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Relatório sobre oceano aponta aquecimento, acidificação e queda de O₂

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Atualmente, apenas 25% do fundo do oceano é mapeado


Publicado em 04/06/2024 — 08:48 Por Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Um novo relatório divul­ga­do nes­ta segun­da-feira (3) pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco) traz uma série de infor­mações cien­tí­fi­cas sobre o esta­do atu­al dos oceanos, envol­ven­do aspec­tos físi­cos, quími­cos, ecológi­cos e socioe­conômi­cos. O doc­u­men­to apon­ta um avança­do proces­so de aque­c­i­men­to das águas, além de acid­i­fi­cação e que­da das taxas de oxigênio (O₂) em ambi­ente mar­in­ho.

Um dos prin­ci­pais aler­tas envolve a ele­vação das tem­per­at­uras dos oceanos. O mon­i­tora­men­to tem rev­e­la­do que isso ocorre não ape­nas nas águas super­fi­ci­ais. Emb­o­ra ape­nas 25% do fun­do do oceano seja mapea­do atual­mente, já se sabe que o aque­c­i­men­to em zonas mais pro­fun­das vem se dan­do em um rit­mo sem prece­dentes.

O ano de 2023 reg­istrou recordes em tem­per­at­uras oceâni­cas. A pub­li­cação tam­bém apon­ta que o aque­c­i­men­to está se tor­nan­do mais acel­er­a­do. “As prin­ci­pais e bem con­heci­das con­se­quên­cias incluem a subi­da do nív­el do mar, alter­ações nas cor­rentes oceâni­cas e mudanças dramáti­cas nos ecos­sis­temas mar­in­hos”, reg­is­tra o relatório.

Segun­do dados divul­ga­dos no ano pas­sa­do pela Nasa, agên­cia espa­cial dos Esta­dos Unidos, nos últi­mos 30 anos o nív­el dos oceanos teve uma ele­vação média de nove cen­tímet­ros. O novo relatório divul­ga­do pela Unesco desta­ca não haver dúvi­das de que esse proces­so irá se acel­er­ar e está rela­ciona­do com o aque­c­i­men­to glob­al do plan­e­ta, resul­ta­do do exces­so de emis­são de gás car­bôni­co e de out­ros gas­es de efeito est­u­fa provo­ca­da pelo homem.

O doc­u­men­to cita que o der­re­ti­men­to das mas­sas de gelo na Groen­lân­dia e na Antár­ti­ca Oci­den­tal con­tribui para a ele­vação dos mares.

O Relatório sobre o Esta­do do Oceano (StOR, na sigla em inglês) tam­bém lem­bra que, com o aque­c­i­men­to glob­al, episó­dios de extremos climáti­cos devem se tornar cada vez mais fre­quentes. Há menção aos danos cau­sa­dos por tsunamis, geral­mente provo­ca­dos por ter­re­mo­tos, que podem ser mais cat­a­stró­fi­cos diante da subi­da do nív­el do mar. Além dis­so, os tsunamis de fontes não sís­mi­cas, poderão se tornar cada vez mais um desafio a ser enfrenta­do.

A pub­li­cação teve sua primeira edição divul­ga­da em 2022 com o intu­ito de fornecer infor­mações impor­tantes que pos­sam servir de sub­sí­dios para decisões políti­cas e admin­is­tra­ti­vas, bem como estim­u­lar novas inves­ti­gações. Sua elab­o­ração tam­bém inte­gra os esforços da Unesco para chamar atenção para os com­pro­mis­sos da Agen­da 2030, esta­b­ele­ci­dos na Cúpu­la das Nações Unidas sobre o Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el ocor­ri­da em 2015. Através dela, foram fix­a­dos os 17 Obje­tivos de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el (ODS). O 14º deles envolve a con­ser­vação e uti­liza­ção sus­ten­táv­el dos oceanos, mares e recur­sos mar­in­hos.

A nova edição con­tou com a par­tic­i­pação de 98 autores de 25 país­es. Eles chamam atenção para a importân­cia do oceano no con­t­role climáti­co do plan­e­ta, uma vez que absorvem grandes quan­ti­dades de gás car­bôni­co. No entan­to, esse proces­so tem con­se­quên­cias.

Com uma maior absorção de gás car­bôni­co, ocorre uma acid­i­fi­cação dos oceanos, que exigem medi­das de mit­i­gação. Além dis­so, os pesquisadores obser­vam que a disponi­bil­i­dade de oxigênio vem cain­do no ambi­ente mar­in­ho em decor­rên­cia da poluição, o que afe­ta as espé­cies e a bio­di­ver­si­dade.

“O oceano con­tém 40 vezes mais car­bono que a atmos­fera. Os cenários climáti­cos futur­os estão con­sideran­do o poten­cial das téc­ni­cas de remoção de dióx­i­do de car­bono mar­in­ho para aumen­tar este estoque. Foram pro­postas diver­sas téc­ni­cas, mas a implan­tação em grande escala não pode ser imple­men­ta­da sem uma maior com­preen­são sobre como estas novas abor­da­gens irão inter­a­gir com o ciclo do car­bono oceâni­co e os ecos­sis­temas mar­in­hos, e os seus riscos e bene­fí­cios”.

Novas pesquisas

Ape­sar de reunir diver­sas infor­mações e esti­ma­ti­vas cien­tí­fi­cas sobre o esta­do dos oceanos, a pub­li­cação desta­ca a neces­si­dade de novas pesquisas que per­mi­tam aumen­tar o con­hec­i­men­to sobre as mudanças em cur­so e pre­v­er as con­se­quên­cias. Além dis­so, o com­par­til­hamen­to glob­al de dados de for­ma equi­tati­va e com livre aces­so é con­sid­er­a­do um desafio.

“Fal­tam dados ade­qua­dos e agre­ga­dos”, reg­is­tra o pre­fá­cio assi­na­do por Vidar Helge­sen, secretário exec­u­ti­vo da comis­são ocenográ­fi­ca inter­gov­er­na­men­tal da Unesco.

Ele aler­ta que a crise oceâni­ca está se desen­vol­ven­do mais rap­i­da­mente do que o con­hec­i­men­to sobre ela. “O fato é: não sabe­mos [o sufi­ciente]. Quan­do o primeiro Relatório sobre o Esta­do do Oceano foi lança­do, em 2022, apren­demos que a descrição quan­ti­ta­ti­va do oceano está dras­ti­ca­mente incom­ple­ta e, como resul­ta­do, o con­hec­i­men­to atu­al é insu­fi­ciente para infor­mar efi­caz­mente soluções para as múlti­plas crises oceâni­cas que a humanidade está ago­ra enfrentan­do”, acres­cen­ta.

Edição: Denise Griesinger

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