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Projeto do Sesc estreia com música inédita de João Gilberto

Repro­dução: © Divulgação/Sesc Audio­vi­su­al

Musical foi remasterizado e formatado como álbum digital


Pub­li­ca­do em 05/04/2023 — 06:32 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O pro­je­to musi­cal Relicário, de res­gate dos áudios de shows históri­cos real­iza­dos em unidades do Serviço Social do Comér­cio (Sesc) nas décadas de 1970, 1980 e 1990, estreia nes­ta quar­ta-feira (5), com gravação inédi­ta de João Gilber­to, de 1998, no Sesc Vila Mar­i­ana. O musi­cal foi remas­ter­i­za­do e for­mata­do como álbum dig­i­tal. O álbum dup­lo João Gilber­to ao Vivo no Sesc 1998 reúne 36 músi­cas e será disponi­bi­liza­do com exclu­sivi­dade e gra­tuita­mente, a par­tir des­ta quar­ta-feira (5), na platafor­ma Sesc Dig­i­tal. A capa do álbum é repro­dução do grafite feito pelo artista visu­al Speto, em 2020, em hom­e­nagem a João Gilber­to.

“A gente lança o sin­gle em todas as platafor­mas, já entra no Sesc Dig­i­tal para ser ouvi­do na ínte­gra e, no dia 27, faz o lança­men­to em todas as out­ras platafor­mas e lança ele fisi­ca­mente tam­bém, em CD dup­lo”, infor­mou à Agên­cia Brasil o ger­ente do Cen­tro de Pro­dução Audio­vi­su­al do Serviço Social do Comér­cio (Sesc), Wag­n­er Palazzi.

Rio de Janeiro (RJ) - Projeto Relicário - A capa do álbum reproduz grafite feito pelo artista visual Speto, em 2020, em homenagem a João Gilberto. Foto: Divulgação/Acervo Sesc Audiovisual
Repro­dução: Capa do álbum repro­duz grafite feito pelo artista visu­al Speto, em 2020, em hom­e­nagem a João Gilber­to — Divulgação/Sesc Audio­vi­su­al

A novi­dade é que nes­sa gravação foi encon­tra­da uma canção inédi­ta, Rei sem Coroa, que João Gilber­to can­ta­va nos shows, mas nun­ca havia grava­do, e que chega ao públi­co ago­ra, 25 anos depois da apre­sen­tação históri­ca na unidade do Sesc, em São Paulo. A faixa inédi­ta tam­bém estará a par­tir de hoje nas prin­ci­pais platafor­mas de stream­ing (trans­mis­são de con­teú­dos pela inter­net). A ideia da insti­tu­ição, com o pro­je­to Relicário, é tornar a riqueza desse acer­vo cada vez mais acessív­el ao públi­co.

A canção Rei sem Coroa é uma parce­ria dos com­pos­i­tores Heriv­el­to Mar­tins e Walde­mar Ressur­reição, inspi­ra­da na história do rei Car­los II, da Romê­nia, que foi morar no Copaca­bana Palace Hotel, no Rio de Janeiro, após ser força­do a abdicar de seu trono durante a Segun­da Guer­ra Mundi­al.

Segun­do Wag­n­er Palazzi, há alguns anos, o Cen­tro de Pro­dução Audio­vi­su­al do Sesc tin­ha a ideia de cri­ar um acer­vo audio­vi­su­al para reunir todos os reg­istros guarda­dos na insti­tu­ição, de for­ma cat­a­lo­ga­da e de modo que pudessem ser con­sul­ta­dos.

“Uma coisa que foi fei­ta foi ir atrás dos áudios espal­ha­dos que tin­ha nas unidades [do Sesc]. Durante algum tem­po, os acer­vos eram indi­vid­u­al­iza­dos e a gente começou a jun­tar isso em um lugar só.”

Seleção

Uma primeira seleção envolveu 300 shows real­iza­dos nas unidades region­ais do Sesc. O tra­bal­ho ver­i­fi­cou a qual­i­dade dos áudios, uma vez que o mate­r­i­al é muito anti­go, reunin­do des­de fita de rolo, cas­sete, fita DAT (dig­i­tal audio tape). “A gente dig­i­tal­i­zou todo esse mate­r­i­al e começou o tra­bal­ho de ouvir isso”. Foi quan­do as pes­soas lem­braram do show de João Gilber­to no Sesc Vila Mar­i­ana, em 1998. Para sur­pre­sa dos envolvi­dos, a fita tin­ha uma “qual­i­dade incrív­el”, desta­cou Palazzi.

A decisão, então, foi abrir o pro­je­to Relicário com o álbum dup­lo de João Gilber­to, con­sid­er­a­do “um dos grandes nomes da músi­ca pop­u­lar brasileira, como Pixin­guin­ha, Tom Jobim e out­ros”, afir­mou o ger­ente do Cen­tro de Pro­dução Audio­vi­su­al. “A gente achou que seria impor­tante começar com esse tesouro.” A faixa instru­men­tal Um Abraço no Bon­fá, hom­e­nagem ao vio­lonista Luiz Bon­fá (1922–2001), é a úni­ca músi­ca de auto­ria de João Gilber­to inter­pre­ta­da na apre­sen­tação no Sesc Vila Mar­i­ana.

Rio de Janeiro (RJ) - Projeto Relicário - A capa do álbum reproduz grafite feito pelo artista visual Speto, em 2020, em homenagem a João Gilberto. Foto: Divulgação/Acervo Sesc Audiovisual
Repro­dução: Álbum dup­lo de João Gilber­to abre pro­je­to Relicário — Divulgação/Sesc Audio­vi­su­al

O lança­men­to do álbum dup­lo do can­tor cel­e­bra os 25 anos da apre­sen­tação no local. A unidade havia sido inau­gu­ra­da em dezem­bro de 1997 e o “pai” da bossa-nova era um dos primeiros grandes nomes a pis­ar no pal­co daque­le teatro. João Gilber­to esta­va em turnê para cel­e­brar os 40 anos da bossa-nova, com shows agen­da­dos em Sal­vador, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Maceió. São Paulo rece­beu três dias de apre­sen­tações, sendo a últi­ma, em 5 de abril de 1998, a fonte para o mate­r­i­al do pro­je­to Relicário. Con­heci­do por seu per­fec­cionis­mo, na época João fez ape­nas qua­tro pedi­dos para a real­iza­ção do show: um ban­co para piano, um tapete per­sa, uma mesa para vio­lão e a acús­ti­ca per­fei­ta. As infor­mações foram divul­gadas pelo Sesc, por meio de sua asses­so­ria de impren­sa.

Memória

Para preser­var tam­bém a memória da insti­tu­ição, o pro­je­to Relicário incluiu, além das canções, tex­tos, vídeos, fotografias e mate­r­i­al icono­grá­fi­co com fol­hetos, car­tazes e notí­cias veic­u­ladas na impren­sa, à época, que o públi­co poderá aces­sar tam­bém de for­ma gra­tui­ta no site sescsp.org.br/relicario.

“É uma pesquisa que a gente está fazen­do, porque eu acho impor­tante con­tex­tu­alizar. Com esse lança­men­to, a gente espera estar con­tribuin­do, de algu­ma maneira, para a preser­vação da memória da músi­ca brasileira. E isso faz parte, não só ouvir, mas tudo que está envolvi­do ali no meio. Poder enten­der o que foi fal­a­do na época, poder ver. Por isso, são encomen­da­dos tex­tos para situ­ar a pes­soa que ouvir o show.

Atual­mente, o Sesc real­iza cer­ca de 5 mil shows por ano em suas 44 unidades region­ais. “Tem mui­ta coisa grava­da, que o artista autor­i­zou”. O que dá mais tra­bal­ho é cor­rer atrás dos dire­itos autorais, infor­mou Wag­n­er Palazzi. No caso do álbum de João Gilber­to, disse que os três fil­hos do can­tor (Bebel Gilber­to, João Marce­lo e Luísa) foram muito par­ceiros. “A Bebel acabou fazen­do a super­visão artís­ti­ca de tudo.”

Segun­do Palazzi, mais qua­tro shows já estão “na pon­ta da agul­ha para serem lança­dos ain­da este ano”. O primeiro será uma apre­sen­tação de Zelia Dun­can, fei­ta em 1997, no Sesc Pom­peia, que teve par­tic­i­pação do musicól­o­go Zuza Homem de Mel­lo, com o pro­je­to Ouvin­do Estre­las, em que ele entre­vis­ta­va pes­soas no pal­co. “Era um show-entre­vista, uma con­ver­sa descon­traí­da”, con­ta o ger­ente. Essa apre­sen­tação será lança­da somente no Sesc Dig­i­tal, mas não com­er­cial­mente. Palazzi desta­cou que os out­ros três espetácu­los serão grandes sur­pre­sas dos anos de 1970, 1980 e 1990.

Selo Sesc

Des­de 2004, o Selo Sesc traz a públi­co obras que rev­e­lam a diver­si­dade e a ampli­tude da pro­dução artís­ti­ca brasileira, tan­to em obras con­tem­porâneas quan­to nas que reper­cutem a memória cul­tur­al, esta­b­ele­cen­do diál­o­gos entre a ino­vação e o históri­co. Entre as obras audio­vi­suais em DVD, desta­ca-se a abor­dagem de difer­entes aspec­tos da músi­ca, da lit­er­atu­ra, da dança e das artes visuais. Os títu­los estão disponíveis nas prin­ci­pais platafor­mas de áudio, Sesc Dig­i­tal e Lojas Sesc.

O CD dup­lo de João Gilber­to no Sesc da Vila Mar­i­ana tem as seguintes faixas:

CD 1

1. Vio­lão ami­go (Autor: Bide / Arman­do Marçal)
2. Isto aqui o que é? (Autor: Ary Bar­roso)
3. Vivo son­han­do (Autor: Tom Jobim)
4. Nova ilusão (Autor: Menezes / Luiz Bit­ten­court)
5. Izau­ra (Autor: Heriv­el­to Mar­tins / Rober­to Rober­ti)
6. Curare (Autor: Bororó)
7. Doral­ice (Autor: Dori­val Caym­mi / Antônio Almei­da)
8. Rosa more­na (Autor: Dori­val Caym­mi)
9. Aos pés da cruz (Autor: Zé da Zil­da / Mari­no Pin­to)
10. Louco (Autor: Hen­rique de Almei­da / Wil­son Bap­tista)
11. Pra que dis­cu­tir com madame (Autor: Janet de Almei­da / Ary Vidal)
12. Cor­co­v­a­do (Autor: Tom Jobim)
13. Retra­to em bran­co e pre­to (Autor: Tom Jobim / Chico Buar­que)
14. Rei sem coroa (Autor: Heriv­el­to Mar­tins / Walde­mar Ressur­reição)
15. Pre­con­ceito (Autor: Mari­no Pin­to / Wil­son Batista)
16. Saudade da Bahia (Autor: Dori­val Caym­mi)
17. O pato (Autor: Jayme Sil­va / Neuza Teix­eira)
18. Med­i­tação (Autor: Tom Jobim / New­ton Men­donça)

CD 2

1. Car­in­hoso (Autor: Pixin­guin­ha / Braguin­ha)
2. Gua­cyra (Autor: Heck­el Tavares / Jora­cy Camar­go)
3. Solidão (Autor: Tom Jobim / Doca)
4. O amor em paz (Autor: Tom Jobim / Vini­cius De Moraes)
5. A primeira vez (Autor: Bide / Arman­do Marçal)
6. Ave Maria no mor­ro (Autor: Heriv­el­to Mar­tins)
7. Bahia com H (Autor: Denis Bre­an)
8. Sam­ba de uma nota só (Autor: Tom Jobim / New­ton Men­donça)
9. Cam­in­hos cruza­dos (Autor: Tom Jobim / New­ton Men­donça)
10. Lá vem a baiana (Autor: Dori­val Caym­mi)
11. Ave Maria (Autor: Jayme Redon­do / Vicente Pai­va)
12. Desa­fi­na­do (Autor: Tom Jobim / New­ton Men­donça)
13. Um abraço no Bonfá (Autor: João Gilber­to)
14. Chega de saudade (Autor: Tom Jobim / Vini­cius De Moraes)
15. A Val­sa de quem não tem amor (Autor: Custó­dio Mesqui­ta / Ewal­do Ruy / João Gilber­to / Bebel Gilber­to)
16. Eu sei que vou te amar (Autor: Tom Jobim / Vini­cius De Moraes)
17. Wave (Autor: Tom Jobim)
18. Esse seu olhar (Autor: Tom Jobim)

Edição: Juliana Andrade

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