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Riscos dos pneumococos para crianças e adultos vão além de pneumonias

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Vacinação é importante principalmente no início da infância


Pub­li­ca­do em 13/09/2023 — 07:28 Por Viní­cius Lis­boa — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Menin­gite pneu­mocó­ci­ca? Ape­sar do nome pneu­mo­co­co, essa família de bac­térias está asso­ci­a­da a doenças que vão além dos pul­mões, poden­do causar infecções graves nes­sas e em out­ras partes do cor­po, incluin­do quadros gen­er­al­iza­dos e letais. Além da pneu­mo­nia, a bac­téria causa menin­gites, otites, sinusites, bron­quites e larin­gites, e pode agravar para um quadro de sepse.

A Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) aler­ta que as doenças pneu­mocó­ci­cas são respon­sáveis por 15% de todas as mortes de cri­anças menores de 5 anos em todo o mun­do. Elas tam­bém são con­sid­er­adas a maior causa de mor­tal­i­dade infan­til por uma doença pre­venív­el por vaci­nas e, somente na Améri­ca Lati­na e Caribe, causam até 28 mil mortes infan­tis por ano. A Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções tam­bém ressalta a importân­cia de se pro­te­ger con­tra o pneu­mo­co­co, que é mais comum no inver­no e causa quadros agrava­dos asso­ci­a­dos ao vírus da gripe.

A boa notí­cia é que a infecção por essas bac­térias pode ser pre­veni­da por vaci­nas gra­tu­itas disponi­bi­lizadas pelo Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI), que com­ple­ta 50 anos em 18 de setem­bro de 2023.  A imu­niza­ção é impor­tante prin­ci­pal­mente no iní­cio da infân­cia, já que as doenças pneu­mocó­ci­cas são espe­cial­mente graves para menores de 5 anos, idosos e pes­soas com comor­bidades.

A trans­mis­são dos pneu­mo­co­cos pode ser silen­ciosa. Essas bac­térias são dis­sem­i­nadas por meio de gotícu­las de sali­va ou muco, elim­i­nadas pela tosse ou espir­ro, por exem­p­lo. As pes­soas infec­tadas podem trans­mi­ti-las mes­mo sem apre­sen­tar sinais ou sin­tomas da doença, o que tor­na a vaci­nação ain­da mais impor­tante como estraté­gia de pre­venção.

11/09/2023, Flávia Bravo é diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foto: SBIm/Divulgação
Repro­dução: Não vaci­na­dos têm grandes chances de apre­sen­tar caso grave de doença pneu­mocó­ci­ca, segun­do Flávia Bra­vo — SBIm/Divulgação

A dire­to­ra da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções Flávia Bra­vo expli­ca que os não vaci­na­dos têm grandes chances de um caso grave de doença pneu­mocó­ci­ca porque a bac­téria cau­sado­ra dessa infecção é pro­te­gi­da por uma cáp­su­la de polis­sacarídeos, uma espé­cie de armadu­ra capaz de enga­nar os sis­temas de defe­sa do cor­po humano, que têm difi­cul­dade de con­tê-la.

Essa capa é o que deter­mi­na o sorotipo da bac­téria, que é sem­pre a mes­ma, e tam­bém é essa a estru­tu­ra que deter­mi­na se a vir­ulên­cia de cada sorotipo será maior ou menor.

A pro­teção dos recém-nasci­dos con­tra os pneu­mo­co­cos começa aos 2 meses, com a primeira dose da vaci­na pneu­mocó­ci­ca 10-valente, que recebe esse nome por pre­venir con­tra dez tipos de pneu­mo­co­co. O esque­ma de vaci­nação con­tin­ua aos 4 meses, com a segun­da dose, e, aos 12 meses, há uma dose de reforço.

Con­sid­er­adas parte do grupo mais vul­neráv­el, as cri­anças de povos indí­ge­nas devem rece­ber, a par­tir dos 5 anos, a vaci­na pneu­mocó­ci­ca 23-valente. Essa vaci­na tam­bém é indi­ca­da para pes­soas com mais de 60 anos que este­jam aca­madas ou abri­gadas em insti­tu­ições de lon­ga per­manên­cia. Ape­sar de con­ter mais soro­gru­pos do pneu­mo­co­co, a 23-valente tem uma tec­nolo­gia menos efi­caz que a 10-valente e a 13-valente, o que faz com que sua indi­cação só tra­ga bene­fí­cios para gru­pos especí­fi­cos que já este­jam vaci­na­dos com algu­ma dessas duas vaci­nas.

“Ela tem tipos que não estão na 13-valente que são impor­tantes para o idoso e para o paciente espe­cial. O paciente com pior respos­ta imune é mais suscetív­el, e soroti­pos que não são impor­tantes para pes­soas mais saudáveis apare­cem nes­sa pop­u­lação”, expli­ca Flávia Bra­vo. “Mas não faz sen­ti­do ela faz­er parte da roti­na infan­til nem do adul­to.”

A doença pneu­mocó­ci­ca tam­bém é con­sid­er­a­da grave para idosos. Segun­do o Cen­tro de Pre­venção e Con­t­role de Doenças dos Esta­dos Unidos (CDC, na sigla em inglês), os pneu­mo­co­cos adoe­cem 1 mil­hão de adul­tos amer­i­canos por ano com pneu­mo­nia pneu­mocó­ci­ca — de 5% a 7% mor­rem da doença.

11/09/2023, Infectologista Elaine Bicudo explica que há grande variedade genética dos pneumococos. Foto: Arquivo Pessoal
Repro­dução: Elaine Bicu­do diz que há grande var­iedade genéti­ca dos pneu­mo­co­cos — Arqui­vo pes­soal

A infec­tol­o­gista Elaine Bicu­do expli­ca que a pro­teção con­tra diver­sos soroti­pos é impor­tante pela var­iedade genéti­ca da bac­téria e os difer­entes quadros clíni­cos que ess­es tipos causam. A Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde con­tabi­liza mais de 90 tipos de pneu­mo­co­cos, mas ape­nas uma peque­na parte causa quadros graves em seres humanos.

“O Strep­to­coc­cus pneu­mo­ni­ae é uma bac­téria que tem uma série de vari­antes. Assim como apren­demos com a covid-19, há uma grande var­iedade de soroti­pos. Há os que podem evoluir mais grave­mente, para pneu­mo­nias e menin­gites, há soroti­pos mais preva­lentes em cada região, e tam­bém os que mais causam otites e sinusites, por exem­p­lo.”

A médi­ca acres­cen­ta que essa car­ac­terís­ti­ca, inclu­sive, deve levar grada­ti­va­mente à sub­sti­tu­ição da vaci­na pneu­mo 10 pela pneu­mo 13, mais abrangente. Nas clíni­cas pri­vadas, a pre­visão é de inclusão da pneu­mocó­ci­ca 15-valente.

arte pneumocócica

Edição: Juliana Andrade

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