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Programa promove valorização do legado de mulheres em escolas do DF

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Repro­dução Face­book

“Mulheres Inspiradoras” serve de base para política pública


Publicado em 15/06/2021 — 07:30 Por Antônio Claret Guerra — Repórter da Agência Brasil — Belo Horizonte

O pro­gra­ma Mul­heres Inspi­rado­ras, recon­heci­do como a mel­hor ini­cia­ti­va edu­ca­cional em dire­itos humanos, serve de base para a imple­men­tação de uma políti­ca públi­ca edu­ca­cional pio­neira em Brasília.

O recon­hec­i­men­to ocor­reu em 2015, na primeira edição do Prêmio Ibero-amer­i­cano de Edu­cação em Dire­itos Humanos Óscar Arnul­fo Romero, pro­movi­do pela Orga­ni­za­ção dos Esta­dos Ibero-Amer­i­canos para a Edu­cação, Ciên­cia e Cul­tura (OEI) e a Fun­dação SM.

Ago­ra, as lições e os princí­pios apre­sen­ta­dos no pro­je­to, lid­er­a­do pela pro­fes­so­ra Gina Vieira Ponte de Albu­querque, do Cen­tro de Ensi­no Fun­da­men­tal 12, da região admin­is­tra­ti­va de Ceilân­dia, a 30 quilômet­ros de Brasília, servem de base para a imple­men­tação de uma políti­ca públi­ca na cap­i­tal.

“A agen­da da edu­cação em dire­itos humanos é indis­pen­sáv­el para o for­t­alec­i­men­to da democ­ra­cia. Esse prêmio é o recon­hec­i­men­to de que o nos­so tra­bal­ho está cam­in­han­do na direção cer­ta, foi a con­fir­mação de que esta­mos alin­hados com bases teóri­c­as e con­cepções de mun­do que enten­dem o estu­dante na sua inte­gral­i­dade, como sujeito sócio-históri­co, e que a nos­sa luta por uma país democráti­co e por uma sociedade mais jus­ta, igual­itária e livre de vio­lên­cia é cole­ti­va”, disse Gina Albu­querque, pro­fes­so­ra da edu­cação bási­ca da Sec­re­taria de Edu­cação do Dis­tri­to Fed­er­al há 30 anos. Ela é mes­tra em Lin­guís­ti­ca pela Uni­ver­si­dade de Brasília (UnB), com ênfase em Análise de Dis­cur­so Críti­co, espe­cial­ista em edu­cação a dis­tân­cia, desen­volvi­men­to humano e inclusão esco­lar.

Em 28 de maio, o gov­er­no do Dis­tri­to Fed­er­al (GDF) pub­li­cou a Por­taria Nº 256, de 2021, imple­men­tan­do o pro­gra­ma Mul­heres Inspi­rado­ras na rede de esco­las e bib­liote­cas da cidade, cujo obje­ti­vo é pro­mover a val­oriza­ção do lega­do de mul­heres e meni­nas nos planos esco­lares da rede públi­ca de ensi­no da cap­i­tal.

Igualdade de gênero

O pro­gra­ma imple­men­ta pro­je­tos de leitu­ra e escri­ta basea­d­os em autores ou per­son­agens históri­c­as fem­i­ni­nas do país e do mun­do, abor­dan­do as difer­entes nar­ra­ti­vas de mul­heres negras, indí­ge­nas e per­iféri­c­as, entre out­ras. Dessa for­ma, o pro­gra­ma visa a estim­u­lar o desen­volvi­men­to de uma ped­a­gogia com­pro­meti­da com o apren­diza­do inte­gral dos estu­dantes, cen­tra­da na edu­cação para os dire­itos humanos e para a diver­si­dade.

A pro­fes­so­ra expli­ca que o pro­gra­ma foi desen­volvi­do pela primeira vez em 2014, no Cen­tro de Ensi­no Fun­da­men­tal 12 de Ceilân­dia, com cin­co tur­mas do 9º ano. “Teve iní­cio depois de perce­ber­mos que, infe­liz­mente, na cul­tura brasileira, a rep­re­sen­tação mais recor­rente das mul­heres ain­da repor­ta à ideia de mul­heres objeti­fi­cadas, hiper­sex­u­al­izadas, enquadradas em um deter­mi­na­do padrão estéti­co. Con­stata­mos que fal­tavam out­ras refer­ên­cias que pudessem inspi­rar as meni­nas”.

Segun­do Gina, os estu­dantes tiver­am a opor­tu­nidade de ler obras literárias pro­duzi­das por mul­heres, estu­dar a biografia de per­son­agens ou autoras inspi­rado­ras, para que pudessem vis­lum­brar out­ras opor­tu­nidades de iden­ti­dade, que tran­scen­dam os estereóti­pos de gênero, e os meni­nos pudessem ques­tionar a mas­culin­idade tóx­i­ca.

A ini­cia­ti­va tam­bém per­mi­tiu aos estu­dantes entre­vis­tar uma mul­her inspi­rado­ra de sua vida. A maio­r­ia escol­heu a mãe, a avó e a bisavó. A par­tir das entre­vis­tas que realizaram, eles pro­duzi­ram tex­tos em que apre­sen­tam as histórias de luta, de deter­mi­nação, a rev­olução silen­ciosa que essas mul­heres real­izam em suas comu­nidades. As histórias foram trans­for­madas no livro Mul­heres Inspi­rado­ras, que foi pub­li­ca­do em 2016.

O pro­je­to per­mi­tiu ain­da que sujeitos que foram excluí­dos da história ofi­cial e, por­tan­to, dos mate­ri­ais didáti­cos, chegassem à esco­la. Os estu­dantes pud­er­am ler obras literárias escritas por mul­heres negras, indí­ge­nas, per­iféri­c­as e con­hecer a força e a potên­cia das lid­er­anças fem­i­ni­nas do seu ter­ritório.

Política pública

Ao comen­tar o que foi deter­mi­nante para tornar o pro­je­to uma políti­ca públi­ca, a pro­fes­so­ra desta­cou “a atu­ação integra­da de difer­entes atores: os pro­mo­tores do 1º Prêmio Ibero-amer­i­cano, o Ban­co de Desen­volvi­men­to da Améri­ca Lati­na, o gov­er­no do Dis­tri­to Fed­er­al, a Sec­re­taria de Edu­cação do DF, o grupo de pesquisa Edu­cação Críti­ca, Auto­ria Cria­ti­va (Gecria), o Pro­gra­ma de Pós-Grad­u­ação em Lin­guís­ti­ca da Uni­ver­si­dade de Brasília, as comu­nidades onde o pro­je­to foi desen­volvi­do, os estu­dantes e as pro­fes­so­ras e gestores que se enga­jaram no pro­je­to pilo­to”.

Para que o Mul­heres Inspi­rado­ras se tor­nasse políti­ca públi­ca hou­ve uma cam­in­ha­da que começou há sete anos. Depois de con­quis­ta­do o 1º Prêmio Ibero-amer­i­cano de Edu­cação em Dire­itos Humanos, o pro­je­to gan­hou vis­i­bil­i­dade. Tra­ta-se de um prêmio con­ce­di­do pela Orga­ni­za­ção de Esta­dos Ibero-amer­i­canos e pela Fun­dação SM, insti­tu­ições vin­cu­ladas à pro­moção da ciên­cia, da edu­cação, que atu­am na defe­sa dos dire­itos humanos, na Ibero-Améri­ca há muitos anos.

O prêmio fez com que out­ras enti­dades, como o Ban­co de Desen­volvi­men­to da Améri­ca Lati­na con­hecessem o pro­je­to. No final de 2016, o pro­gra­ma chegou a mais esco­las. Em 2017, foi assi­na­do um acor­do de coop­er­ação inter­na­cional entre o GDF,  o ban­co e a OEI e ini­ci­a­da uma exper­iên­cia pilo­to com 15 esco­las. A exper­iên­cia foi acom­pan­ha­da pela UnB, que avaliou o tra­bal­ho.

Cooperação

A boa práti­ca edu­ca­cional trans­for­ma­da em políti­ca públi­ca colab­o­ra com a mis­são de “faz­er a coop­er­ação real­mente acon­te­cer”. De acor­do com a pro­fes­so­ra Gina Ponte, “o pro­je­to Mul­heres Inspi­rado­ras, além de con­sti­tuir um tra­bal­ho pedagógi­co que trouxe resul­ta­dos pos­i­tivos no Cen­tro de Ensi­no Fun­da­men­tal 12 de Ceilân­dia, alcançan­do cer­ca de 900 estu­dantes, hoje é um pro­gra­ma que tra­bal­ha em duas frentes: pro­move a for­mação de profis­sion­ais da edu­cação e dá sub­sí­dios a ess­es profis­sion­ais e suas esco­las com obras literárias de auto­ria fem­i­ni­na”.

Para Gina, a “pro­pos­ta não é que eles mul­ti­pliquem ou sim­ples­mente repro­duzam o pro­je­to Mul­heres Inspi­rado­ras, mas que, a par­tir da pesquisa sobre a especi­fi­ci­dade do seu ter­ritório, da sua comu­nidade, dos seus estu­dantes, criem pro­je­tos capazes de inter­ferir nos prob­le­mas locais e for­t­ale­cer a apren­diza­gem e o desen­volvi­men­to inte­gral dos estu­dantes”.

Edição: Graça Adju­to

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