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Prêmio Jacira Silva reconhece o jornalismo negro no Brasil

Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

Não desisti do que eu queria ser”, diz homenageada


Publicado em 26/07/2024 — 08:45 Por Sabrina Craide — Repórter da Agência Brasil  — Brasília

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Aos 73 anos, a jor­nal­ista Jaci­ra Sil­va nun­ca imag­i­nou que seria hom­e­nagea­da “ain­da neste plan­e­ta” ao nomear um prêmio de recon­hec­i­men­to ao jor­nal­is­mo negro. O Prêmio Jaci­ra Sil­va será entregue nes­ta sex­ta-feira (26), durante a 17ª edição do Fes­ti­val Latinidades, em Brasília.

Na cat­e­go­ria Jor­nal­is­tas Negras, a ger­ente da Agên­cia Brasil, Juliana Cézar Nunes, rece­berá o prêmio ao lado de nomes como Maju Coutin­ho, da Rede Globo, e Basília Rodrigues, da CNN.

“É o recon­hec­i­men­to dos cole­gas pela nos­sa tra­jetória e o pouco que a gente con­segue faz­er para trans­for­mar e para con­tribuir para uma comu­ni­cação democráti­ca, plur­al, não sex­ista. Espero que eu man­ten­ha a min­ha coerên­cia políti­ca e a min­ha dig­nidade como ser humano e que eu pos­sa sem­pre rep­re­sen­tá-los e rep­re­sen­tá-las com muito Axé”, diz Jaci­ra.

Brasília, (DF), 25/07/2024 - Jacira Silva - Latimidades 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Repro­dução: “Hoje, fru­to da luta do movi­men­to negro orga­ni­za­do no Brasil, nós mul­heres negras esta­mos na TV, no rádio, nas redes como nós somos, diz a jor­nal­ista. Foto — Val­ter Campanato/Agência Brasil

Jaci­ra foi a primeira negra a assumir a presidên­cia do Sindi­ca­to dos Jor­nal­is­tas do Dis­tri­to Fed­er­al, entre 1995 e 1998, e fun­dou a Comis­são de Jor­nal­is­tas pela Igual­dade Racial (Cojira/DF). Atual­mente, é dire­to­ra de Condições de Tra­bal­ho e Qual­i­dade de Vida do Sindi­ca­to.

Con­sid­er­a­do o maior fes­ti­val de mul­heres negras da Améri­ca Lati­na, o Fes­ti­val Latinidades em Brasília acon­tece até aman­hã (27), no Museu da Repúbli­ca. O even­to tem apoio da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC). Con­fi­ra a pro­gra­mação.

Jornalistas negras

A pro­gra­mação do fes­ti­val inclui um debate hoje sobre a par­tic­i­pação de mul­heres negras na mídia. A ideia é faz­er pen­sar as pos­si­bil­i­dades de futuro com mais par­tic­i­pação das mul­heres negras em difer­entes proces­sos comu­ni­ca­cionais.

Para Jaci­ra, ape­sar de estarem em menor número nas redações brasileiras, a pre­sença de mul­heres negras traz uma nova per­spec­ti­va para o jor­nal­is­mo.

“Hoje, fru­to da luta do movi­men­to negro orga­ni­za­do no Brasil, nós mul­heres negras esta­mos na TV, no rádio, nas redes como nós somos. Do jeito que a gente quer se vestir, quer se pen­tear. Com a nos­sa autoes­ti­ma e com a nos­sa história, dos nos­sos ances­trais, das nos­sas famílias. E sem ser exóti­co, e sim ser­mos quem nós somos, com o nos­so cabe­lo cre­spo, o nos­so cabe­lo para cima, solto, trança­do com o nos­so nar­iz cha­to e com a nos­sa pele negra. Mas a gente ain­da con­tin­ua sendo uma ou duas, con­tan­do nos dedos.”

Trajetória

Jaci­ra começou a cur­sar comu­ni­cação após qua­tro ten­ta­ti­vas de entrar na Uni­ver­si­dade de Brasília (UnB). “Eu não pas­sa­va porque tra­bal­ha­va, tin­ha dois empre­gos, sem­pre fui de esco­la públi­ca. Mas não desisti do que eu que­ria ser”. Assim, ela ingres­sou em uma fac­ul­dade pri­va­da, ape­sar da difi­cul­dade de pagar a men­sal­i­dade. “Foi uma grande difi­cul­dade de paga­men­to, tin­ha semes­tre que eu não tin­ha como pagar, aí nego­ci­a­va lá na direção.”

Brasília (DF), 25.07.2024 - Prêmio Jacira Silva. Foto: Festival Latinidades/Divulgação
Repro­dução: Troféu do Prêmio Jaci­ra Sil­va. Foto: Fes­ti­val Latinidades/Divulgação

Ini­ciou a car­reira como revi­so­ra da grá­fi­ca do Con­gres­so Nacional. Em sua tra­jetória profis­sion­al, pas­sou por redações como do Cor­reio Braziliense e do Jor­nal de Brasília, além de rádios e jor­nais comu­nitários. Tam­bém atu­ou na asses­so­ria de impren­sa do Min­istério da Edu­cação e da Funarte, e de out­ros órgãos públi­cos, além de par­tic­i­par do movi­men­to sindi­cal no DF.

A jor­nal­ista negra con­ta que, em muitas dessas eta­pas, sofreu dis­crim­i­nação e teve sua capaci­dade colo­ca­da em dúvi­da por con­ta da raça. “A dis­crim­i­nação nos move quan­do ela vem na for­ma do enfrenta­men­to. Ela não pode te abater e nem deixar você desi­s­tir, ela me for­t­alece. Mas ela não é boa, é óbvio, eu não quero ser dis­crim­i­na­da para me for­t­ale­cer”, diz.

Edição: Maria Clau­dia

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