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Rio de Janeiro celebra 100 anos de Emilinha Borba

Repro­dução: © Acer­vo pessoal/Divulgação

Homenagens à rainha do rádio se estenderá por todo dia


Pub­li­ca­do em 31/08/2023 — 09:55 Por Cristi­na Indio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A can­to­ra Emil­in­ha Bor­ba está sendo lem­bra­da e hom­e­nagea­da por fãs, admi­radores, par­entes e ami­gos, nes­sa quin­ta-feira, dia 31 de agos­to. Se fos­se viva, com­ple­taria 100 anos. A pro­gra­mação pre­vista é lon­ga. A pedi­do do fã clube Emil­in­ha, um dos mais anti­gos do Brasil, será cel­e­bra­da, hoje às 10h, a Mis­sa Solene, na Igre­ja de São Fran­cis­co de Paula, no cen­tro do Rio. Haverá a par­tic­i­pação do Coral da Esco­la Munic­i­pal Giná­sio Emil­in­ha Bor­ba e da ban­da do Cor­po de Fuzileiros Navais, em uma hom­e­nagem aque­la que a Mar­in­ha elegeu como sua Favorita, em 1947.

Na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde foi con­trata­da em 1943, aos 27 anos, as hom­e­na­gens começaram no domin­go (27). O pro­gra­ma Espe­cial da Nacional res­ga­tou a história e obra de Emil­in­ha. Para hoje, o cen­tenário da can­to­ra, estará pre­sente nos pro­gra­mas Revista Rio e Sin­to­nia Rio, às 11h e às 15h. Às 16h, será no pro­gra­ma É Tudo Brasil, que vai ao ar em rede. Além da rádio, quem quis­er acom­pan­har as hom­e­na­gens poderá faz­er pelo site ou pelo aplica­ti­vo da emis­so­ra.

Durante este mês, em todos os sába­dos, a Feira do Rio Anti­go, na Rua do Lavra­dio, no Cen­tro do Rio, pro­moveu um sarau cul­tur­al com exposição de acer­vo e espetácu­lo musi­cal recor­dan­do os suces­sos da Rain­ha do Rádio, como era chama­da.

As hom­e­na­gens incluíram ain­da o show A Era do Rádio – Emil­in­ha Bor­ba, 100 anos, no Teatro Claro Rio em Copaca­bana, na zona sul, e o musi­cal A min­ha, a sua, a nos­sa, a Favorita!, da Tur­ma OK, cole­ti­vo LGBTQIA+, no cen­tro do Rio.

Carreira

Emil­in­ha nasceu no bair­ro da Mangueira, zona norte do Rio e ain­da meni­na, sem a aprovação da mãe começou a par­tic­i­par de pro­gra­mas de calouro. Aos 14 anos gan­hou o primeiro prêmio no Hora Juve­nil, na Rádio Cruzeiro do Sul. Se apre­sen­tou ain­da no Pro­gra­ma Calouros de Ary Bar­roso e con­quis­tou a nota máx­i­ma ao can­tar a músi­ca O X do prob­le­ma, com­pos­ta por Noel Rosa.

A car­reira foi seguin­do entre gravações de dis­cos e apre­sen­tações no rádio até que em 1939, foi lev­a­da por Car­men Miran­da, que se tornou sua madrin­ha, para faz­er um teste no Cassi­no da Urca, na zona sul d cap­i­tal, local de grandes espetácu­los na época. A mãe de Emil­in­ha era camareira de Car­men. Aprova­da no teste foi con­trata­da como croon­er e em pouco tem­po se trans­for­mou em uma das atrações da casa de shows.

O cresci­men­to da pop­u­lar­i­dade de Emil­in­ha acom­pan­hou a evolução do rádio, que se con­sol­i­da­va como veícu­lo de comu­ni­cação em mas­sa, a par­tir da segun­da metade da déca­da de 1930, mas foi no perío­do dos anos 1940 e 1950, con­heci­do como Era de Ouro do Rádio, que Emil­in­ha se tornou grande destaque da músi­ca brasileira.

Morte

A morte de Emil­in­ha no dia 3 de out­ubro de 2005 cau­sou comoção no Brasil e até no exte­ri­or, onde tam­bém era con­heci­da. A can­to­ra fale­ceu, aos 82 anos, de infar­to ful­mi­nante enquan­to almoça­va em seu aparta­men­to em Copaca­bana, zona sul do Rio de Janeiro. O velório na Câmara dos Vereadores, no cen­tro da cidade, aber­to ao públi­co durou toda a noite e con­tin­u­ou pela man­hã. O sepul­ta­men­to foi no Cemitério do Caju, na região por­tuária da cap­i­tal.

Brasília (DF) 31/08/2023 - Emilinha Borba 100 anos. - Na foto Emilianha Borba acompanhada Ricardo Cravo Albin.Foto:Acervo pessoal/Divulgação
Repro­dução: Emil­in­ha acom­pan­ha­da pelo his­to­ri­ador Ricar­do Albin — Acer­vo pessoal/Divulgação

A pop­u­lar­i­dade da artista era tan­ta que chegou a ser comen­ta­da em uma con­ver­sa entre ela e o ex-pres­i­dente Getúlio Var­gas. “Emil­in­ha disse ao pres­i­dente que per­cor­reu o país de pon­ta a pon­ta, pelo menos, umas qua­tro vezes e era rece­bi­da como feri­ado nacional, o comér­cio fecha­va para rece­ber a can­to­ra. O pres­i­dente teria dito a ela “que inve­ja min­ha fil­ha, eu ten­ho de você”, con­tou à Agên­cia Brasil o his­to­ri­ador, jor­nal­ista e pesquisador da Músi­ca Pop­u­lar Brasileira (MPB), Ricar­do Cra­vo Albin.

Na visão dele, as apre­sen­tações na Rádio Nacional for­t­ale­ce­r­am a pop­u­lar­i­dade da can­to­ra. “A Era do Rádio con­seguiu esse mila­gre e essa ben­feito­ria ao país que pouco se con­hecia. Unir um país gigan­tesco como o Brasil. Emil­in­ha Bor­ba foi uma grande rep­re­sen­tação desse tipo de união do país, uma pop­u­lar­i­dade que chega­va a todos os lugares do Brasil”, comen­tou.

Out­ro fator que pode ter for­t­ale­ci­do a pop­u­lar­i­dade dela, foi uma dis­pu­ta com a can­to­ra Mar­lene no con­cur­so de Rain­ha do Rádio, o que tam­bém favore­ceu a “rival”, como clas­si­fi­cavam os fãs de cada uma. “Exis­tia de fato e começou a par­tir do momen­to em que Mar­lene gan­hou o títu­lo de Rain­ha do Rádio em 1949. Emil­in­ha só seria Rain­ha do Rádio três ou qua­tro anos depois com grande votação pop­u­lar. Aqui­lo real­mente fomen­tou uma rival­i­dade entre fã-clubes. Eu com­pro­vei, pes­soal­mente, que elas ali­men­tavam essa rival­i­dade. Não que fos­sem inimi­gas, mas ami­gas de coração tam­bém não eram. Por­tan­to, exis­tia essa rival­i­dade que virou uma rival­i­dade clás­si­ca da Era do Rádio”, afir­mou Cra­vo Albin.

As march­in­has de car­naval tam­bém aju­daram a man­ter a pop­u­lar­i­dade de Emil­in­ha e são um fator rel­e­vante na con­quista de novos fãs que mes­mo não ten­do vivi­do à época do rádio e nem assis­ti­do a shows da can­to­ra são admi­radores. Um deles é Lucas Cor­rêa, que tin­ha 2 anos quan­do Emil­in­ha mor­reu e não pôde ver as suas apre­sen­tações. O seu inter­esse pela história da can­to­ra surgiu, aos 10 anos, quan­do começou uma pesquisa sobre um out­ro astro da Era de Ouro do Rádio: o can­tor Cau­by Peixo­to, de quem é fã.

“Eu me encan­tei tam­bém por ela, pela per­son­al­i­dade que ela foi, que reúne caris­ma, pop­u­lar­i­dade, ver­sa­til­i­dade porque tran­si­ta por vários gêneros musi­cais. Isso me chamou muito atenção”, pon­tu­ou à Agên­cia Brasil, acres­cen­tan­do que a admi­ração por Cau­by começou ao assi­s­tir uma entre­vista dele ao apre­sen­ta­dor e ator Jô Soares. “Os dois [Cau­by e Emil­in­ha] eram con­sid­er­a­dos os artis­tas mais pop­u­lares dos anos 50”, com­ple­tou, dizen­do que não teve nen­hu­ma influên­cia dos pais.

Hoje os dis­cos de vinil de Emil­in­ha e de Cau­by fazem parte do acer­vo de cole­cionador que Lucas man­tém em casa. “O que mais me dá sat­is­fação é a atmos­fera que tin­ha no Brasil daque­la época. Era um fascínio artís­ti­co que des­per­ta­va nas pes­soas de for­ma total­mente espon­tânea. O que acon­tece hoje é mais indús­tria”, apon­tou.

Lucas tem colab­o­ra­do com a divul­gação dos even­tos do cen­tenário da Emil­in­ha. “A gente está fazen­do o que pode para hon­rar o cen­tenário min­i­ma­mente à altura do que ela rep­re­sen­tou”, con­cluiu.

Museu

A devoção dos fãs não tem lim­ites e se traduzem em even­tos de hom­e­na­gens à can­to­ra. Na primeira sede do fã-clube Emil­in­ha, no bair­ro de Ben­fi­ca, zona norte do Rio, as reuniões dos admi­radores com cer­ta fre­quên­cia con­tavam com a pre­sença da Rain­ha do Rádio. Em 2012 a sede se mudou para uma casa do bair­ro da Pen­ha, na zona norte e atual­mente guar­da várias peças do acer­vo par­tic­u­lar da can­to­ra doadas por ela e pelo fil­ho. “Quan­do ela fale­ceu, o Arthur Emílio, fil­ho dela, man­dou o restante lá para casa, troféus, faixas, fotos, roupas, sap­atos, fan­tasias, medal­has”, rev­el­ou à Agên­cia Brasil, o pres­i­dente do fã- clube, Mário Mar­in­ho, de 80 anos, que mora na casa da frente no mes­mo ter­reno. “Está real­mente como se fos­se um Museu”.

Mar­in­ho cred­i­ta a pop­u­lar­i­dade tam­bém à per­son­al­i­dade de Emil­in­ha. “Ela se dava e brin­ca­va com todo mun­do. Era uma pes­soa muito fácil de lidar. Ela não subia no trono, ela sen­ta­va no trono e dividia o trono dela com as pes­soas”. Além dis­so, o pres­i­dente lem­brou a ren­o­vação do públi­co que ocorre por influên­cia de pais e avós. “As cri­anças estão sem­pre envolvi­das com a Emil­in­ha de uma for­ma ou de out­ra. Tam­bém esse amor vem dos avós e pais que já gostavam da Emil­in­ha e a garo­ta­da vai con­hecen­do”.

Pesquisa

O pro­fes­sor de História, João Arthur, tam­bém hom­e­na­geou Emil­in­ha. Uma vez por ano ele tem que tra­bal­har o tema Sam­ba como um com­po­nente cur­ric­u­lar, seguin­do a Lei de Dire­trizes e Bases da Edu­cação. E foi por aí que o pro­fes­sor e fã de Emil­in­ha resolveu levar aos alunos de uma das duas tur­mas de 6º ano do ensi­no fun­da­men­tal do Cen­tro Edu­ca­cional Trav­es­sia São José, em Itaguaí, na Cos­ta Verde, a história da can­to­ra e comem­o­rar o cen­tenário.

“Essa data é impor­tante, o cen­tenário da can­to­ra, a per­son­al­i­dade mais con­heci­da do sécu­lo 20, a rain­ha do rádio, com um fã-clube enorme, uma legião de fãs que pro­movem a figu­ra de Emil­in­ha. Então, eu quis levar para as cri­anças que fiz­er­am uma pesquisa sobre esse cen­tenário, sobre a influên­cia de Emil­in­ha Bor­ba na era de Ouro do Rádio e até os dias atu­ais. A per­pet­u­ação que o fã-clube tem com a imagem da can­to­ra, foi bem legal e eles gostaram bas­tante”, con­tou à reportagem da Agên­cia Brasil.

“Eles viram entre­vis­tas dela no YouTube, viram par­tic­i­pações em filmes pre­to e bran­co, con­hece­r­am march­in­has e se iden­ti­ficaram. Foi um res­gate bem legal”, disse, adi­antan­do que no dia 7 de setem­bro, os alunos vão des­fi­lar na cidade e terá um pelotão hom­e­nage­an­do o sam­ba e nele virá uma alu­na rep­re­sen­tan­do Emil­in­ha.

Ain­da no tema Sam­ba, os alunos da out­ra tur­ma de 6º ano tra­bal­haram os 100 anos da Portela, com­ple­ta­dos no dia 11 de abril. Cada tur­ma tem 20 alunos de 12 a 13 anos.

Edição: Valéria Aguiar

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