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PF diz que presentes saíram do Brasil em mala no avião presidencial

Repro­dução: © Divul­gação Polí­cia Fed­er­al

Desvio teve participação do então ajudante de ordens de Bolsonaro


Pub­li­ca­do em 11/08/2023 — 16:20 Por André Richter — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Após inves­ti­gações, a Polí­cia Fed­er­al (PF) infor­mou que pre­sentes rece­bidos pelo gov­er­no do pres­i­dente Jair Bol­sonaro saíram do país em uma mala trans­porta­da no avião pres­i­den­cial.

De acor­do com a PF, o então aju­dante de ordens de Bol­sonaro Mau­ro Cid par­ticipou do desvio dos itens. O trans­porte ocor­reu no dia 30 de dezem­bro ano pas­sa­do, quan­do Bol­sonaro via­jou para os Esta­dos Unidos, nos últi­mos dias de manda­to.

As con­clusões estão no relatório da inves­ti­gação que baseou a defla­gração da Oper­ação Lucas 12:2, que apu­ra o supos­to fun­ciona­men­to de uma orga­ni­za­ção crim­i­nosa para desviar e vender pre­sentes de autori­dades estrangeiras durante o gov­er­no Bol­sonaro.

Na man­hã des­ta sex­ta-feira (11), a PF real­i­zou bus­cas e apreen­sões con­tra Mau­ro Cid, o pai dele, gen­er­al de Exérci­to, Mau­ro Loure­na Cid, e o ex-advo­ga­do de Bol­sonaro Fred­er­ick Wassef.

Con­forme regras do Tri­bunal de Con­tas da União (TCU), os pre­sentes de gov­er­no estrangeiros devem ser incor­po­ra­dos ao Gabi­nete Adjun­to de Doc­u­men­tação Históri­ca, setor da Presidên­cia da Repúbli­ca respon­sáv­el pela guar­da dos itens, que não pode­ri­am ficar no acer­vo pes­soal do chefe do gov­er­no.

Relógios e esculturas

Segun­do as inves­ti­gações, os desvios começam em mea­d­os de 2022 e ter­mi­naram no iní­cio deste ano. Em um dos casos descober­tos pela PF,  o gen­er­al Cid rece­beu na própria con­ta bancária US$ 68 mil pela ven­da de dois reló­gios, um Patek Phillip e um Rolex. O mil­i­tar tra­bal­ha­va no escritório da ApexBrasil (Agên­cia Brasileira de Pro­moção de Expor­tações e Inves­ti­men­tos), em Mia­mi.

De acor­do com as inves­ti­gações real­izadas até o momen­to, entre os itens que foram reti­ra­dos do país no dia 30 de dezem­bro, estão escul­turas de um bar­co e de uma palmeira fol­headas a ouro, rece­bidas por Bol­sonaro durante viagem ao Bahrein, em 2021.

Con­forme a inves­ti­gação, Mau­ro Cid ten­tou vender os itens em lojas espe­cial­izadas na Flóri­da, Esta­dos Unidos, mas não con­seguiu porque não eram 100% de ouro.

Out­ro pre­sente desvi­a­do foi um con­jun­to mas­culi­no de joias da mar­ca suíça de acessórios de luxo Chopard, com­pos­to por cane­ta, abotoadu­ra, anel, rosário árabe e reló­gio. Os pre­sentes foram rece­bidos durante viagem pres­i­den­cial a Arábia Sau­di­ta, em 2021.

Segun­do a PF, Mau­ro Cid nego­ciou o kit em uma casa de leilão de arti­gos de luxo nos Esta­dos Unidos, mas as joias não foram arrematadas. Os inves­ti­gadores esti­maram que os itens podem valer US$ 120 mil.

“Os ele­men­tos de pro­va indicam, com robustez, que os bens con­stantes do segun­do con­jun­to foram eva­di­dos do Brasil, tam­bém em mala trans­porta­da no avião pres­i­den­cial em 30/12/2022, para os Esta­dos Unidos da Améri­ca, onde foram encam­in­hadas, pelos mes­mos agentes, prin­ci­pal­mente Mau­ro Cid e Mau­ro Loure­na Cid para a casa espe­cial­iza­da em leilão For­tu­na Auc­tion, onde não foram arremata­dos por cir­cun­stân­cias alheias à con­ta dos agentes.”

Descoberta

A PF tam­bém infor­mou que foi real­iza­da uma “oper­ação para devolução” de um kit de joias após a impren­sa divul­gar as primeiras infor­mações sobre o caso dos pre­sentes rece­bidos por autori­dades estrangeiras, e o Tri­bunal de Con­tas da União (TCU) deter­mi­nar a devolução.

Con­forme inquéri­to, a devolução do kit foi fei­ta em duas eta­pas. De acor­do com a PF, Fred­er­ick Wassef, ex-advo­ga­do de Bol­sonaro, recu­per­ou um dos reló­gios Rolex, que havia sido ven­di­do, e o trouxe ao Brasil após viagem dos Esta­dos Unidos. Em segui­da, o reló­gio foi entregue à Caixa Econômi­ca Fed­er­al.

Em out­ro voo, Mau­ro Cid saiu de Mia­mi para Brasília e entre­gou o restante das joias do kit para Osmar Criv­e­lat­ti, que tam­bém foi aju­dante de ordens de Bol­sonaro.

“O reló­gio Rolex Day-Date ven­di­do para a empre­sa Pre­ci­sion Watch­es, foi recu­per­a­do no dia 14/03/2023 pelo advo­ga­do Fred­er­ick Wassef, que retornou com o referi­do bem ao Brasil na data de 29/3/2023. O men­ciona­do advo­ga­do entre­gou o bem a Mau­ro Cid, em 2/4/2023, na cidade de São Paulo, que, a seu turno, retornou o bem à Brasília na mes­ma data, entre­gan­do o bem para Osmar Criv­e­lat­ti”, disse a PF.

Defesa

Agên­cia Brasil entrou com con­ta­to com a defe­sa de Mau­ro Cid e aguar­da retorno. A reportagem tam­bém bus­ca con­ta­to com as defe­sas dos out­ros envolvi­dos.

Edição: Nádia Fran­co

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