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Práticas culturais são usadas em tratamento de saúde dos yanomami

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Hospital em Roraima também adapta cardápio aos hábitos dos pacientes


Pub­li­ca­do em 02/02/2023 — 17:28 Por Pedro Rafael Vilela — Envi­a­do espe­cial da Agên­cia Brasil — Boa Vista

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O trata­men­to dos pacientes indí­ge­nas no Hos­pi­tal da Cri­ança San­to Antônio (HCSA), em Boa Vista (RR), tem apli­ca­do tradições cul­tur­ais dos povos, incluin­do rit­u­ais de cura e ali­men­tação típi­ca, segun­do o intér­prete de lín­guas yanoma­mi, Richard Duque, que tra­bal­ha na unidade.

“Nós aqui no hos­pi­tal respeita­mos muito essa práti­ca. Ela é acol­hi­da, a gente prepara o ambi­ente para que eles pos­sam faz­er isso, den­tro das condições do hos­pi­tal”, expli­ca o agente de saúde.

Entre as práti­cas já incor­po­radas ao trata­men­to médi­co con­ven­cional, está o apoio espir­i­tu­al. “A gente pede que eles encam­in­hem o rezador de prefer­ên­cia ou xapiri, como na lín­gua yanoma­mi, aque­le [xamã] que a pes­soa con­fia, e a gente prov­i­den­cia um momen­to para que a pes­soa pos­sa faz­er sua práti­ca de cura tradi­cional”.

Richard Duque, tradutor do Hospital da Criança Santo Antônio, especialista no atendimento a indígenas Yanomami em situação de emergência trazidos a Boa Vista.
Repro­dução: Richard Duque, intér­prete de lín­guas yanoma­mi do Hos­pi­tal da Cri­ança San­to Antônio — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Tam­bém em respeito à cul­tura dos indí­ge­nas, a ali­men­tação no HCSA é difer­en­ci­a­da, con­forme a prefer­ên­cia de cada etnia. A equipe nutri­cional adap­ta o cardá­pio do paciente, incluin­do ali­men­tos como macax­eira, peixe com far­in­ha e fru­tas region­ais.

O hos­pi­tal tem uma enfer­maria especí­fi­ca para rece­ber tan­to os indí­ge­nas yanoma­mi, como das demais etnias, inclu­sive com leitos-rede para cri­anças e acom­pan­hantes.

Admin­istra­do pela prefeitu­ra de Boa Vista, o hos­pi­tal é o úni­co que atende cri­anças a par­tir dos 29 dias de vida até 12 anos, 11 meses e 29 dias de idade. A unidade atende pacientes de todo o esta­do e tam­bém recebe pacientes da Guiana e Venezuela.

De acor­do com bal­anço mais recente, atu­al­iza­do nes­ta quar­ta-feira (1º), há 59 indí­ge­nas inter­na­dos no Hos­pi­tal da Cri­ança. Dess­es, 49 são cri­anças yanoma­mi e sete estão na Unidade de Ter­apia Inten­si­va (UTI). Em 2022, foram 703 inter­nações de indí­ge­nas yanoma­mi no HCSA. As prin­ci­pais causas das inter­nações são diar­reia agu­da, gas­troen­te­ro­co­l­ite agu­da, desnu­trição grave, pneu­mo­nia, aci­dente ofídi­co e malária.

Doutor Eugênio Patrício, pediatra do Hospital da Criança Santo Antônio, atende indígenas Yanomami em situação de emergência trazidos a Boa Vista.
Repro­dução: Pedi­atra Eugênio Patrí­cio atende cri­anças yanoma­mi em situ­ação de emergên­cia — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“A maio­r­ia dessas cri­anças vai chegar desnu­tri­da, mas o que traz elas aqui é moti­va­da por out­ra situ­ação, como uma infecção, uma pneu­mo­nia, uma diar­reia, uma ver­minose, algum trau­ma”, expli­ca o médi­co Eugênio Patrí­cio, respon­sáv­el pela unidade de cuida­do pro­lon­ga­do do HCSA.

Segun­do ele, algu­mas cri­anças apre­sen­tam quadro grave de desnu­trição, e  per­dem mais da metade do peso ide­al. A con­t­a­m­i­nação por ver­minoses tam­bém é uma con­stante. “Algu­mas cri­anças chegam a expelir ver­mes pela boca e pelo nar­iz”, rela­ta.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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