Essas muta­ções não inter­fe­rem na vaci­na, mas demons­tram que o vírus está mudan­do o tem­po intei­ro, e quan­to mais as pes­so­as esti­ve­rem na rua sem más­ca­ra e sem medi­das de pro­te­ção indi­vi­du­al, mais o vírus vai mudar e mais vari­an­tes vão sur­gir. É mais uma demons­tra­ção de que o vírus está cir­cu­lan­do livre­men­te”, diz Ana Tere­za Vas­con­ce­los, que refor­ça o pedi­do pelo res­pei­to às medi­das de pre­ven­ção, como evi­tar aglo­me­ra­ções, usar más­ca­ras e higi­e­ni­zar as mãos.

A pos­sí­vel nova linha­gem teria se ori­gi­na­do da linha­gem B.1.1.33, já pre­sen­te no Bra­sil des­de o iní­cio de 2020. A muta­ção apre­sen­ta­da é a E484K, na pro­teí­na S, estru­tu­ra que for­ma a coroa de espi­nhos que dá nome ao novo coro­na­ví­rus. Essa muta­ção é asso­ci­a­da ao esca­pe do sis­te­ma imu­no­ló­gi­co, o que, segun­do a coor­de­na­do­ra do Labin­fo, ain­da pre­ci­sa ser con­fir­ma­do por mais estu­dos.

“Essa muta­ção já foi rela­ci­o­na­da a vírus que con­se­guem esca­par do sis­te­ma imu­no­ló­gi­co do hos­pe­dei­ro. Os vírus estão ten­tan­do sobre­vi­ver, e eles têm meca­nis­mos de esca­pe. A gen­te acre­di­ta que essa nova linha­gem pode ter esse mes­mo meca­nis­mo”, afir­ma a pes­qui­sa­do­ra.

Essa mes­ma muta­ção já foi iden­ti­fi­ca­da nas vari­an­tes P.1 e P.2, ori­gi­na­das no Bra­sil a par­tir da linha­gem B.1.1.28, e tam­bém tam­bém está entre as modi­fi­ca­ções gené­ti­cas encon­tra­das nas vari­an­tes des­co­ber­tas no Rei­no Uni­do e na Áfri­ca do Sul.

A muta­ção é um pro­ces­so comum na repro­du­ção dos vírus, que se mul­ti­pli­cam rapi­da­men­te e podem pro­du­zir ver­sões gene­ti­ca­men­te dife­ren­tes nes­se pro­ces­so. A mai­or cir­cu­la­ção do vírus faz com que mais orga­nis­mos se mul­ti­pli­quem, o que aumen­ta as chan­ces de uma muta­ção ocor­rer. Para que uma nova linha­gem sur­ja, no entan­to, é neces­sá­rio que essa muta­ção seja iden­ti­fi­ca­da em diver­sos indi­ví­du­os de uma deter­mi­na­da linha­gem.

Edi­ção: Bru­na Sani­e­le

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