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PF conclui inquérito sobre assassinato de Bruno Pereira e Dom Philips

Relatório mantém indiciamento de nove investigados

Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 04/11/2024 — 12:52
Brasília
05/06/2023 - Londres - Bruno Pereira e Dom Phillips presentes! Marco temporal não! Em Londres. Foto: Opi.Isolados/ Instagram
Repro­dução: © Opi.Isolados/ Insta­gram

Após quase dois anos e meio de inves­ti­gações, a Polí­cia Fed­er­al (PF) con­cluiu, na últi­ma sex­ta-feira (1º), o inquéri­to sobre os assas­si­natos do indi­genista Bruno Pereira e do jor­nal­ista britâni­co Dom Phillips.

“A inves­ti­gação con­fir­mou que os assas­si­natos foram em decor­rên­cia das ativi­dades fis­cal­iza­tórias pro­movi­das por Bruno Pereira na região. A víti­ma atu­a­va em defe­sa da preser­vação ambi­en­tal e na garan­tia dos dire­itos indí­ge­nas”, diz nota.

Pereira e Phillips foram mor­tos a tiros em 5 de jun­ho de 2022, em Ata­la­ia do Norte, no Ama­zonas, quan­do vis­i­tavam comu­nidades próx­i­mas à Ter­ra Indí­ge­na Vale do Javari, a segun­da maior área do país des­ti­na­da ao usufru­to exclu­si­vo indí­ge­na e que abri­ga a maior con­cen­tração de povos iso­la­dos em todo o mun­do.

No relatório final sobre a apu­ração, a PF man­teve o indi­ci­a­men­to de nove inves­ti­ga­dos. Ou seja, o órgão ofer­e­ceu denún­cia ao Min­istério Públi­co Fed­er­al (MPF) de nove pes­soas con­tra as quais asse­gu­ra ter reunido provas sufi­cientes para acusá-las de par­tic­i­par do dup­lo homicí­dio. O MPF pode pedir o arquiv­a­men­to, caso enten­da não haver ele­men­tos pro­batórios con­tra os inves­ti­ga­dos, ou denun­ciá-los à Justiça Fed­er­al, trans­for­man­do-os em réus.

Entre os indi­ci­a­dos está Ruben Dario da Sil­va Vil­lar, apon­ta­do como man­dante do crime. Sem citar nomes, a PF infor­mou que os out­ros oito indi­ci­a­dos tiver­am papéis na exe­cução dos homicí­dios e na ocul­tação dos cadáveres das víti­mas.

A reportagem ain­da não con­seguiu con­ta­to com a defe­sa de Vil­lar, que já tin­ha sido indi­ci­a­do pelo mes­mo moti­vo em janeiro de 2023, quan­do a PF divul­gou que tin­ha iden­ti­fi­ca­do  a maio­r­ia das pes­soas envolvi­das no assas­si­na­to.

“Temos provas de que ele [Colôm­bia] forne­cia munições para o Jef­fer­son e o Amar­il­do, as mes­mas encon­tradas no caso”, disse, na época, o então super­in­ten­dente region­al da PF no Ama­zonas, Alexan­dre Fontes, afir­man­do que Vil­lar tam­bém pagou as despe­sas ini­ci­ais com a defe­sa de Amar­il­do da Cos­ta Oliveira, o Pela­do, primeiro sus­peito a ser pre­so, em 7 de jun­ho de 2022.

Interesses contrariados

Colab­o­rador de pub­li­cações jor­nalís­ti­cas pres­ti­giadas, como os jor­nais britâni­co The Guardian e os esta­do-unidens­es The New York Times e Wash­ing­ton Post, Dom Phillips, 57 anos, via­jou à região com o propósi­to de entre­vis­tar lid­er­anças indí­ge­nas e ribeir­in­hos para um novo livro-reportagem sobre a Amazô­nia que plane­ja­va escr­ev­er.

Emb­o­ra falasse por­tuguês flu­ente­mente e já tivesse vis­i­ta­do a região out­ras vezes, Phillips via­ja­va na com­pan­hia de Pereira por este ser um expe­ri­ente indi­genista Pereira. Com 41 anos de idade, esta­va licen­ci­a­do da Fun­dação Nacional dos Povos Indí­ge­nas (Funai) des­de fevereiro de 2020, por questões políti­cas, e atu­a­va como con­sul­tor téc­ni­co da orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal União dos Povos Indí­ge­nas do Vale do Javari (Uni­va­ja).

Os agentes da PF respon­sáveis pela apu­ração do crime con­cluíram que Pereira e Phillips foram mor­tos em decor­rên­cia do tra­bal­ho do indi­genista. Mes­mo licen­ci­a­do da Funai, Pereira con­tin­u­ou con­trar­ian­do inter­ess­es de gru­pos que ameaçam o bem-estar e a inte­gri­dade de parte da pop­u­lação local. Na Uni­va­ja, aux­il­i­a­va na imple­men­tação de pro­je­tos para per­mi­tir às comu­nidades tradi­cionais pro­te­ger seus ter­ritórios e os recur­sos nat­u­rais neles exis­tentes.

“A víti­ma atu­a­va em defe­sa da preser­vação ambi­en­tal e na garan­tia dos dire­itos indí­ge­nas”, desta­cou a PF, na nota que divul­gou hoje – e na qual reforça que segue mon­i­toran­do os riscos aos habi­tantes da região do Vale do Javari e que con­tin­ua inves­ti­gan­do ameaças con­tra indí­ge­nas que vivem na mes­ma região onde Pereira e Phillips foram mor­tos.

Linha do Tempo - Bruno Pereira e Dom Philips
Repro­dução:  Lin­ha do Tem­po — Bruno Pereira e Dom Philips — Arte/Agência Brasil
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