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Professores contam como preparam alunos para prova de redação do Enem

Enem 2023

Repro­dução: © Agên­cia Brasil

Estudantes não podem zerar a prova, única parte discursiva do exame


Pub­li­ca­do em 23/10/2023 — 07:12 Por Mar­i­ana Tokar­nia – Repórter da Agên­cia Brasil   — Rio de Janeiro

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No primeiro dia de apli­cação do Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem), no dia 5 de novem­bro, os can­didatos resolverão questões de lin­gua­gens, ciên­cias humanas e farão a pro­va de redação. A redação é a úni­ca parte dis­cur­si­va do exame e não zer­ar essa pro­va é req­ui­si­to para par­tic­i­par de proces­sos sele­tivos para vagas no ensi­no supe­ri­or. A duas sem­anas para o exame, pro­fes­sores de esco­las públi­cas con­tam como estão preparan­do os alunos e dão dicas para quem fará as provas este ano. 

“Eu cos­tu­mo diz­er que o Enem é o paga­men­to, como se fos­se a prestação de con­ta do dis­cente com seus respon­sáveis e com a esco­la, de tudo que estu­dou tan­to no ensi­no fun­da­men­tal quan­to médio”, define o pro­fes­sor de Lín­gua Por­tugue­sa do Cen­tro Edu­ca­cional de Tem­po Inte­gral (Ceti) Gilber­to Mestrin­ho, em Man­aus (AM), José Félix da Cos­ta Fil­ho.

A pro­fes­so­ra de lín­gua por­tugue­sa e redação, Bruna Ribeiro, da Esco­la de Refer­ên­cia em Ensi­no Médio (EREM) Escritor Paulo Cav­al­can­ti, em Olin­da (PE), con­cor­da. “Esta­mos sem­pre tran­quil­izan­do muito os estu­dantes. Na ver­dade, eles vão con­sol­i­dar nes­sa pro­va tudo que sabem. Não é nada novo, que pos­sa causar medo ou travá-los, eles são muito capazes de realizar essa pro­va e a pas­sar por essa eta­pa da vida estu­dan­til”, diz.

Escrita e vivência

O Ceti Gilber­to Mestrin­ho está local­iza­do na per­ife­ria da cap­i­tal do Ama­zonas. Bus­can­do aliar vivên­cias práti­cas ao apren­diza­do, a esco­la pro­move vis­i­tas e cur­sos para os estu­dantes em teatros, museus e órgão públi­cos na cidade. Essas vis­i­tas e vivên­cias acabam se trans­for­man­do em tex­to nas aulas de Fil­ho, que aprovei­ta para cobrar as com­petên­cias exigi­das no Enem. “Os estu­dantes vão a cam­po e, ao retornar, fazem o reg­istro escrito de tudo, a par­tir dessa nar­ra­ti­va de exper­i­men­tação”, expli­ca.

Out­ra estraté­gia da rede de ensi­no é envolver as famílias no apren­diza­do des­de cedo: “Os alunos têm a práti­ca da pro­dução tex­tu­al com aju­da da família des­de as séries ini­ci­ais do ensi­no fun­da­men­tal. Con­tam, não só com a comu­nidade esco­lar, mas com a família. Aqui temos o apoio, a família está pre­sente quan­do solic­i­ta­da. As temáti­cas são dis­cu­ti­das e pro­duzi­das na sala de aula sem­anal­mente”, afir­ma.

Na pro­va de redação do Enem, os estu­dantes pre­cisam escr­ev­er um tex­to dis­ser­ta­ti­vo-argu­men­ta­ti­vo. No tex­to devem defend­er um pon­to de vista – uma opinião a respeito do tema pro­pos­to –, apoia­da em argu­men­tos con­sis­tentes, estru­tu­ra­dos com coerên­cia e coesão, for­man­do uma unidade tex­tu­al. Além dis­so, os can­didatos pre­cisam elab­o­rar uma pro­pos­ta de inter­venção social para o prob­le­ma, apre­sen­ta­do no desen­volvi­men­to do tex­to, que respeite os dire­itos humanos.

O tex­to pro­duzi­do é avali­a­do por pelo menos dois pro­fes­sores grad­u­a­dos em letras ou lin­guís­ti­ca, de for­ma inde­pen­dente, sem que um con­heça a nota atribuí­da pelo out­ro. Essa é a úni­ca pro­va que uma nota de zero a mil. Caso tire zero, o can­dida­to é elim­i­na­do de proces­sos sele­tivos que uti­lizam a nota do exame para sele­cionar estu­dantes para vagas no ensi­no supe­ri­or. Os temas abor­da­dos na redação são de ordem social, cien­tí­fi­ca, cul­tur­al ou políti­ca.

Sobre os temas cobra­dos, Fil­ho diz que sem­pre são de relevân­cia nacional. Podem ser temas que se ref­er­em a deter­mi­na­da região, como a Amazô­nia, onde a própria esco­la está inseri­da, mas sem­pre são assun­tos com relevân­cia nacional. “O que temos para 2023 é o grande desafio, o grande par­a­dig­ma. Eu ain­da apos­to na questão climáti­ca e na questão ambi­en­tal, ten­do em vista que temos tam­bém a desin­for­mação tec­nológ­i­ca.  Desen­volve­mos tan­ta tec­nolo­gia que hoje esta­mos desin­for­ma­dos”.

Reforço da prática

A estraté­gia de Bruna Ribeiro é aumen­tar a práti­ca nes­sa reta final. Para se preparar para a pro­va, a pro­fes­so­ra recomen­da treino con­stante. “Nes­sa reta final, esta­mos bus­can­do muito a práti­ca, diante de tudo que estu­damos durante o ano leti­vo. Nes­sa reta final, a gente indi­ca que alunos pra­tiquem, que colo­quem todas essas ideias e o reper­to­rio do que estu­dou ao lon­go do ano e que fiquem tran­qui­los”.

Out­ra dica para um bom tex­to é a leitu­ra de notí­cias, para estar infor­ma­do sobre questões atu­ais. Livros e cin­e­ma tam­bém trazem repertório para os tex­tos dos estu­dantes. Além  dis­so, é impor­tante con­hecer leg­is­lações-chave, como a Con­sti­tu­ição Fed­er­al e a Declar­ação Uni­ver­sal dos Dire­itos Humanos.

Sobre os temas cobra­dos na pro­va, a pro­fes­so­ra diz que eles bus­cam que os estu­dantes sejam capazes de refle­tir sobre a real­i­dade do país e questões da atu­al­i­dade. Segun­do ela, os assun­tos cos­tu­mam ser impor­tantes não ape­nas para a pro­va, mas “para a vida, enquan­to cidadãos e para a for­mação para o mer­ca­do de tra­bal­ho e para a sociedade”, diz. Entre os assun­tos estão, por exem­p­lo, O tra­bal­ho na con­strução da dig­nidade humana (2010) e Cam­in­hos para com­bat­er o racis­mo no Brasil (2016).

“Na min­ha opinião, os assun­tos abor­da­dos na pro­va são muito per­ti­nentes, são temas soci­ais que não são inven­ta­dos. São pro­pos­tos de acor­do com a real­i­dade do país. Então, com certeza, bus­cam que o aluno este­ja sem­pre ante­na­do, por den­tro de políti­cas públi­cas, e aten­to às lutas das mino­rias e à  bus­ca por uma sociedade mais igual­itária, jus­ta e inclu­si­va”, diz.

Enem 2023

O Enem 2023 será apli­ca­do nos dias 5 e 12 de novem­bro. As notas das provas podem ser usadas para con­cor­rer a vagas no ensi­no supe­ri­or públi­co, pelo Sis­tema de Seleção Unifi­ca­da (Sisu), a bol­sas de estu­do em insti­tu­ições pri­vadas de ensi­no supe­ri­or pelo Pro­gra­ma Uni­ver­si­dade para Todos (ProUni) e a recur­sos do Fun­do de Finan­cia­men­to Estu­dan­til (Fies). Tam­bém podem ser usadas para vagas em insti­tu­ições estrangeiras que têm con­vênio com o Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais Aní­sio Teix­eira (Inep)

Para aju­dar os estu­dantes a se prepararem para a pro­va de redação, o Inep disponi­bi­liza a Car­til­ha do Par­tic­i­pante com infor­mações sobre a Matriz de Refer­ên­cia da pro­va de redação. Além dis­so, a car­til­ha traz amostras comen­tadas de redações que rece­ber­am pon­tu­ação máx­i­ma, mil pon­tos, no Enem 2022.

Edição: Graça Adju­to

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