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Pessoas desconhecem riscos ao escanear a íris, alertam especialistas

“É forma de se provar que elas são reais e não robôs”, diz empresa

Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 18/01/2025 — 17:49
São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

É por uma port­in­ha na região da Aveni­da Paulista que as pes­soas vão chegan­do uma a uma, com celu­lares em mãos. Elas baixaram um aplica­ti­vo em casa, agen­daram horário e estão esperan­do a vez de ter a íris escanea­da em tro­ca de crip­to­moedas. Na fila, a maio­r­ia das pes­soas não sabe diz­er para que serve isso. A maio­r­ia está ali por causa do din­heiro.

Uma delas é o moto­boy Bruno Bar­bosa Souza, 25 anos. “Foi um cole­ga meu que indi­cou. Me disse que eles davam din­heiro, em torno de R$ 400 para ler a reti­na do olho, algu­ma coisa assim. Não sei para o que eles estão fazen­do isso”, disse.

Souza infor­mou que o proces­so é sim­ples. Bas­ta entrar no aplica­ti­vo, colo­car seus dados pes­soais e faz­er o agen­da­men­to. “Um ami­go me falou que paga em bit­coin, algo assim. Estou pre­cisan­do do din­heiro. Você faz hoje e o din­heiro já está cain­do aman­hã. Ele rece­beu em torno de R$ 450.”

São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
Repro­dução: O aten­dente Wal­lace Wes­l­ley foi escanear a íris moti­va­do pelo din­heiro. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O aten­dente Wal­lace Wes­l­ley, 31 anos, tam­bém foi moti­va­do pelo din­heiro. Ele par­ticipou do proces­so há algu­mas sem­anas e hoje esteve no mes­mo endereço na Rua Car­los Sam­paio para levar a esposa. “Ela se cadas­trou nesse negó­cio da World. Vi que, através da íris, eles con­seguem se apro­fun­dar em tudo, eles con­seguem infor­mações que a gente nem sabia que tin­ha. Eu já fiz tam­bém. Eu fiz faz uns 15 dias e rece­bi em torno de R$ 200. Em 24 horas, o din­heiro fica disponív­el. Você colo­ca o olho em uma máquina e tira tam­bém uma self­ie com o seu celu­lar. Eles me falaram que estão fazen­do isso para ter uma segu­rança ref­er­ente aos nos­sos dados.”

“Eu vi uma reportagem falan­do que não é só isso, e que através da íris dos olhos eles podem estar cole­tan­do infor­mações que ninguém mais tem, a não ser eles. Ten­ho receio dis­so, muito receio. Vi mui­ta gente fazen­do isso, mas dá um pouco de receio. Mas tá todo mun­do aper­ta­do [de din­heiro]”, rela­tou.

São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
Repro­dução: A empre­sa World na rua Car­los Sam­paio, 148, que escaneia a íris das pes­soas para for­mar um “pas­s­aporte dig­i­tal. Casal JuremaPeres Panzetti e José Virgílio. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O casal Jure­ma Peres Panzetti, 72 anos, e José Virgílio, 73 anos, esteve neste endereço na região da Aveni­da Paulista na man­hã de sex­ta-feira (17). “A gente viu o anún­cio para cole­tar a íris. Eles pagam em torno de 45 world­coins”, con­taram. “E lib­er­am 20 moedas (world­coin) para res­gatar em até 48 horas e o restante, parce­lando durante um ano”, expli­cou o mari­do.

Segun­do Jure­ma, antes do escanea­men­to da reti­na, um vídeo é apre­sen­ta­do às pes­soas para explicar sobre a empre­sa. “Eles pas­saram um vídeo [antes do escanea­men­to] expli­can­do o que é. Daí você faz a fotografia da íris e ai eles pas­sam um out­ro filme dizen­do como você res­ga­ta [o din­heiro]. É tudo bem expli­ca­do”, falou Jure­ma. “Eles falam que, em princí­pio, é para você garan­tir que você é um ser humano. E dizem que os dados não ficam armazena­dos. Assim que você tira a foto, ela é crip­tografa­da e os dados somem. Essa é a recíp­ro­ca da boa-fé. Vocês têm que acred­i­tar neles”, reforçou o mari­do.

A reportagem da Agên­cia Brasil con­ver­sou com muitas pes­soas no local. A maio­r­ia delas con­tou que, se fos­se de graça, não estari­am par­tic­i­pan­do do pro­je­to.

Uma delas con­tou que par­ticipou do pro­je­to em dezem­bro e que, naque­la opor­tu­nidade, não foi pas­sa­do nen­hum vídeo. Segun­do ela, não hou­ve qual­quer expli­cação sobre o que era o pro­je­to, nem mes­mo pelo aplica­ti­vo. Ela fez pelo din­heiro e só depois foi pesquis­ar sobre o que se trata­va.

A íris

O local de ver­i­fi­cação, na Rua Car­los Sam­paio, é ape­nas um entre os vários endereços espal­ha­dos pela cap­i­tal paulista para o escanea­men­to da íris. Em alguns deles — disse uma pes­soa que não quis se iden­ti­ficar — for­mam-se filas gigan­tescas em bus­ca de paga­men­to.

São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
Repro­dução: O local de escanea­men­to da íris fica na rua Car­los Sam­paio. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

De acor­do com Nathan Paschoali­ni, pesquisador da área de gov­er­nança e reg­u­lação da Data Pri­va­cy Brasil, até o momen­to, mais de um mil­hão de pes­soas já baixou o aplica­ti­vo e mais de 400 mil pes­soas no Brasil já fiz­er­am o que se chama de “ver­i­fi­cação da humanidade”. Segun­do ele, é uma for­ma de se provar que elas são reais e não robôs, já que a íris, assim como as impressões dig­i­tais, são úni­cas. Emb­o­ra as íris ten­ham uma van­tagem: ela chega a níveis maiores de pre­cisão.

“A íris é dota­da de uma car­ac­terís­ti­ca muito especí­fi­ca, que é a uni­ci­dade. Ou seja, cada indi­ví­duo vai ter uma íris úni­ca, em que suas car­ac­terís­ti­cas são preser­vadas ao lon­go de toda a duração de sua vida, de for­ma estáv­el. A não ser que acon­teça algum tipo de aci­dente, ela preser­va todas as car­ac­terís­ti­cas ao lon­go da vida da pes­soa. Por con­ta dis­so, a gente pode diz­er que ela tem um papel de iden­ti­fi­cador úni­co e extrema­mente pre­ciso”, expli­cou Paschoali­ni.

Tools for Humanity

Por trás do escanea­men­to da íris está a empre­sa de tec­nolo­gia Tools for Human­i­ty, pre­sente em 39 país­es, e que desen­volve o pro­je­to World ID, um sis­tema que se vale dos padrões da íris para cri­ar um códi­go de val­i­dação, impos­sív­el de ser repro­duzi­do por inteligên­cia arti­fi­cial. A empre­sa é respon­sáv­el pela fab­ri­cação de uma câmera avança­da (Orb) que bus­ca difer­en­ciar humanos de robôs e inteligên­cias arti­fi­ci­ais.

Um dos fun­dadores é Sam Alt­man, CEO da Ope­nIA, empre­sa do Chat­G­PT. Por meio de nota, a rede World infor­mou que “está crian­do as fer­ra­men­tas que as pes­soas pre­cisam para se preparar para a era da IA (inteligên­cia arti­fi­cial), ao mes­mo tem­po preser­van­do a pri­vaci­dade indi­vid­ual”.

“Dados bio­métri­cos como dig­i­tais dos dedos, for­ma­to da face, voz, íris dos olhos, são mar­cadores exclu­sivos que iden­ti­fi­cam uma pes­soa. Difer­ente­mente de uma sen­ha que pode ser redefini­da a qual­quer tem­po, as infor­mações bio­métri­c­as iden­ti­fi­carão uma pes­soa durante toda a sua vida. Por isso, a cole­ta, proces­sa­men­to e armazena­men­to desen­f­rea­do e gen­er­al­iza­do de dados bio­métri­cos pre­ocu­pa tan­to do pon­to de vista da pri­vaci­dade e até mes­mo dos dire­itos humanos.”

Riscos

São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
Repro­dução: Rede World infor­ma que “está crian­do as fer­ra­men­tas que as pes­soas pre­cisam para se preparar para a era da IA (inteligên­cia arti­fi­cial), ao mes­mo tem­po preser­van­do a pri­vaci­dade indi­vid­ual”. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

“Não sabe­mos ain­da como essas infor­mações serão uti­lizadas quan­do asso­ci­adas em con­jun­to com algo­rit­mos avança­dos, além da inteligên­cia arti­fi­cial (IA), poden­do ser aber­ta uma por­ta para abu­sos, crimes e irreg­u­lar­i­dades”, aler­ta Karen Borges, ger­ente Adjun­ta da Asses­so­ria Jurídi­ca do Núcleo de Infor­mação e Coor­de­nação do Pon­to BR (NIC.br).

Após ter a imagem da sua íris cole­ta­da, a empre­sa paga cer­ca de 48 world­coins [tokens de gestão da rede], uma espé­cie de crip­to­moe­da da própria empre­sa, que pode ser con­ver­ti­da em crip­to­moedas ou em reais e depois saca­da. Por se tratar de uma crip­to­moe­da, o val­or da world­coin varia com fre­quên­cia. Segun­do o site Coin­base a moe­da esta­va avali­a­da em R$ 13,22, às 18h do dia 16 de janeiro.

Tudo isso parece razoavel­mente sim­ples, mas espe­cial­is­tas aler­tam que o escanea­men­to de íris pode rep­re­sen­tar riscos à segu­rança e à pri­vaci­dade dos dados.

“Esta­mos falan­do de um dado bio­métri­co úni­co em ter­mos de dado pes­soal, é um dado que é capaz de te iden­ti­ficar e te aut­en­ticar des­de o iní­cio da sua vida até o final dela. Então existe uma sen­si­bil­i­dade muito grande em ced­er esse tipo de dado para uma ini­cia­ti­va como essa. Não só como essa, mas como out­ras que pos­sam sur­gir no mes­mo for­ma­to da Worl­dID. Então, o que eu diria é o seguinte, as pes­soas devem refle­tir sobre o tipo de dado que está sendo cole­ta­do e para o que estão con­sentin­do no fornec­i­men­to dess­es dados”, avi­sou Paschoali­ni.

Pela Lei Ger­al de Pro­teção de Dados (LGPD), a íris é con­sid­er­a­da um dado bio­métri­co ou um dado pes­soal sen­sív­el. E, por isso, para tra­bal­har com ess­es dados, é necessário con­sen­ti­men­to, como a empre­sa tem feito por meio do aplica­ti­vo. No entan­to, esclare­ceu Paschoali­ni, esse con­sen­ti­men­to pre­cisa ser qual­i­fi­ca­do.

“Esta­mos falan­do de con­sen­ti­men­to qual­i­fi­ca­do, definido pela LGPD como uma man­i­fes­tação livre, inequívo­ca e infor­ma­da. O que tem um pon­to de pre­ocu­pação é o fato de haver com­pen­sação finan­ceira. Ain­da que a empre­sa afirme que não é um paga­men­to pelo con­sen­ti­men­to, o que temos vis­to é que existe uma asso­ci­ação ime­di­a­ta entre o rece­bi­men­to dos val­ores finan­ceiros e autor­iza­ção para o escanea­men­to da íris. Ou seja, a impressão que pas­sa é a de que o sujeito não está indo lá cole­tar a sua íris pela final­i­dade de se aut­en­ticar online, mas sim inter­es­sa­do em rece­ber aque­les val­ores prometi­dos e ofer­e­ci­dos. ERsta­mos falan­do de pes­soas poten­cial­mente mais pobres aderindo a essa práti­ca.”

“Não há dúvi­das de que a cole­ta de dados por din­heiro é uma práti­ca duvi­dosa, poden­do ser car­ac­ter­i­za­da como explo­ração de pop­u­lações vul­neráveis. O din­heiro aca­ba sendo um atra­ti­vo no primeiro momen­to, fazen­do com as pes­soas descon­sid­erem os riscos por trás da ini­cia­ti­va, a exem­p­lo do risco de vaza­men­to de mar­cadores exclu­sivos de iden­ti­fi­cação. Por isso, é fun­da­men­tal que as autori­dades inves­tiguem esse tipo de ini­cia­ti­va, garan­ti­n­do que o dire­ito à pri­vaci­dade e pro­teção aos dados dos tit­u­lares sejam respeita­dos”, ressaltou Karen Borges.

Escolha própria

Rodri­go Tozzi, chefe de oper­ações no Brasil da Tools for Human­i­ty, empre­sa colab­o­rado­ra do pro­to­co­lo World, nega que a empre­sa faça algum paga­men­to. “Os usuários que ver­i­fi­cam sua humanidade podem escol­her serem rec­om­pen­sa­dos com unidades de um token, um ati­vo vir­tu­al, chama­do World­coin. Fazen­do uma com­para­ção, é como se fos­se uma ação do pro­to­co­lo, que pode ser ven­di­da no mer­ca­do, como se vende uma ação em bol­sa, e o val­or obti­do depen­derá do val­or do ati­vo no momen­to da ven­da. Atual­mente, os usuários recebem 48 World­coins no total. São 20 World­coins 48 horas após o momen­to do escanea­men­to, e as out­ras 28 divi­di­das pelos próx­i­mos 12 meses após o escanea­men­to. Tra­ta-se de um incen­ti­vo à adoção da pro­va de humanidade”, expli­cou.

Segurança e transparência dos dados

Out­ro risco que Paschoali­ni vê no pro­ced­i­men­to que está sendo ado­ta­do pela empre­sa é de que ela não tem garan­ti­da a segu­rança e a anon­i­miza­ção dos dados. “E isso pode ger­ar riscos, como o de vaza­men­to de dados. E aí, espe­cial­mente com dados pes­soais sen­síveis e bio­métri­cos como a íris, você pode escalar para situ­ações de vio­lações a dire­itos de não dis­crim­i­nação ou para a própria difi­cul­dade ou impos­si­bil­i­dade de aut­en­ticar aque­la pes­soa ver­dadeira­mente, con­sideran­do que foi romp­i­da a relação de con­fi­ança que exis­tia no proces­so de trata­men­to de dados”, disse Paschoali­ni.

A ger­ente do NIC.br aler­ta tam­bém sobre a questão da transparên­cia no proces­so de cole­ta e no proces­sa­men­to e armazena­men­to dos dados. “Um dos princí­pios da LGPD é a transparên­cia. Por isso, é fun­da­men­tal que essas pes­soas ten­ham con­hec­i­men­to sobre o trata­men­to de seus dados pes­soais, iden­ti­fiquem uma final­i­dade clara ao pro­ced­i­men­to que estão se sub­me­tendo, leiam aten­ta­mente o ter­mo de con­sen­ti­men­to que estão assi­nan­do e ava­liem a real neces­si­dade da cole­ta de seus dados bio­métri­cos para a final­i­dade indi­ca­da”, disse.

Por meio de nota, a Fun­dação World Foun­da­tion disse que “não é inco­mum que ideias ino­vado­ras e novas tec­nolo­gias lev­an­tem questões”.

“A Fun­dação World Foun­da­tion acred­i­ta que é impor­tante que os reg­u­ladores busquem infor­mações ou esclarec­i­men­tos sobre suas pre­ocu­pações. A Fun­dação World está em total con­formi­dade com todas as leis e reg­u­la­men­tos aplicáveis que regem o proces­sa­men­to de dados pes­soais nos mer­ca­dos onde a World opera. Isso inclui, mas não se limi­ta à Lei de Pro­teção de Dados Pes­soais do Brasil ou LGPD (13.709/2018). Por meio do uso de tec­nolo­gia de pon­ta, a World define os mais altos padrões de pri­vaci­dade e segu­rança e incor­po­ra recur­sos avança­dos de preser­vação da pri­vaci­dade”, infor­mou.

Empresa

À Agên­cia Brasil, Rodri­go Tozzi, chefe de oper­ações no Brasil da Tools for Human­i­ty, empre­sa colab­o­rado­ra do pro­to­co­lo World, expli­cou que a World “é um pro­to­co­lo aber­to e descen­tral­iza­do que tem como obje­ti­vo aju­dar as pes­soas a difer­en­ciar inter­ações humanas reais daque­las impul­sion­adas por inteligên­cia arti­fi­cial (IA), além de aumen­tar o aces­so à econo­mia dig­i­tal glob­al e pro­te­ger a con­fi­ança e a pri­vaci­dade online”.

Segun­do Tozzi, com os desafios pro­pos­tos pela inteligên­cia arti­fi­cial tais como as deep­fakes, as fraudes de iden­ti­dade e a desin­for­mação, “uma pro­va de humanidade se impõe como condição para que humanos e IA coex­is­tam de for­ma segu­ra e pro­du­ti­va no ambi­ente dig­i­tal”.

Tozzi infor­mou que a empre­sa está faz com o escanea­men­to de íris é uma ver­i­fi­cação de humanidade e que a empre­sa preza pela anon­i­miza­ção dos dados.

Seres humanos únicos

“Para ver­i­ficar sua humanidade, os inter­es­sa­dos maiores de 18 anos devem baixar o World App e agen­dar um horário em um dos locais de ver­i­fi­cação espal­ha­dos por São Paulo. Lá, um dis­pos­i­ti­vo de últi­ma ger­ação chama­do Orb, que se assemel­ha a uma câmera fotográ­fi­ca de alta res­olução, cap­tura uma imagem do olho e do ros­to, que é ime­di­ata­mente con­ver­ti­da por algo­rit­mos em uma rep­re­sen­tação numéri­ca chama­da de códi­go de íris. A íris é a maneira mais segu­ra e con­fiáv­el de ver­i­ficar que as pes­soas são seres humanos úni­cos sem solic­i­tar dados pes­soais iden­ti­ficáveis como nome, idade, endereço ou doc­u­men­to. As ima­gens orig­i­nais da íris são então crip­tografadas de pon­ta-a-pon­ta, envi­adas para o tele­fone da pes­soa e pronta­mente dele­tadas da Orb”, disse.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, ele expli­cou que os códi­gos de íris são fra­ciona­dos por meio de crip­tografia avança­da e então armazena­dos em “nós com­puta­cionais oper­a­dos por uni­ver­si­dades e ter­ceiros con­fiáveis, como as Uni­ver­si­dades de Berke­ley, nos Esta­dos Unidos, e Friedrich Alexan­der Erlan­gen-Nürn­berg, na Ale­man­ha. Os frag­men­tos crip­tografa­dos não rev­e­lam nada sobre o indi­ví­duo nem podem ser efe­ti­va­mente vin­cu­la­dos de vol­ta a ele. A World asse­gu­ra a efe­ti­va anon­i­miza­ção dos dados”, disse.

Para ele, as pre­ocu­pações dos espe­cial­is­tas se deve prin­ci­pal­mente “à fal­ta de infor­mações con­fiáveis a respeito do pro­je­to e de suas pre­mis­sas”.

“A World não colo­ca em risco a pri­vaci­dade das pes­soas, muito pelo con­trário, é uma rede pro­je­ta­da para pro­te­ger a pri­vaci­dade, per­mitin­do uma pro­va de humanidade pri­va­da e anôn­i­ma, sem a neces­si­dade de saber infor­mações pes­soais, como nome, doc­u­men­to, tele­fone ou e‑mail. A World não armazena dados pes­soais dos usuários. O pro­to­co­lo sequer solici­ta dados pes­soais. A úni­ca infor­mação exigi­da dos usuários é uma com­pro­vação de que são maiores de idade, via apre­sen­tação de doc­u­men­to pes­soal nos locais de ver­i­fi­cação”, disse o chefe de oper­ações no Brasil.

Fiscalização

Pre­ocu­pa­da com os pos­síveis riscos, a Autori­dade Nacional de Pro­teção de Dados (ANPD), vin­cu­la­da ao Min­istério da Justiça e Segu­rança Públi­ca instau­rou um proces­so de fis­cal­iza­ção para “inves­ti­gar o trata­men­to de dados bio­métri­cos de usuários no con­tex­to do pro­je­to World ID”.

Para essa fis­cal­iza­ção, a ANPD pediu que a Tools for Human­i­ty preste esclarec­i­men­tos sobre alguns pon­tos como o con­tex­to em que ocor­rem estas ativi­dades e a transparên­cia no trata­men­to dos dados pes­soais dessas pes­soas que têm sua íris escanea­da.

Em nota pub­li­ca­da na últi­ma quin­ta-feira, o órgão infor­mou que a Tools for Human­i­ty encam­in­hou os doc­u­men­tos e as infor­mações requeri­das. “Atual­mente, o proces­so encon­tra-se em fase de análise da doc­u­men­tação apre­sen­ta­da e o seu anda­men­to pode ser acom­pan­hado por qual­quer inter­es­sa­do, por meio do módu­lo de pesquisa públi­ca da ANPD, local­iza­do no

“Os dados pes­soais bio­métri­cos, tais como a pal­ma da mão, as dig­i­tais dos dedos, a reti­na ou a íris dos olhos, o for­ma­to da face, a voz e a maneira de andar con­stituem dados pes­soais sen­síveis. Em razão dos riscos mais ele­va­dos que o trata­men­to desse tipo de dado pes­soal pode ofer­e­cer, o leg­is­lador con­feriu a eles regime de pro­teção mais rig­oroso, lim­i­tan­do as hipóte­ses legais que autor­izam o seu trata­men­to”, infor­mou a ANPD.

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