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Projeto na Rocinha estimula debate sobre suicídio entre jovens

Repro­dução: © Clíni­ca Jorge Jaber

Iniciativa será levada ao Congresso Europeu de Psiquiatria, na Hungria


Pub­li­ca­do em 18/11/2023 — 14:15 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Um pro­je­to brasileiro que visa estim­u­lar o debate sobre o suicí­dio entre jovens, como for­ma de pro­moção da saúde men­tal, vai ser apre­sen­ta­do em Budapeste, na Hun­gria, em abril de 2024, durante o 32º Con­gres­so Europeu de Psiquia­tria. A ini­cia­ti­va resul­ta de parce­ria ini­ci­a­da este ano na Rocin­ha, comu­nidade da zona sul car­i­o­ca, pela Clíni­ca Jorge Jaber e a Asso­ci­ação Socio­cul­tur­al Semearte, que pro­move teatro e dança na região.

O tra­bal­ho envolve cer­ca de 140 alunos na faixa etária de 13 a 22 anos que par­tic­i­pam de encon­tros com profis­sion­ais da área de psiquia­tria, engloban­do palestras, rodas de con­ver­sa e arte. O obje­ti­vo das duas insti­tu­ições é estim­u­lar a dis­cussão e esclare­cer dúvi­das e medos que cer­cam o tema do suicí­dio, espe­cial­mente entre os jovens.

O psiquia­tra Jorge Jaber, respon­sáv­el pelo tra­bal­ho, desta­ca a importân­cia de divul­gar o pro­je­to desen­volvi­do na Rocin­ha para a comu­nidade psiquiátri­ca inter­na­cional. “Essa é uma ini­cia­ti­va trans­for­mado­ra para a vida dess­es jovens e que pode inspi­rar muitas out­ras ações mun­do afo­ra”.

O pro­je­to teve um primeiro encon­tro no dia 9 de setem­bro, mês ded­i­ca­do à pre­venção do suicí­dio, na Bib­liote­ca Par­que da Rocin­ha. A reunião serviu para medir o grau de con­hec­i­men­to dos jovens sobre o suicí­dio. Eles assi­s­ti­ram a uma palestra com espe­cial­is­tas sobre o tema e, jun­tos, avaliaram as respostas para as dez per­gun­tas que rece­ber­am na chega­da ao even­to. O segun­do encon­tro será neste sába­do (18), quan­do os jovens assi­s­tirão a vídeo pro­duzi­do pelo cineas­ta Cavi Borges, da Cavídeo, que vem doc­u­men­tan­do todo o proces­so.

A expec­ta­ti­va da pres­i­dente da Semearte, Tali­ta San­tos, é que ess­es 140 jovens que par­tic­i­pam dos debates se tornem mul­ti­pli­cadores das infor­mações e pos­sam aju­dar no tra­bal­ho de pre­venção. “Nos­so propósi­to é res­gatar vidas através da arte, e a saúde men­tal é um ele­men­to fun­da­men­tal.”

Tristeza e apreensão

Recen­te­mente, os jovens da Asso­ci­ação Semearte que estu­dam teatro e dança na Rocin­ha perder­am uma ami­ga da comu­nidade e futu­ra inte­grante do grupo de teatro, o que ger­ou tris­teza, apreen­são e dúvi­das entre todos, a respeito do tema.

Jorge Jaber infor­mou que o índice de suicí­dios entre os jovens cresceu 54% entre 2009 e 2019, respon­den­do pela segun­da causa de mortes entre essa pop­u­lação, depois dos aci­dentes de trân­si­to. “E a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde [OMS] afir­ma que 90% dos episó­dios pode­ri­am ser pre­venidos, o que tor­na o prob­le­ma ain­da mais des­o­lador“, lamen­tou o psiquia­tra. No Brasil, entre os cer­ca de 12 mil casos de suicí­dio reg­istra­dos por ano, grande parte ocorre entre pes­soas de 15 a 24 anos de idade, de acor­do com a OMS.

Des­de o ano pas­sa­do, o médi­co vem tra­bal­han­do na Rocin­ha em parce­ria com o Insti­tu­to Desporti­vo Cul­tur­al Harol­do Brit­to, que ofer­ece gra­tuita­mente cur­sos de judô para 80 cri­anças e jovens entre 7 e 14 anos de idade naque­la comu­nidade e na Chá­cara do Céu. O obje­ti­vo das duas parce­rias é pro­mover a saúde men­tal por meio do esporte e da arte.

Jaber desta­cou que muitos casos de suicí­dio estão asso­ci­a­dos a dis­túr­bios men­tais, como depressão e transtorno bipo­lar, prob­le­mas que podem ser pre­venidos e trata­dos. Segun­do ele, os encon­tros com os alunos da asso­ci­ação são uma respos­ta a essa neces­si­dade de pre­venção e trata­men­to.

Semearte

A Asso­ci­ação Socio­cul­tur­al Semearte atende cer­ca de 140 cri­anças e ado­les­centes e fun­ciona pro­vi­so­ri­a­mente na Bib­liote­ca Par­que da comu­nidade da Rocin­ha, pro­moven­do ativi­dades de teatro e dança. Em out­ubro, o grupo estre­ou, no Teatro Vanuc­ci, o espetácu­lo Rio, inspi­ra­do na ani­mação de 2011 do mes­mo nome, dirigi­da pelo brasileiro Car­los Sal­dan­ha e grande suces­so nos cin­e­mas.

Os alunos de dança se apre­sen­tam em saraus nas esco­las da região. As metas para os próx­i­mos meses incluem apro­fun­dar o tra­bal­ho com a músi­ca e o can­to e cri­ar um pro­je­to para qual­i­fi­cação na área do audio­vi­su­al para dar encam­in­hamen­to profis­sion­al aos for­ma­dos.

Veja onde obter ajuda

Entre os profis­sion­ais que tratam de saúde men­tal e insti­tu­ições espe­cial­is­tas em pre­venção ao suicí­dio, é unân­ime a ideia de procu­rar (ou ori­en­tar) aju­da especí­fi­ca sem­pre que sen­tir neces­si­dade de acol­hi­men­to (ou perce­ber que alguém pre­cisa). Veja alguns canais para rece­ber atenção e auxílio:

Cen­tro de Val­oriza­ção da Vida, real­iza apoio emo­cional e pre­venção do suicí­dio, aten­den­do vol­un­tária e gra­tuita­mente todas as pes­soas que querem e pre­cisam con­ver­sar, sob total sig­i­lo por tele­fone, e‑mail e chat 24 horas todos os dias.

Mapa da Saúde Men­tal, que traz uma lista de locais de atendi­men­to vol­un­tário online e pres­en­cial em todo país.

Pode Falar, um canal lança­do pelo Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) de aju­da em saúde men­tal para ado­les­centes e jovens de 13 a 24 anos. Fun­ciona de for­ma anôn­i­ma e gra­tui­ta, indi­can­do mate­ri­ais de apoio e serviço.

Edição: Juliana Andrade

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