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Projeto usa olfato de cães para diagnóstico precoce do câncer de mama

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© Divulgação/Sociedade Bra­si­lei­ra de Mas­to­lo­gia (Repro­du­ção)

Projeto KDOG é ferramenta para auxiliar médicos


Publi­ca­do em 04/02/2021 — 06:15 Por Ala­na Gan­dra — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Rio de Janei­ro

No Dia Mun­di­al do Cân­cer, lem­bra­do hoje (4), o Pro­je­to KDOG se des­ta­ca como fer­ra­men­ta que pode auxi­li­ar os médi­cos no diag­nós­ti­co pre­co­ce do cân­cer de mama. Ide­a­li­za­do pelo Ins­ti­tu­to Curie, cen­tro de pes­qui­sa e tra­ta­men­to de cân­cer da Fran­ça, o Pro­je­to KDOG, que uti­li­za cães no tra­ba­lho de bio­de­tec­ção pre­co­ce de cân­cer em está­gio ini­ci­al, che­gou ao Bra­sil gra­ças à par­ce­ria daque­la ins­ti­tui­ção com a Soci­e­da­de Fran­co-Bra­si­lei­ra de Onco­lo­gia (SFBO).

O Ins­ti­tu­to Curie tem mais de sete anos de pes­qui­sas sobre o tema. A bio­de­tec­ção é a uti­li­za­ção de ani­mais ou outros orga­nis­mos vivos para detec­tar algo como subs­tân­ci­as ilí­ci­tas ou peri­go­sas, agen­tes pato­gê­ni­cos, entre outras coi­sas. O pro­je­to desen­vol­ve uma téc­ni­ca sim­ples, bara­ta e não inva­si­va de ras­tre­a­men­to do cân­cer de mama a par­tir do olfa­to cani­no.

O pro­je­to bra­si­lei­ro trei­na cães para detec­tar mais de 40 tipos de cân­cer de mama em um labo­ra­tó­rio, onde cones ofe­re­cem diver­sas amos­tras de odo­res do cor­po huma­no. O méto­do des­car­ta o con­ta­to físi­co entre os ani­mais e as pes­so­as, para evi­tar estres­se das duas par­tes.

O res­pon­sá­vel téc­ni­co pelo pro­je­to no país, Lean­dro Lopes, dis­se à Agên­cia Bra­sil que o pro­je­to KDOG Bra­sil, que fun­ci­o­na em Petró­po­lis, na região ser­ra­na do Rio de Janei­ro, já tem um cão for­ma­do e outros dois em for­ma­ção para a bio­de­tec­ção. “Os cães vão aju­dar a sal­var vidas de pes­so­as e, o mais impor­tan­te, com qua­li­da­de de vida para os cães”, des­ta­cou.

Amostras

O pro­to­co­lo para a obten­ção de amos­tras que serão sub­me­ti­das aos cães é sim­ples. O pro­je­to reco­men­da a homens e mulhe­res lavar as mãos antes de dor­mir, com sabo­ne­te neu­tro, e colo­car com­pres­sas entre­gues em um kit sobre as duas mamas, reti­ran­do-as ao acor­dar, após nova lava­gem das mãos com o sabo­ne­te neu­tro. As com­pres­sas são colo­ca­das então em um saco e envi­a­das para o pro­je­to, onde são sub­me­ti­das ao olfa­to dos ani­mais no labo­ra­tó­rio. Segun­do Lean­dro Lopes, os cães fica­rão está­ti­cos em fren­te à amos­tra que der posi­ti­vo para cân­cer de mama.

Lopes expli­cou que o cân­cer é uma modi­fi­ca­ção bio­mo­le­cu­lar que vem do cor­po huma­no. Por isso, ela exa­la chei­ro que, mui­tas vezes, é imper­cep­tí­vel para o homem, mas não para os cães. “Por meio do chei­ro, o cão detec­ta se é nega­ti­vo ou posi­ti­vo”. O tra­ba­lho de bio­de­tec­ção tem uma acer­ta­bi­li­da­de de 91,8%, com­pro­va­da cien­ti­fi­ca­men­te e seguin­do parâ­me­tros do KDOG Fran­ça, dis­se. Ele obser­vou que o tra­ba­lho não eli­mi­na os pro­to­co­los tra­di­ci­o­nais para detec­ção de cân­cer, como mamo­gra­fia e outros exa­mes.

“O KDOG vem para ante­ci­par isso, para ten­tar colo­car as pes­so­as em uma tri­a­gem, para che­gar mais rápi­do ao mamó­gra­fo”. Lean­dro Lopes afir­mou que o méto­do pode aju­dar, prin­ci­pal­men­te, popu­la­ções dis­tan­tes dos gran­des cen­tros, como indí­ge­nas e ribei­ri­nhos, além de pes­so­as caren­tes, por­que con­se­gue cri­ar uma velo­ci­da­de com qua­li­da­de, para que o diag­nós­ti­co seja encon­tra­do mais rápi­do. “Por­que nós sabe­mos que quan­to mais rápi­do o cân­cer for diag­nos­ti­ca­do, mais chan­ce tem de cura”.

Futuro

Em futu­ro pró­xi­mo, a inten­ção é dis­po­ni­bi­li­zar o pro­je­to no âmbi­to do Sis­te­ma Úni­co de Saú­de (SUS). “É o nos­so gran­de sonho e dese­jo que isso acon­te­ça. A gen­te con­se­gui­ria aju­dar o SUS a ter um con­tro­le mai­or e mai­or velo­ci­da­de no diag­nós­ti­co”.

Os cães deve­rão con­cluir 100% do trei­na­men­to pre­vis­to no pri­mei­ro semes­tre de 2021. Quan­do come­ça­rem a dar supor­te ao SUS, aju­da­rão a popu­la­ção mais pobre a ter aces­so a exa­mes, como o de mamo­gra­fia. Lopes escla­re­ceu que o cachor­ro con­se­gue sen­tir o chei­ro do cân­cer antes de o tumor apa­re­cer. “Por isso, é um pro­ces­so de tri­a­gem. O cão sen­tiu o chei­ro, deu posi­ti­vo, aque­la mulher entra em uma fila de mais aten­ção”. O pro­je­to é apli­cá­vel tam­bém para pes­so­as que já tive­ram cân­cer de mama, dire­ci­o­nan­do-as para a fila de aten­ção, caso um novo tumor seja detec­ta­do.

A estru­tu­ra mon­ta­da pre­vê o trei­na­men­to de seis cães des­de filho­tes. Devi­do ao seu côni­co olfa­ti­vo, com mui­tos recep­to­res de chei­ros, os pas­to­res ale­mães, bel­gas ou holan­de­ses têm a pre­fe­rên­cia para esse tra­ba­lho de ras­tre­a­men­to pre­co­ce do cân­cer de mama por meio dos odo­res. Lean­dro Lopes lem­brou, entre­tan­to, que outras raças têm sido apro­va­das no mun­do, como o bra­co ale­mão, tam­bém conhe­ci­do como per­di­guei­ro, e o jack rus­sel, por­que são liga­das à rus­ti­ci­da­de. “São cães dinâ­mi­cos, com côni­co olfa­ti­vo inte­res­san­te, rudi­men­ta­res, que gos­tam de tra­ba­lhar”, des­ta­cou.

Ape­sar dis­so, Lopes afir­mou que os cães do pro­je­to são ani­mais feli­zes, que não se des­gas­tam nem ficam pre­sos. São vaci­na­dos, ver­mi­fu­ga­dos e fazem exa­mes de san­gue semes­trais. “Não são cães robo­ti­za­dos, não são cães de labo­ra­tó­rio. São cães feli­zes que, na hora de des­con­cen­tra­ção, estão brin­can­do com boli­nhas, se esfre­gan­do na gra­ma. São nos­sos ami­gos”.

Os ani­mais tra­ba­lham com sis­te­ma de recom­pen­sa. Encon­tran­do o odor de cân­cer, ganham petis­cos ou brin­que­dos. “Não se des­gas­tam os cães”. O pro­je­to no Bra­sil con­ta com patro­cí­nio ofi­ci­al da mar­ca de ração Royal Canin.

Edi­ção: Gra­ça Adju­to

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