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PF aponta envolvimento de suplente de senadora em tentativa de golpe

Tenente Portela é suplente da senadora Tereza Cristina

Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 27/11/2024 — 13:47
Brasília
Brasília (DF) 27/11/2024 - Ana Portela (e) ex presidente Jair Bolsonaro (c) e presidente do diretorio estadual do PL (MS), Tenete Portela (d) jposam para foto Foto: Ana Portela/Istagram
Repro­dução: © Ana Portela/Istagram

Os agentes da Polí­cia Fed­er­al (PF) que apu­ram a supos­ta ten­ta­ti­va de golpe de Esta­do e abolição vio­len­ta do Esta­do Democráti­co de Dire­ito apon­tam o pres­i­dente do diretório do PL em Mato Grosso do Sul e suplente no Sena­do Apare­ci­do Andrade Portela, o Tenente Portela, como um inter­mediário entre o gov­er­no do então pres­i­dente da Repúbli­ca Jair Bol­sonaro e finan­ciadores das man­i­fes­tações anti­democráti­cas que bus­cav­am impedir a posse do pres­i­dente eleito Luiz Iná­cio Lula da Sil­va e de seu vice, Ger­al­do Alck­min.

“O avanço das anális­es de tele­fones celu­lares apreen­di­dos [ao lon­go das inves­ti­gações] pos­si­bil­i­tou a iden­ti­fi­cação de novos inves­ti­ga­dos rela­ciona­dos aos fatos apu­ra­dos”, afir­mam os agentes fed­erais no relatório que a PF entre­gou ao Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF), que tornou públi­co o teor do doc­u­men­to antes de encam­in­há-lo à Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca (PGR). Cabe à qual PGR ofer­e­cer denún­cia ou pedir o arquiv­a­men­to do inquéri­to, no qual a PF indi­cia 37 pes­soas – Portela não está entre elas.

“Os ele­men­tos de pro­va indicam que Portela atu­ou como um inter­mediário entre o gov­er­no do [ex] pres­i­dente Jair Bol­sonaro e finan­ciadores das man­i­fes­tações anti­democráti­cas res­i­dentes no esta­do do Mato Grosso do Sul”, acres­cen­tam os inves­ti­gadores, no relatório.

Segun­do a PF, Portela e Bol­sonaro são ami­gos próx­i­mos des­de o fim da déca­da de 1970, quan­do ambos servi­ram no 9° Grupo de Artil­haria de Cam­pan­ha, em Nioaque, a cer­ca de 184 quilômet­ros de Cam­po Grande. Com base em notí­cias de jor­nais sul-mato-grossens­es, os inves­ti­gadores afir­mam que Portela foi indi­ca­do pelo ex-pres­i­dente para ser o suplente da atu­al senado­ra Tereza Cristi­na. E rev­e­lam que, em dezem­bro de 2022, quan­do mil­itares estavam pon­do em práti­ca um supos­to plano para assas­si­nar Lula, Alck­min e o min­istro Alexan­dre de Moraes, do STF, Portela esteve ao menos 13 vezes no Palá­cio do Alvo­ra­da, em Brasília, con­forme os reg­istros de entra­da e saí­da de pes­soas da residên­cia pres­i­den­cial ofi­cial.

Como for­ma de dar mate­ri­al­i­dade a suas con­clusões, os inves­ti­gadores anexaram ao relatório entregue ao STF cópias de men­sagens que afir­mam que Portela tro­cou com o ex-aju­dante de ordens de Bol­sonaro, o tenente-coro­nel Mau­ro Cid, um dos prin­ci­pais inves­ti­ga­dos pela supos­ta ten­ta­ti­va de golpe de Esta­do. Em uma das con­ver­sas, de 26 de dezem­bro, Portela diz a Cid que “o pes­soal que colaborou com a carne” para a “real­iza­ção de um chur­ras­co” estão cobran­do sobre o que será feito. Para a PF, o ter­mo chur­ras­co foi uma alusão ao plano de golpe de Esta­do, e as pes­soas que finan­cia­ram os atos anti­democráti­cos “estari­am cobran­do a con­sumação do ato de rup­tura insti­tu­cional pelo pres­i­dente Jair Bol­sonaro”. Em respos­ta, Cid se ofer­ece para, se necessário, falar com os inter­locu­tores de Portela, “para tirar da sua con­ta”. “Se eles vier aqui em casa, eu ligo por viva vós (sic)…Vamos vencer de algu­ma for­ma”, reage Portela, reforçan­do a avali­ação dos inves­ti­gadores de que o suplente de senador e o então pres­i­dente tin­ham “obje­tivos em comum”.

“Os diál­o­gos, real­iza­dos através de men­sagens cifradas, téc­ni­ca comum no meio mil­i­tar, demon­stram que os inter­locu­tores ain­da tin­ham esper­ança de con­cretizar o plano que esta­va em ação des­de o fim do 2° turno das eleições pres­i­den­ci­ais de 2022”, avaliam os agentes fed­erais. “Ao ser cobra­do por uma ação mais con­tun­dente do então pres­i­dente (‘‘real­iza­ção de um chur­ras­co’’), Mau­ro Cid ten­ta man­ter o âni­mo do ali­a­do, ao diz­er que ain­da tem esper­ança de que seja des­en­cadea­da algu­ma ação: ‘Nada ain­da está acaba­do de nos­sa parte’”.

Cid via­jou para os Esta­dos Unidos poucos dias após ten­tar enco­ra­jar Portela, que, a esta altura, já o ques­tion­a­va se “[há] algu­ma esper­ança ain­da ou podemos aceitar a der­ro­ta”. A par­tir de 9 de janeiro, um dia após uma mul­ti­dão invadir e depredar o Con­gres­so Nacional, o Palá­cio do Planal­to e o pré­dio do STF, as men­sagens de Portela para Cid deno­tam pre­ocu­pação com a ráp­i­da reação das insti­tu­ições democráti­cas. “No dia 12/01/2023, Tenente Portela encam­in­ha men­sagem em tom de deses­pero rela­tan­do que ‘‘pes­soal está em cima de mim aqui, infe­liz­mente vou ter que devolver a parte desse pes­soal, min­ha vida está um infer­no”. Acres­cen­ta ain­da que ten­taria pagar os val­ores de for­ma parce­la­da, mas que não teria car­go algum e que ten­tou pegar um emprés­ti­mo consigna­do, mas que não teria margem sufi­ciente”, apon­tam os inves­ti­gadores no relatório.

Agên­cia Brasil entrou em con­ta­to com Tenente Portela e aguar­da uma respos­ta.

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