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Projeto distribui em dois anos 500 toneladas de alimentos orgânicos

Repro­dução: © Mario Grave/Agência Is

Orgânico Solidário distribui atualmente cestas em seis estados

Pub­li­ca­do em 26/04/2022 — 06:34 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Nos dois anos de pan­demia de covid-19, o pro­je­to Orgâni­co Solidário — platafor­ma sem fins lucra­tivos orga­ni­za­da sob a for­ma de um fun­do filantrópi­co — con­seguiu arrecadar mais de R$ 3,5 mil­hões em doações de pes­soas físi­cas e jurídi­cas, que resul­taram na dis­tribuição de mais de 75 mil ces­tas orgâni­cas para cer­ca de 80 comu­nidades em qua­tro esta­dos do país. No total, foram mais de 500 toneladas de ali­men­tos entregues, ori­un­dos de uma rede com­pos­ta por 100 agricul­tores famil­iares.

O cri­ador do pro­je­to, Aziz Camali Con­stan­ti­no, disse que a ideia surgiu como resul­ta­do dire­to do impacto da pan­demia. Ele mon­tou um grupo de empre­sas e empreende­dores ami­gos e perce­beu que seria mais efi­ciente pen­sar em uma solução cujo cen­tro fos­se o próprio impacto cau­sa­do pela covid-19. “A par­tir daí, a gente mapeou o ter­ritório da fome porque mui­ta gente, no começo da pan­demia, esta­va olhan­do para a saúde, para res­pi­radores e out­ros equipa­men­tos. E a gente viu que quan­do fal­tasse comi­da no pra­to das pes­soas, qual­quer tese de saúde públi­ca, de edu­cação, iria para o ralo”.

ORGÂNICO SOLIDÁRIO
Repro­dução: ORGÂNICO SOLIDÁRIO — Mario Grave/Agência Is

O foco, então, foi não fomen­tar uma ces­ta seca, da filantropia social tradi­cional, que não tem quase nada de nutrição, disse Con­stan­ti­no. “A gente perce­beu que pre­cisa­va falar de segu­rança ali­men­tar, de agroe­colo­gia. Cri­amos uma ces­ta fres­ca, com fru­tas, legumes e ver­duras que, além de ali­men­tar com algo que é escas­so nas per­ife­rias, gerasse ren­da para o agricul­tor, para o pro­du­tor orgâni­co”, expli­cou.

Rede

Usan­do inteligên­cia e tec­nolo­gia, o Orgâni­co Solidário não opera somente em emergên­cias e desas­tres, mas está atual­mente em seis esta­dos (Rio de Janeiro, São Paulo, San­ta Cata­ri­na, Paraná, Bahia e Goiás), atuan­do por meio de mais de 20 pro­je­tos em comu­nidades pelo Brasil. Os ali­men­tos fres­cos são entregues de for­ma recor­rente, dan­do dig­nidade às pes­soas e acom­pan­han­do a trans­for­mação do que é uma família com aces­so a esse tipo de comi­da saudáv­el.

Aziz afir­mou que é difí­cil pen­sar em meta para 2022 em um país como o Brasil, onde morre mais gente de má ali­men­tação do que de fal­ta de comi­da, “um país que fomen­ta o agronegó­cio que não ali­men­ta ninguém. A gente percebe que entre­gar comi­da é uma pre­mis­sa”. Ele lem­brou que, infe­liz­mente, o Brasil pro­duz hoje menos veg­e­tais e ver­duras do que o Japão. Daí, o papel fun­da­men­tal do pro­je­to de for­t­ale­cer a agri­cul­tura orgâni­ca.

Como orga­ni­za­ção social, o exer­cí­cio do fun­do hoje é bus­car novos doadores, sejam empre­sas apoiado­ras ou pes­soas, para aumen­tar o cin­turão de doação. “O grande seg­re­do do nos­so mod­e­lo é que a gente não bus­cou só fun­dações, insti­tu­tos e empre­sas pri­vadas. A gente democ­ra­ti­zou a lin­guagem da filantropia. A gente gos­ta de falar que a micro­fi­lantropia tam­bém é algo que fal­ta no Brasil”.

Segun­do o cri­ador do Orgâni­co Solidário, o Brasil é uma das prin­ci­pais econo­mias do mun­do, mes­mo em crise. Mas, ao mes­mo tem­po, é uma das nações mais desiguais do plan­e­ta, “porque as pes­soas não gostam de dividir”. Adap­tan­do a lin­guagem, perce­beu-se que a cada R$ 50, uma pes­soa pode aju­dar uma família. “Eu democ­ra­ti­zo isso para qual­quer família pelo Brasil poder se sen­si­bi­lizar”. Por isso, o pro­je­to con­ta hoje com grande rede de pes­soas físi­cas, for­ma­da por mais de 8 mil doadores indi­vid­u­ais, que aju­dam na for­mação desse cin­turão. “Entre 15% e 20% das nos­sas doações vêm de pes­soas físi­cas”.

Con­stan­ti­no lem­brou ain­da que as pes­soas físi­cas podem con­tribuir fazen­do cam­pan­has, como tro­can­do pre­sentes de aniver­sário por doações para o pro­je­to. Segun­do ele, é pre­ciso pen­sar que, “se está ruim para mim, está pior para out­ras pes­soas”.

Fomento e renda

Ao mes­mo tem­po em que se pre­ocu­pa em ali­men­tar bem famílias car­entes, o Orgâni­co Solidário procu­ra fomen­tar e for­t­ale­cer o agricul­tor orgâni­co. “Hoje, são mais de 100 pro­du­tores na nos­sa rede. A gente gera ren­da para eles”. Na ces­ta forneci­da pelo pro­je­to, o din­heiro não vai para a indús­tria, como ocorre no mod­e­lo da ces­ta bási­ca tradi­cional. A doação na ces­ta fres­ca do Orgâni­co Solidário vai dire­ta­mente para o agricul­tor famil­iar, o pro­du­tor orgâni­co, garan­ti­n­do safra para eles.

Quem quis­er ser doador pode entrar no site do pro­je­to. A platafor­ma per­mite doar por pix, bole­to, cartão, parce­la­do, doação recor­rente. “Hoje não tem moti­vo para não doar”, garan­tiu Aziz Con­stan­ti­no. Os recur­sos ali­men­tam as doações recor­rentes de ces­tas fres­cas que ocor­rem toda sem­ana. “São dois anos, em que falo com muito orgul­ho e ‘ralação’, de entre­gas toda sem­ana. A gente não parou de entre­gar uma sem­ana sequer pelo Brasil”.

ORGÂNICO SOLIDÁRIO
Repro­dução: ORGÂNICO SOLIDÁRIO — Mario Grave/Agência Is

Ele desta­cou que o pro­je­to surgiu sem inves­ti­men­to ou plane­ja­men­to, com tem­po par­cial, porque todos os envolvi­dos são empreende­dores, que têm de pen­sar em suas empre­sas e famílias. Mas pri­or­i­zou a espon­tanei­dade. “Se cada um fiz­er um pouquin­ho, é pos­sív­el a gente se mobi­lizar em gru­pos para ger­ar impactos sig­ni­fica­tivos”.

Acres­cen­tou que o pro­je­to é extrema­mente profis­sion­al­iza­do. As doações caem em um fun­do filantrópi­co geri­do pela Sitawi Finanças do Bem, que audi­ta os recur­sos. Entre as mar­cas par­ceiras, estão a PagSe­guro, que ofer­ece taxas reduzi­das para o paga­men­to das doações pelo site, e a Klabin, que doa caixas em que os ali­men­tos são dis­tribuí­dos. Existe mon­i­tora­men­to para saber se as doações das ces­tas estão chegan­do aos locais cer­tos. “A gente con­seguiu mostrar que é pos­sív­el olhar para o impacto, para a filantropia, sem pen­sar nos mod­e­los sofisti­ca­dos, como cri­ar uma orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG)”, disse Aziz Con­stan­ti­no.

As ces­tas têm o val­or de R$ 50 cada e incluem itens vari­a­dos. São mais de 6 qui­los de fru­tas, legumes e ver­duras. Agricul­tores orgâni­cos, em parce­ria com oper­adores locais em cada região aten­di­da, fazem a col­hei­ta, seleção dos pro­du­tos, mon­tagem e entre­ga das ces­tas.

De acor­do com o cri­ador do Orgâni­co Solidário, uti­lizar ali­men­tos orgâni­cos garante ter à mesa pro­du­tos sem agrotóx­i­cos, com maior val­or nutri­cional, o que tor­na a comi­da mais saborosa e aju­da no aumen­to de anti­cor­pos.

Edição: Graça Adju­to

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