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PNAD: mulheres gastam quase o dobro de tempo no serviço doméstico

Repro­dução: © valtercirillo/Pixabay

Elas usam em média 21,3 horas semanais, enquanto os homens, 11,7


Pub­li­ca­do em 11/08/2023 — 14:44 Por Bruno de Fre­itas Moura — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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As mul­heres dedicam aos afaz­eres domés­ti­cos e cuida­dos de pes­soas quase o dobro do tem­po gas­to pelos home­ns. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Con­tínua 2022, elab­o­ra­da pelo Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE), rev­ela que as mul­heres pas­sam, em média, 21,3 horas sem­anais nes­sas ativi­dades, enquan­to os home­ns uti­lizam 11,7 horas.  

A Pnad avaliou a par­tic­i­pação de pes­soas com 14 anos ou mais de idade em ativi­dades como cuidar da casa, da roupa, faz­er comi­da e com­pras, por exem­p­lo. Além dis­so, os agentes do IBGE cole­taram infor­mações sobre o cuida­do dis­pen­sa­do a cri­anças, idosos, enfer­mos e pes­soas com defi­ciên­cia.

O lev­an­ta­men­to apon­tou que as 9,6 horas que as mul­heres tra­bal­ham a mais que os home­ns rep­re­sen­tam uma diminuição em relação à pesquisa de 2019, quan­do a difer­ença era de 10,6 horas. Por causa da pan­demia da covid-19, essa pesquisa não foi fei­ta nos anos 2020 e 2021.

Em 2022, 148,1 mil­hões de pes­soas se dedicaram a cuida­dos da casa ou de pes­soas. Isso rep­re­sen­ta 85,4% da pop­u­lação de 14 anos ou mais de idade. A Pnad detal­ha que enquan­to 91,3% das mul­heres realizaram algu­ma ativi­dade rela­ciona­da a afaz­eres domés­ti­cos, esse per­centu­al foi de 79,2% entre os home­ns.

Entre 2019 e 2022, a pro­porção de mul­heres que exerce­r­am essas ativi­dades caiu 1,1 pon­to per­centu­al. “Mas não dá para afir­mar que a divisão de tare­fas ficou mais equi­li­bra­da porque, entre os home­ns, a taxa ficou estáv­el, pas­san­do de 79% para 79,2% no perío­do”, diz a anal­ista da pesquisa, Alessan­dra Brito.

Um detal­he iden­ti­fi­ca­do é que o homem gas­ta mais horas (14,3 horas sem­anais) em cuida­dos da casa quan­do ele mora soz­in­ho. Já entre as mul­heres, é o inver­so. Elas pre­cisam dedicar mais tem­po nos afaz­eres domés­ti­cos quan­do divi­dem o lar (até 24,1 horas sem­anais). “Seja por ter uma cri­ança ali para ser cuida­da ou por ter mais tare­fas domés­ti­cas, por ter mais moradores no domicílio”, diz a anal­ista do IBGE.

11/08/2023,
Repro­dução: Afaz­eres domés­ti­cos: pesquisa mostra taman­ho da desigual­dade de gênero– Arte/IBGE

Mulheres pretas

Ao detal­har a pro­porção do tra­bal­ho domés­ti­co entre as mul­heres, a pesquisa ver­i­fi­cou que as pre­tas têm o maior índice de real­iza­ção das tare­fas (92,7%), superan­do as par­das (91,9%) e bran­cas (90,5%).

O lev­an­ta­men­to do IBGE apon­ta tam­bém que quan­to maior a esco­lar­i­dade dos home­ns, maior a pro­porção dos que cuidam da casa ou de pes­soas. Enquan­to o índice entre os sem instrução ou ensi­no fun­da­men­tal incom­ple­to é de 74,4%, o dos que têm o ensi­no supe­ri­or com­ple­to é de 86,2%.

A pesquisa apre­sen­ta difer­enças na divisão do tra­bal­ho domés­ti­co de acor­do com a região do país. Entre as mul­heres nordes­ti­nas, 89,7% fazem ativi­dades em casa, con­tra 71,6% entre os home­ns. Essa difer­ença de 18,1 pon­tos per­centu­ais (p.p.) é a maior do país. A menor difer­ença é no Sul (9,3 p.p.).

Cuidado de pessoas

Hou­ve uma diminuição no número de pes­soas que dedicaram algum cuida­do para moradores da casa ou par­entes. No ano pas­sa­do foram 50,8 mil­hões de pes­soas. Isso rep­re­sen­ta 5,3 mil­hões a menos que em 2019.

“Essa redução pode estar rela­ciona­da à diminuição da neces­si­dade do cuida­do com cri­anças, dev­i­do à menor fecun­di­dade na pan­demia. Ou pode estar lig­a­da ao aumen­to da ocu­pação no mer­ca­do de tra­bal­ho em 2022, reduzin­do a disponi­bil­i­dade das pes­soas para o cuida­do”, anal­isa Alessan­dra Brito.

Mais uma vez, a taxa de real­iza­ção dess­es cuida­dos se difer­en­cia con­forme o sexo: 34,9% das mul­heres e 23,3% dos home­ns.

Trabalho voluntário

O IBGE tam­bém se debruçou em cima de infor­mações sobre real­iza­ção de tra­bal­ho vol­un­tário. Em 2022, 7,3 mil­hões de pes­soas (4,2%) exerce­r­am algum vol­un­tari­a­do. Um aumen­to de 603 mil pes­soas em relação a 2019. A taxa de real­iza­ção é maior entre as mul­heres, 4,9% con­tra 3,5% dos home­ns.

Com o aumen­to da esco­lar­i­dade, aumen­ta a pro­porção de real­iza­ção do tra­bal­ho vol­un­tário. Entre os sem instrução ou ensi­no fun­da­men­tal incom­ple­to, a taxa é de 2,7%. Entre os com supe­ri­or com­ple­to é 6,9%.

Out­ro fator que leva ao aumen­to do vol­un­tari­a­do é a idade. Entre as pes­soas de 14 a 24 anos, a taxa é de 2,5%. Entre os que têm 50 anos ou mais, 4,8%.

Ape­sar do aumen­to no número de pes­soas que fiz­er­am tra­bal­ho vol­un­tário, a média de 6,6 horas sem­anais ficou estáv­el em relação à pesquisa de 2019.

A fre­quên­cia do tra­bal­ho vol­un­tário se alter­ou. A maior parte das pes­soas (42,3%) faz essas ativi­dades qua­tro ou mais vezes por mês. Eram 46% em 2019. Já os que fazem even­tual­mente ou pelo menos uma vez por mês eram 39,4% em 2022, con­tra 37,5% em 2019.

Edição: Aline Leal

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