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Rainha do Rock, Rita reivindicava o título de padroeira da liberdade

Repro­dução: © Mar­co Senche/Wikimedia Com­mons

Nos anos 1980, seus álbuns venderam milhões de cópias


Pub­li­ca­do em 09/05/2023 — 11:42 Por Pedro Fer­nan­des – jor­nal­ista da TV Brasil — São Paulo

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Fil­ha mais nova de um den­tista amer­i­cano e uma dona de casa de ascendên­cia ital­iana, Rita Lee Jones de Car­val­ho nasceu no dia 31 de dezem­bro de 1947 na cap­i­tal paulista. Ain­da ado­les­cente, deixou a vida sossega­da no bair­ro da Vila Mar­i­ana ao ser con­quis­ta­da por “esse tal do rock and roll”. No fim dos anos 1960, pas­sou a faz­er parte do grupo Os Mutantes, ao lado dos irmãos Arnal­do Bap­tista e Sér­gio Dias.

Rita era fã do rock inglês e norte-amer­i­cano, mas tam­bém acom­pan­ha­va as tendên­cias musi­cais brasileiras. Ela era prati­ca­mente uma sín­tese de brasil­i­dade e cos­mopolitismo, em uma época que a bossa nova reina­va e a gui­tar­ra elétri­ca era mal vista.

De repente, a meni­na meio amer­i­cana, rui­va e de sar­das, pare­cia ter tudo a ver com o movi­men­to trop­i­cal­ista que começa­va a tomar for­ma nas mentes de artis­tas como Cae­tano Veloso e Gilber­to Gil.

“Foi muito forte pra mim aqui­lo. Final­mente con­heci meu lado brasileiro. É isso. É uma mis­tu­ra de tudo, eu sou uma mis­tu­ra de tudo. Eu sou mais brasileira do que Pelé… Ou tan­to quan­to Pelé… Ou tão brasileira quan­to o Ger­al­do Van­dré.… A min­ha cabeça fez nhóoooin…”, disse a artista.

A saí­da do grupo Os Mutantes, no iní­cio dos anos 1970, foi con­tur­ba­da. “Eu fui expul­sa dos Mutantes. Foi triste. Sofri pra xuxu. Aí fiz uma letra. E a gente gravou o dis­co, tudo, mas eu não con­seguia can­tar a músi­ca”.

“Kiss baby, pena que você não me quis, não me sui­cidei por um triz, ai de mim que sou assim”, diz a letra de Mutante.

A artista, no entan­to, logo voltou a can­tar acom­pan­ha­da pela Ban­da Tut­ti Fru­ti. Nes­ta época, em ple­na ditadu­ra, teve canções cen­suradas e chegou a ser pre­sa, em 1976, quan­do esta­va grávi­da do primeiro fil­ho.

O suces­so abso­lu­to viria na parce­ria com o mari­do Rober­to de Car­val­ho. Nos anos 1980, seus álbuns vender­am mil­hões de cópias, com hits eter­nos como Lança Per­fume e Baila Comi­goFla­graDoce Vam­piro e tan­tos out­ros.

São Paulo SP) - Rainha do rock brasileiro, Rita Lee, morre em São Paulo aos 75 anos. Foto: Marco Senche/Wikimedia Commons
Repro­dução: Rain­ha do rock brasileiro, Rita Lee, morre em São Paulo aos 75 anos — Mar­co Senche/Wikimedia Com­mons

Militância

Além da músi­ca, Rita se enga­jou em causas impor­tantes. Nos anos 1990, foi uma das primeiras vozes a se lev­an­tar pela preser­vação da Flo­res­ta Amazôni­ca e pelos dire­itos dos povos indí­ge­nas.

“Por favor, vejam o que sig­nifi­ca um decre­to em favor dos índios. Não é nada pater­nal­ista, cari­dade. É respeito à raça humana. E pen­sar no futuro. Esta­mos quase no final do milênio, está na hora de faz­er essas coisas”, declar­ou.

Na últi­ma déca­da, Rita Lee foi se afa­s­tan­do aos poucos dos holo­fotes. O últi­mo álbum de estú­dio foi lança­do em 2012, e o últi­mo show foi em 2013, no aniver­sário de São Paulo. Durante a pan­demia, chegou a faz­er uma apre­sen­tação online com o mari­do Rober­to de Car­val­ho.

Em 2021, lançou a canção Change, em francês, e tam­bém foi hom­e­nagea­da com uma grande exposição no Museu da Imagem e do Som, na cap­i­tal paulista. Neste mes­mo ano, quan­do foi diag­nos­ti­ca­da e começou a tratar um câncer de pul­mão, suas aparições foram se tor­nan­do ain­da mais raras.

A irreverên­cia, sua car­ac­terís­ti­ca mais mar­cante, a fez rejeitar o títu­lo de Rain­ha do Rock brasileiro. No fim do ano pas­sa­do, em entre­vista à revista Rolling Stone Brasil, Rita con­fes­sou que con­sid­er­a­va o apeli­do cafona. Disse preferir ser con­heci­da como Padroeira da Liber­dade.

Cama­le­oa, foi muitas e foi úni­ca: de Miss Brasil 2000 a Todas as Mul­heres do Mun­do. Emb­o­ra nen­hum títu­lo pos­sa dar con­ta de Rita Lee, que ela nos per­mi­ta, hoje, saudá-la rain­ha. Salve!

As falas da artista que estão nes­ta matéria foram reti­radas de entre­vis­tas que con­stam do Acer­vo EBC

Edição: Denise Griesinger

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