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Ramagem diz que tinha aval de Bolsonaro para realizar gravação

Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

Objetivo seria registrar um crime contra o ex-presidente


Publicado em 15/07/2024 — 20:48 Por André Richter — Brasília

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O dep­uta­do fed­er­al Alexan­dre Ram­agem (PL-RJ) disse nes­ta segun­da-feira (15) que o ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro sabia da gravação da con­ver­sa que con­s­ta na inves­ti­gação da Polí­cia Fed­er­al (PF) sobre atu­ação ile­gal da Agên­cia Brasileira de Inteligên­cia (Abin), chama­da “Abin Para­lela”.

Mais cedo, o min­istro Alexan­dre de Moraes, do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF), retirou o sig­i­lo do áudio, que foi apreen­di­do no celu­lar de Ram­agem, ex-dire­tor da Abin durante o gov­er­no Bol­sonaro, em uma das fas­es da inves­ti­gação.

Na gravação, Ram­agem, Bol­sonaro e o ex-min­istro do Gabi­nete de Segu­rança Insti­tu­cional (GSI) Augus­to Heleno con­ver­sam com duas advo­gadas do senador Flávio Bol­sonaro (PL-RJ). O diál­o­go ocor­reu em agos­to de 2020, quan­do elas bus­cav­am medi­das para ten­tar anu­lar a inves­ti­gação con­tra o par­la­men­tar, que foi inves­ti­ga­do por “rachad­in­ha” no seu gabi­nete quan­do ele ocupou o car­go de dep­uta­do estad­ual. Em 2021, a inves­ti­gação foi anu­la­da pela Justiça.

Em vídeo divul­ga­do nas redes soci­ais, Alexan­dre Ram­agem afir­mou que Bol­sonaro tin­ha con­hec­i­men­to de que a con­ver­sa seria grava­da com obje­ti­vo de reg­is­trar um crime con­tra o ex-pres­i­dente.

“Essa gravação não foi clan­des­ti­na. Havia o aval e o con­hec­i­men­to do pres­i­dente. A gravação acon­te­ceu porque veio uma infor­mação de uma pes­soa que viria na reunião, que teria con­ta­to com o gov­er­nador do Rio à época [Wil­son Witzel], que pode­ria vir com uma pro­pos­ta nada repub­li­cana. A gravação seria para reg­is­trar um crime con­tra o pres­i­dente da Repúbli­ca, só que isso não acon­te­ceu. A gravação foi descar­ta­da!”, jus­ti­fi­cou.

Ram­agem tam­bém afir­mou que as advo­gadas de Flávio apre­sen­taram “pos­síveis irreg­u­lar­i­dades” que estari­am ocor­ren­do na parte da inves­ti­gação que envolvia a Recei­ta Fed­er­al e sug­eri­ram a atu­ação do GSI. O ex-dire­tor declar­ou que foi con­tra a sug­estão.

“Falei que a inteligên­cia não tem como tratar de dados de sig­i­lo bancário e fis­cal, não have­ria o resul­ta­do pre­tendi­do. A atu­ação do GSI seria prej­u­di­cial para o gen­er­al Heleno, que não seria a via cor­re­ta e não teria resul­ta­do. Ou seja, infor­man­do que o que dev­e­ria ser feito era cien­tificar a própria Recei­ta para aber­tu­ra de pro­ced­i­men­to inter­no e admin­is­tra­ti­vo, na for­ma legal, para qual­quer desvio de con­du­ta que pos­sa estar acon­te­cen­do”, disse.

O ex-dire­tor tam­bém isen­tou Jair Bol­sonaro da acusação de favore­cer seu fil­ho. “De toda a reunião, as advo­gadas devem ter fal­a­do 80% da reunião, con­tan­do os episó­dios. O pres­i­dente Bol­sonaro pouco se man­i­festou. Quan­do o pres­i­dente se man­i­festou, sem­pre infor­mou que não que­ria favorec­i­men­to”, com­ple­tou.

Receio

Ao con­trário da afir­mação de Ram­agem, Bol­sonaro e o gen­er­al Heleno demon­straram pre­ocu­pação com o even­tu­al vaza­men­to da con­ver­sa que foi grava­da.

Heleno: Tem que aler­tar ele [chefe da Recei­ta], ele tem que man­ter esse troço fechadís­si­mo. Pegar de gente de con­fi­ança dele”.

Em segui­da, Jair Bol­sonaro parece descon­fi­ar que está sendo grava­do e disse que não que­ria “favore­cer ninguém”.

“Tá cer­to. E deixar bem claro, a gente nun­ca sabe se alguém está gra­van­do algu­ma coisa, que não esta­mos procu­ran­do favorec­i­men­to de ninguém”, afir­mou.

Witzel

No áudio, Bol­sonaro citou Witzel e afir­mou que o ex-gov­er­nador do Rio teria pedi­do uma “vaga no Supre­mo” em tro­ca de favorec­i­men­to para Flávio Bol­sonaro.

“No ano pas­sa­do, no meio do ano, encon­trei com o Witzel, não tive notí­cia [inaudív­el], bem pequenin­in­ho o prob­le­ma. Ele falou, resolve o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supre­mo”, disse.

Em nota, Witzel negou a con­ver­sa cita­da pelo ex-pres­i­dente.

“O pres­i­dente Jair Bol­sonaro deve ter se con­fun­di­do, e não foi a primeira vez que men­cio­nou con­ver­sas que nun­ca tive­mos, seja por con­fusão men­tal, diante de suas inúmeras pre­ocu­pações, seja por acred­i­tar que eu faria, a nív­el local, o que hoje se está ver­i­f­i­can­do que foi feito com a Abin e Polí­cia Fed­er­al”, declar­ou.

Defesas

Em nota, o senador Flávio Bol­sonaro diz que o áudio mostra ape­nas suas advo­gadas comu­ni­can­do as sus­peitas de que um grupo agia com inter­ess­es políti­cos den­tro da Recei­ta Fed­er­al, com obje­ti­vo de prej­u­dicar a ele e à sua família. “A par­tir dessas sus­peitas, tomamos as medi­das legais cabíveis. O próprio pres­i­dente Bol­sonaro fala na gravação que não ‘tem jeit­in­ho’ e diz que tudo deve ser apu­ra­do den­tro da lei. E assim foi feito”, diz o senador

Procu­ra­do pela reportagem, advo­ga­do do gen­er­al Augus­to Heleno, Matheus May­er, disse que não vai se man­i­fes­tar sobre o assun­to.

A defe­sa do ex-pres­i­dente Bol­sonaro tam­bém foi procu­radas, mas não quis se man­i­fes­tar. A Agên­cia Brasil está aber­ta para incluir o posi­ciona­men­to dos cita­dos.

Edição: Sab­ri­na Craide

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