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Polícia do Amazonas indicia acusados de assassinar artista venezuelana

Repro­dução: © utopiamaceradaenchocolate/ Insta­gram

Velório de Julieta será na cidade de Porto Ordaz, estado Bolívar


Pub­li­ca­do em 09/01/2024 — 11:32 Por Luciano Nasci­men­to — Repórter da Agên­cia Brasil — São Luís

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A Polí­cia Civ­il do Ama­zonas indi­ciou Thi­a­go Agles da Sil­va e Deliomara dos Anjos San­tos pelo assas­si­na­to da artista venezue­lana Juli­eta Ines Her­nan­dez Mar­tinez. Ambos respon­derão por ocul­tação de cadáver, latrocínio e estupro. Juliana esta­va desa­pare­ci­da des­de o dia 23 de dezem­bro do ano pas­sa­do e seu cor­po foi encon­tra­do no sába­do (6), no municí­pio de Pres­i­dente Figueire­do, no Ama­zonas.

A inves­ti­gação do caso começou após um bole­tim de ocor­rên­cia ter sido reg­istra­do na man­hã de quin­ta-feira (4), rela­tan­do o desa­parec­i­men­to de Juli­eta. Segun­do a Polí­cia Civ­il, o bole­tim infor­ma­va que o últi­mo con­ta­to da víti­ma com a família teria sido na madru­ga­da do dia 23 de dezem­bro, quan­do ela teria dito que iria per­noitar em Pres­i­dente Figueire­do, e em segui­da seguiria para Rorainópo­lis, em Roraima.

Em entre­vista cole­ti­va na tarde des­ta segun­da-feira (8), o del­e­ga­do tit­u­lar da 37ª Del­e­ga­cia Inter­a­ti­va de Polí­cia (DIP) de Pres­i­dente Figueire­do, Valdinei Sil­va, disse que diante da infor­mação do tra­je­to da artista, foram real­izadas bus­cas em pou­sadas da região para obter notí­cias sobre o paradeiro de Juliana.

“Já na man­hã de sex­ta-feira (5), fomos até o refú­gio e local­izamos Thi­a­go, que disse que a mul­her havia per­noita­do no local e segui­do para a rodovia”, rela­tou o del­e­ga­do.

De acor­do com Valdinei Sil­va, no mes­mo dia um morador local­i­zou partes da bici­cle­ta da artista e acio­nou a polí­cia. Após a chega­da da polí­cia ao local, Thi­a­go ten­tou fugir, mas foi cap­tura­do. Ele e a com­pan­heira foram con­duzi­dos à del­e­ga­cia. Durante os depoi­men­tos entraram em con­tradições, até con­fir­marem a auto­ria do crime.

“A víti­ma esta­va dor­min­do em uma rede na varan­da do local, quan­do Thi­a­go pegou uma faca e foi até ela para roubar seu apar­el­ho celu­lar. Eles entraram em luta cor­po­ral, ele a enfor­cou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amar­rasse os pés dela. Em segui­da, ele a arras­tou para den­tro da casa, pediu que a esposa apa­gasse as luzes e pas­sou a abusar sex­ual­mente da víti­ma”, detal­hou o del­e­ga­do.

O del­e­ga­do disse que após Deliomara ter vis­to a cena, jogou álcool e ateou fogo nos dois. Thi­a­go con­seguiu apa­gar o fogo com um pano mol­ha­do e foi até uma unidade hos­pi­ta­lar rece­ber atendi­men­to médi­co.

Juli­eta foi enfor­ca­da com uma cor­da e teve seu cor­po enter­ra­do em uma cova rasa nas prox­im­i­dades do local onde esta­va.

O casal foi pre­so em fla­grante na sex­ta-feira (5) e teve a prisão em fla­grante con­ver­ti­da para pre­ven­ti­va pela Justiça do Ama­zonas no sába­do (6).

No mes­mo dia, com o apoio do Cor­po de Bombeiros Mil­i­tar do Ama­zonas, com os cães fare­jadores, o cor­po de Juli­eta foi encon­tra­do em uma cova no quin­tal do refú­gio, além de out­ros per­tences.

Após a descober­ta, diver­sas enti­dades artís­ti­cas e movi­men­tos soci­ais man­i­fes­taram pesar pela morte da artista venezue­lana. Ela esta­va no Brasil des­de 2015 e se apre­sen­ta­va como pal­haça Juju­ba em diver­sas partes do país e inte­gra­va o grupo de mul­heres Pé Ver­mei que via­jam de bici­cle­ta.

Manifestações

No Brasil, estão pre­vis­tas man­i­fes­tações para esta sex­ta-feira (12), mes­mo dia que o velório acon­tece na cidade de Por­to Ordaz, esta­do Bolí­var, no sul da Venezuela, onde a pal­haça se diri­gia para reen­con­trar a mãe.

Em nota, o min­istro do Poder Pop­u­lar para a Cul­tura da Venezuela, Ernesto Vil­le­gas, repu­diou o fem­i­nicí­dio cometi­do con­tra Juli­eta e pediu punição exem­plar para o crime. A nota tam­bém expres­sa o recon­hec­i­men­to ao gov­er­no brasileiro, tan­to ao nív­el nacional como às autori­dades do esta­do do Ama­zonas, por sua colab­o­ração na repa­tri­ação dos restos mor­tais e na atenção aos seus famil­iares.

“A Venezuela perde com Juli­eta Hernán­dez uma artista inte­gral, expressão da iden­ti­dade venezue­lana. For­ma­da pela UCV como médi­ca vet­er­inária, sum­ma cum laude, foi fun­dado­ra da Rede Venezue­lana de Pal­haças com estu­dos no Brasil sobre o Teatro do Oprim­i­do”, diz tre­cho da nota.

“Juli­eta foi uma ver­dadeira embaix­ado­ra da paz em Nos­sa Améri­ca. No Brasil, ela desen­volveu inten­sos con­tatos com movi­men­tos soci­ais daque­la nação irmã sul-amer­i­cana, man­ten­do sem­pre em alta a sua pre­gação fem­i­nista, o seu amor pela infân­cia, pelos ani­mais, pelo dire­ito ao sor­riso e pela Venezuela Boli­var­i­ana. O Gov­er­no Boli­var­i­ano e a comu­nidade artís­ti­ca venezue­lana agrade­cem ao povo irmão brasileiro e à sua lid­er­ança social pelas man­i­fes­tações e mobi­liza­ções real­izadas a par­tir do momen­to em que Juli­eta desa­pare­ceu com a sua bici­cle­ta insep­a­ráv­el”, diz o tex­to.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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