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Quilombolas respondem pela primeira vez ao Censo Demográfico

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Fomos esquecidos por séculos”, diz moradora de comunidade


Pub­li­ca­do em 08/10/2022 — 16:02 Por Léo Rodrigues – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Ouça a matéria:

Em meio a uma den­sa área de Mata Atlân­ti­ca, a garoa fina for­ma uma névoa. A tem­per­atu­ra é con­sid­er­av­el­mente mais baixa do que nos bair­ros edi­fi­ca­dos do Rio de Janeiro. Ao redor de uma far­ta mesa de café da man­hã enrique­ci­da com pro­du­tos locais, as pes­soas vão se aprox­i­man­do. A equipe de recenseadores do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE) ini­cia as primeiras entre­vis­tas de uma jor­na­da que iria até o meio da tarde.

No almoço, foi servi­da fei­joa­da com­ple­ta. Ao fim dos tra­bal­hos, emo­ciona­da e com a voz embar­ga­da, Eulália Fer­reira da Sil­va leu um tex­to com agradec­i­men­tos e hom­e­na­gens.

Não era um dia qual­quer. A visi­ta inédi­ta da equipe do IBGE foi vista como um momen­to históri­co pelos moradores da comu­nidade quilom­bo­la da Pedra Boni­ta. A reportagem da Agên­cia Brasil, que havia pedi­do autor­iza­ção para acom­pan­har os tra­bal­hos, tam­bém foi sur­preen­di­da com uma hom­e­nagem. Os quilom­bo­las entre­garam uma pla­ca na qual agrade­ce­r­am “pelo nobre tra­bal­ho de doc­u­men­tar a real­iza­ção do primeiro recensea­men­to da história destas famílias, levan­do o con­hec­i­men­to históri­co que vin­cu­la a memória jor­nalís­ti­ca e a memória nacional”.

“Nos dados e reg­istros ofi­ci­ais, nós não existíamos em mais de 150 anos. Por isso, é uma data tão impor­tante e históri­ca. Esta­mos sendo recon­heci­dos como cidadãos brasileiros”, disse Eulália, de 61 anos. “Fomos esque­ci­dos por sécu­los. Não podem nos tornar invisíveis e escon­der uma história que é notória e que a gente tem reg­istro em fotos e doc­u­men­tos anti­gos.”

Moradores da comunidade quilombola de Pedra Bonita, no Alto da Boa Vista. Censo demográfico do IBGE identifica pela primeira vez a população e o território das comunidades quilombolas no Brasil.
Repro­dução: Comu­nidade abri­ga cer­ca de 50 pes­soas que vivem em 20 casas, algu­mas  muito degradadas — Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Comu­nidade Quilom­bo­la da Pedra Boni­ta está encrava­da em um dos qua­tro setores do Par­que Nacional da Tiju­ca. Próx­i­mo dali, fica a ram­pa de voo livre, de onde tur­is­tas e adep­tos de esportes rad­i­cais saltam de asa delta ou de para­pente para apre­ciar uma visão úni­ca da cap­i­tal flu­mi­nense antes de ater­ris­sar na Pra­ia de São Con­ra­do. Emb­o­ra este­ja ter­ri­to­rial­mente den­tro do Rio de Janeiro, a comu­nidade nun­ca havia rece­bido a visi­ta de recenseadores.

O Brasil cos­tu­ma realizar o Cen­so Demográ­fi­co de dez em dez anos. É a úni­ca pesquisa domi­cil­iar que vai a todos os 5.570 municí­pios do país. O obje­ti­vo é ofer­e­cer um retra­to da pop­u­lação e das condições domi­cil­iares no país. As infor­mações obti­das sub­sidi­am a elab­o­ração de políti­cas públi­cas e decisões rela­cionadas com a alo­cação de recur­sos finan­ceiros. O cen­so, que dev­e­ria ter sido real­iza­do em 2020, foi adi­a­do duas vezes: primeiro, causa da pan­demia de covid-19 e depois por difi­cul­dades orça­men­tárias.

A oper­ação cen­sitária começou em jun­ho deste ano. Os tra­bal­hos, ini­cial­mente com pre­visão de con­clusão ago­ra em out­ubro, estão atrasa­dos: com 49% da pop­u­lação cober­ta, o IBGE ago­ra esti­ma que o cen­so se esten­da até o iní­cio de dezem­bro.

A pre­visão é vis­i­tar 5.972 local­i­dades quilom­bo­las. É a primeira vez que esta pop­u­lação está sendo con­sul­ta­da. Na edição de 2010, o IBGE incluiu o reg­istro de etnias indí­ge­nas.

Em todo o esta­do do Rio de Janeiro, 60 comu­nidades quilom­bo­las devem rece­ber os recenseadores. Há uma preparação especí­fi­ca para essa tare­fa, diz Isabela Nery Lima, econ­o­mista e anal­ista cen­sitária do IBGE que está encar­rega­da da coor­de­nação de cole­ta de infor­mações dos povos tradi­cionais.

“Pre­cisamos faz­er tudo isso da for­ma menos inva­si­va pos­sív­el. E por isso bus­camos os líderes. Eles atu­am como par­ceiros que aju­dam a abrir as por­tas e tam­bém nos guiam pelo ter­ritório para poder­mos entre­vis­tar todos os moradores.” Isabela ressalta que é pre­ciso respeitar a tem­po­ral­i­dade dessas comu­nidades, o que, muitas vezes, exige mais de uma visi­ta. Ela apon­ta out­ros empecil­hos, como a ausên­cia de moradores na hora da entre­vista e a impos­si­bil­i­dade de con­tatá-los ou a difi­cul­dade para mar­car no sis­tema as mora­dias situ­adas em locais onde o sinal de GPS é ruim.

Para Isabela, a inclusão dos quilom­bo­las no Cen­so Demográ­fi­co dá ao Brasil a opor­tu­nidade de con­hecer sua própria diver­si­dade, per­mitin­do o mel­hor plane­ja­men­to ter­ri­to­r­i­al e a cri­ação de novas políti­cas públi­cas. Os dados cole­ta­dos tam­bém sub­sidi­am a elab­o­ração de mate­r­i­al didáti­co, inclu­sive do próprio IBGE por meio do pro­je­to IBGE Edu­ca. “É o recon­hec­i­men­to de pes­soas que pre­cisam faz­er parte dos proces­sos soci­ais, do proces­so políti­co. É, na ver­dade, até uma for­ma de com­bat­er o apaga­men­to históri­co”, afir­ma a econ­o­mista. Para ela, as infor­mações cole­tadas aju­dam a rev­e­lar as pecu­liari­dades das comu­nidades e dinâmi­cas especí­fi­cas de for­mação.

História

A história da comu­nidade quilom­bo­la da Pedra Boni­ta é um exem­p­lo. Ali começaram a se reunir, a par­tir da déca­da de 1860, não ape­nas ex-escravos negros, mas tam­bém indí­ge­nas e imi­grantes por­tugue­ses pobres que aderi­ram à causa abo­l­i­cionista. Ocu­pan­do três sítios, essas pes­soas sus­ten­tavam-se com pro­dução de hor­tal­iças e fru­tas e com o cul­ti­vo de flo­res orna­men­tais. Esti­ma-se que há mais de 2 mil árvores de camélia, flor que foi ado­ta­da como sím­bo­lo da Con­fed­er­ação Abo­l­i­cionista, orga­ni­za­ção políti­ca que surgiu no Rio de Janeiro em 1883 e lutou pelo fim da escravidão.

Recenseadora do IBGE entrevista José Emilio Cordeiro, morador da comunidade quilombola de Pedra Bonita, no Alto da Boa Vista, região norte do Rio. Censo demográfico do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) identifica pela
Repro­dução: Descen­dente de escravos e indí­ge­nas, José Emilio Cordeiro responde a recenseado­ra do IBGE — Tânia Rêgo/Agência Brasil

Descen­dente de ex-escravos e de indí­ge­nas, Jose Emílio Cordeiro, de 53 anos, é hoje o pres­i­dente da Asso­ci­ação da Pop­u­lação Tradi­cional e Quilom­bo­la da Pedra Boni­ta (Aqui­boni­ta), fun­da­da pelos moradores da comu­nidade. Ele con­ta que seus primeiros par­entes, assim como out­ras famílias, chegaram ao local quan­do o gov­er­no pro­moveu o reflo­resta­men­to da área entre 1860 e 1890.

“Muitos vier­am tra­bal­har quase obri­ga­dos. Aqui era um local onde eles se escon­di­am porque todos, de uma cer­ta for­ma, eram dis­crim­i­na­dos. E for­maram essa comu­nidade que defende a flo­res­ta. Somos preser­vadores por natureza, não é por mod­is­mo. É a nos­sa origem. Cada plan­tinha, cada árvore aqui para nós tem a mão dos nos­sos ances­trais e tem um sig­nifi­ca­do enorme.”

Jose Emílio desta­ca os desafios de quem mora no meio da flo­res­ta. Uma das difi­cul­dades é o aces­so restri­to à ener­gia elétri­ca, o que impede as famílias de ter, por exem­p­lo, uma geladeira. Segun­do ele, tam­bém é difí­cil o aces­so a serviços públi­cos de saúde e edu­cação. Durante a pan­demia de covid-19, a vaci­nação de quilom­bo­las foi con­sid­er­a­da pri­or­i­dade pelo Plano Nacional de Imu­niza­ção (PNI), mas nen­hum agente esteve na comu­nidade da Pedra Boni­ta, e os moradores pre­cis­aram se deslo­car até os pos­tos mais próx­i­mos nos bair­ros do Alto da Boa Vista e de São Con­ra­do e foram aten­di­dos con­forme o cal­endário da pop­u­lação em ger­al.

Da mes­ma for­ma, as cri­anças têm difi­cul­dade para chegar à esco­la, ape­sar de ter havi­do mel­ho­rias ao lon­go do tem­po. “Eu lev­a­va uma hora e meia andan­do a pé porque não tin­ha con­dução. Hoje até tem, mas é muito precária. Tam­bém já tem estra­da, que não tin­ha até 20 anos atrás. Algu­mas famílias têm car­ro, mas não são todas”, diz Jose Emílio.

Em meio à pan­demia de covid-19, com a adoção do ensi­no remo­to, as difi­cul­dades aumen­taram. Guil­herme, fil­ho de Jose Emílio, con­ta que ia para partes mais altas da Pedra Boni­ta em bus­ca de sinal de inter­net para con­seguir aces­so às aulas pelo celu­lar.

Luta

O Par­que Nacional da Tiju­ca foi cri­a­do em 1961 sem que a reg­u­lar­iza­ção fundiária da área ocu­pa­da pelas famílias. A comu­nidade chegou a ser ameaça­da de despe­jo em difer­entes momen­tos e, somente em jun­ho do ano pas­sa­do, foi recon­heci­da como remanes­cente quilom­bo­la, receben­do o cer­ti­fi­ca­do da Fun­dação Pal­mares, vin­cu­la­da ao Min­istério da Cidada­nia. O proces­so de tit­u­lação da ter­ra trami­ta no Insti­tu­to Nacional de Col­o­niza­ção e Refor­ma Agrária (Incra).

Eulália Fer­reira, que viveu sem­pre ali, é uma guardiã da história oral da comu­nidade e con­ta como seu avô, que veio de Por­tu­gal, foi acol­hi­do na área.

“Não tin­ha din­heiro, esta­va bus­can­do uma vida nova e um par­ente dele que já esta­va aqui. A gente acred­i­ta que ele veio na época da Primeira Guer­ra Mundi­al. Talvez ten­ha vin­do antes. Tem uma casa que a gente chama de Casa Grande e que hoje está em ruí­nas. Era o primeiro pon­to de apoio para todo mun­do que vin­ha aqui para Pedra Boni­ta. Ele morou lá, foi um homem soz­in­ho por um tem­po porque ain­da não tin­ha din­heiro para traz­er a vovó de Por­tu­gal”, lem­bra.

Segun­do Eulália, uma regra ado­ta­da pelos moradores era que todos dev­e­ri­am ser tra­bal­hadores pro­du­tivos. No pas­sa­do, além da flori­cul­tura, as famílias se sus­ten­tavam com a car­voaria e a cri­ação de ani­mais, o que foi pos­te­ri­or­mente proibido pelo poder públi­co com o argu­men­to da preser­vação ambi­en­tal. Ain­da há resquí­cios dos balões de carvão. De acor­do com  Jose Emílio, medi­das tomadas tornaram a existên­cia da comu­nidade prati­ca­mente inviáv­el. A fal­ta de gado, por exem­p­lo, afe­ta­va inclu­sive a pro­dução agrí­co­la já que não havia adubo.

“Muitos foram emb­o­ra. Então, é uma luta con­stante para defend­er uma área cobiça­da. Resis­ti­mos porque tem, para nós, val­or emo­cional. Mas as pes­soas querem tirar din­heiro daqui. Já hou­ve, por exem­p­lo, dis­cussões para faz­er um hotel aqui. E alguns ambi­en­tal­is­tas são influ­en­ci­a­dos. Sabe­mos dis­so. Então, nos tor­namos os guardiões dis­so aqui”. Ele lamen­ta inclu­sive episó­dios envol­ven­do agentes ambi­en­tais e crit­i­ca a destru­ição de parte de uma tril­ha de pedras con­struí­da pelos primeiros moradores.

“É o próprio Esta­do agin­do con­tra quem está no lugar e apa­gan­do a história. Lógi­co que os órgãos públi­cos são todos muito valiosos, e a gente pre­cisa de todos aqui. Esta­mos muito felizes com a vin­da do IBGE. mas tam­bém sabe­mos que as gestões mudam e há sem­pre influên­cias exter­nas nem sem­pre inter­es­sadas na preser­vação. Já teve admin­is­tração do Par­que Nacional que nos deu diplo­ma e recon­hecia nos­so papel de guardião da flo­res­ta, mas tam­bém já teve gestor dizen­do por aí que somos inva­sores. Sem dúvi­da, esse meio ambi­ente preser­va­do se deve às nos­sas famílias. A gente sabe que tem leis que nos pro­tegem, mas infe­liz­mente pre­cisamos lutar para aplicar e pro­te­ger a lei”, acres­cen­ta.

Eulália Ferreira da Silva, referência religiosa local, no eapaço de culto da comunidade quilombola de Pedra Bonita, no Alto da Boa Vista, região norte do Rio. Censo demográfico do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) identifica
Repro­dução: Eulália Fer­reira da Sil­va, con­sid­er­a­da guardiã da história oral da Comu­nidade de Pedra Boni­ta — Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foi sobre­tu­do pelo comér­cio da flor de camélia que muitas famílias con­seguiram se man­ter ao lon­go do tem­po. Ven­di­am nos cemitérios ou para com­er­ciantes. Mais tarde, pas­saram a ser usadas na dec­o­ração de fes­tas de casa­men­to e hoje são bas­tante req­ui­si­tadas. Além das cameleiras, muitas cen­tenárias, tam­bém são explo­radas com­er­cial­mente out­ras plan­tas orna­men­tais como a flor da pitan­ga, a are­ca e a dra­ce­na.

Os moradores da Comu­nidade da Pedra Boni­ta têm ain­da uma pro­dução agrí­co­la diver­si­fi­ca­da que englo­ba, por exem­p­lo, caqui, laran­ja e banana, além de hor­tal­iças.

O tur­is­mo tam­bém gera algu­ma ren­da. Em alguns dias da sem­ana, um café da man­hã é prepara­do para mon­tan­his­tas. Há tam­bém uma vend­in­ha no local.

“A tril­ha da Pedra Boni­ta existe des­de o Império e sem­pre foi respeita­da pelos moradores. O vis­i­tante que vem é muito bem acol­hi­do. É uma tradição famil­iar. A vovó já fazia broa no forno de pedra e servia café para os mon­tan­his­tas”, con­ta Eulália.

Valor sentimental

Recenseadores do IBGE percorrem as trilhas da comunidade quilombola de Pedra Bonita, no Alto da Boa Vista. Censo demográfico do IBGE identifica pela primeira vez a população e o território das comunidades quilombolas no Brasil.
Repro­dução: Recenseadores do IBGE per­cor­rem tril­has da Comu­nidade Quilom­bo­la de Pedra Boni­ta  — Tânia Rêgo/Agência Brasil

Na comu­nidade quilom­bo­la da Pedra Boni­ta vivem cer­ca de 50 pes­soas em 20 residên­cias, algu­mas das quais con­sid­er­av­el­mente degradadas. Segun­do os moradores, agentes de fis­cal­iza­ção ambi­en­tal têm impe­di­do refor­mas. Há ain­da pes­soas que, emb­o­ra ten­ham se muda­do e não resi­dam mais na comu­nidade, man­têm os vín­cu­los e tam­bém poderão ser recensea­d­os como quilom­bo­las.

“As pes­soas não per­dem a iden­ti­dade porque saíram do ter­ritório. Os quilom­bo­las sofrem várias pressões políti­cas, soci­ais e econômi­cas que influ­en­ci­am os deslo­ca­men­tos. Então pre­cisamos com­preen­der que os quilom­bo­las são plu­rais na sua orga­ni­za­ção e no encam­in­hamen­to de suas vidas”, diz Diego da Sil­va Gra­va, coor­de­nador cen­sitário do IBGE na área que englo­ba os bair­ros Lagoa, Jardim Botâni­co, Leblon e São Con­ra­do, nos quais exis­tem três comu­nidades quilom­bo­las, incluin­do a da Pedra Boni­ta.

Jose Emilio diz que o vín­cu­lo com a comu­nidade se reforça pelo val­or sen­ti­men­tal e que os dados cole­ta­dos pelo cen­so poderão aju­dar a entendê-lo. “É uma vitória para todos os quilom­bos, mas, especi­fi­ca­mente para nós, é uma grande vitória ten­do em vista as ameaças exter­nas que sofre­mos. Pre­cisamos da aju­da do poder públi­co. E o IBGE nos aju­da a mostrar essa ter­ra, não pelo seu val­or com­er­cial, mas pelo val­or sen­ti­men­tal. É a história dos nos­sos ances­trais e a história de toda essa veg­e­tação.”

Para ele, a existên­cia da comu­nidade tem sido “invis­i­bi­liza­da”. Ele man­i­fes­ta incô­mo­do com a ação de alguns guias turís­ti­cos que ven­dem tril­has que pas­sam pelos cam­in­hos de pedra con­struí­dos pelos seus ances­trais. “São muito bem acol­hi­dos, mas eles infor­mam nos sites que são tril­has que eram usadas por anti­gos moradores para levar ben­feito­rias até as feiras livres e os armazéns. Eles usam a nos­sa história para gan­har din­heiro e não dizem que nós esta­mos vivos. Eu andei muito de bur­ri­co nes­sas tril­has com meu pai. A estra­da só foi con­struí­da em 1972”, recor­da.

“As pes­soas não per­dem a iden­ti­dade porque saíram do ter­ritório. Os quilom­bo­las sofrem várias pressões políti­cas, soci­ais e econômi­cas que influ­en­ci­am os deslo­ca­men­tos. Então pre­cisamos com­preen­der que os quilom­bo­las são plu­rais na sua orga­ni­za­ção e no encam­in­hamen­to de suas vidas”, diz Diego da Sil­va Gra­va, coor­de­nador cen­sitário do IBGE na área que englo­ba os bair­ros Lagoa, Jardim Botâni­co, Leblon e São Con­ra­do, nos quais exis­tem três comu­nidades quilom­bo­las, incluin­do a da Pedra Boni­ta.

Edição: Nádia Fran­co

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