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Poeta e letrista Antonio Cícero morre na Suíça, aos 79 anos

Diagnosticado com Alzheimer, ele optou por morte assistida

Bruno de Fre­itas Moura — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 23/10/2024 — 12:20
Rio de Janeiro
Brasília (DF) 23/10/2024 - Poeta e letrista Antonio Cícero morre na Suíça, aos 79 anos. Foto: ABL/Divulgação
Repro­dução: © ABL/Divulgação

O poeta e letrista Anto­nio Cícero mor­reu nes­ta quar­ta-feira (23), em Zurique, na Suíça, aos 79 anos. Após ser diag­nos­ti­ca­do com Alzheimer anos atrás, ele via­jou à Europa com o com­pan­heiro Marce­lo Fies com a intenção de realizar morte assis­ti­da, per­mi­ti­da no país europeu.

“Ven­ho com mui­ta tris­teza avis­ar que nos­so ama­do Cícero aca­ba de fale­cer”, escreveu Marce­lo em men­sagem a ami­gos. Segun­do o com­pan­heiro, o escritor já esta­va plane­jan­do o pro­ced­i­men­to, inclu­sive, envian­do doc­u­men­tos. “Ele insis­tiu muito que ninguém soubesse”, con­tou.

A morte assis­ti­da, tam­bém chama­da de suicí­dio assis­ti­do, é o pro­ced­i­men­to em que a própria pes­soa real­iza o proces­so que ter­mi­nará em morte, difer­ente­mente da eutanásia, quan­do o paciente é ape­nas agente pas­si­vo que recebe um medica­men­to letal, por exem­p­lo. No Brasil, ambos pro­ced­i­men­tos são proibidos.

Ain­da de acor­do com Marce­lo, a viagem teve tam­bém uma pas­sagem por Paris para se des­pedir da cidade que Cícero tan­to admi­ra­va.

O poeta e filó­so­fo fez questão de ser cre­ma­do. Ele deixou uma car­ta para ami­gos para ser divul­ga­da após a morte.

Biografia

Um dos grandes nomes da poe­sia brasileira, Anto­nio Cícero foi eleito para a Acad­e­mia Brasileira de Letras (ABL) em 2017, quan­do tomou posse da cadeira número 27 em 2018.

Car­i­o­ca, Anto­nio Cícero tin­ha com­ple­ta­do 79 anos há 17 dias. É autor de letras con­heci­das da músi­ca pop­u­lar brasileira (MPB), escritas para canções em que teve como par­ceiros a irmã, a can­to­ra  Mari­na Lima (Full­gás), Adri­ana Cal­can­hot­to (Inver­no), João Bosco (Trem bala) e Lulu San­tos (O Últi­mo Român­ti­co).

For­ma­do em Filosofia, em 1972, pelo Uni­ver­si­ty Col­lege, da Uni­ver­si­dade de Lon­dres, ele pub­li­cou os livros de poe­mas Guardar (1992), A Cidade e os Livros (2002), Por­ven­tu­ra (2012) e, em parce­ria com o artista plás­ti­co Luciano Figueire­do, O Livro de Som­bras (2010).

Tam­bém escreveu ensaios filosó­fi­cos como O mun­do des­de o Fim (1995) e Final­i­dades sem Fim (2005). Orga­ni­zou o livro de ensaios For­ma e Sen­ti­do Con­tem­porâ­neo: Poe­sia (2012) e, em parce­ria com o tam­bém poeta Waly Salomão, o vol­ume de ensaios O Rel­a­tivis­mo enquan­to Visão do Mun­do (1994).

Repercussão

O pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va usou as redes soci­ais para hom­e­nagear o escritor.

“Poeta, letrista e filó­so­fo, Anto­nio era imor­tal da Acad­e­mia Brasileira de Letras e muitos con­hecem seus poe­mas pelas canções com a sua irmã, a can­to­ra Mari­na Lima. Nesse momen­to de tris­teza, meus sen­ti­men­tos ao seu mari­do, a sua irmã e par­ceira Mari­na Lima, e todos os ami­gos e admi­radores desse grande poeta”, escreveu.

A can­to­ra Adri­ana Cal­can­ho­to pub­li­cou um vídeo em que abraça o poeta e deixou uma men­sagem de des­pe­di­da.

“O mais inteligente, ínte­gro, nobre e belo. O homem mais livre que já con­heci e seu mar­avil­hoso Marce­lo, o úni­co à sua altura. Que priv­ilé­gio con­hecê-lo, jan­tar com ele, com­por com ele, ouvir suas ideias, rir com ele e guardá-lo para sem­pre enquan­to durar esse para sem­pre. Sigo te aman­do, Cícero, doce príncipe, dorme em paz. Até mais”.

O can­tor Fre­jat pub­li­cou no Insta­gram a músi­ca Bagate­las, do Barão Ver­mel­ho, fru­to de parce­ria com Anto­nio Cícero.

“Sua con­tribuição para a músi­ca brasileira é imen­sa em letras que estão espal­hadas por vários par­ceiros e com sua irmã Mari­na Lima. A lem­brança que fica é o tal­en­to, o bom humor e uma char­mosa timidez”, se des­pediu Fre­jat.

Assistência

Para pes­soas que bus­cam canais de assistên­cia gra­tui­ta à saúde men­tal, o Cen­tro de Val­oriza­ção da Vida (CVV) ofer­ece apoio emo­cional e pre­venção do suicí­dio por meio do tele­fone 188, além das opções chat e e‑mail.

A rede públi­ca de saúde tam­bém con­ta com os Cen­tros de Atenção Psi­cos­so­cial (Caps). Os usuários do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) podem ser encam­in­hados para o Caps pela sua unidade bási­ca de saúde de refer­ên­cia.

Out­ros canais que ofer­e­cem atenção e auxílio são o Mapa da Saúde Men­tal, que traz uma lista de locais de atendi­men­to vol­un­tário online e pres­en­cial em todo país, e o Pode Falar, canal lança­do pelo Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) de aju­da em saúde men­tal para ado­les­centes e jovens de 13 a 24 anos. Fun­ciona de for­ma anôn­i­ma e gra­tui­ta, indi­can­do mate­ri­ais de apoio e serviço.

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