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Projeto preserva cultura da pesca artesanal de mexilhões em Niterói

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Resultados práticos devem ser apresentados em três meses


Pub­li­ca­do em 26/01/2022 — 06:32 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Os primeiros resul­ta­dos práti­cos do pro­je­to Futuro Próspero da Pro­dução de Mex­il­hões: da Tradição ao Dinamis­mo em Niterói, na região met­ro­pol­i­tana do Rio, devem ser apre­sen­ta­dos em três meses. Desen­volvi­do pela Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF), o pro­je­to visa preser­var o con­hec­i­men­to e a cul­tura dessa ativi­dade. A ini­cia­ti­va é do Pro­gra­ma de Desen­volvi­men­to de Pro­je­tos Apli­ca­dos, parce­ria da uni­ver­si­dade com a prefeitu­ra do municí­pio, com o apoio da Fun­dação Euclides da Cun­ha.

Cri­a­do pela douto­ra em ciên­cias biológ­i­cas e pro­fes­so­ra da UFF Eliana Mesqui­ta, o pro­je­to dev­e­ria ter sido ini­ci­a­do no fim de 2019. Com a pan­demia da covid-19, pesquisadores não tiver­am aces­so às comu­nidades de pescadores e enfrentaram out­ro prob­le­ma — o fechamen­to dos lab­o­ratórios da uni­ver­si­dade, prin­ci­pal­mente de micro­bi­olo­gia e físi­co-quími­co.

Entre as pri­or­i­dades do pro­gra­ma, desta­ca-se o mon­i­tora­men­to da qual­i­dade higiêni­co-san­itária dos mex­il­hões pro­duzi­dos em Niterói, já que um dos entrav­es para a pesca arte­sanal é a poluição na Baía de Gua­n­abara.

Os mariscos bivalves (com duas con­chas) são ani­mais fil­tradores do meio ambi­ente. É pre­ciso que passem por proces­so de depu­ração, para que pos­sam ser com­er­cial­iza­dos e, con­se­quente­mente, con­sum­i­dos, inclu­sive in natu­ra. Os pesquisadores estão mon­tan­do depu­rador sim­ples, com preço acessív­el às comu­nidades, e fazen­do lev­an­ta­men­to da qual­i­dade atu­al da água e dos mex­il­hões, para exame pos­te­ri­or.

Agregar valor

A divul­gação de infor­mações sobre empreende­doris­mo para marisqueiros, ativi­dade tradi­cional do municí­pio, e a cri­ação de unidade de ben­e­fi­ci­a­men­to de molus­cos, para mel­ho­ria das condições de tra­bal­ho e segu­rança do ali­men­to, são metas do pro­je­to. “A gente pre­tende dar a eles condições san­itárias muito mel­hores e agre­gar val­or aos mariscos, com novos pro­du­tos”. Eliana citou a pro­dução de mari­na­dos e de sopas liofil­izadas. O proces­so de liofil­iza­ção con­siste em tec­nolo­gia de secagem, basea­da na remoção da água por meio da sub­li­mação da água pre­sente no ali­men­to.

Segun­do a pro­fes­so­ra, a parte de micro­bi­olo­gia é o foco maior para os pesquisadores “porque vai diz­er se o molus­co está bom para con­sumo”. Será feito tam­bém o mapea­men­to das comu­nidades de pescadores de mex­il­hões, com local­iza­ção, “plane­ja­men­to de ativi­dades, de modo que pos­sam se ori­en­tar, se orga­ni­zar e enten­der o que é o pro­je­to”. Eliana Mesqui­ta lem­brou que a pan­demia obrigou muitos pescadores arte­sanais a procu­rarem out­ros meios de sub­sistên­cia. Eles pas­saram a atu­ar como fren­tis­tas de pos­tos de gasoli­na, motoris­tas de car­ros de aplica­ti­vo, ambu­lantes e, inclu­sive, em lixões.

O tra­bal­ho se con­cen­tra em três local­i­dades onde, até hoje, muitos marisqueiros vivem da pesca arte­sanal, entre elas Juru­ju­ba, Boa Viagem e Cen­tro. O pro­je­to quer preser­var esse saber, pas­sa­do de ger­ação a ger­ação, que con­sti­tui mar­ca da cul­tura niteroiense, con­tribuin­do para a con­strução de pólo gas­tronômi­co próprio da região, com ali­men­tos de alto val­or nutri­cional, e que fun­cione como atra­ti­vo para tur­is­tas, a exem­p­lo do que ocorre com o pin­ta­do nas regiões Sud­este e Cen­tro-Oeste do país.

O pro­je­to tem colab­o­ração da Empre­sa de Pesquisa Agropecuária do Esta­do do Rio de Janeiro (Pesagro RJ) e da Fun­dação Insti­tu­to de Pesca (Fiperj), infor­mou Eliana.

Emprego e renda

O reitor da UFF, Anto­nio Clau­dio Lucas da Nóbre­ga, afir­mou que a pesca arte­sanal con­tribui de for­ma dire­ta para ger­ação de emprego e ren­da, ação fun­da­men­tal no momen­to em que as pes­soas estão pas­san­do por grandes difi­cul­dades.

Eliana Mesqui­ta desta­cou que o con­hec­i­men­to trans­mi­ti­do de ger­ação em ger­ação é de extrema importân­cia para o pre­sente e o futuro da pro­dução de molus­cos bivalves, de for­ma sus­ten­táv­el e ren­táv­el para essas pop­u­lações, aju­dan­do a com­bat­er o desem­prego, prin­ci­pal­mente entre as mul­heres, que mais tra­bal­ham na área. Out­ra ideia é iden­ti­ficar o que se pode faz­er com os resí­du­os sóli­dos dos mariscos, como as con­chas dos mex­il­hões, para aproveita­men­to no arte­sana­to e como fer­til­izante.

O pro­je­to pode aju­dar tam­bém na cri­ação de mel­hores condições para práti­ca de mar­i­cul­tura mais racional, con­cen­tran­do a ativi­dade em áreas limpas, não con­t­a­m­i­nadas, e seguin­do exigên­cias da vig­ilân­cia san­itária. “É fun­da­men­tal mostrar­mos que isso fará com que o pro­du­to ten­ha val­or muito maior de mer­ca­do”. Além de levar con­hec­i­men­to cien­tí­fi­co para o dia a dia dos pescadores, o pro­je­to con­tribui para cri­ação de políti­cas públi­cas e boa qual­i­dade de vida da pop­u­lação local.

Edição: Graça Adju­to

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