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Projeto educativo apresenta biodiversidade do Cerrado

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Vencedores do FrancEcolab 2023 serão premiados neste sábado


Pub­li­ca­do em 27/10/2023 — 19:59 Por Daniel­la Almei­da – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Seis cri­anças e ado­les­centes de difer­entes regiões brasileiras con­hece­r­am, nes­ta sex­ta-feira (27), um pouco da bio­di­ver­si­dade do Cer­ra­do fora dos livros, em uma exper­iên­cia imer­si­va no Jardim Botâni­co de Brasília (JBB). Na tril­ha ecológ­i­ca, um guia profis­sion­al apre­sen­tou a fau­na e a flo­ra do bio­ma em sementes, nascentes e cur­so d’água, pequenos ani­mais, como um tatu, e árvores típi­cas aos jovens e a seus pro­fes­sores. Todos via­jaram a Brasília a con­vite da Embaix­a­da da França no Brasil, por serem vence­dores do pro­gra­ma FrancEco­lab Brasil 2023.

O obje­ti­vo do pro­gra­ma é des­per­tar jovens e edu­cadores brasileiros para a importân­cia da preser­vação ambi­en­tal e o desen­volvi­men­to sus­ten­táv­el do plan­e­ta. Os gan­hadores da ter­ceira edição do pro­je­to foram apel­i­da­dos de eco­ci­dadãos pelos orga­ni­zadores da ini­cia­ti­va por con­tribuírem para a mel­ho­ria e con­ser­vação do plan­e­ta para as ger­ações futuras. 

Durante a cam­in­ha­da de 1,8 quilômetro (km) pela Tril­ha Krahô do JBB (nome que hom­e­nageia o povo indí­ge­na de Tocan­tins), estu­dantes e pro­fes­sores rev­e­laram que a edu­cação ambi­en­tal, aos poucos, tem pro­movi­do mudanças na vida de deles, como a redução de con­sumo, o reú­so de alguns recur­sos, a reci­clagem de pro­du­tos e o com­bate ao des­perdí­cio. Com isso, muitos dizem que se tornaram mais con­scientes do papel indi­vid­ual que têm.

Maria Clara Soares, alu­na do 5º ano da Esco­la Munic­i­pal Aní­sio Teix­eira de Niterói, no Rio de Janeiro, desco­briu-se como mul­ti­pli­cado­ra de con­hec­i­men­tos. “Min­ha visão mudou, e sei que a gente tem que reci­clar mais e ten­tar econ­o­mizar recur­sos para preser­var espé­cies de plan­tas e ani­mais. Ago­ra, ten­ho repas­sa­do esse pro­je­to para as out­ras tur­mas da min­ha esco­la.”

Brasília (DF), 27/10/2023 - A estudante Andrya Pietra Sousa, que participa de programa educativo desenvolvido pela da Embaixada da França, durante visita guiada ao Jardim Botânico de Brasília para conhecer a fauna e a flora do Cerrado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: A estu­dante ama­zo­nense Andrya desta­ca importân­cia da preser­vação das flo­restas — Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Andrya Pietra Sousa de Jesus, que está no primeiro ano do ensi­no médio de uma esco­la públi­ca de Man­aus e é uma das gan­hado­ras do FrancEco­lab Brasil, lem­brou que, neste ano, pres­en­ciou por alguns dias o céu man­auara toma­do pela fumaça de queimadas na Flo­res­ta Amazôni­ca. Ao par­tic­i­par do pro­gra­ma, Andrya disse que pas­sou a val­orizar mais a natureza que cer­ca a cidade onde vive. “Apren­di a importân­cia de preser­var­mos nos­sas flo­restas, a importân­cia de ter um con­vívio mel­hor com o meio ambi­ente. A gente pre­cisa da flo­res­ta, pre­cisa da Mata Atlân­ti­ca, da Amazô­nia, do Cer­ra­do, do Pam­pa, para viv­er. Mas as pes­soas não estão dan­do tan­ta importân­cia a isso e con­sid­er­am a cidade como mais impor­tante, como se isso fos­se a solução de tudo.”

Sua pro­fes­so­ra na Esco­la José Car­los Mestrin­ho, a france­sa Kadidi­a­tou Sow, que vive há um ano no Brasil, disse que já tin­ha con­sciên­cia ambi­en­tal ao reci­clar o lixo domés­ti­co, mas ficou sur­pre­sa com pes­soas jogan­do lixo no chão, com o uso abu­si­vo de plás­ti­co e com a fal­ta de edu­cação ambi­en­tal mes­mo para quem vive a Amazô­nia brasileira. A pro­fes­so­ra de lín­gua estrangeira desta­cou, porém, que ofic­i­nas, vis­i­tas de espe­cial­is­tas e mate­r­i­al de apoio ofer­e­ci­do pelo pro­gra­ma já con­tribuem para mudar a real­i­dade de docentes e de alunos. “Perce­bi que eles saíram desse pro­je­to com mais con­hec­i­men­to. E acho que o mais impor­tante é edu­car nos­sas cri­anças, porque eles são o futuro, e são eles que irão incen­ti­var e ser parte dessa mudança de que pre­cisamos tan­to.”

Vin­da de Macapá, a pro­fes­so­ra Flávia de Jesus dos San­tos Pontes infor­mou que a Esco­la Estad­ual Pro­fes­so­ra Marly Maria e Souza Sil­va foi pre­mi­a­da nas duas primeiras edições do pro­gra­ma. Em 2023, o pro­je­to vence­dor, o livro A Onça-Pin­ta­da Jus­sara e Seus Ami­gos con­tra O Ter­ror das Matas, foi con­fec­ciona­do com mate­r­i­al reci­cláv­el, sementes de fru­ta e de legumes, como abób­o­ras. Flávia perce­beu uma mudança de con­sciên­cia dos alunos a par­tir dessa exper­iên­cia. “Fize­mos a reci­clagem de mate­ri­ais para elab­o­rar o livrin­ho do pro­je­to e, então, eles apren­der­am questões de preser­vação e de reci­clagem para que não joguem lixo no chão, sep­a­rem o lixo, como papel, plás­ti­co e vidros. Vamos tra­bal­han­do tudo isso com eles em sala de aula.”

Na visi­ta à cap­i­tal fed­er­al, o estu­dante do primeiro ano do ensi­no médio do Colé­gio Liceu Fran­co-Brasileiro do Rio de Janeiro João Vitor Lopes aju­dou a plan­tar mudas de ipê amare­lo no Jardim Botâni­co.  Para João Vitor, o plan­e­ta ain­da tem jeito, mas o FrancEco­lab Brasil des­per­tou nele um sen­so de urgên­cia para revert­er proces­sos de degradação ambi­en­tal. “Enten­di que a situ­ação pre­cisa ser muda­da ago­ra, porque pode ser que não ten­hamos tem­po para isso. Então, nós, os ado­les­centes e as cri­anças, somos respon­sáveis por essa mudança. Sem nós, real­mente não vai ter como efe­ti­va­mente sal­var as flo­restas do Brasil. Procuro sem­pre desen­volver práti­cas sabida­mente boas para o meio ambi­ente, como a reci­clagem, no colé­gio, em casa e no meu pré­dio.”

Brasília (DF), 27/10/2023 - A estudante Sofia Diniz, que participa de programa educativo desenvolvido pela da Embaixada da França, durante visita guiada ao Jardim Botânico de Brasília para conhecer a fauna e a flora do Cerrado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: A mineira Sofia fez peque­nas mudanças, como fechar a torneira ao esco­var os dentes — Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Peque­nas mudanças de hábitos, como fechar a torneira ao lavar os cabe­los com­pri­dos e esco­var os dentes, foram ado­tadas pela Sofia Diniz, estu­dante do 8º ano do ensi­no fun­da­men­tal de Con­tagem, em Minas Gerais, des­de que começou a par­tic­i­par do pro­je­to francês. Ago­ra, Sofia ten­ta influ­en­ciar os famil­iares para ter roti­nas mais ecológ­i­cas e sus­ten­táveis.

“Se con­tin­uar­mos no está­gio em que esta­mos, ter­e­mos a ebu­lição glob­al e não vai haver mais espé­cies de plan­tas, não vai ter mais oxigênio necessário para a gente sobre­viv­er ou con­seguir ter uma vida estáv­el e boa tam­bém”, teme Sofia.

O pro­fes­sor Bri­an Diniz Amor­im disse que apre­cia o pro­tag­o­nis­mo jovem na bus­ca de soluções para prob­le­mas que impactam a humanidade. “Como pro­fes­sor, vejo que con­seguimos prop­i­ciar aos alunos a opor­tu­nidade de pen­sar a nív­el cien­tí­fi­co em prob­le­mas muito com­plex­os e bus­car uma solução própria deles para ess­es prob­le­mas, em que eles são os pro­tag­o­nistas para a solução.”

“Vol­ta e meia, nos deparamos com desafios muito impo­nentes, e os alunos, por meio da mobi­liza­ção de todos os con­hec­i­men­tos adquiri­dos ao lon­go dos anos de esco­lar­iza­ção, têm pos­si­bil­i­dade de pen­sar em uma solução para um prob­le­ma muito com­plexo”, acres­cen­ta Bri­an Amor­im, pro­fes­sor na esco­la de Sofia.

O FrancEco­lab Brasil é inter­dis­ci­pli­nar e, por isso, pud­er­am par­tic­i­par do pro­gra­ma, pro­fes­sores de diver­sas dis­ci­plinas, além do francês. No Liceu Fran­co-Brasileiro, do Rio, a pro­fes­so­ra Heloísa Hele­na Leal Azeve­do rev­el­ou que esse envolvi­men­to maior con­ta­giou toda a esco­la e acir­rou a dis­pu­ta inter­na para par­tic­i­par do pro­gra­ma. “É uma guer­ra. E a gente tem que edu­car os alunos para que eles pos­sam saber preser­var o que nós temos. E os pro­fes­sores tam­bém pas­sam por essa edu­cação. Depois que par­tic­i­pam, acho que o con­hec­i­men­to deles cresce muito.”

O dire­tor de Bio­di­ver­si­dade do Jardim Botâni­co de Brasília, Estevão do Nasci­men­to Fer­nan­des de Souza, que guiou os vis­i­tantes pela Tril­ha Krahô, quis tornar a exper­iên­cia trans­for­mado­ra ao mostrar detal­h­es que cos­tu­mam pas­sar des­perce­bidos no bio­ma do Cer­ra­do. Souza apos­ta no poten­cial das cri­anças para pro­te­ger e respeitar o meio ambi­ente. “Fornece­mos a edu­cação de base e, assim, elas con­seguem mul­ti­plicar esse con­hec­i­men­to quan­do chegam em casa. E a gente vê que as cri­anças estão mais inter­es­sadas em enten­der. Elas per­gun­tam mais e inter­agem mais com a gente.”

FrancEcolab

Brasília (DF), 27/10/2023 - Crianças e professores que participam de programa educativo desenvolvido pela da Embaixada da França fazem visita guiada ao Jardim Botânico de Brasília para conhecer a fauna e a flora do Cerrado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: Pro­gra­ma FrancEco­lab foi cri­a­do há dois anos pela Embaix­a­da da França no Brasil — Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Cri­a­do em 2021 pela Embaix­a­da da França no Brasil, o FrancEco­lab é um pro­gra­ma educa­ti­vo des­ti­na­do a estu­dantes de esco­las brasileiras públi­cas e pri­vadas bilingues, com ensi­no de francês e por­tuguês.

Nos dois anos ante­ri­ores foram abor­da­dos temas que envolvi­am a pro­teção dos oceanos e rios e o com­bate aos microplás­ti­cos. A ter­ceira edição teve como tema As Flo­restas do Brasil: Preser­var a Bio­di­ver­si­dade. De acor­do com a Embaix­a­da da França, em 2023, a ini­cia­ti­va reuniu mais de mil estu­dantes, de 7 a 18 anos, dos ensi­nos fun­da­men­tal e médio, de 57 esco­las públi­cas e pri­vadas de todo o Brasil, que par­tic­i­param de ofic­i­nas, pas­seios, vis­i­tas a lab­o­ratórios, palestras e for­mação online e con­cur­sos ao lon­go deste ano.

A asses­so­ra de Coop­er­ação Edu­ca­cional da Embaix­a­da france­sa, Lau­ra Le Mounier, expli­cou porque o foco do pro­je­to está no públi­co infan­to­ju­ve­nil. “O pro­gra­ma per­mite for­mar uma ger­ação de eco­ci­dadãos. Eles estão muito ani­ma­dos com esse tema. E é grat­i­f­i­cante ver que estão mod­i­f­i­can­do essas mentes, essas men­tal­i­dades para um olhar mais ambi­en­tal.”

 “O futuro do plan­e­ta depende das ger­ações futuras, tam­bém porque eles são o públi­co alvo, porque são muito mais aber­tos, muito mais facil­mente con­sci­en­ti­za­dos e logo vão con­sci­en­ti­zar os pais e os adul­tos do entorno deles. Então, para mim, é uma fer­ra­men­ta essen­cial para con­tribuir para evolução e con­sci­en­ti­zar a pop­u­lação sobre as temáti­cas em favor da preser­vação do meio ambi­ente”, declar­ou Hélène Ducret, adi­da de Coop­er­ação Educa­ti­va da Embaix­a­da da França.

Nos três dias que mar­cam o encer­ra­men­to des­ta edição, Hélène Ducret fez um bal­anço dos tra­bal­hos real­iza­dos. “Percebe­mos o inter­esse de meni­nas e meni­nos, das famílias, das equipes pedagóg­i­cas e tam­bém dos respon­sáveis pelas esco­las e sec­re­tarias de Edu­cação. Para todos eles, ago­ra, a edu­cação em favor do meio ambi­ente se tornou uma neces­si­dade. Então, o pro­gra­ma cor­re­sponde muito bem às neces­si­dades que eles ide­alizaram para fomen­tar trans­for­mações den­tro da esco­la. Há ain­da efeito sobre a didáti­ca e a ped­a­gogia. Os pro­fes­sores que par­tic­i­pam dos pro­je­tos, ago­ra, pas­saram a ter o cos­tume de tra­bal­har jun­tos e gostam muito dis­so.”

Todos os pro­je­tos gan­hadores do FrancEco­lab 2023 serão con­heci­dos neste sába­do (28), em uma cer­imô­nia em Brasília, no Liceu francês François Mit­ter­rand, às 11h.

Edição: Nádia Fran­co

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