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Rádio MEC do Rio de Janeiro completa 98 anos no ar

Repro­dução:  © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Antiga Rádio Sociedade é a primeira emissora oficial do país


Pub­li­ca­do em 07/09/2021 — 06:30 Por Edgard Mat­su­ki — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

O dia 7 de setem­bro não é mar­ca­do ape­nas pelo Dia da Inde­pendên­cia do Brasil. Foi neste dia, em 1923, que a então Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fun­da­da por Edgard Roquette-Pin­to, entrou no ar defin­i­ti­va­mente no pre­fixo PRA‑A e tornou-se a primeira emis­so­ra ofi­cial do país.

Ao lon­go dos seus 98 anos de história, a Sociedade foi doa­da para o gov­er­no fed­er­al, virou Rádio MEC e con­soli­dou-se como uma das mais impor­tantes emis­so­ras do país, sem perder o caráter educa­ti­vo e de pro­moção da cul­tura — e ago­ra, foca nas platafor­mas dig­i­tais e em novos públi­cos.

Repro­dução: Acer­vo históri­co da Rádio MEC em exposição na Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC, no Rio de Janeiro — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A origem e a ligação com o 7 de setembro

O pon­tapé ini­cial para cri­ação da Rádio Sociedade foi dado tam­bém na data de 7 de setem­bro, só que de 1922. Exata­mente um ano antes da entra­da defin­i­ti­va no ar, o dis­cur­so do então pres­i­dente Epitá­cio Pes­soa em uma exposição inter­na­cional em comem­o­ração ao cen­tenário da Inde­pendên­cia do Brasil foi irra­di­a­da para 80 recep­tores no Rio de Janeiro e ficou mar­ca­da como a primeira trans­mis­são ofi­cial de rádio no Brasil.

Foi a par­tir da trans­mis­são que Edgard Roquette-Pin­to e um grupo de mem­bros da Acad­e­mia Brasileira de Ciên­cias (ABC) der­am iní­cio ao pro­je­to que resul­taria na Rádio Sociedade. A ata de cri­ação da emis­so­ra foi redigi­da em 20 de abril de 1923, e a primeira trans­mis­são exper­i­men­tal foi fei­ta em 1º de maio daque­le ano.

De acor­do com o livro Rádio MEC: Her­ança de um Son­ho (lança­do em 2006), de Liana Mar­tinez, a mobi­liza­ção aju­dou na revo­gação, em 11 de maio daque­le ano, de uma lei que proib­ia a aquisição de apar­el­hos de rádio e garan­tiu a autor­iza­ção ofi­cial para iní­cio das irra­di­ações no país, na data de 20 de agos­to de 1923. O cam­in­ho esta­va aber­to para a emis­so­ra entrar no ar no Dia da Inde­pendên­cia.

Repro­dução: Acer­vo históri­co da Rádio MEC em exposição na Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC, no Rio de Janeiro — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Liana apon­ta que o pio­neiris­mo de Roquette-Pin­to foi recon­heci­do por grandes per­son­al­i­dades nacionais e estrangeiras, que trans­for­maram a rádio num pon­to de encon­tro. “Vale destacar a visi­ta de Albert Ein­stein, da Madame Curie, e do gen­er­al Fer­riê, cien­tista francês e tam­bém pio­neiro da radiod­i­fusão, que aper­feiçoou a Tele­fo­nia sem Fio (T.S.E.), entre out­ros, à Rádio Sociedade”, diz.

Thi­a­go Regot­to, atu­al ger­ente da Rádio MEC, con­tra que a data não foi um aca­so: “Como Roquette-Pin­to era nacional­ista e bem metódi­co, ele faz a emis­são ofi­cial e ini­cial a par­tir de 7 de setem­bro de 1923. Tudo para ele era 7 de setem­bro. Há uma lóg­i­ca por trás deste per­son­agem”

Repro­dução: Acer­vo históri­co da Rádio MEC em exposição na Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC, no Rio de Janeiro — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Mudança de dono, mesma missão

E foi em tam­bém em um 7 de setem­bro, mas de 1936, que a emis­so­ra foi doa­da ao Min­istério da Edu­cação e pas­sou a se chamar Rádio Min­istério da Edu­cação e Cul­tura (Rádio MEC). A doação por parte de Roquette-Pin­to (que con­tin­u­ou até 1943 à frente da emis­so­ra) foi condi­ciona­da ao dev­er de, a ago­ra Rádio MEC, con­tin­uar com “ativi­dades exclu­si­va­mente educa­ti­vas”.

Repro­dução: Equipa­men­tos da Rádio MEC nos estú­dios da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC, no Rio de Janeiro — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Liana con­sid­era esse momen­to como um dos pri­mor­diais na história da emis­so­ra. “A sigla MEC acabou ado­ta­da como uma mar­ca – Músi­ca, Edu­cação e Cul­tura – com destaque em seu pre­fixo sonoro”, con­ta.

Com o pas­sar dos anos, a mis­são educa­ti­va da rádio foi cumpri­da com a trans­mis­são de pro­gra­mas com fins didáti­cos. Dois deles fiz­er­am história: o Colé­gio no Ar, que durou do pós-guer­ra até os anos 1950 e o Pro­je­to Min­er­va, cri­a­do na déca­da de 1970. Dados do livro “Rádio MEC: Her­ança de um Son­ho” apon­tam que, em duas fas­es, o pro­gra­ma aten­deu a mais de 545 mil alunos.

Além do foco em edu­cação, a MEC AM tam­bém foi de suma importân­cia na história da músi­ca e cul­tura do país. Em 1961, foi cri­a­da a Orques­tra Sin­fôni­ca da Rádio MEC e entrou no ar o pro­gra­ma Músi­ca e Músi­cos do Brasil (hoje, pro­duzi­do pela MEC FM). “Os grandes mae­stros que diri­gi­ram as tan­tas orques­tras que a emis­so­ra man­teve em boa parte do sécu­lo pas­sa­do é um pon­to de destaque na história da emis­so­ra”, escreve Liana.

Até 1983, quan­do foi cri­a­da a MEC FM, a Rádio MEC tin­ha pro­gra­mas volta­dos à músi­ca brasileira, infan­til, músi­ca clás­si­ca e out­ros rit­mos como o jazz. “Quan­do a rádio faz 60 anos, em 1983, ela “gan­ha” de pre­sente a rádio MEC FM. Aí a rádio é desmem­bra­da, crian­do a rádio de músi­ca clás­si­ca do Brasil em FM”, con­ta Regot­to.

Tempos atuais e futuro

Thi­a­go Regot­to, ger­ente da Rádio MEC — Thi­a­go Regot­to / Arqui­vo pes­soal

Hoje, o lega­do de Roquette-Pin­to segue vivo nas ondas da Rádio MEC do Rio de Janeiro. Quase cen­tenária, a rádio segue firme no dial 800 kHz, tem boa parte da pro­gra­mação trans­mi­ti­da na “irmã” MEC FM (99.3 MHz no Rio de Janeiro e 87.1 MHz em Brasília) e pode ser aces­sa­da pela inter­net e em aplica­tivos de celu­lar.

Regot­to desta­ca que a pro­gra­mação da MEC con­tin­ua val­orizan­do a pro­gra­mação educa­ti­va e cul­tur­al. “A MEC AM tra­bal­ha com o seg­men­to da pro­gra­mação educa­ti­va den­tro da cul­tura brasileira. A pro­gra­mação é pen­sa­da para pas­sar con­hec­i­men­to ao ouvinte. Uma músi­ca que con­ta uma história, fala sobre um autor, sem­pre nes­ta per­spec­ti­va de edu­car pelo rádio”, diz.

A emis­so­ra man­tém a pro­dução de pro­gra­mas diários, como o Rádio Sociedade pela man­hã, que é lig­a­do à edu­cação, o Arte Clube, ao meio-dia, que é uma revista cul­tur­al e o Armazém Cul­tur­al à tarde, cen­tra­do na músi­ca. “Para a gente, tam­bém é muito impor­tante a pro­dução infan­til da rádio, que aparece des­de os primór­dios da Rádio Sociedade e hoje é rep­re­sen­ta­da pela Rádio Ani­ma­da”, diz Regot­to.

Ele desta­ca que, hoje, mes­mo com uma var­iedade de emis­so­ras à dis­posição dos ouvintes, a rádio segue ocu­pan­do um espaço que é só dela. “A rádio cumpre um papel que nem uma out­ra rádio cumpre. No mer­ca­do, você não tem esse espaço. Como a rádio faz no Rio de Janeiro, só a MEC AM”.

Noven­ta e oito anos após a fun­dação, a Rádio MEC man­tém ouvintes fiéis. Uma delas é a artista plás­ti­ca Eliz­a­beth Salles, que mora em São Gonça­lo (RJ). Ela rela­ta que escu­ta a rádio em seu ateliê e que a emis­so­ra é, de cer­ta for­ma, uma inspi­ração. “Todos os bus­tos de mul­heres que fiz­er­am parte da história que esculpi tem, como inspi­ração, músi­cas que ouvi na rádio. A grande maio­r­ia embal­a­da pelo Armazém Cul­tur­al”, diz.

Repro­dução: Equipa­men­tos da Rádio MEC nos estú­dios da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC, no Rio de Janeiro — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

O aposen­ta­do Luiz Arlin­do, de Paty do Alferes (RJ), tam­bém elege o Armazém Cul­tur­al como o seu pro­gra­ma favorito. “Des­de sem­pre, ouço emis­so­ras de rádio. São com­pan­heiras com músi­ca que gos­to e infor­mação con­fiáv­el. Depois que me aposen­tei e com a ‘peste’ [pan­demia] pas­sei a ouvir mais a MEC. Pega bem onde moro e é óti­ma com­pan­hia pros dias em casa”, con­ta.

Para o futuro, a MEC plane­ja uma expan­são para novas platafor­mas e uma pos­sív­el migração para a faixa esten­di­da do FM. “A gente dese­ja a migração para o FM, para a faixa esten­di­da, e tra­bal­ha com o con­teú­do em platafor­ma dig­i­tais”, diz Regot­to.

Há tam­bém planos para algo espe­cial para o imi­nente cen­tenário. “No cen­tenário, quer­e­mos faz­er um fes­ti­val de músi­ca grande, mais inte­gra­do. Ain­da estão nos planos, um livro e pro­gra­mas espe­ci­ais na TV. O ano do cen­tenário da Rádio MEC vai ser de des­do­bra­men­to do cen­tenário do rádio. Algo fare­mos, mas ain­da esta­mos plane­jan­do”, con­ta Regot­to.

Repro­dução: A dupla Chay e Ivone Tor­res, Catu­can­do História pra Can­tar acom­pan­hadas por Duda Ser­ra Lima durante apre­sen­tação dos final­is­tas do Fes­ti­val de Músi­ca Rádio MEC — Tomaz Silva/Agência Brasil

Como acompanhar a rádio MEC

Rádio — 800 kHz – Rio de Janeiro

Inter­net – Site de Rádios EBC e da Rádio MEC

Aplica­ti­vo – Rádios EBC (iOS e Android)

Edição: Nathália Mendes

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