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Rio: atividades culturais e esportivas marcam Dia da Síndrome de Down

Repro­dução: © Insti­tu­to Gin­gas

Evento será na reitoria da Universidade Federal Fluminense, em Niterói


Publicado em 21/03/2024 — 09:32 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Insti­tu­to Gin­gas e seu pro­je­to Din Down Down: Con­stru­in­do Laços com a Família real­izam, nes­ta quin­ta-feira (21), even­to para lem­brar a pas­sagem do Dia Mundi­al da Sín­drome de Down. Aber­to ao públi­co, o even­to será real­iza­do das 13h às 16h30, na reito­ria da Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF), em Niterói, região met­ro­pol­i­tana do Rio.

O patrocínio é da Sec­re­taria de Esta­do de Cul­tura e Econo­mia Cria­ti­va (Secec RJ) e da con­ces­sionária Enel. A pro­gra­mação desta­ca a inclusão e a aces­si­bil­i­dade por meio da edu­cação, da cul­tura e do esporte.

As ativi­dades começam às 14h, com a exibição, no Cen­tro de Artes da UFF, da ani­mação brasileira Bizarros peix­es das fos­sas abis­sais, dirigi­da por Marce­lo Fab­ri Marão. O filme con­ta a história de uma mul­her com super­poderes, uma tar­taru­ga com transtorno obses­si­vo-com­pul­si­vo e uma nuvem com incon­tinên­cia plu­viométri­ca em uma jor­na­da ao fun­do do mar.

Para as 15h30, está mar­ca­da uma reunião de for­mação, que é uma roda de con­ver­sa para debate de temas como cidada­nia e dire­itos, com relatos de exper­iên­cias.

 

Instituto Gingas e o Dia Mundial da Síndrome de Down. -Mestre Bujão e a aluna Bebel, artista com síndrome de down. Foto: Instituto Gingas
Repro­dução: Mestre Bujão e Bebel estarão na roda de con­ver­sa — Divulgação/Instituto Gin­gas

O fun­dador do Insti­tu­to Gin­gas, David Bas­sous, mais con­heci­do como Mestre Bujão, e o pres­i­dente da orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG), Breno Platais, vão par­tic­i­par da mesa-redon­da, jun­to com a atriz Isabel San­tana, a Bebel, que falará sobre a importân­cia da mul­her na sociedade; e os pais da peque­na Pietra, influ­en­ci­ado­ra e morado­ra de Niterói. Tan­to Isabel quan­to Pietra são por­ta­do­ras da Sín­drome de Down.

Às 16h30, haverá uma roda de capoeira de inte­gração com os alunos do pro­je­to Din Down Down: Con­stru­in­do Laços com a Família. Eles per­tencem às qua­tro tur­mas das esco­las munic­i­pais de Niterói assis­ti­das pelo pro­je­to: Por­tu­gal Neves (Pira­tininga), San­tos Dumont (Bair­ro de Fáti­ma), Alber­to Tor­res (Cen­tro) e André Trouche (Bar­reto). Os estu­dantes se jun­tarão à tur­ma da Asso­ci­ação de Pais e Ami­gos dos Excep­cionais (Apae) Niterói em uma grande roda de capoeira, encer­ran­do as ativi­dades do dia.

O pres­i­dente do Insti­tu­to Gin­gas, Breno Platais, ressaltou que a ONG uniu-se ao movi­men­to mundi­al que mar­ca a data e tem grande reper­cussão na Assem­bleia Ger­al das Nações Unidas. “Quer­e­mos reforçar a luta inter­na­cional para der­rubar os estereóti­pos. E a neu­ro­di­ver­si­dade é uma mar­ca da nos­sa atu­ação”, desta­cou.

Patrimônio cultural

O Insti­tu­to Gin­gas atende a todo tipo de públi­co, prin­ci­pal­mente pes­soas com defi­ciên­cias, infor­mou à Agên­cia Brasil Mestre Bujão, que tam­bém é autista. Ele disse que não gos­ta de usar o ter­mo ‘defi­ciên­cias’, preferindo falar em car­ac­terís­ti­cas e potên­cias.

O pro­je­to Din Down Down: Con­stru­in­do Laços com a Família é tam­bém um pon­to de cul­tura que tra­bal­ha com as lin­gua­gens da capoeira e da músi­ca. “Só que enten­den­do a capoeira como patrimônio cul­tur­al ima­te­r­i­al do Brasil, e não como algu­mas pes­soas, que con­fun­dem com esporte. Capoeira é cul­tura. Aí, a gente tem várias coisas: a musi­cal­i­dade, a ges­tu­al­i­dade, a rit­u­al­i­dade no sen­ti­do antropológi­co da palavra, e não reli­gioso.”

A semente do Insti­tu­to Gin­gas foi plan­ta­da em 1992, quan­do Mestre Bujão começou a dar aulas para pes­soas com defi­ciên­cia em um colé­gio par­tic­u­lar. A par­tir daí, ele foi sis­tem­ati­zan­do um méto­do. Em 2003, fun­dou a ONG e, a par­tir daí, a insti­tu­ição começou a ser vista no Min­istério da Cul­tura, na Sec­re­taria de Esta­do de Cul­tura. “Gan­hamos vários prêmios. Só que, para o pes­soal da Apae, des­de sem­pre eu dou aulas. Des­de os pequenos, de 2 a 4 anos, até pes­soas adul­tas com defi­ciên­cias.”

O pro­je­to Din Down Down: Con­stru­in­do Laços com a Família está pre­sente em qua­tro esco­las da rede públi­ca de ensi­no de três municí­pios (Niterói, Saquare­ma e Cachoeiras de Macacu). Por meio desse pro­je­to, Mestre Bujão implan­ta nas esco­las ofic­i­nas de capoeira e músi­ca. “E tam­bém traz uma reflexão sobre aces­si­bil­i­dade e inclusão, em diál­o­go com o cor­po dos colé­gios, como pro­fes­sores, dire­tores, ori­en­ta­dores edu­ca­cionais.”

Ele acres­cen­tou que estão pre­vis­tos mais dois even­tos, que são as rodas de inte­gração, nas quais uma comu­nidade, seja colé­gio ou bair­ro, tem pos­si­bil­i­dade de dialog­ar com out­ras, através da capoeira e da músi­ca, e as reuniões de for­mação, em que as pes­soas são provo­cadas para refle­tir sobre cidada­nia e dire­itos”.

O Insti­tu­to Gin­gas atende atual­mente mais de 500 pes­soas, sendo 360 cri­anças e seus famil­iares e 80 adul­tos com defi­ciên­cias.

Pilares

Mestre Bujão é for­ma­do em comu­ni­cação social, tem mestra­do em ciên­cia da arte, é espe­cial­ista em aces­si­bil­i­dade cul­tur­al e está fazen­do doutora­do na UFF em ciên­cia, tec­nolo­gia e inclusão. Ele expli­ca que seu méto­do Din Down Down tem dois pilares: afe­to e potên­cia.

Sobre o afe­to, Mestre Bujão diz que não se tra­ta de afe­to no sen­ti­do de sen­tir algu­ma coisa, e sim da capaci­dade que a pes­soa tem de afe­tar e ser afe­ta­da. “É como eu afe­to essa pes­soa, como ela vai me afe­tar e como isso afe­ta a sociedade.”

Quan­to à potên­cia, ele expli­ca que o pro­je­to não está pre­ocu­pa­do com a defi­ciên­cia da pes­soa. “Eu não quero saber se a pes­soa não tem per­na, se não enx­er­ga. Isso não me inter­es­sa. O que inter­es­sa é a potên­cia dela. Como ela pode, o que ela pode. Se ela não tem per­na, vai gin­gar do jeito que pode e que ela dese­ja; se não enx­er­ga, vai ler com as mãos. Não nos inter­es­sa a defi­ciên­cia. Isso é só um ter­mo necessário para garan­tir as políti­cas públi­cas dessas pes­soas. Não usamos essa ideia de defi­ciên­cia e ten­ta­mos dis­solvê-la através das potên­cias de cada um.”

Out­ra dimen­são do pro­je­to não é o ben­efi­ciário dire­to que está ten­do ofic­i­na naque­le momen­to. Mestre Bujão tem ofic­i­nas de capoeira no Méx­i­co e alunos de Moçam­bique, na África. Quan­do eles vêm ao Brasil para ter aulas, sur­preen­dem-se ao saber que o pro­fes­sor é uma pes­soa com sín­drome de Down.

Isso causa um estran­hamen­to ini­cial que logo é sub­sti­tuí­do pela sur­pre­sa, isso é dis­solver real­mente a ideia de defi­ciên­cia, diz Mestre Bujão. “Porque aí eles acabam dizen­do que nun­ca tiver­am uma aula tão boa como essa, e o pro­fes­sor con­segue pas­sar um con­hec­i­men­to tão bom quan­to qual­quer out­ro que não tem defi­ciên­cia. É só mais uma pes­soa”, afir­mou.

Edição: Nádia Fran­co

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