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RS: doenças com sintomas semelhantes exigem triagem no atendimento

Repro­dução: © Pref. Canoas/Divulgação

Pesquisador da Fiocruz diz que ação vai definir tratamento adequado


Publicado em 01/06/2024 — 08:40 Por Cristina Índio do Brasil — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Os sin­tomas fre­quentes em vários tipos de doença como infecções, febre e dores no cor­po exigem reforço da triagem dos pacientes, real­iza­da pelos profis­sion­ais de saúde no Rio Grande do Sul, por causa dos efeitos das enchentes. A recomen­dação é do pesquisador do Insti­tu­to de Comu­ni­cação e Infor­mação Cien­tí­fi­ca e Tec­nológ­i­ca em Saúde da Fun­dação Oswal­do Cruz (Icict/Fiocruz), Cristóvão Barce­los.

“Pode ser covid, gripe, lep­tospirose, doença res­pi­ratória, intox­i­cação. Nes­sas horas é muito impor­tante a triagem para saber exata­mente qual o trata­men­to e sep­a­rar caso grave do mais leve para tam­bém não sobre­car­regar hos­pi­tais. É um momen­to que exige dos profis­sion­ais de saúde mui­ta sabedo­ria e do sis­tema de saúde uma read­e­quação”, afir­mou Barce­los em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Ele lem­brou que o Cen­tro de Oper­ações de Emergên­cia em Saúde (COE), no qual atua como rep­re­sen­tante da Fiocruz, recomen­dou serviços de telessaúde que podem ser usa­dos pela pop­u­lação para esclare­cer dúvi­das e o esta­b­elec­i­men­to de con­sul­to­rias des­ti­nadas à solução de dúvi­das de profis­sion­ais de saúde, como já ocorre na área de saúde men­tal.

Segun­do o Min­istério da Saúde, “o COE é o respon­sáv­el pela coor­de­nação das ações de respos­ta às emergên­cias em saúde públi­ca, incluin­do a mobi­liza­ção de recur­sos para o resta­b­elec­i­men­to dos serviços de saúde e a artic­u­lação da infor­mação entre as três esferas de gestão do SUS [Sis­tema Úni­co de Saúde]”.

Em con­se­quên­cia das enchentes, muitas pes­soas ficaram desabri­gadas e desa­lo­jadas e acabaram per­den­do receitas de medica­men­tos que pre­cisam tomar reg­u­lar­mente. De acor­do com o pesquisador, nes­sa situ­ação o COE flex­i­bi­li­zou a obri­ga­to­riedade de receitas para alguns casos.

“Mui­ta gente perdeu recei­ta, mas pre­cisa do medica­men­to, às vezes para con­tro­lar hiperten­são ou um medica­men­to psiquiátri­co. O sis­tema de saúde pre­cisa ter uma flex­i­bi­liza­ção para aten­der a essas pes­soas. Tam­bém foi uma decisão do COE”, desta­cou, ressaltan­do que em muitos casos é pos­sív­el tam­bém com­pro­var o uso fre­quente do medica­men­to por meio do históri­co do paciente.

Kits

O secretário de Atenção Primária à Saúde e coor­de­nador do Cen­tro de Oper­ações de Emergên­cia em Saúde (COE), Felipe Proenço, infor­mou que den­tro das deman­das do Rio Grande do Sul para os atendi­men­tos médi­cos, o Min­istério da Saúde envi­ou ao esta­do 100 kits para situ­ações de calami­dade, que, segun­do ele, têm quan­ti­dade sig­ni­fica­ti­va de medica­men­tos.

“Podem faz­er o atendi­men­to a cada kit de até 3 mil pes­soas. Ini­cial­mente, foram deman­da­dos 100 kits para os serviços de saúde e que pronta­mente foram aten­di­dos. Já foram deman­da­dos mais 30 kits que foram prov­i­den­ci­a­dos. Como é bas­tante dinâmi­co o cenário aqui, a gente vis­i­tou diver­sas áreas de desliza­men­to de ter­ra e abri­gos tam­bém, então temos a noção e caso sur­jam novas deman­das o Min­istério da Saúde está pre­sente jun­to com as ações dos vários min­istérios para respon­der”, disse o secretário, que tem feito vis­i­tas fre­quentes ao esta­do

Pontos de atendimento

Con­forme Proenço, onde a água já baixou as sec­re­tarias munic­i­pais de Saúde têm bus­ca­do o fun­ciona­men­to, sem­pre enten­den­do tam­bém a situ­ação dos tra­bal­hadores de saúde que tiver­am per­das e não con­seguem se deslo­car em con­se­quên­cia de vias ain­da blo­queadas.

“Essa eta­pa, que chamamos de recon­strução, vai pas­sar pela avali­ação. Estive em uma unidade bási­ca de Cax­i­as do Sul em que todos os equipa­men­tos foram dan­i­fi­ca­dos e há uma avali­ação se a estru­tu­ra não está com­pro­meti­da. Ain­da depende dessa avali­ação para saber se é necessário con­stru­ir nova unidade ou se é pos­sív­el refor­mar e aproveitar a estru­tu­ra já exis­tente”.

O secretário afir­mou que o proces­so de recon­strução ain­da está em fase de avali­ação e lev­an­ta­men­to das neces­si­dades. Proenço desta­cou que o Min­istério da Saúde está pre­sente tam­bém com o Invest SUS, para rece­ber pro­postas de refor­ma ou aquisição de equipa­men­tos.

“É por isso tam­bém que do pon­to de vista da assistên­cia esta­mos apoian­do com a Força Nacional do SUS com hos­pi­tais de cam­pan­ha e profis­sion­ais que estão vin­do de todo o país. Acho que é uma situ­ação muito impor­tante para apoiar, já que há difi­cul­dades com os tra­bal­hadores [da saúde] daqui, mas temos bus­ca­do retomar o cuida­do com as pes­soas e os atendi­men­tos o mais cedo pos­sív­el”, afir­mou.

Proenço disse ain­da que a pre­sença da pas­ta no esta­do per­mite diminuir difi­cul­dades de comu­ni­cação que os gestores locais pos­sam enfrentar diante da situ­ação emer­gen­cial. Citou a min­is­tra da Saúde, Nísia Trindade, que tem ido ao Rio Grande do Sul com fre­quên­cia.

“Esta­mos com agen­da inten­sa de vis­i­tas aos municí­pios, às unidades bási­cas de Saúde e hos­pi­tais, exata­mente, para não só doc­u­men­tar, mas pres­en­ciar as neces­si­dades. Isso tem sido fun­da­men­tal no plano de ações que o min­istério vem desen­vol­ven­do den­tro das eta­pas necessárias de recon­strução”, con­tou, acres­cen­tan­do que vai con­tin­uar com as vis­i­tas durante todo o mês de jun­ho.

Segun­do a chefe da Seção de Imu­niza­ção da Sec­re­taria de Saúde do Rio Grande do Sul, Eliese Denar­di Cesar, em alguns municí­pios com difí­cil aces­so por causa de vias obstruí­das, hou­ve neces­si­dade de usar helicópteros para o envio de vaci­nas, além de prov­i­den­ciar câmaras de con­ser­vação dos imu­nizantes para as cidades que perder­am os equipa­men­tos. “A gente vai orga­ni­zan­do, essa que chamamos de rede de frio, nos locais onde as vaci­nas pre­cisam ficar acondi­cionadas”.

AVC

Para o pesquisador da Esco­la Nacional de Saúde Públi­ca da Fiocruz, Car­los Macha­do, tam­bém indi­ca­do pela insti­tu­ição como inte­grante do COE, é nat­ur­al ter pre­ocu­pação com as doenças rela­cionadas à ingestão de água con­t­a­m­i­na­da como a hepatite A, a lep­tospirose e doenças diar­re­icas agu­das de modo ger­al, mas não se pode descar­tar a atenção a um aumen­to de doenças crôni­cas, entre elas o AVC como ocor­reu em San­ta Cata­ri­na em 2008.

“As pes­soas saem de casa muitas vezes em fuga ráp­i­da. Os esta­b­elec­i­men­tos de saúde deix­am de fun­cionar, então há uma descon­tinuidade de trata­men­tos de doenças crôni­cas como hiperten­são, dia­betes e tan­tas out­ras, con­tribuin­do para que mais pes­soas se tornem suscetíveis à ele­vação e ao agrava­men­to de doenças crôni­cas, entre elas as inter­nações por AVC. São obje­to tam­bém de pre­ocu­pação porque têm uma descon­tinuidade”.

Out­ra pre­ocu­pação apon­ta­da por Macha­do é com relação aos cuida­dos psi­cos­so­ci­ais e de saúde men­tal. Ele lem­brou que há muitas pes­soas em abri­gos que perder­am casas e tiver­am sua vida deses­tru­tu­ra­da. “Isso gera grande deses­ta­bi­liza­ção no quadro de saúde, de modo ger­al. Pode tam­bém con­tribuir para agravar as doenças crôni­cas e os quadros de saúde men­tal. Esse cuida­do tam­bém é necessário nos abri­gos, prin­ci­pal­mente, e não somente”, obser­vou.

“O quadro ger­al, do pon­to de vista da saúde, é bas­tante pre­ocu­pante porque tive­mos muitos serviços de saúde e unidades bási­cas com­pro­meti­dos. Chegou a quase dois terços das unidades de saúde, mais de 200 hos­pi­tais e unidades de Pron­to-Atendi­men­to (Upas). Os profis­sion­ais de saúde nes­sas regiões e áreas, em muitos locais, foram tam­bém afe­ta­dos. Há redução e com­pro­me­ti­men­to da força de tra­bal­ho e tam­bém das insta­lações, não só de saúde públi­ca, mas tam­bém nos serviços pri­va­dos”, disse o pesquisador.

Edição: Graça Adju­to

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