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PNI faz 50 anos; agentes comunitários e técnicos garantem capilaridade

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Busca ativa de não vacinados é uma das estratégias do programa


Pub­li­ca­do em 18/09/2023 — 07:15 Por Viní­cius Lis­boa — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Há sete anos, uma sim­ples ida ao mer­ca­do já não é a mes­ma para Maria Lúcia de Araújo, de 54 anos. Seja na área de lat­icínios ou na de pro­du­tos de limpeza, ela não con­segue evi­tar falar sobre vaci­nas, con­sul­tas médi­cas ou exam­es que pre­cisam ser agen­da­dos. A morado­ra de Ira­já, na zona norte do Rio de Janeiro, é agente comu­nitária de saúde e mora na região que per­corre diari­a­mente para levar a capi­lar­i­dade do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) à casa dos pacientes. Refer­ên­cia na rua, na padaria, ou no super­me­r­ca­do, Maria Lúcia está sem­pre tiran­do dúvi­das.

“Eu gos­to muito, porque é um modo de estar jun­to da pop­u­lação e das pes­soas que real­mente estão pre­cisan­do de um suporte e de uma aju­da. Você adquire muito con­hec­i­men­to e con­segue enten­der cer­tas coisas que, quan­do você está fora da área da saúde, você não entende”, con­ta ela, que é respon­sáv­el por vis­i­tar e acom­pan­har o anda­men­to de trata­men­tos de quase 800 pes­soas.

Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – A agente comunitária de saúde, Maria Lúcia de Araújo e o técnico em enfermagem, João Victor Pinho durante de busca ativa de pacientes com vacinação em atraso em Irajá, na zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Sec­re­taria de Saúde faz bus­ca ati­va de pacientes no Rio, por Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma parte impor­tante do seu tra­bal­ho é, men­salmente, con­ferir por que uma cri­ança que dev­e­ria ter sido vaci­na­da não foi lev­a­da à Clíni­ca da Família Pedro Fer­nan­des Fil­ho para rece­ber a imu­niza­ção. Quan­do o sis­tema indi­ca que fal­ta algu­ma dose, Maria Lúcia vai a cam­po em bus­ca de expli­cações e, prin­ci­pal­mente, de pro­te­ger a cri­ança con­tra as doenças imuno­pre­veníveis.

“A gente acom­pan­ha des­de a bar­ri­ga, no pré-natal, e depois e vamos acom­pan­han­do até os 7 anos. E a gente tem que ter o cuida­do de saber se a mãe está dan­do vaci­na, se está indo às con­sul­tas. E, quan­do ela fal­ta, a gente vai atrás para saber o que está acon­te­cen­do. Como já tem esse vín­cu­lo, elas não ficam melin­dradas e con­tam para gente por que não vier­am. É um vín­cu­lo que a gente cria com as mães des­de a gravidez.”

O tra­bal­ho de bus­ca ati­va de vaci­nação, que sig­nifi­ca res­gatar quem não se vaci­nou, é con­sid­er­a­do uma das estraté­gias mais impor­tantes na recu­per­ação das cober­turas vaci­nais do Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI), que com­ple­ta 50 anos em 2023. E quem arregaça as man­gas e gas­ta as solas em bus­ca dessas cri­anças, adul­tos e idosos são os 295 mil agentes comu­nitários de saúde do país e os 193 mil enfer­meiros e téc­ni­cos de enfer­magem envolvi­dos com a imu­niza­ção nas unidades de saúde, que tam­bém apli­cam os imu­nizantes na casa das pes­soas que não con­segue chegar até a sala de vaci­na mais próx­i­ma.

A enfer­meira Mayra Moura, dire­to­ra da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções, tra­bal­ha com ações de capac­i­tação para profis­sion­ais da pon­ta, e desta­ca que o papel de agentes comu­nitários como Maria Lúcia é essen­cial para que as vaci­nas cheguem a todos, inclu­sive em regiões em que famílias podem ter difi­cul­dades de se deslo­car até uma unidade de saúde ou sala de vaci­na.

Rio de Janeiro (RJ) - Mayra Moura para a matéria sobre rotatividade de profissionais na vacinação impacta coberturasFoto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) — Mayra Moura para a matéria sobre rota­tivi­dade de profis­sion­ais na vaci­nação impacta cober­turas Foto: Arqui­vo Pessoal/Divulgação 

“O agente comu­nitário de saúde é impre­scindív­el. É ele que con­segue dar capi­lar­i­dade ao pro­gra­ma. É ele que tem o aces­so a cada casa, de cada pes­soa. Ele é uma pes­soa muito vista pela comu­nidade, então, ele é uma refer­ên­cia. Esse tra­bal­ho do agente que está na pon­ta, que con­hece as famílias, é muito impor­tante para a adesão dessas famílias”, sub­lin­ha.

“O suces­so do pro­gra­ma, primeiro, é porque a gente con­segue essa capi­lar­i­dade que vem com os agentes, as estraté­gias de saúde da família, e tam­bém porque a equipe den­tro da sala de vaci­na vai a cam­po tam­bém faz­er as vaci­nações. Eles são os profis­sion­ais de refer­ên­cia da pop­u­lação.”

Quan­do Maria Lúcia entra em con­ta­to com uma família que não vaci­nou a cri­ança no momen­to recomen­da­do e fica con­stata­do que aque­les respon­sáveis não vão con­seguir levá-la à sala de vaci­na, o téc­ni­co de enfer­magem João Vic­tor Pin­ho, de 23 anos, car­rega sua caixa tér­mi­ca com as dos­es necessárias e a acom­pan­ha para colo­car em dia mais uma cader­ne­ta de vaci­nação. O téc­ni­co con­ta que é pre­ciso infor­mar dev­i­da­mente cada respon­sáv­el antes de aplicar as vaci­nas, prin­ci­pal­mente em tem­pos de fake news.

“Os pais são infor­ma­dos de quais são as vaci­nas, con­tra o que elas pro­tegem e quais são as reações que podem acon­te­cer. Isso é impor­tante prin­ci­pal­mente depois dos perío­dos que pas­samos, em que foi tão fal­a­do que vaci­nas fari­am mal. As pes­soas estão com mais descon­fi­ança”, con­ta ele.

“Ver as cri­anças des­de a primeira vaci­na e faz­er esse acom­pan­hamen­to é muito grat­i­f­i­cante. Esse sis­tema de bus­ca ati­va que nós real­izamos, com essa importân­cia de irmos atrás, é porque recon­hece­mos que há uma neces­si­dade, mas muitas vezes não há uma disponi­bil­i­dade dos pais e respon­sáveis. É uma exper­iên­cia úni­ca acom­pan­har a tra­jetória das cri­anças que vem aqui se vaci­nar”, com­ple­ta.

Uma das vis­i­tas de Maria Lúcia e João Vic­tor foi à casa dos tra­bal­hadores autônomos Daniel­ly Mar­tins, de 23 anos, e Patrick Rodrigues Viana, de 26. O casal tem dois fil­hos, e o mais novo, Muril­lo Luiz Mar­tins, de 7 meses, acabou per­den­do a ter­ceira dose da vaci­na pen­tava­lente, que previne con­tra tétano, dif­te­ria, coqueluche, hepatite B e con­tra o vírus Haemophilus influen­zae B, cau­sador de menin­gites e pneu­mo­nias. Para quem está na infor­mal­i­dade, perder um dia de tra­bal­ho muitas vezes não é uma opção, con­ta Daniel­ly, que tam­bém aproveitou a visi­ta para dis­cu­tir méto­dos con­tra­cep­tivos com Maria Lúcia.

Rio de Janeiro (RJ), 16/09/2023 – A família do bebê Murillo Luiz Martins, sua irmã Maria Helena Martins, os pais Patrick Rodrigues Viana e Danielly Martins durante atendimento para vacinação em residência, em Irajá, na zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ), 16/09/2023 – A família do bebê Muril­lo Luiz Mar­tins, sua irmã Maria Hele­na Mar­tins, os pais Patrick Rodrigues Viana e Daniel­ly Mar­tins durante atendi­men­to para vaci­nação em residên­cia, em Ira­já, na zona norte da cap­i­tal flu­mi­nense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil 

“Só de eu não ter que ir na clíni­ca, com o tan­to de coisa para faz­er no meu tra­bal­ho e em casa, já me aju­dou bas­tante”, con­ta Daniel­ly, que esta­va inco­moda­da com o atra­so da vaci­nação, mas não con­seguia reser­var um horário entre a roti­na de tra­bal­har e levar a fil­ha mais vel­ha para a creche.

“Sem­pre ten­to deixar todas [vaci­nas] em dia. Eu sem­pre vejo fake news, mas eu não acred­i­to. Eu quero o bem para os meus fil­hos. Tem que estar vaci­na­do e pon­to. Eu acred­i­to no SUS e acabou”, acres­cen­ta ela.

Na visi­ta, João Vic­tor con­feriu a cader­ne­ta de vaci­nação de Muril­lo e aproveitou a opor­tu­nidade para aplicar a ter­ceira dose da vaci­na ina­ti­va­da con­tra a poliomielite, que tam­bém é recomen­da­da para o sex­to mês de vida.

A dire­to­ra da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBIm) Mayra Moura desta­ca que a capac­i­tação dos profis­sion­ais da pon­ta é fun­da­men­tal para que eles ten­ham clareza na hora de infor­mar, segu­rança para vaci­nar e tam­bém saibam recon­hecer opor­tu­nidades como essa quan­do a cri­ança está disponív­el para ser imu­niza­da.

“Se não têm a capac­i­tação, ess­es profis­sion­ais não vão ter a segu­rança para faz­er tudo isso. Se o agente de saúde não tem uma capac­i­tação especí­fi­ca para vaci­na, ele não vai con­seguir avaliar uma carteira de vaci­nação, pelo menos para iden­ti­ficar o que pos­sivel­mente está fal­tan­do, ou se existe algu­ma vaci­na indi­ca­da para um adul­to, idoso ou ado­les­cente”, diz Mayra Moura, que acres­cen­ta. “E o profis­sion­al de enfer­magem na sala de vaci­nação tam­bém pre­cisa ter muito treina­men­to, infor­mação e segu­rança, porque a gente sabe que tem muito profis­sion­al de saúde que aca­ba ten­do até questões rela­cionadas à vaci­na, porque não tem certeza, ouviu diz­er algu­ma coisa e tam­bém fica inse­guro. E, se um paciente ques­tionar, ele não tem segu­rança para respon­der. Ter esse profis­sion­al bem infor­ma­do e seguro é fun­da­men­tal para con­seguir a adesão do paciente.”

Inte­grante da coor­de­nação de epi­demi­olo­gia da Asso­ci­ação Brasileira de Saúde Cole­ti­va (Abras­co), Maria Rita Don­al­i­sio aler­ta que, ape­sar da cres­cente com­plex­i­dade dos cal­endários de vaci­nação e do aumen­to da descon­fi­ança das famílias em relação às vaci­nas, o cenário atu­al no Brasil é de con­tratos de tra­bal­ho pre­cariza­dos nas salas de vaci­na e nas estraté­gias de saúde da família, com baixos salários, ter­ce­i­riza­ção e alta rota­tivi­dade.

Rio de Janeiro (RJ) - Rita Donalisio para a matéria sobre rotatividade de profissionais na vacinação impacta coberturasFoto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) — Rita Don­al­i­sio para a matéria sobre rota­tivi­dade de profis­sion­ais na vaci­nação impacta cober­turas Foto: Arqui­vo Pessoal/Divulgação  

“É pre­ciso reforçar essas equipes locais de saúde da família, da atenção primária, porque é na atenção primária que a gente garante a inte­gral­i­dade do cuida­do”, afir­ma. “É pre­ciso inves­ti­men­to em car­reira, esta­bil­i­dade, con­cur­sos, para que ess­es profis­sion­ais pos­sam ser treina­dos e não ter tan­ta rota­tivi­dade, e adquirirem cada vez mais exper­iên­cia na vaci­nação. Inve­stir nos con­cur­sos e nas car­reiras, com remu­ner­ação jus­ta, é inve­stir no SUS e no PNI.”

Capac­i­tar, val­orizar e man­ter profis­sion­ais como o agente comu­nitário de saúde, defende Maria Rita Don­al­i­sio, é estratégi­co para a recu­per­ação das cober­turas vaci­nais: “A gente pre­cisa res­gatar no ter­ritório essas pes­soas que, muitas vezes, estão desin­for­madas. E o agente comu­nitário con­hece por nome essas pes­soas, ele é do ter­ritório e têm pas­sagem livre. E tudo isso pen­san­do que o atendi­men­to tem que ser inte­gral. E não só a cri­ança. O idoso, o hiperten­so, o dia­béti­co pre­cisam ser incen­ti­va­dos a tomar vaci­nas.”

Rio de Janeiro (RJ), 15/09/2023 – A coordenadora geral da ONG Criola, Lúcia Xavier posa para fotografia para a Agência Brasil. Foto:Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Lúcia Xavier, da ONG Crio­la, acred­i­ta que com­pro­mis­so do servi­dor públi­co com o cuida­do à saúde faz difer­ença para a pop­u­lação — Tomaz Silva/Agência Brasil

Coor­de­nado­ra e fun­dado­ra da orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG) Crio­la, a assis­tente social e ativista dos dire­itos das mul­heres negras Lúcia Xavier tam­bém vê como pri­mor­dial a atu­ação dess­es profis­sion­ais na mobi­liza­ção da comu­nidade em prol do suces­so da vaci­nação. Ela lem­bra que as grandes cam­pan­has de vaci­nação da déca­da de 1980 con­taram com forte par­tic­i­pação social, e isso tam­bém foi resul­ta­do da artic­u­lação dos profis­sion­ais da pon­ta.

“Os 50 anos de bons resul­ta­dos de PNI vão ao encon­tro não só da exper­iên­cia, do esforço e da atu­ação políti­ca dess­es profis­sion­ais, mas tam­bém da própria comu­nidade, que é con­vi­da­da a apoiar as cam­pan­has de imu­niza­ção”, afir­ma ela.

“A pre­sença dess­es profis­sion­ais no cam­po, trazen­do a respon­s­abil­i­dade, mas tam­bém o com­pro­mis­so do servi­dor públi­co com o cuida­do à saúde faz mui­ta difer­ença para a pop­u­lação. Traz a ideia do cuida­do, da par­tic­i­pação e da con­fi­ança no serviço públi­co. Isso quem pas­sa para a pop­u­lação é o profis­sion­al de saúde.

Resultados

O tra­bal­ho de ir à casa das famílias é caro e mobi­liza profis­sion­ais que têm out­ros afaz­eres na unidade de saúde, mas dá resul­ta­do. No Rio de Janeiro, as ações de Maria Lúcia e João Vic­tor são parte do pro­gra­ma Geo­vaci­na, que começou em maio para for­t­ale­cer a bus­ca ati­va. Des­de então, o número de unidades com cober­tu­ra vaci­nal de seus pacientes menor que 80% caiu de 134 para 44. Já as que tin­ham entre 80% e 95% de cober­tu­ra pas­saram de 100 para 173. Por fim, as que que já tin­ham bati­do a meta de pelo menos 95% de cober­tu­ra aumen­taram de duas para 20.

O pro­gra­ma usa como refer­ên­cia a cober­tu­ra da vaci­na pen­tava­lente, que deve ser apli­ca­da aos 2, 4 e 6 meses e esta­va em atra­so no caso do Muril­lo Luiz. Os téc­ni­cos e agentes comu­nitários de saúde, ao procu­rarem as famílias que perder­am o pra­zo, con­fer­em toda a cader­ne­ta de vaci­nação, o que tam­bém tem ele­va­do a cober­tu­ra de out­ras vaci­nas.

A imu­niza­ção con­tra a poliomielite, por exem­p­lo, saltou de uma cober­tu­ra de 66,8%, em 2022, para 97,9%, em 2023, alcançan­do, no Rio de Janeiro, a meta de 95% defini­da pelo Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções. A vaci­na meningocó­ci­ca C tam­bém apre­sen­ta mel­ho­ra, de 67,2% para 86,3%, emb­o­ra ain­da este­ja abaixo da meta. Já a pen­tava­lente avançou de 66,1% para 80,5%.

O secretário munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, desta­ca que a bus­ca ati­va tam­bém pre­cisa vir acom­pan­ha­da do for­t­alec­i­men­to da estraté­gia de saúde da família, já que essas equipes apli­cam a imen­sa maio­r­ia das vaci­nas do Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções. No Cen­tro de Inteligên­cia Epi­demi­ológ­i­ca do Rio de Janeiro, um telão do Geo­vaci­na mostra em tem­po real todas as cri­anças em idade de se vaci­nar como pon­tos que mar­cam seus endereços na cidade. As que estão em dia com a pen­tava­lente são pon­tos verdes, e as que estão em atra­so são pon­tos ver­mel­hos.

Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz durante entrevista à Agência Brasil no Centro de Operações (COR), na Cidade Nova, região central da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – O secretário munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz durante entre­vista à Agên­cia Brasil no Cen­tro de Oper­ações (COR), na Cidade Nova, região cen­tral da cap­i­tal flu­mi­nense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil 

“Com o Geo­vaci­na, con­si­go ver quais cri­anças que estão no Sis­tema Nacional de Nasci­dos Vivos que já pode­ri­am ter toma­do a primeira dose, e as que já tomaram a primeira dose e que não tomaram a segun­da ou a ter­ceira dose, e buscá-las no mapa. Cada pon­tin­ho é uma cri­ança”, expli­ca o secretário, que acres­cen­ta que o sis­tema infor­ma a clíni­ca da família e a equipe de saúde da família que será respon­sáv­el por buscá-la.

“O Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções avançou muito com a tec­nolo­gia em tem­po real. Hoje, a gente con­segue saber quem tomou vaci­na ou não tomou, online e em tem­po real”, desta­ca Soranz.

Para retomar as cober­turas vaci­nais, a prefeitu­ra do Rio de Janeiro tem ado­ta­do uma série de estraté­gias pre­vis­tas no leque de ações de microplane­ja­men­to para vaci­nação disponi­bi­liza­do pelo Min­istério da Saúde, como a vaci­nação nas esco­las, a vaci­nação extra­muros em locais de grande cir­cu­lação, pon­tos de vaci­nação com horário esten­di­do e a própria bus­ca ati­va.

Segun­do Soranz, a bus­ca pelas famílias tem mostra­do que os prin­ci­pais motivos para o atra­so na vaci­nação nas cri­anças são esquec­i­men­to, fal­ta de tem­po ou algum adoec­i­men­to no momen­to em que a vaci­na esta­va pre­vista. “Um per­centu­al muito pequeno é de famílias que não acred­i­tam ou têm medo da vaci­nação. Feliz­mente, no Rio de Janeiro, essa é uma exceção.”

Cri­a­da no con­domínio em que hoje con­fere cader­ne­tas de vaci­nação e ori­en­ta famílias, a agente comu­nitária de saúde Bruna Maluf, de 28 anos, tra­bal­ha na mes­ma clíni­ca da família que João Vic­tor e Maria Lúcia, que con­ta ter vis­to a cole­ga de tra­bal­ho crescer.

Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – A agente comunitária de saúde, Bruna Maluf durante entrevista à Agência Brasil na Clínica da Família Pedro Fernandes Filho, em Irajá, na zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – A agente comu­nitária de saúde, Bruna Maluf durante entre­vista à Agên­cia Brasil na Clíni­ca da Família Pedro Fer­nan­des Fil­ho, em Ira­já, na zona norte da cap­i­tal flu­mi­nense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil 

Na função há um ano, Bruna diz que o con­ta­to com os viz­in­hos e out­ros usuários do SUS tem ensi­na­do lições impor­tantes sobre como fun­ciona a saúde públi­ca, quais dúvi­das pre­cisam ser esclare­ci­das e que fatores influ­en­ci­am nas decisões de cada família.

“Eu moro no meu ter­ritório des­de os 4 anos, então, isso me facili­ta muito. Quan­do nós andamos pela rua, min­ha mãe brin­ca que é como se eu tivesse vira­do políti­ca, porque estou andan­do na rua e dan­do tchau para todo mun­do. Quan­do alguém não me con­hece e descon­fia, eu falo que pode ficar tran­qui­lo, que eu moro aqui”, con­ta, ela, que está se for­man­do téc­ni­ca de enfer­magem e apren­deu a enten­der mel­hor que tipo de dúvi­das são mais fre­quentes e como respondê-las. “O tra­bal­ho me aju­da muito no cur­so, e o cur­so me aju­da muito no tra­bal­ho.”

Edição: Juliana Andrade

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