...
segunda-feira ,17 março 2025
Home / Noticias / Polícia Federal espera apreender volume recorde de cocaína este ano

Polícia Federal espera apreender volume recorde de cocaína este ano

Repro­dução: © Pro­gra­ma VIGIA/Ministério da Justiça e Segu­rança Públi­ca

Em 3 anos, foram sequestrados R$ 2,8 bi em bens de investigados


Pub­li­ca­do em 09/10/2022 — 10:04 Por Vitor Abdala — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Ouça a matéria:

A Polí­cia Fed­er­al apreen­deu até agos­to deste ano 72 toneladas de cocaí­na no país. Em entre­vista à Agên­cia Brasil, o del­e­ga­do fed­er­al Fab­rí­cio Mar­tins, da Coor­de­nação-Ger­al de Repressão a Dro­gas, Armas, Crimes con­tra o Patrimônio e Facções Crim­i­nosas da PF, disse acred­i­tar que, este ano, será alcança­do um recorde nas apreen­sões da sub­stân­cia.

O recorde atu­al foi ano­ta­do em 2019, quan­do reg­istrou-se a apreen­são de 104 toneladas de cocaí­na. Em 2020 e 2021, o número girou em torno de 90 toneladas. O mon­tante inclui todas as apreen­sões feitas pela PF e out­ras autori­dades públi­cas (como a Recei­ta Fed­er­al e a Polí­cia Rodoviária Fed­er­al) que arrecadaram a dro­ga e entre­garam à PF.

Mar­tins desta­ca, no entan­to, que o com­bate ao trá­fi­co não deve se dar ape­nas pela apreen­são das dro­gas. “A apreen­são de dro­gas por si é efi­ciente? Não. Den­tro do quadro de per­das da orga­ni­za­ção crim­i­nosa já está com­puta­do o quan­to ela vai perder para as apreen­sões. A empre­sa vai con­tin­uar lucran­do, porque o lucro é muito grande”, argu­men­tou.

O del­e­ga­do afir­mou que, des­de 2012, a Polí­cia Fed­er­al vem adotan­do out­ra abor­dagem: a descap­i­tal­iza­ção dos traf­i­cantes e de suas orga­ni­za­ções. “As apreen­sões reti­ram um ati­vo finan­ceiro [da quadrilha] e tam­bém demon­stram que o din­heiro [que os traf­i­cantes têm] vem da dro­ga. A par­tir daí, a gente pode faz­er o seque­stro dos bens”, afir­mou.

Segun­do dados da Polí­cia Fed­er­al, nos últi­mos três anos, foram sequestra­dos ou apreen­di­dos com autor­iza­ção da Justiça R$ 2,8 bil­hões em bens de inves­ti­ga­dos por trá­fi­co de dro­ga em oper­ações como a Enter­prise e a Rei do Crime.

“Hoje, você não pode faz­er uma inves­ti­gação sobre trá­fi­co de dro­gas sem inves­ti­gar tam­bém a lavagem de din­heiro. Faze­mos a análise fis­cal, bancária e pat­ri­mo­ni­al. Assim, podemos pedir blo­queio de con­tas, seque­stro de bens. Quan­do você tira os bens, [o traf­i­cante] fica sem poder de ação. Procu­ramos faz­er o des­man­te­la­men­to da orga­ni­za­ção pela descap­i­tal­iza­ção”, expli­cou.

Atacado

O del­e­ga­do disse, tam­bém, que o Brasil é um país que faz fron­teira com os três úni­cos grandes pro­du­tores de cocaí­na do mun­do (Colôm­bia, Peru e Bolívia) e tem mais de 15 mil quilômet­ros de fron­teira ter­restre com os viz­in­hos sul-amer­i­canos (incluin­do os pro­du­tores e o Paraguai, que fun­ciona como entre­pos­to).

Por isso, o Brasil não é ape­nas um grande con­sum­i­dor da dro­ga como tam­bém um impor­tante pon­to de trân­si­to para a cocaí­na que tem como des­ti­no a África, a Europa e a Ásia.

Ele disse que o trans­porte da dro­ga entre os país­es viz­in­hos e as grandes cidades brasileiras (ou para o mer­ca­do con­sum­i­dor inter­na­cional) não é nec­es­sari­a­mente feito pelas próprias facções crim­i­nosas.

Há muitos esque­mas envol­ven­do ata­cadis­tas inde­pen­dentes que veem orga­ni­za­ções como o Primeiro Coman­do da Cap­i­tal (PCC) e o Coman­do Ver­mel­ho ape­nas como revende­do­ras para seus pro­du­tos.

“Essas pes­soas não per­tencem às facções. Elas têm uma logís­ti­ca pronta e são grandes fornece­do­ras de dro­gas. Essas pes­soas são tidas como empresárias e não têm sobre si um carim­bo de crim­i­nosas [como os inte­grantes das facções crim­i­nosas]”, salien­tou.

A logís­ti­ca, acres­cen­tou Mar­tins, envolve bus­car a dro­ga nos qua­tro viz­in­hos (os pro­du­tores e o Paraguai) por diver­sos meios, como bar­cos que naveg­am por rios amazôni­cos, pequenos aviões que pousam em pis­tas clan­des­ti­nas (prin­ci­pal­mente em Rondô­nia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e veícu­los rodoviários que cruzam a fron­teira.

Daí as dro­gas são lev­adas aos grandes cen­tros do país. Parte da car­ga é reven­di­da nas próprias cidades pelas facções crim­i­nosas. Mas boa parte é remeti­da ao exte­ri­or, prin­ci­pal­mente por via marí­ti­ma. Mais de 50% da cocaí­na apreen­di­da no ano pas­sa­do foram em por­tos brasileiros.

Lucro

Ain­da segun­do o del­e­ga­do, a expor­tação mostrou-se muito lucra­ti­va. Um qui­lo de cocaí­na seria com­pra­do a 2,5 mil dólares (cer­ca de R$ 13 mil) na fron­teira do Brasil com os viz­in­hos sul-amer­i­canos e reven­di­do por qua­tro vezes esse val­or (10 mil dólares) nas grandes cidades do país. Se a car­ga chegar à Europa, no entan­to, pode ren­der de 30 a 40 mil euros (aprox­i­mada­mente o mes­mo val­or em dólares no câm­bio atu­al), ou seja, até qua­tro vezes mais.

O Por­to de San­tos (SP) é recon­heci­do pelo Escritório sobre Dro­gas e Crime das Nações Unidas (Unodc) como um dos prin­ci­pais pon­tos de trân­si­to de cocaí­na do mun­do. E por­tos do Norte e Nordeste foram apon­ta­dos como novos pon­tos de envio da dro­ga para o exte­ri­or. “Hou­ve um incre­men­to no uso de veleiros e pesqueiros [para o trans­porte de cocaí­na] no norte do país. Somente em um veleiro, foram apreen­di­das seis toneladas”, final­i­zou Mar­tins.

Edição: Kle­ber Sam­paio

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Apostas para a Dupla de Páscoa começam nesta segunda-feira

Prêmio está estimado em R$ 30 milhões Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 17/03/2025 — 07:44 Brasília …